Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

Anahí não queria se fazer passar por tola ou parecer emotiva demais, entretanto, no exato instante em que viu a face sorridente de Dulce , seus cabelos compridíssimos e vermelhos  demais, e sua marca registrada nas unhas longas e pintadas de vermelho, come­çou a chorar, descontrolada.

— Ei, o que aconteceu? Alguma coisa errada? Você não está se sentindo bem, querida? — Dulce se ergueu da cadeira, a preo­cupação estampando-se em seu belo rosto.

Anahí começou a rir, acenou para a amiga e secou as lágrimas com as costas das mãos. Quando  Dulce se aproximou o bastante, as duas trocaram um abraço apertado e saudoso.

— O que houve com você, doçura? — indagou Dulce , quando se desvencilhou do abraço e conduziu  Anahí pela mão até onde estava sentada.

— Eu apenas...

 Anahí sentou-se e fez uma pausa para respirar, perguntando-se se deveria ou não revelar a  Dulce o que estava acontecendo com ela. Necessitava muito desabafar e compartilhar a estranha expe­riência com alguém, contudo sua amiga não acreditaria numa his­tória tão fantástica e, sem sombra de dúvida, irreal.

— Estou bem, Dulce .  Alfonso e eu tivemos uma briga esta se­mana, mas está tudo bem agora. Foi uma semana muito difícil e emocionalmente complicada. Vou lhe contar tudo em detalhes de­pois que almoçarmos.

— Certo. Mas não vamos deixar que a melancolia e a tristeza entrem por aquelas portas. — Acenou com a cabeça em direção à entrada do bar. — Você conhece as regras, garota.

 Dulce levantou sua taça de Martini seco num brinde e tomou um gole.

—Pensando melhor, um pouquinho de tristeza de vez em quan­do não faz mal a ninguém. Mas é melhor nos livrarmos dela. — Fez uma pausa e suspirou. — Nós devíamos viajar, sabia? Sumir do mapa, decolar e passar uns bons momentos em alguma praia tropical no Havaí, e talvez nunca mais voltar. Juro,  Anahí, às vezes tenho vontade de desaparecer, e acho que se eu tiver de passar mais um minuto ao lado daquele homem, vou morrer. Ou matá-lo. Qual acha que seria a melhor opção?

Anahí gargalhou. Sua amiga continuava a mesma.

—  Suponho que essa decisão depende do conceito que você tem do que existe após a morte. De como é o céu.

— Ou o inferno.

 Dulce parecia infeliz, e Anahí tentou, de verdade, se sentir triste por ela, mas descobriu, para seu absoluto espanto, que seu poço tinha secado.

Aquela sua amiga estava conversando com a mulher errada se achasse que iria obter algum tipo de cumplicidade. Mesmo que fammy tivesse um grandalhão insensível como marido, mesmo que  Cristopher não fosse o sujeito mais esperto, mais culto ou o mais excitante do mundo, ele a amava. E estava vivo.

—  Tenho uma coisa para lhe contar. —Anahí quase deixou escapar um gemido alto por não ter se dado conta de que ia revelar sobre sua fantástica jornada, até que abrisse a boca. Se decidisse mesmo contar a verdade, teria de preparar a amiga um pouco antes.

Dulce arregalou os olhos e se inclinou para a frente, acomodando-se melhor para ouvir o que pensava que seria algum mexe­rico suculento e imperdível.

O garçom veio até elas, trazendo o que costumava ser o drinque habitual de Anahí : uísque com muitas pedras de gelo em um copo longo. Mas  Anahí ergueu a mão para ele e acenou, negando a oferta.

— Um suco de laranja, por favor — pediu ao rapaz, então vol­tou-se para Dulce : — Quero estar muito sóbria para conversar sobre isso.

— O quê?

 Dulce franziu o cenho, incrédula. Assim como o garçom, que se retirou, dando de ombros.

— O que está dizendo, Anahí ? Você está deixando Alfonso ? Vai pedir o divórcio? Ah, sim, só pode ser isso...

— Não. Pretendo lutar com mais afinco do que jamais lutei por algo na vida, a fim de fazer com que aquele homem volte a me amar. Joguei o amor de Alfonso fora,Dulce . Afastei-o de mim. Arruinei tudo a meu redor, e não vou fazer isso de novo.

— Deus do céu, sobre o que está falando?!`—Dulce arqueou as sobrancelhas também tingidas de vermelhos, sem entender, meneando a cabeça. —Alfonso é uma criatura de muita sorte por ter você. Olhe para si mesma, tão bonita, magrinha e bem-cuidada, como no pri­meiro dia em que vocês dois se conheceram.