Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Ele não respondeu, não precisava, estava escrito em seu rosto. Encerrei a conversa ali. Era tudo o que eu precisava ouvir. Encolhi-me nos cobertores ignorando suas tentativas fracas de explicação.

Na manhã bem cedo do dia seguinte Christian apareceu desesperado perguntando se havia deixado suas algemas no apartamento. Ele tentou fazer graça quando viu nossa situação, mas eu não estava com humor para piadas e pelo que pareceu Alfonso também não quando pediu de maneira nada educada que nos soltasse.

Christian não se demorou, alegando ter trabalho acumulado. Tão logo ele saiu, eu me retirei para meu quarto. Peguei minha mala e comecei a jogar as roupas de qualquer maneira dentro da bolsa, estava irada, magoada, ressentida com Alfonso. Queria descontar minha raiva em alguma coisa por isso jogava com força minhas coisas dentro da mala algumas vezes acertando outras jogando para longe, era uma boa terapia, estava mais calma quando ouvi meu celular tocar, segui o som de seu toque até a sala, encontrando-o debaixo de uma almofada do sofá. Obra de Caio com certeza. Atendi sem ver o numero, atenta a presença de Alfonso ali perto.

— Como anda a minha pirralha favorita? –Uma voz animada e masculina falou do outro lado da linha.

— Aidan! –Exclamei feliz. –Céus como é bom ouvir sua voz! Faz tempo que não me manda noticias.

— Você sabe como as coisas por aqui podem ser corridas. –Sorri extasiada. Aidan era modelo numa importante agência e já possuía até mesmo um pequeno fã club. –Mas hoje eu consegui uma folga para visitar minha fã numero um.

— Você está na cidade?

— É claro. Vou leva-la para ver um filme e depois jantar. O que acha?

— Perfeito. –Sorri.

— Excelente. Te pego as 16h00. –E desligou.

Cai no sofá por um segundo esquecendo dos meus problemas. Aidan sempre tivera esse efeito sobre mim. Quando eu tinha dez anos ele fora hospitalizado por conta de um acidente de carro, mesmo ele sendo dez anos mais velho que eu consegui fazer amizade com ele e chorei bastante quando ele recebera alta. Desde então ele ia me visitar no hospital e sempre que eu tinha alta para passar uns dias em casa ele me levava para passear. Na época eu pensava estar apaixonada por ele e sempre lhe dizia que um dia seria sua esposa. Aidan sempre ria e dizia que nunca se casaria com uma pirralha como eu.

— Quem era no telefone? –Alfonso perguntou curioso.

— Um amigo de infância. –Falei, eu não via sentido em esconder dele isso.

— Vai jantar com ele? Como num encontro? –Perguntou estreitando os olhos.

— É incrível não é?! –Disse com evidente sarcasmo. –Parece que algumas pessoas ainda se importam comigo mesmo eu não tendo todas as memorias de uma pessoa morta.

— Eu nunca disse que não me importava com você...

Ouvimos um barulho e logo Caio apareceu arrastando seu cobertor e coçando os olhinhos, ele caminhou em direção ao sofá se sentando, ainda meio sonolento.

— Bom dia meu amor. –Dei um beijo na testa dele e sai da sala. Não queria continuar aquela conversa com Alfonso, não iriamos chegar a lugar algum com aquilo.

À tarde eu estava na sala, assistindo TV com Caio esperando dar a hora para eu me arrumar quando Alfonso chegou mais cedo da faculdade. Será que ele não trabalhava?!

Ele sentou-se no sofá ao meu lado, fingindo ser um ato de puro acaso eu estar ali também.

— Então... Esse seu amigo, é só seu amigo mesmo ou vocês já foram algo mais? –Ele perguntou num tom casual, mas não me olhou nos olhos.

— Algo mais. –Eu disse. Não foi uma mentira, Aidan era mais que um amigo pra mim, só não mencionei que o amava como um irmão.

— Você não devia sair com ele. –Ele falou ainda sem olhar pra mim. –Digo, Caio não vai gostar de ver a mãe dele com outro homem.

— Eu não sou a mãe dele. –Disse num sussurro contido. Temendo que Caio ouvisse, mas ele estava vidrado demais vendo seu desenho favorito na TV para se incomodar em ouvir a conversa dos adultos.

— Mas ele acha que é. Por isso é melhor que você não vá.

— Alfonso. –Chamei docemente esperando que ele me olhasse e quando o fez eu sorri o mais dócil que pude. –Vá pro inferno.

As 16h00 em ponto Aidan chegou, atendi a porta e o mandei entrar enquanto pegava minha bolsa, mas quando estávamos de saída Caio saiu correndo do quarto todo arrumado.

— Aonde vai querido? –Perguntei me abaixando para segurá-lo.

— Passear! –Ele respondeu feliz em meu colo.

— Seus pais me disseram que você agora era mãe, mas eu não estava acreditando. –Aidan sorriu para Caio, que o olhou desconfiado.

— Falou com meus pais? –Perguntei preocupada com o que mais eles tinham dito. 

— O suficiente para atiçar minha curiosidade. –Ele sorriu travesso. –Seus pais são ótimas pessoas, mas quando se trata de você não são muito confiáveis com informações.

— Então podemos ir? –Alfonso apareceu na sala de camisa social branca e uma calça preta. Havia acabado de tomar banho e eu podia sentir o cheiro de sua loção pós-barba.

Meu coração palpitou forte quando o viu, o traidor.

— Nós? –Perguntei tentando afastar esses pensamentos da minha cabeça.

— Claro. –Ele sorriu convencido. –Caio e eu vamos com vocês.