Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Não sei por quanto tempo ficamos ali, por aquele momento eu o permiti que me tocasse, não me importava seus motivos, eu só fingia que ele me amava e estava feliz por isso. Encostei minha cabeça em seus ombros e ficamos abraçados. Não nos falamos mais.

Só percebemos mais tarde que Caio havia adormecido no tapete da cozinha em frente a geladeira, o porquê dele ter se deitado ali e não na sua cama eu nunca saberia. Alfonso o carregou até seu quarto, colocou-o na cama e o cobriu.

— Correu até cair no sono. –Ele disse sorrindo, fechando a porta do quarto de Caio sorrindo.  –Aonde vai? –Ele perguntou quando me virei.

— Para o meu quarto.

— Não está se esquecendo de nada? –Alfonso ergueu a mão direita, levando a minha junto, mostrando as algemas.

— Ah! –Soltei o folego surpresa, mas desinteressada. –Onde estão as chaves?

— Eu não tenho. –Assim de simples.

Demorei um pouco pra processar essa informação. Eu estava presa a Alfonso?!

— Você ta brincando. –Disse rindo. –Você não tá brincando? –Falei quando vi em seu rosto que ele tinha falado a verdade. –O que vamos fazer?! Eu não posso ficar presa a você pra sempre! –Me desesperei pensando no que aconteceria quando eu quisesse ir no banheiro e só esse pensamento me deu uma vontade insana de fazer xixi. Agora não por favor!

— Calma. –Ele falou despreocupado. –Amanha bem cedo eu ligo para Christian vir e trazer as chaves.

— Você não está entendendo. –A situação em minha bexiga piorou. –Eu... Eu... preciso ir no banheiro. –Falei baixinho.

Aquilo era vergonhoso demais. É muito azar para uma pessoa só. Depois de tantos maus agouros eles deveriam ter se anulado uns aos outros ou então me dado azar em pequenas parcelas ao longo dos anos, não vir tudo de uma só, aquilo estava parecendo uma bola de neve, cada evento colaborando para o seguinte.

— Como? –Ele perguntou, mas eu pude ver que ele estava segurando o riso.

— Você ouviu!

— É eu ouvi. –Ele estava agora realmente rindo. –Vamos.

— Como assim, vamos? –Parei-o quando ele começou a andar.

— Para o banheiro. Ou você quer eu corte minha mão fora?

Isso não podia estar acontecendo comigo. Sete bilhões de pessoas no mundo e isso teve que acontecer justamente comigo!

— Vire-se! –Disse quando entramos no banheiro.

— Anahí eu já vi você sem roupa.

— Isso é isso e aquilo foi aquilo! Agora vire-se!

— Quer ajuda? –Ele perguntou começando a se virar.

— Não! –O empurrei novamente para que se voltasse.

E com muito custo consegui desabotoar a calça e desce-la somente com uma mão. Eu não me arriscaria a usar mão esquerda de jeito nenhum. Baixei a calcinha e me sentei no vaso, mas não deu certo. Eu não teria coragem de fazer com ele ali na minha frente.

— Não dá. –Disse quase chorando. Quando saísse faria barulho e ele escutaria, só de pensar nisso tinha vontade de afogar ali mesmo no vaso sanitário, tamanha era a minha vergonha por estar naquela situação.

— Ajuda se você pensar em coisas molhadas, sabe, tipo uma cachoeira, uma torneira aberta, um hidrante aberto...

— Pare! –Eu não estava com problemas para deixar sair, eu só não queria que saísse com ele ali.

— Quer que eu cante uma música? Eu conheço uma música perfeita para banheiro, eu a chamo de “Música de banheiro da família Herrera”.

E logo ele estava a cantar o máximo que podia sem acordar Caio ou os vizinhos.

“Fígaro, son qua!
Figaro, son qua!
Figaro qua, figaro lá
Figaro su, figaro giù

Fiiiiigarooooo! Fiiiiiigaroooo...”

— Cale-se! O Barbeiro de Sevilha não é música de banheiro!

— Tem certeza? Para mim ela sempre irá me lembrar uma prisão de ventre. Quando eu era criança papai sempre cantava essa música quando não conseguia fazer o número dois, sempre que ouvia a música sabia que teríamos ameixa como sobremesa no almoço.

— Eu não estou ouvindo isso. –Me encolhi com imagens do pai de Alfonso cantando O Barbeiro de Sevilha sentado no trono tentando fazer o número dois.

Era demais para mim, eu comecei a rir histericamente e antes que eu percebesse já havia feito. Talvez ele tivesse razão, pensei, essa música é perfeita para o banheiro.