Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Ele e todas que o rodeavam pareciam achar que eu estava louca. Talvez eu até mesmo estivesse, talvez todos aqueles anos de isolamento tenham me deixando com um parafuso a menos. Justo quando eu pensava em sair de fininho ele se recuperou do choque.

­—Isso? –Perguntou apontando para o braço.

—Sim. –Disse cheia de expectativas. Fosse qual fosse a resposta me confirmaria se eu estava louca ou não.

—Isso foi... –Ele se aproximou mais de mim e me pegando de surpresa me agarrou por trás. –Quando eu agarrei uma garota desse jeito ela me mordeu.

Eu fiquei paralisada. Num canto da mente ouvi os gritos de inveja e protesto das outras garotas, mas tudo em que conseguia pensar era em que ele estava me tocando e todo o meu corpo vibrava de alegria. Tudo não durou mais que um segundo. Logo ele me soltou dando um sorriso travesso.

—É só isso. Fui.

Meu coração... Sinto como se ele fosse parar. A... Alguma coisa está errada. Esse sentimento é diferente de gostar de alguém. Dentro de mim está acontecendo algo desconhecido.

—Ei você! –Olhei para as três garotas que estavam assediando o Prof. Herrera havia uma aura assassina rodeando elas. Deu medo. –Pare de inventar historias ridículas só para chamar a atenção do Professor.

Elas me lembraram aquelas garotas populares de filmes adolescentes. Andam sempre em grupo de três e a que está no meio –a que falou primeiro- tinha a pele cor de chocolate e o cabelo caindo abaixo dos ombros em cachos naturais, meticulosamente arrumados e roupas da moda é a abelha rainha. E as outras duas, irmãs gêmeas, com cabelos cor de cenoura e sarnas por todo o rosto, são suas leais subordinadas.

—Como se o professor fosse dar atenção a uma coisinha tão sem graça como você. –A gêmea da esquerda falou, confirmando meus pensamentos sobre elas.

Não vou negar, essa doeu. Eu já sabia que não tinha nada de muito especial. Como sempre estava cansada pra fazer qualquer coisa quase nunca tomava sol e minha pele ficou branca de mais e pra fazer conjunto meu cabelo é de um loiro platinado que me dá um aspecto sempre pálido e doentio. Eu realmente sou um fracasso no quesito beleza, meu único ponto forte são meus olhos, de acordo com minha mãe eles têm a tez azul esverdeada dos mares caribenhos. Isso sempre me fazia rir.

—Está avisada. –Me alertou a “Abelha Rainha”. –Não se meta com o Prof. Herrera.

Suspirei. Eu não ganharia nada me justificando com essas garotas. Virei-me e fui pra minha próxima aula. Felizmente o resto do dia não ocorreu nada de muito interessante e eu estava a ponto de ir pra casa quando vi ele novamente. Será que eu ofendi a alguma força oculta do universo?!

Rodeado de garotas como sempre. Algo dentro de mim se revirou com isso. Será que ele não consegue ficar nem um segundo sem chamar tanta atenção? É impossível que essa seja a verdadeira personalidade dele. Tão amável e cordial com elas... Tenho vontade de esganá-lo! Embora eu não tenha ideia do por quê. Eu sei que ele mentiu sobre a cicatriz e se eu seguir ele talvez eu descubra quem ou o que ele está escondendo.

Uma hora depois.

Eu cheguei a conclusão de que isso é inútil. Quando ele finalmente conseguiu se livrar de todas as mulheres que o perseguiam ele veio até um parque,  sentou-se debaixo de uma árvore, abriu seu notebook e está digitando até agora. Se ele me flagrar escondida de trás dessa árvore próxima a ele, pode até pensar que eu sou uma perseguidora. Pensando bem... eu sou uma perseguidora!

Já me levantava para ir embora quando um lindo garotinho de cerca de três anos se aproximou dele chupando um sorvete e sem perceber tropeçou, derrubando todo o sorvete na linda camisa branca do professor.

Oh não! Ele vai ficar bravo e o garoto vai levar uma broca! O que eu devo fazer? Se eu for lá ele vai perceber que eu o estava seguindo...

—Ei garotinho, você está todo grudento! –Por essa eu não esperava. Ele riu e pôs-se a brincar com a criança. Tão... gentil.

Caio! Algo apertou meu peito e eu não conseguia respirar. A sensação de que me estava faltando algo, de que me foi tomado algo, era imensa. As lágrimas escorriam livremente por meu rosto, eu não conseguia para-las, não podia. Caio! Como eu sinto sua falta... Mas quem é Caio? Por que eu estou chorando? O que está acontecendo comigo?

—Ei! –Levantei o rosto assustada. O professor estava em pé na minha frente. –O que você pensa que está fazendo me seguindo?

­­—Você... Sabe quem é Caio?  -A pergunta simplesmente saltou de minha boca sem que eu pudesse evitar. Agora sim ele vai ter certeza de que eu sou maluca, como é que ele vai saber quem é Caio se eu nem sei se ele realmente existe. Nem ao menos consigo explicar por que não saber nada dele me machuca tanto.

Não sei se foi por pena por me ver em um estado tão lamentável ou porque as pessoas  do parque estavam começando a olhar o meu choro desconsolado e sua posição intimidadora ante mim que ele me ajudou a levantar e me levou pra uma cafeteria perto do parque.