Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu não havia percebido que adormecera, mas sabia que estava sonhando quando me vi em uma colina, logo abaixo se via um vale de flores que se estendia até um lago. Era um lugar lindo, o vento batia incessante em meus cabelos trazendo o cheiro de lavanda dos campos abaixo.

— Belo lugar. –Olhei assustada para a voz que se pronunciara a meu lado e tive certeza que estava sonhando.

— Dulce?! –Não vou negar que fiquei assustada quando a vi, quer dizer, ela estava morta e agora estava aqui ao meu lado. Ela estava usando as roupas do dia em que morrera, uma calça jeans simples com uma bota de cano curto, blusa branca e um casaco com estampas sóbrias.

— Eu conheço você? –Ela perguntou, eu a olhei sem saber o que responder. –Eu estou brincando. –Ela sorriu marota. –É claro que te conheço. Venha faremos uma aposta, a primeira que chegar a base da colina ganha um prémio.

Ela sorriu e me puxou para descer correndo, a inclinação era maior do que se podia ver lá de cima e em um determinado momento Dulce tropeçou e como ainda segurava minha mão me levou junto com ela. Terminamos o resto do percurso bolando não sei se me servia de consolo dizer que eu ganhei, pois ela caíra bem em cima de mim, ela podia estar morta, mas ainda pesava.

— Eu sabia que você ganharia! –Ela riu enquanto se levantava de cima de mim e sentando no chão.

— O que está acontecendo realmente? Eu morri? Eu não deveria estar vendo você, porque você está morta!

— Sabe isso não nem um pouco delicado de sua parte dizer isso. Eu já sei que estou morta, não preciso que os outros me digam isso. –Ela pareceu realmente ofendida limpando a areia que pequenas graminhas que ficaram presas em suas roupas e cabelo.

— Desculpe... Eu não tive a intensão de ofender. –Toma essa Lewis Carrol, eu estava conversando com uma pessoa morta em um sonho, o que era mais legal do que gatos sorridentes e rainhas loucas querendo arrancar minha cabeça, tá talvez eu até quisesse encontrar um coelho falante, ele era tão fofo, pelo menos na minha imaginação.

— Mas que droga é essa que você está pensando?! –Dulce exclamou, olhei na direção dela e vi que ela estava segurando um coelho branco, completamente vestido de valete real. –Isso é um sonho, não pense em coisas desnecessárias ou elas irão aparecer. –Ela jogou o coelho longe, que fez um arco completo antes de cair sonoramente no lago. –Onde estávamos? Ah sim, seu prêmio. Antes que comece a pensar em outras coisas que não deveria. –Ela resmungou a ultima frase para si mesma, mas pude ouvir mesmo assim. –Mas por outro lado... Já que estamos aqui e você parece ter uma mente bem fértil que tal um pouco de café? Sempre fui viciada em café e não sabe como é ruim ficar em abstinência de seu vicio.

Suas palavras forçaram a minha mente a pensar em uma cafeteria e em questão de segundos estávamos em uma de frente para um rio com um aponte de pedra, havia mesas do lado de fora com sombrinhas e canteiros de flores.

— Até que você é boa nisso. –Dulce se sentou em uma das mesas do lado de fora e logo apareceu um garçom sem rosto trazendo duas xícaras de café. –O café é divino. –Ela disse depois de tomar um gole. –Mas esses caras, -Apontou para o garçom e os transeuntes sem rostos que começavam a circular pela rua. –São assustadores. –Ela tomou o resto do café e pegou minha xícara também e eu me perguntei se ela tomava tanto café assim quando estava viva. –Então... O que perturba esse pobre coraçãozinho para me trazer até aqui?

— Eu te trouxe aqui? –Perguntei confusa, tá certo que eu estava pensando nela antes de dormir, mas não era com pensamentos amigáveis, eu não tinha intensão de vê-la.

— Mas é claro e por que mais eu viria? Pensei que depois que Alfonso se declarasse você o perdoaria e viveriam felizes para sempre. –Ela sorriu tomando mais um generoso gole de café.

— A coisa não é tão simples... –Suspirei subitamente cansada. –Depois de tudo o que aconteceu... Não sei se consigo perdoa-lo... Eu estaria sempre imaginando com ele estava, se era comigo ou... –Parei, não ousando dizendo.

— Ou comigo. –Ela concluiu por mim, eu virei o rosto envergonhada, não ousando olhá-la nos olhos. Dulce se levantou de súbito. –É isso! Já chega, eu não juntei os dois para ver tudo ruir por conta do orgulho e do medo de vocês! Venha. –Ela me ofereceu sua mão. –Vou te mostrar algo. Vai ser divertido. –Ela emendou ao ver minha hesitação.

— O que você quis dizer com “nos juntou”?

— Ora e você acha que recebia aquelas visões como? Tudo foi maquiavelicamente planejado. –Ela juntou a mãos esfregando uma na outra. –Agora sem mais delongas, te mostrarei algo que talvez a faça mudar ideia.