Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

Aos poucos, contudo, as coisas foram melhorando para Alfonso . Ele nunca se esqueceu de sua garotinha e da dor incomensurável que experimentara quando ela morreu. Mas a cada semana que passava sentia-se melhor e retomava, pouco a pouco, seu equilíbrio emocional. Sabia que a vida tinha de continuar.

Todavia, com Anahí foi diferente. Ela não conseguiu. Nada foi capaz de ajudar, terapia ou comprimidos antidepressivos, Nem mesmo o amor dele. Alfonso perdeu sua mulher naquele dia, e as­sisti-la se destruindo sem poder fazer nada, o vinha matando.

Porém, quando essa autodestruição ameaçou afetar as crianças, a preocupação de Alfonso fez iniciar um processo que comprometeu seu amor poranahí . Foi quando ele começou a perder a paciência. E o amor que sentia por ela passou a definhar.

—Trabalhando?—A voz dela, suave e tão familiar, atingiu-lhe os sentidos, percorrendo com voracidade cada uma de suas termi­nações nervosas.

Avistou Anahí parada à soleira do quarto de hóspede, os cabelos castanho-escuros meio despenteados, como se tivesse acabado de acordar. Mesmo usando aquele pijama de flanela branco, com um estampado miúdo de vermelho e azul,  Alfonso fracassaria se tentasse se convencer de que não a achava muito sexy daquele jeito. Que não a desejava com todas as células de seu corpo.

Anahí estava sendo incrível, dando o melhor de si para recon­quistá-lo, para reconciliar-se, e ele ali, admirando a papelada do divórcio.

Alfonso guardou os documentos de volta em sua maleta de exe­cutivo, esperando que ela não notasse o rubor em seu rosto, cau­sado pela imensa culpa que o assolava.

— Quanto tempo você ainda vai ficar aqui? — ela indagou.

Em geral, aquela questão surgia envolta em sarcasmo e lasti­mável desinteresse. Nessa noite, entretanto, era tão-só uma per­gunta. E Alfonso não tinha certeza do porquê de aquilo incomodá-lo ainda mais.

Anahí olhou ao redor.

—  Sabe, Alfonso, acho que deveríamos-transformar este lugar num quarto de brinquedos. Se não me falha a memória, nunca tivemos um só hóspede aqui. — Ponderou por instantes, e então completou, dando de ombros, graciosa: - Exceto você, è lógico.

— Gosto de ter meu próprio espaço — replicou seco.

-— Poderia também ser um escritório. Quem sabe se colocás­semos um televisor bem grande aqui... E duas caixas distantes, com som estéreo. Uma sala de tevê ou algo assim. O que acha? — Mas não esperou resposta. — Ou eu poderia fazer um quarto de costura.

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Você não costura Anahí.

— Mas gostaria de aprender.

— Olhe você mal sabe pregar um botão, pelo amor de Deus! —Alfonso exalou um longo suspiro cansado.

Anahí cruzou os braços sob os seios. E  Alfonso não teve como não notar como eram bonitos, firmes e cheios. Sempre amara as formas de sua mulher, até mesmo quando veio a ter dúvidas de que ainda a amava.

— Nós poderíamos também derrubar esta parede e fazer deste cômodo uma extensão da cozinha — ela prosseguia com as su­gestões, sorrindo. — Ficaríamos com uma cozinha bem maior. O que pensa de minhas idéias?

 Alfonso tentou conter o sorriso que ameaçava brotar-lhe nos lábios e procurou, com mais afinco ainda, conter a volúpia, a paixão que nutria por ela naquele momento.

—Bem, deixe-me ser franca. —A entonação de  Anahí demons­trava divertimento e impaciência.

— Por que não? Você é Portilla, não é? Afinal, não era esse seu nome de solteira?

O rosto dela se iluminou com um sorriso tão brilhante que  Alfonso não pôde mais se conter, e sorriu também.

— Alfonso, eu tinha me esquecido do quanto você é engraçado!

— Sim. Ari Toledo , nosso grande humorista e entrevistador, ligaram para mim uma noite dessas. Ele quer uma entrevista comigo porque parece que a audiência do programa anda em baixa, e só um cômico como eu pode fazê-la melhorar.

 Anahí achou graça. E decidiu que, enfim, dera um grande passo. Pela primeira vez desde que chegara do futuro, seu marido agia de modo relaxado e descontraído.