Fanfic: Nunca te vi, mas sempre te amei {AyA [finalizada]

Eu daria outra chance a Alfonso? A vida que ela me mostrou era perfeita, mas isso era um sonho, eu estava vendo um futuro um tanto distante, quando eu voltasse para o hospital eu veria o Alfonso do presente o que me machucara. Ela não me mostrou como ou quando eu tomei a decisão de voltar para ele, quando seria o momento propicio para conseguir aquele futuro.

— Aidan me ofereceu um emprego nos Estados Unidos e se eu for e esperar a poeira baixar? Alfonso ainda está abalado por conta do acidente... –Parei de chofre. Dulce me olhava de forma ameaçadora, dei um passo inconsciente para trás.

— É claro. O maravilhoso Aidan! –Sua voz era fria, como se eu tivesse cometido uma ofensa pessoal a ela. –Quer que eu te diga o seu futuro se for com ele?

— N-Não precisa. –Dei outro passo atrás, eu estava realmente começando a ficar com medo.

— Mas eu faço questão. Quero que você veja o outro lado da moeda.  Quando você chega lá os fotógrafos te amam, você nasceu para aquilo, eles dizem animados. Em três meses um produtor musical descobre que você não só sabe modelar como também tem uma bela voz e em menos de um ano não há um só adolescente americano que não conheça seu nome ou suas musicas. Aidan se afasta de você, ele não consegue suportar que mesmo estando nesse ramo há mais tempo, você conseguira superá-lo com tamanha rapidez. –Ela se aproxima de mim, a voz assumindo um tom duro e cortante. –Você se vê sozinha em um mundo de cobras que só estão esperando você tropeçar para dar o bote e toda noite antes de dormir você pensa que sua vida é vazia, não importa quantos fãs tenha, eles não preenchem aquele buraco enorme em seu peito que só fazia crescer a cada dia. E quando finalmente você decide voltar, quando acha que finalmente pode resolver as coisas com Alfonso o encontra casado com outra.

— Cale-se! –Eu a interrompi. Incapaz de ouvir o resto, colocando a mãos nos ouvidos tentando abafar sua voz.

— Não. Você vai ouvir. –Ela segurou meus pulsos, afastando-os firmemente. –Quero que ouça, porque ai vem a melhor parte. A esposa dele o amava, mas ele não, se casou somente para dar uma mãe para Caio, mas ela não se importava com o menino e descontava toda a sua frustação nele. Seu marido não a amava, ela não era obrigada a aguentar uma criança que nem mesmo era filho dele. Por duas vezes! –Ele gritou em meu rosto, a voz carregada de raiva, mas agora ela estava chorando. –Por duas vezes Caio foi para a UTI! –Ela me soltou se virando, tentando secar as lagrimas que insistiam em sair. –A desgraçada conseguia fazer tudo parecer um acidente. Eu quase o perdi duas vezes.

— Dulce... –Eu ergui a mão para consolá-la, mas desisti não sabendo o que dizer. Ela não ouviu meu chamado e continuou.

— Alfonso descobriu o que ela fazia, mas o estrago já estava feito, Caio desenvolveu graves sequelas após anos de maus tratos. Ele nunca mais foi o mesmo. E se te interessa saber, você voltou para o seu mundinho de estrela, decidida a continuar com sua vida também, passou a ingerir bebida alcoólica e você sabe o que acontece quando se mistura álcool com remédios para pressão alta. O típico caso da boa menina que experimentou o lado mau. –Ela se virou novamente para mim, as lagrimas se foram. –Sabe o que é mais engraçado? É que foi justo por esse futuro que eu te mostrei aquelas visões, que eu incessantemente te bombardeava com imagens de Alfonso durante o sono, porque eu queria impedir que isso acontecesse, mas não valeu de nada porque cá estou eu novamente tentando evitar que o mesmo aconteça, é como se o destino estivesse rindo de minha cara dizendo que eu não poderia muda-lo. Vá! Siga em direção ao seu destino. Você deve estar ansiosa para ouvir a multidão gritar seu nome! –Ela se aproximou de mim, me segurando pelos braços.

— Anahí! Anahí! –Não! Eu queria gritar para ela, não era esse o futuro que eu queria! Mas ela continuou a gritar meu nome. –Anahí! Anahí!

— Pare! –Gritei o mais alto que conseguiu me debatendo, senti minha garganta doer com o grito.

— Anahí! Acorde! É só um pesadelo querida.

Olhei assustada para minha mãe, ela me segurava pelos braços me chamando pelo nome tal como Dulce fizera, percebendo que esta parte fora só um sonho, mas o que Dulce disse não. Vi meus dois futuros na minha frente, o ultimo tomava lugar do primeiro, como um monstro engolindo tudo que vê pela frente. Comecei a chorar, por mim, por Caio, por Alfonso. Eu não conseguia parar, minha mãe se desesperou tentando me acalmar, mas meu coração doía, eu só queria chorar.

Eu não havia percebido que ela havia chamado uma enfermeira até a ver aplicar um calmante no meu soro e em poucos minutos eu voltei a dormir um sono sem sonhos.