Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

A frase veio da  morena esquelética e soou como uma ameaça.

— E você... —Anahí a encarou com olhar furioso, apontando-lhe um dedo. —... Não tem nada a dizer sobre se ele vai ou fica. Você não tem nada a ver com isso!

Perla recuou como se estivesse correndo o risco de ser agre­dida. E de fato estava.

— Meu Deus, acho que ela está embriagada... —Perla não se conteve: — Ela está bêbada,Alfonso !

Anahí sentiu o mundo girar e ruir sob seus pés, e sua raiva transformou-se em humilhação.

 Achava-se mais traída naquele momento do que quando entrou no restaurante, feliz da vida, com a filha nos braços e deparou com a terrível cena de ver o marido segurando, todo carinhoso, a mão da morena magricela.

Alfonso falara a respeito dela para sua amante. Abriu o coração para aquela qualquer, que não sabia nada sobre eles, nada sobre o que tinham passado e enfrentado, ou mesmo quem era Alfosno.

Ela não estivera lá quando ele era apenas um estudante sem um centavo no bolso, quando o programa de sair para jantar era algo tão nobre quanto uma pizza paga com as economias que Alfonso fizera durante uma semana inteira. A morena não estivera lá quando Miguel ficou tão doente que eles tiveram de levá-lo às pressas para o hospital. Ou quando cada filho nasceu, e os dois celebraram com uma grande festa.

— Tenho de ir. —Anahí olhou ao redor, sem, de fato, estai enxergando nada. — Você leva Mia para casa.

Depois da frase decidida, que exigia dele uma tarefa, ela come­çou ase dirigir para a saída, batendo de frente com um freqüentador que chegava ao restaurante. Desculpou-se, apressada.

— Mamãe, quero ir com você! Anahí virou-se e apenas disse:

— Tenho de ir, querida.

Saiu rápido do estabelecimento e continuou correndo até que seus pulmões estivessem queimando pelo ar gelado de dezembro.

Parou em uma esquina, onde um rapaz super agasalhado, de gorro e cachecol, badalava um sino, procurando por donativos para o Exército da Salvação.

Anahí encostou-se contra a parede do edifício, o frio dos tijolos ajudando-a a manter-se viva, e observou aquele homem por um momento, ouvindo o sino bater e bater e bater. Cerrou as pálpebras.

— Tudo bem com você, senhora?

Ela abriu os olhos para deparar com a preocupação estampada nos olhos do moço, sua verdadeira solidariedade perante a dor de outro ser humano. Anahí ofereceu-lhe um sorriso fraco e gesticulou a cabeça, assentindo.

— Estou bem, obrigada.

"Mas me encontro prestes a perder minha vida de novo. Digo a mim mesma que não quero que meu inferno continue e pergun­to-me por que permito que meu coração seja partido por um ho­mem que morreu há duas décadas. Claro, sinto-me ótima."

O rapaz a fitou por mais alguns instantes, como se pudesse ler aqueles pensamentos loucos e frenéticos que se embaralhavam em seu cérebro, antes de anuir com um movimento de cabeça e cami­nhar alguns passos, tornando a pegar o sino e voltar a badalá-lo.

—Anahí ?

Ela se desencostou da parede, assustada, e levantou o rosto para ver Alfonso e, em seguida, Mia, que parecia alegre e alheia a qual­quer coisa que pudesse estar fora do normal.

— Nada aconteceu — Alfonso sussurrou.

Anahí deixou escapar uma gargalhada em meio às lágrimas que começavam a se acumular em seus olhos.

— Você tem de acreditar em mim — ele insistiu.

— Acha que sou boba? Ou que estou bêbada, talvez? Alfosno parecia muito arrependido.

— Não. Conheço você e sei que não bebeu uma única gota. Sinto muito por Perla ter dito aquilo. Lamento por você ter entrado lá naquele momento, porque captou uma imagem errada. Não houve nada entre mim e Perla.

Anahí  se virou para encará-lo.

— Alfonso, pelo amor de Deus, coloque-se em meu lugar. Se você entrasse em um restaurante e me visse de mãos dadas com um homem, olhando-o, sonhadora, o que faria?

Ele não respondeu a expressão séria, apenas estudando-a.

— Hein,Alfonso? Iria acreditar em minha palavra se eu jurasse que nada estava acontecendo?

— Não.