Fanfic: LIÇÃO DE VIDA AYA finalizada

Suas mãos, que estavam envelhecidas e enrugadas. Mãos de uma mulher com mais ou menos cinqüenta anos de idade que não soube se cuidar bem.

—  Não... — murmurou e, logo em seguida, emitiu um grito descontrolado: — Não pode ser! Isso não é justo!

Ergueu aquelas mãos enrugadas e enterrou o rosto nelas.

— Tudo aquilo não era um sonho, meu Deus. Não era!

— Claro que não era. — Grace continuava falando no mesmo tom tranqüilo que Anahí costumava usar com Mia quando sua menininha tinha um pesadelo e acordava chorando.

Ela diria qualquer coisa para acalmar sua filhinha, em situações assim. Qualquer coisa.

— Mas foi. —Anahí soluçava, o coração despedaçado dentro do peito e batendo por teimosia.

— O que houve meu amor? Por que está chorando? Anahí escutava Alfonso , e se perguntou se tinha ficado louca.

— O que aconteceu, por Deus?! — repetiu ele, preocupado.

— Não sei. Acho que sua mulher teve um pesadelo — Grace respondeu-lhe.

Anahí baixou os braços num único movimento abrupto e depa­rou com as amadas feições de seu marido.

—Alfonso ?!

—  O próprio. — E esboçou aquele sorriso pelo qual ela se apaixonara muitos e muitos anos atrás.

Era Alfonso, uma versão mais velha, os cabelos grisalhos e um pouco mais gordo, mas, ainda assim,Alfonso. Estava vivo e inteiro, e a fitava como se ela tivesse perdido parte do juízo.

— Não pode ser! — Por fim, Anahí sorriu, e então desviou o olhar para Grace. — Conte-me o que é tudo isso. Explique-me, por favor.

Grace, sorridente, inclinou a cabeça.

— Às vezes... — disse ela, com um carinho indescritível —...nós recebemos um presente inesperado. Abençoado. Se eu fosse você, apenas agradeceria.

Anahí sorria entre as lágrimas.

— Obrigada. Muito obrigada!

Grace assentiu.

— Por nada, minha amiga. Agora, se não se importa, vou dar uma caminhada pelo corredor. Sabe como é, não? Em minha idade, não é muito recomendável ficar deitada o tempo todo, porque pode prejudicar a circulação. Assim, por ordem médica, vou exercitar um pouco as pernas. — Ela deu uma piscadinha para  Anahí antes de sair do quarto.

— Ela parece uma boa pessoa — comentou  Alfonso depois que Grace fechou a porta.

— Você nem imagina o quanto. Agora, venha cá, meu amor, deixe-me olhar você bem de pertinho.

Alfonso sentou-se na beirada do leito, cedendo ao desejo da esposa.

Anahí pegou o rosto dele e pôs-se a examiná-lo, encantada. Alfonso tinha algumas rugas novas além das que já existiam antes, e estavam um pouco mais profundas. Os cabelos ficaram mais ralos e mais brancos, mas ainda era o homem mais bonito, mais charmoso e mais irresistível que ela já conhecera.

— Você amadureceu lindamente. Ele riu.

— Você também. Embora eu não contasse que você fosse ser hospitalizada por um problema cardíaco. Graças a Deus, não é nada muito sério.

Um rapaz bem jovem e belo abriu a porta do quarto e falou:

—  Você nos deu um susto e tanto, mãe. Quase matou a nós todos do coração, quando desmaiou, ontem.

—Miguel... — Laura suspirou.

Ele estava de cabelos bem cortados, barba feita, bem vestido, e não se parecia nada com o jovem rebelde de piercing e tatuagem de quem recordava. E muito menos estava numa cadeira de rodas por conseqüência de algum acidente.

—Alfonso JR e Mia estão vindo logo atrás de mim. Mia encontrou algum conhecido no meio do caminho, e Alfonso JR parou na máquina de refrigerante.

-—Oh...

Anahí estava zonza, sem entender nada do que acontecia a sua volta. Não sabia se ria ou chorava. Não sabia o que perguntar a eles a fim de descobrir o que fora feito da vida de cada um dos membros de sua adorável família.

Alfonso JR se encontrava lá, o que significava que não fora parar em algum lugar do Centro-Oeste. E Mia... O que teria sido feito de sua filhinha querida?