Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu me senti caindo novamente, dessa vez mais devagar até pousar em pé em um quarto bem arrumado, olhei pela janela e reconheci o jardim que outrora brincara com estrume com Alfonso e as crianças.

— Voltei para casa. –Disse subitamente aliviada.

— Que bom que pensa assim. –Dulce sorriu deitada preguiçosa na cama.

— Onde está Alfonso? –Perguntei ouvindo o silencio da casa. –E as crianças?

— Por que não se olha no espelho primeiro?

Fiz o que ela disse e fui até o banheiro a procura de um espelho e me olhei espantada. Eu estava velha, não muito talvez quarenta e tantos ou cinquenta e poucos.

— Você envelhece bem. –Dulce falou atrás de mim. –Boa genética, você está com cinquenta e nove. –Ela sorriu. –As crianças já saíram de casa. Caio está casado, esperando o segundo filho e Alice está na faculdade fazendo um pós-doutorado. Você criou bem eles.

— E Alfonso? –Perguntei, sentindo uma ponta de orgulho por meus futuros filhos.

— Na sala. –Ela se afastou, me dando espaço para sair do banheiro.

Fui até a sala e vi um senhor sentado no sofá, revirando uma caixa com fotos, fiz as contas e percebi que Alfonso já tinha setenta e dois anos, o preto em seu cabelo se fora, substituído por fios prateados, ele usava óculos de graus e engordara um pouco. Me aproximei dele, ele ergueu a cabeça notando a minha presença e sorriu me cumprimentando e como em todas as vezes senti meu coração derreter com esse sorriso. Não me importava que ele estivesse velho, ainda era o mesmo Alfonso para mim.

— Pensei que estivesse dormindo. –Ele ergueu a mão me chamando, levei a minha a sua e com delicadeza me fez sentar ao seu lado. –Eu estava relembrando o passado. Lembra-se disso? –Ele me mostrou uma foto, era eu mais nova, segurando um bebê no colo, que devia ser Alice.

Peguei a foto olhando meu rosto, procurando por outra emoção que não fosse felicidade e orgulho pela pequena que nascera, mas não achei nada.

— Quem diria que essa coisinha iria se formar em medicina igual à mãe. –Sua voz era cheia de orgulho pela filha. E por mim.

Peguei uma foto aleatória, era de nós quatro, eu, Alfonso, Caio e Alice, os dois já crescidos, parecia ser um tanto recente. Seus rostos sorridentes iluminavam a foto. Larguei-a, olhando dentro da caixa, vi uma fita azul céu solta dentro da caixa e a puxei, ela não estava amarrando nada, só estava ali junto com as outras fotos, mas Alfonso viu a fita e sorriu.

— Tinha me esquecido que ela estava ai. –Ele pegou a fita de minhas mãos e atou seu pulso esquerdo a ela, tomou meu pulso direito e delicadamente o atou, nos prendendo. –Agora você está presa pelo meu encanto e não poderá escapar até que eu te liberte.

— Não quero escapar. –Falei sem perceber. Não fora eu quem dissera isso, mas a Anahí do futuro. Ele sorriu erguendo nossas mãos e dando um beijo na minha e voltou sua atenção para as fotos.

— Você parecia um anjo. –Olhei para a foto que Alfonso estava falando e vi que era uma bastante antiga, provavelmente de nosso casamento, meu rosto estava igual ao que eu vira ontem no espelho. –Ainda me acordo de manhã e penso como sou feliz por você ter aceitado se casar comigo, bom eu também era um ótimo partido, você não poderia me recusar. –Ele olhou para mim de soslaio como se esperasse por algo. –O que? Sem piadinhas sobre o quanto eu era arrogante e prepotente?

— Eu... Amo você. –Disse com voz embargada, sentindo as lagrimas que eu tentava segurar escorrerem, por meu rosto.

— Eu também amo você sua boba sentimental. –Ele beijou minha lagrimas, mas antes que pudesse me beijar nos lábios a cena se desvaneceu novamente.

Eu estava de pé novamente ao campo de flores senti o vento soprar emaranhando meus cabelos jogando-os no meu rosto, afastei-os e Dulce estava de frente para mim.

— Fim da viagem. O que você decidiu? –Ela perguntou e eu sabia do que estava falando.