Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

Adquiriu para os dois meninos uma versão mirim do que Alfonso costumava usar para trabalhar todos os dias. Calça caqui, camisa branca de punho e gravata. A gravatinha de  Miguel era azul e estampada com pequenos bonecos de neve. A de Justin, vermelha com renas.

Para Mia, achou um lindo vestido cor-de-rosa de organza e renda, e um chapéu combinando. Todos eles ficariam adoráveis, e Anahí poderia olhar para Jesus no altar da igreja e dizer: "Viu? Estou fazendo algo de bom desta vez. Por favor, posso ficar?".

Anahí caminhou pela Rua Lincoln, com Mia encaixada em seu quadril, as sacolas batendo na lateral de uma das pernas, e dirigiu- se para a rua onde ficava a maioria dos restaurantes.    

Alfonso trabalhava numa empresa fabricante de softwares nãos muito longe dali, e Anahí pensara em dar uma passada por lá e convidá-lo para o almoço, mas recuara por medo. Talvez ele não gostasse da visita inesperada. Além disso, era melhor não pressio­ná-lo demais.

Sendo assim, decidiu que aquele seria o Dia das Mulheres, com direito a comprar roupas e almoçar no Friendly`s, um pequeno restaurante informal, onde o sorvete era maravilhoso e os sanduí­ches servidos com o melhor queijo assado do planeta.

Anahí ficou com água ria boca só de imaginar o queijo assado. Fazia anos que não comia um lanche daqueles.

— Está com fome, meu anjinho? O que me diz de um sanduíche de queijo assado?

— Com batata frita? Laura sorriu para a filha.

— Podemos dividir uma porção. Com vinagre.

Quando Mia franziu o nariz, deixando claro que não gostava de vinagre, Anahí  completou:

— Em minha parte da porção. A sua, com ketchup.

— Adorei! — Mia bateu palmas, rindo.

Anahí ainda sorria quando abriu a porta do Friendly`s, porém, o sorriso desapareceu no mesmo instante, seu coração disparou c ela ficou imóvel como se as pernas de súbito tivessem travado quando seus olhos focalizaram um casal bem na frente delas, sen­tados a uma mesa, de mãos unidas.

— Papai!

Alfonso não pareceu tão feliz quanto Mia por vê-las, concluiu Anahí  de imediato. Nem a namorada morena dele. Ele estava sentado ali, segurando as mãos da moça sobre a mesa, fitando-a com a expressão mais dócil do mundo. Traindo-a com uma jovem de cabelos muito mal tingidos e uma enorme quantidade de maquia­gem no rosto.

Um homem magnético, se é que isso existia, com ombros am­plos e cintura estreita. E quanto à moça...

 Bem, até mesmo se a falsa morena não estivesse sentada ali, segurando a mão de seu ma­rido, Anahí teria detestado sua aparência.

— Olá,Anahí — cumprimentou-a  Alfonso , confuso e perplexo. "Não foi uma má recepção"., pensou ela, mas tinha de ser muito tonta para não compreender o que via.

A namorada, se soltou de Alfosno e descansou os braços o colo, de forma desafiadora e culpada ao mesmo tempo. Do modo exato como a namorada de um homem casado agiria quando confrontada pela esposa verdadeira.

— Mamãe, coloque-me no chão. Quero ver papai! Trêmula e pálida, Anahí fez o que Mia pediu. A garota saiu

correndo em direção a Alfonso  e se atirou nos braços receptivos dele.

Anahí permaneceu parada ali, segurando as sacolas com as com­pras de Natal e sentindo-se a pessoa mais idiota que poderia existir.

Alfonso a olhou por cima da cabeça de Mia, e Anahí não pôde afirmar o que a expressão dele significava, se era  de arrependi­mento, remorso-, raiva ou uma dolorosa combinação dos três.

— Mia, nós temos de ir, querida — ela conseguiu dizer, de­sajeitada.

-— Anahí, não vá. Espere, por favor. — Alfonso se ergueu, com Mia no colo, e se aproximou a passos lentos.

Uma intensa raiva a acometeu, uma sensação tão explosiva que

Anahí quase entrou em erupção. Se não fosse por Mia enlaçando o pescoço dele com seus bracinhos miúdos, as mãos de Anahí  teriam voado direto para aquele mesmo pescoço.

O fato de tê-lo encontrado com outra mulher não deveria tê-la surpreendido, porém. Mas a verdade era que a surpreendera. E muito. Todos aqueles anos, e agora...

Jamais suspeitara que o marido a estivesse traindo.Alfonso, o homem bom, de caráter sólido, confiável não traía.

Certo, pelo visto, enganara-se.

—Alfonso, não vá.