Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

— Acho que não. Pelo menos, por enquanto. Para ser honesta, nem mesmo ando com vontade de beber. Nem penso no álcool ou na sensação que produz.

Ando tendo é uma esquisitíssima vontade de beber e comer coisas de criança, como chocolate com leite e cereais de bichinhos.

Dulce fez uma careta.

— Cruzes!

—  Sim, eu sei. E juro, se Chuck não tivesse levado embora aquele uísque que trouxe até nossa mesa, eu não o teria tocado. E não teria a mínima vontade de bebê-lo.

— Só pode estar brincando... —Dulce sorriu.

— Não mesmo. Talvez tudo isso faça parte de alguma condição que me foi imposta para que eu retornasse. Embora não me lembre disso, lógico.

—Pelo amor de Deus,  Anahí , você não vai se enfiar numa igreja e virar uma daquelas beatas religiosas e ficar pregando sobre os malefícios do álcool, ou colocar aqueles adesivos no vidro traseiro do carro! Vai?

— Não. Mas estava pensando em começar a freqüentar algum culto.

— Piscou para Dulce . — Gostaria de compartilhar isso comigo?

Dulce tomou um grande gole de seu drinque e nem se deu ao trabalho de responder.

—  E se isso não for permanente, Anahí ? E se você acordar amanhã e descobrir que tudo não passou de um sonho e que é aquela velha bruxa malvada, de novo? — disse ela, querendo fazer troça.

—  Em nenhum momento eu falei que era uma velha bruxa malvada,Dulce . Não exagere.

 Dulce deu risada.

—anahí, e se essa loucura toda durar apenas alguns dias? Já pensou nisso?

Ela deu de ombros, suprimindo a sensação de pânico que brotou em seu interior.

— Sim, ponderei em todas as possibilidades. Pensei até mesmo que poderia estar sob o efeito de alguma droga injetada por Grace no hospital, uma vez que ela estava de mãos dadas comigo quando tudo escureceu a meu redor. Imaginei também que pudesse estar morta, no céu, ou que estava sonhando, deitada em algum lugar. Mas continuo aqui, e nada disso faz sentido.

Parou de falar um momento, recostou-se na cadeira e cruzou os braços.

— Consegui ver meus filhos outra vez e ter o amor deles. E reencontrar Alfonso e você. Não a via há anos,  Dulce , você sabe. Foi por isso que quando entrei no bar e a vi comecei a chorar. Se eu acordar amanhã no hospital, o que acho pouco provável, ainda assim pensarei que tive muita sorte em poder retornar no tempo.

Mesmo que estivesse dizendo aquilo, Anahí não acreditava nas próprias palavras.

Se no dia seguinte acordasse no hospital, seria a pessoa mais infeliz do mundo. Se tal ocorresse, iria desejar mor­rer, com todas as suas forças. Agora, mais do que nunca, queria viver. Porém, ao lado de sua família.

— Se é assim, você conhece o futuro. Isso é fantástico! — Uma conclusão de repente abalou as estruturas emocionais de Dulce .

— Ainda estarei viva? Oh, Senhor! E casada com Cristopher ? O que acontecerá comigo?

 Anahí não agüentou e, apesar da gravidade da situação, caiu na gargalhada. Tinha se esquecido de quão engraçada  Dulce era e como era divertido estar ao lado dela.

— Não posso lhe responder isso, querida. Nós duas perdemos contato pouco antes da morte de Alfonso. Juro que não sei lhe dizer onde você está ou como tem passado. Mas se, por acaso eu voltar para o futuro, o que espero muito que não aconteça, irei procurá-la. Prometo.