Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

— Estou excitada, Alfonso . — Cobriu a boca com uma das mãos, simulando uma expressão horrorizada. —Céus, eu disse excitada? Desculpe-me, quis dizer solitária.

 Alfonso soltou aquela risada gostosa que ela não ouvia havia dé­cadas. Ele fazia um som tão delicioso quando ria, tão ímpar, tão entregue... tão Alfonso !

— Vamos lá, nós podemos acabar com nosso casamento um outro dia qualquer. Que tal você assumir hoje suas obrigações de marido? Hum? — Ela falou de modo brincalhão, mas no fundo era tudo o que queria.

Alfonso pareceu atônito com a colocação, no princípio, mas em seguida se mostrou tentado pela idéia.  Anahí chegou a vibrar por dentro de tanta emoção.

No entanto, o fato de ele ter sido capaz de menear a cabeça devagar foi desanimador em mais de uma única maneira. Porque alguma coisa engraçada estava começando a acontecer no velho e machucado coração de Anahí . Começava a se recordar dos mo­tivos pelos quais se apaixonara por Alfonso. E estava se apaixonando por ele outra vez.

A dor íntima não tinha nada a ver com a libido em ebulição. Bem, não de todo, mas não podia negar que estava sentindo uma necessidade maravilhosa e inquietante de ser tocada.

Não podia se recordar de quando fora a última vez que um homem, qualquer um, entrelaçara o corpo grandioso no seu, que descansara a cabeça em suas costas após um ardoroso ato de amor, que a puxara para si e exigira um beijo ardente na boca.  Anahí apenas sabia que tinha sido  Alfonso e que queria tudo àquilo de novo.

—Alfonso... — murmurou rouca, e observou os músculos dele enrijecerem. —.. .quero dormir com você esta noite. Apenas dormir.

Os olhos dela ardiam com as lágrimas contidas, e a imagem dele ficou turva a sua frente. Não iria implorar. Ou talvez implorasse.

—Anahí ...

— Faz tanto tempo,Alfonso. Você não pode imaginar. Apenas segure-me em seus braços hoje.

"Antes que eu me vá, antes que eu morra e nunca mais o veja, preciso que você me tenha de novo junto a si."

— Pense nisso como um presente antecipado de Natal.

Ele a encarou, o olhar duro e frio, uma expressão tão séria que quase a fez sentir medo.

— Por que está fazendo isso comigo,Anahí ?

—  Porque não desistirei de você. Não vou deixar que nossa relação sucumba e termine para sempre.

— Talvez ela já tenha sucumbido.

Anahí baixou a cabeça para que ele não pudesse ver o quanto aquelas palavras tristes machucavam... e mais do que ela jamais pensara ser possível apenas alguns dias atrás.

A garganta ficou tão apertada que Anahí não saberia dizer se seria capaz de continuar conversando. Assim, manteve-se em si­lêncio, fitando os chinelos dele colocados de forma ordeira bem ao lado do leito.

Alfonso exalou um suspiro exausto.

— Tudo bem. Acho que isso não vai me matar. Anahí lhe lançou um sorriso lacrimejante.

— Metade da noite quase já se foi, então isso nem vale.

— Vale sim — afirmou ele, mas de maneira menos hostil, me­nos forçada.

Alfonso a seguiu até o quarto dos dois, os pés nus fazendo os passos soarem de leve sobre o assoalho de madeira corrida.

Anahí deitou-se e ergueu a ponta das cobertas para que o marido entrasse. Alfonso acomodou-se a seu lado, de costas, sem tocá-la, as mãos cruzadas sobre a barriga.

Ela achou graça.

— O que foi?

—Isso sim, não vale. Eu falei que queria dormir em seus braços, e você está rígido e tenso, numa postura em que uma pessoa morta fica dentro do caixão. — Ela sorriu, com imensa doçura. — Para atender a meu pedido, você terá de me abraçar.

Alfonso gemeu, mas virou-se de lado e a puxou para mais perto ile si.

Deus, como se sentiu bem! Feliz, completo, inteiro. E seguro.

Anahí pegou o braço dele, envolveu-o ao redor do próprio corpo c sorriu.

Alfonso franziu o cenho. Não queria estar naquela cama. Conven­cera-se de que não amava mais aquela mulher, e era óbvio que não desejava.