Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

— Não minta! Você só gosta da Dulce dentro de mim!

— Sim. –Falou naturalmente e a facilidade com que disse foi como tapa na cara.

— Viu! Viu!

— Você se irrita muito facilmente. –Ele falou tranquilo, debochando da minha reação. –Eu sei que você não me ama, mas tampouco me odeia, certo? –Errado! Idiota! Eu queria arrancar aquele sorriso zombeteiro de seu rosto.

— Já chega! Eu vou embora! Não tenho motivos para ficar suportando isso! Você...! você... –Não se importa comigo. Era o que eu queria dizer, mas as palavras engasgaram em minha garganta. Tudo o que te importa é que a Dulce dentro de mim. Eu sou só uma estranha.

Alfonso não esboçou nenhuma reação, era quase como um pai observando paciente um filho teimoso terminar a sua birra. Eu não conseguia entende-lo.

— Eu vou embora dessa casa! –As lágrimas que eu conseguira prender a tanto custo escaparam e nessa hora o sorriso zombeteiro de Alfonso se esfumou. Ele se levantou rapidamente me segurando pelo braço.

— Não! Não chore! –Ele ficou me olhando, esperando uma mudança de reação que nunca veio. –Annie...

— Não me chame assim! –Somente meus pais me chamavam dessa maneira, mas o grito que eu dei foi alto o suficiente para assustar Caio que começou a chorar.

— Não biguem! Mamãe má! –Ele falou por entre o choro, seu nariz começando a escorrer. -Tá pesa! –Ele pegou meu braço esquerdo e de alguma maneira surpreendente conseguiu algemá-lo.

— Mamãe não vai pra nenhum lugar Caio. –Alfonso disse pegando-o no colo e tentando acalmá-lo e eu não tive forças nenhuma pra contradize-lo.

— Ela disse que ia bola. –Falou ainda chorando, com a cabeça escondida no pescoço de Alfonso, evitando me olhar e aquilo me partiu por dentro.

— Ela não vai embora. –Alfonso disse, suas mãos acariciando levemente o corpinho trêmulo que tinha em seus braços. –Sabe por que? Porque ela nos ama muito! Não é verdade Anahí? –Ele virou seu rosto para mim, vazio de expressão, me impossibilitando saber no que estava pensando.

— É verdade. –Confirmei, me aproximando e afagando os cabelos que já estavam soados depois de tanto correr pela casa. –Eu amo muito vocês dois.

Caio parou de chorar, me olhando.

— E não vai mais bola?

— Não. –Alfonso disse. Colocando-o no chão e pegando minha mão esquerda. –E para nos assegurar, papai vai ficar de vigia! –Antes que eu percebesse sua intenção ele algemou seu braço direito ao meu. –Agora mamãe é minha prisioneira! Muahahaha! –Ele riu exagerado como um vilão de um filme infantil. Caio limpou o nariz e o rosto com a camisa e sorriu.

 — Buahahaha! –Caio gritou rindo também, o imitando.

— Ei! Você devia ser o policial. –Disse parecendo ofendida para Caio, mas ele me ignorou correndo novamente pela casa, agora sendo o vilão de sua historia imaginária. –Você é uma péssima influencia para ele.

— Não sou? –Falou meio negando, meio perguntando. Ele me abraçou, se sentando no sofá, me puxando para o seu colo, enterrando a cabeça em meu pescoço. –Gosto do modo como nossas brigas terminam?

— Que briga? –Perguntei lutando para manter a sanidade enquanto ele tentava a todo custo fazer-me perder a cabeça me dando beijos no pescoço. –Aquilo nem chegou a ser uma luta justa, mais pareceu um massacre. Uma verdadeira chacina.

Ele riu próximo a minha orelha me causando arrepios por todo o corpo.

— Não sei do que está falando.

É claro que não. Ele nunca sabia.

Caio soltou um grito quando escorregou em seu carrinho abandonado na sala e passou a lhe dar multas por estar novamente ali, se esquecendo de que agora ele era o bandido.

— Esta casa está mais viva desde que você chegou. –Ele ergueu o rosto, sua mão livre brincando com uma mecha de meu cabelo. –Não somente Caio, mas eu também. Quando você está por perto, meu coração bate feito louco. Sinta. –Ele pegou minha mão e a guiou até seu peito firme. Sentir seus batimentos fez meu coração acelerar ainda mais, eu não podia ver, mas sabia que estava ficando vermelha. Ele sorriu constatando isso também. –Nunca pensei que ia chegar o dia, em que eu poderia voltar a sentir isso de novo. E tudo graças a você. Para mim, você é uma pessoa muito importante.

Não diga isso. Pensei. Não me fale com esse rosto tão sério. Não me diga que você precisa de mim. Senti um aperto em meu coração. Ele gostava de mim, mas não o mesmo que me amar. Talvez ele só estivesse grato pelo que eu fizera por Caio, mas em nenhum momento mencionara me amar. Ele me beijou por todo o rosto, mas evitando propositalmente beijar meus lábios, o que eu agradeci. Não sabia se eu poderia suportar um beijo de gratidão.