Fanfic: Sintonia em Las Vegas (vondy)

    Christopher seguiu meu olhar que se direcionava a sua mão então ele escondeu a mesma pondo o braço para trás, e resolveu se pronunciar.

Christopher- O que queres? ─ não falou friamente, mas pude entender desse jeito.

Dulce- Eu que pergunto Chris, o que queres da vida com um cigarro na mão? ─ pude ouvir minha voz soar doce e sem reclamações, ver aquela cena tinha me deixado vulnerável a chorar.

     Ele de início me olhou com o cenho franzido como se quisesse me responder em um tom ríspido por achar a minha pergunta uma ofensa. Mas ao ouvir minha voz doce soar aos seus ouvidos e meus olhos suplicantes e que já marejavam se encontrarem com os dele, o mesmo pode abaixar a guarda e então desmoronou como um bebê.

...  

 Christopher se encostou ao carro como se tivesse cambaleado para trás, abaixou sua cabeça que negava a todo instante e pude ver o cigarro deslizar pelos seus dedos e caírem ao chão. Ele suspirou entre soluços. Ele estava... chorando? Sim, ele estava chorando.

    Se pude o ver desmoronar naquele momento, eu fiz o mesmo não agüentaria mais um segundo vendo tal cena. Em um impulso me inclinei para frente e logo se ajuntei a ele em um abraço, meus braços envolviam sua cintura e os seus braços me apertavam forte como em um afago.

Afago essa era a palavra que ele mais sentia carência.

    O abracei tão forte e pude sentir o retorno ele parecia tão pequeno, tão miúdo, realmente um bebê. Meu bebê...

Imaginava muitas coisas passarem por sua cabeça em relação ao seu pai, aos amigos, ao trabalho, aos seus sonhos, as suas vontades, seus medos e... a MIM.

   Sentia meus cabelos serem molhados aos poucos por suas lágrimas, ele se afastou e resolveu novamente se pronunciar.

Christopher- Me desculpa... Eu sei que fumar é errado, uma loucura, mas não me resta outra opção de fuga, não me resta outro consolo a não ser esse. ─ ele soluçou novamente e mais lágrimas caíram desesperadamente pelo seu rosto, parecia que ia dizer algo que lhe doía mais do que já doía. ─ Perdi meus sonhos, a vontade de viver, perdi você... E o que fazer? Não tenho mais nada...

   Seus olhos que estavam vermelhos pelas lágrimas me olharam suplicante e novamente a palavra chave soou em minha mente e eu precisava pronunciá-la rápido, ele tinha que se libertar pelo menos de uma de suas dores. Queria conversar com ele, mas não poderia ser ali numa rua estreita quase em um beco em meio a grande Avenida, precisaria ser num lugar diferente e que aos poucos se tornou importante pra mim.

Dulce- Me acompanhe... ─ segurei sua mão a puxando junto comigo que já caminhava para esse tal lugar.

   Fui o direcionando para um lugar a qual conheci durante essas poucas semanas no AALA, um dos alunos tinha me mostrado que ali dava pra se ter a melhor visão do centro de Los Angeles, ele me apontou o lugar e então a minha curiosidade me impulsionou a ir até lá. Ao chegar naquele lugar a visão que tive era esplendorosa e me fez me sentir bem, me sentir melhor e refletir sobre minha vida e meus ideais.

E agora senti a necessidade de mostrar para o Christopher...

     Ele segurava minha mão fortemente como se ainda tivesse se recuperando do choro, olhei para trás de relance para confirmar isso e pude ver de instante e instante ele enxugava os rastros das lágrimas em seu rosto com a mão desocupada. Christopher poderia ser aquele garoto alto, lindo, dos olhos e corpo chamativos, e com um porte de homem tentando nos mostrar ser forte como o seu pai, mas quem o conhecia via apenas um garoto frágil que necessitava ser consolado e ser mostrado o certo e o errado.

       Andei com Christopher chegando junto ao final da grande avenida e sempre ele perguntava...

Christopher- Já chegamos? Já chegamos? ─ impaciente.

E eu respondia...

Dulce- Você por acaso se inspirou no burro do filme: Shrek ? ─ falei divertida.

O que arrancou risos meus e principalmente dele. Me senti aliviada por ter o deixado melhor, mesmo sendo com apenas uma frase, ele estava bem.

    O fim da avenida realmente chegou e então o direcionei a mais uma rua estreita como daqueles filmes de Hollywood onde nessas ruas só são postas latas de lixos ou escadas correntes enferrujadas que davam para a superfície do prédio, mas nesse caso a superfície não era de um prédio e sim de uma fábrica abandonada, a antiga fábrica de doces de Los Angeles.

    Soltei sua mão e pude ver que as mesmas estavam brancas pelo forte aperto. E me pronunciei.

Dulce- Iremos subir aqui. Me ajuda ? ─ indaguei enquanto levantava minha perna direita para que ele me ajudasse a puxar a escada para subirmos. Não nego que na minha voz tinha um ar de brincadeira.

Christopher- Você está brincando? ─ neguei com a cabeça. ─ Dulce vamos subir essa escada velha que pode cair e quebrar a qualquer momento, de uma fábrica abandonada e... ─ ele sentiu meus dedos o calarem.

Dulce- Só preciso que me siga, duvida que possa te surpreender? ─ levantei uma de minhas sobrancelhas o desafiando.

Christopher- Se em Las Vegas você fez isso a cada instante, porque duvidaria agora? ─ ele deu de ombros já negando com a cabeça.

Dulce- Então faça o que mando. ─ falei num tom autoritária mas não perdendo a brincadeira.

Christopher- Sim senhora. ─ brincou também.

Ele cruzou suas mãos uma na outra formando um tipo de apoio, pus meu pé direito calçado por um tênis confortável em cima de suas mãos e peguei impulso para subir e puxar a escada, como sou pequena...

Dulce- Me suba mais... ─ gritei com minha cabeça levantada e minhas mãos buscando alcançar a escada, na outra vez que vim ela estava abaixada então não houve problema.

Christopher- Estou prevendo uma queda sua em cima de mim. ─ negou a cabeça de novo. ─ Você e suas travessuras...

Queria rir daquele comentário, mas se o fizesse podia desequilibrar-me. Ele fez o que pedi ao invés de me servir apoio para o pés, ele me segurou pelas coxas me subindo mais, agradeci por estar vestida de  uma legue preta e um blusão branco com um corte canoa deixando apenas os ombros à mostra.

Dulce- Consegui... ─ falei ao conseguir segurar o último ferro de degrau da escada.

   Quando Christopher me desceu depois de uma brincadeira de me colocar em sua “cacunda” e sair correndo como um louco por aquela pequena rua. Lembrei do dia do nosso reencontro.

 Eu subi primeiramente e ao chegar à superfície dei uma olhada pra ver se o dia e a tarde tinha favorecido para aquele “encontro”, e pude notar que sim. Fiquei de joelhos olhando para baixo e o chamei.

Dulce- Pode subir Chris... O lugar te espera.

Christopher- Estou começando a ficar com medo da Senhorita. ─ falou fazendo uma careta engraçada, enquanto subia a escada.

    Quando ele chegou ao último degrau olhei fixamente em seus olhos que agora brilhavam fluorescentes ao ver a linda cena, a linda paisagem. Pude escutar ele soletrar...

Christopher- E S P E T A C U L A R ! ─ foi a palavra que ele encontrou para definir aquela visão.