Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

— Tudo bem, vamos tentar — disse ele. — Você guia a ponta da mola para este buraquinho enquanto eu puxo o cavalo. Tem de ser tudo em um único movimento ou o bendito brinquedo rejeita o encaixe e a mola salta. E então, pronta?

— Pronta. —Anahí deu risada.

Alfonso puxou o cavalo, o corpo todo tencionando enquanto ela tentava enfiar a mola naquele minúsculo orifício.

— Pare de se mexer tanto... — murmurou Anahí, começando a se frustrar. Então a ponta da mola de repente encaixou no devido lugar, e ela deixou escapar uma exclamação de alegria. — Con­seguimos!

— Até que enfim! — exclamou Alfonso, contente, aliviado. — Estou aqui embaixo há mais de uma hora, tentando montar essa coisa. E agora você chega, e em cinco minutos está tudo resolvido.

Ele inclinou o corpo para trás e apoiou as mãos no piso frio, num esforço de relaxar.

— Você é meu herói! — Anahí deu-lhe um beijinho rápido nos lábios.

Quando ela se endireitou, ficando ereta, Alfonso a segurou, e, com uma das mãos espalmadas nas costas delicadas, puxou-a para si e deu-lhe um outro beijo. Um beijo ardente, como Anahí não sentia há... uma vida inteira. Era carinhoso, demorado, lento, apaixonado e íntimo.

Um gemido escapou de sua garganta, e de súbito foi colocada no chão, deitada em cima de seu marido, sentindo-se uma perfeita adolescente.

Aquilo foi tão gostoso... Ele estava tão flexível, tão quente, tão forte!

Tão como Alfonso...

Aquelas memórias sobre como seu marido era, a sensação de sentir as formas másculas, o aroma cítrico da pele dele, o som da voz rouca e profunda voltaram de uma só vez à mente de Anahí.

Alfonso a beijou do modo como costumava fazer quando eles ainda namoravam. De maneira terna... Sexy... Lenta. O corpo dela, seu corpo jovem, vibrou de um desejo fremente, Anahí pressio­nou-se contra a rápida e deliciosa excitação de Alfonso.

Mãos ágeis baixaram em segundos a calça dele e seguraram-lhe as nádegas. Alfonso começou a fazer movimentos sensuais, roçando-se contra ela, um homem desesperado, excitado e sem fôlego, movimentando-se com ritmo contra sua feminilidade.

— Mamãe!

Alfonso respirou fundo, tentando retomar o autocontrole.

— De quem foi a idéia de ter filhos? — brincou.

— De nós dois, se é que me lembro bem.

De novo veio o chamado, dessa vez desesperado, como se, se Anahí não respondesse naquele exato segundo, a vida de Mia se acabaria.

— Estou indo, meu anjo! —respondeu, resignada, embora sou­besse que não era nada importante.

Fazia muito tempo que não fazia amor, mas sua reação física ao toque dele era... Enlouquecedora.

Os dois tinham levado uma vida sexual mais ou menos ativa, normal. Satisfatória.

 Talvez um pouco entediante, como qualquer casal que permanecia junto por alguns anos e com vários filhos sempre prontos para arruinar os mais surpreendentes momentos de intimidade. Mas  Anahí tinha absoluta certeza, mesmo que fi­zesse muito tempo, que nunca se sentira tão excitada em toda sua vida.

Talvez aquilo fosse uma pequena novidade que surgira em sua estranha jornada, decidiu com um sorriso e foi atender à filha.

Naquela noite, a família se reuniu e todos saíram para caminhar na neve. O clima estava ameno após os dez centímetros de gelo que desabara.

O bairro estava silencioso, as luzes cintilando através das jane­las das residências sob a escuridão e a neblina.

Alfonso segurava Mia no colo. As perninhas dela se recusavam a funcionar de novo, pelo visto.

Miguel e Alfonso JR tinham corrido na frente deles com um plano secreto, mais do que evidente, de acertarem seus pais com uma tempestade de bolas de neve.

Assim que viraram a esquina, lá estava a imensa surpresa, e duas bolas surgiram de forma inocente, passando por eles sem atingi-los, seguidas por resmungos de desapontamento dos meninos.

— Espero que vocês tenham mais sorte da próxima vez — brincou Anahí , rindo.

Ela riu, mas seu coração estava partido. Tudo aquilo era tão perfeito que não poderia mesmo durar para sempre. O pressenti­mento de que algo ruim estava por vir crescia a cada instante, mas tudo o que ela podia fazer era tentar aproveitar todos os preciosos momentos que pudesse, com intensidade. Cada segundo que lhe fosse permitido.

Talvez estivesse enganada quanto ao fim de tudo e percebesse que recebera um presente divino e ficaria em casa, resgatando o passado, transformando-o e construindo um futuro feliz. Entretan­to, quem sabe também acordasse no dia seguinte e se desse conta de que toda a ventura desaparecera.