Fanfic: Um lindo homen Vondy

Rúbens – Foi bom você ter dormido todo esse tempo. Temos os resultados dos seus exames e acho que depois de alguns minutos, quando estiver mais acordada e mais calma, podemos conversar sobre as nossas decisões.

Dulce franziu a testa com os olhos ainda fechados.

Alguém sentia aquele cheiro?

Subiu sua mão até seu rosto a passando em seus cabelos para então a deslizar por seu rosto. Estava quente... A desceu até seu nariz, cheirando a sua pele, a deslizando por seu rosto em uma suave carícia.

Blanca – Abra os olhos querida, é hora de acordar, sim? – Dulce não abriu os olhos. Umedeceu seus lábios secos e esbranquiçados.

Dul – Acho que não me sinto bem.

Rubéns – Esse desconforto é normal, lhe demos algumas medicações para controlar seu estado, os sintomas como palidez excessiva, sangramentos nasais, as manchas em sua pele, o cansaço, a febre, a fraqueza, precisam ser amenizados...Preciso melhorar seu estado, deixar seu organismo mais forte para que então comecemos administrar os remédios, a quimioterapia.

Dulce assentiu.

Mas não abriu os olhos, porque a frustração era tanta que se o fizesse cairia naquele maldito choro que já subia pela sua garganta, amarrando a mesma, a fazendo respirar de forma ofegante.

Ele não estava ali e sua mente e seu coração lhe traiam de forma tão vil, que o cheiro dele estava em sua mão, o toque macio em seus cabelos.

Dul – Pode me fazer dormir novamente?

Blanca – Abra os olhos, Dulce.

Dul – Rúbens? Pode me fazer dormir novamente, por favor, eu... – Engoliu o choro, respirando fundo. – Eu me sinto tão cansada, eu...

- Abra os olhos, Dulce.

Dulce preparou-se para responder, mas então se calou, se calou pois aquela voz não era a de sua mãe, nem a de Rúbens. Levou a mão sobre seus olhos, com seus lábios trêmulos e secos se abrindo, preparando-se para dizer algo que não saiu.

Por alguns segundos lutou contra sua covardia, a mesma que a mandava ficar de olhos fechados, escondendo-se naquela breve escuridão que lhe proporcionava a ilusão de um alívio. Mas por algum motivo a covardia perdeu e, seus olhos se abriram novamente, reclamando pela claridade, irritados e avermelhados pela luz forte do quarto. Virou sua cabeça lentamente para o outro lado, o lado da janela, onde debaixo da mesma havia um confortável sofá bege.

E o encontrou lá.

O encontrou lá sentado, com os cotovelos apoiados nos joelhos, o rosto vermelho e os olhos entrando em uma conecção tão profunda e particular com seus olhos, que Dulce pensou que seu coração havia parado de bater. E de fato parou, pois o monitor começou apitar e o doutor Rúbens se aproximou, pedindo para que respirasse fundo, para que se acalmasse.

Mas ela não podia, não podia porque seus olhos estavam perdidos nos olhos dele de forma tão intensa que ninguém, nem mesmo Deus poderia a salvar.

Sabia que não respirava, sabia que o monitor apitava, mas não podia fazer nada.

Oh baby, ela não tinha controle sobre aquele músculo que batia em seu peito.

Ela não tinha controle sobre os sentimentos que adentravam em seu corpo, em seu coração e em sua alma naquele exato momento. Era ele sim, com os cabelos curtos, o rosto tão belo, os olhos tão intensos, profundos, inchados, vermelhos...Olhos que a arrastava para um mar desconhecido, olhos que a tragava para dentro dele, para dentro do coração dele, a fazendo enxergar que talvez o tormento não tenha apenas a acompanhado. Mentalmente pediu perdão a Christopher, pediu perdão por não se lembrar de como ele era belo e de como aqueles olhos a envolviam de uma forma única e alucinante.

Sem tirar seus olhos do dela ele se levantou, caminhando apressado para o seu lado na cama. Franzia a testa como ela fazia, como se os sentimentos e as sensações fossem tão intensas que não pudesse suportar nada mais do que aquilo...Era demais. Falar seria demais, tocar seria demais, beijar seria demais.

Ele negou com a cabeça com pesar e Dulce finalmente apertou os olhos, sentindo-se desmaiar.

Chris – Respire, ande Dulce, não faça assim, respire.

Será que ele sabia que era o culpado?

Será que ele sabia que ela não podia se mover pois seu amor e sua dor a haviam paralisado de tal forma que talvez não pudesse mais controlar seus instintos, seu corpo, seus atos? Será que ele sabia que ela o amava, e que queria o abraçar com força e então o socar com mais força, gritando para que ele saísse de seu quarto, que parasse de lhe causar dano? Será que ele sabia que ela não podia viver, que simplesmente não podia viver sem seus olhos?

Sentiu o ar invadindo seus pulmões, seu coração batendo com força, como que quisesse a punir por ter lhe roubado seus batimentos tão preciosos para sua sobrevivência. Quem estava no quarto, ou quem lhe tocava, ela não sabia, porque de fato em nenhum único momento seus olhos haviam deixado de mirar os dele.