Fanfic: Um lindo homen Vondy

Estava preocupado, louco para a olhar nos olhos e garantir que estava tudo bem, que ela melhorava após a surpresa sessão de quimioterapia. Estava louco para a deitar contra seu peito, a sentir respirar em seu pescoço, sentir o coração dela bater contra seu coração.

Mas podia suportar, podia suportar porque aquela gargalhada despertava nele algo que não sabia explicar. Não que eles não rissem, não que ambos não gargalhassem. Mas era diferente...Era diferente a forma com que ela lhe mirava nos olhos, a forma como se sentia constantemente culpada por trazer a Christopher aquelas preocupações... Por trazer para Christopher o medo da perda, a agonia, a dor, a sensação de um amor eterno escorrendo entre seus dedos. Fechou seus olhos e criou coragem para partir por mais algumas horas. Voltou pelo mesmo corredor que havia chegado, notando que a mesa do almoço começava a ser preparada. Não deixou nenhum aviso, não falou com ninguém, não fez o mínimo de barulho, apenas partiu.

Partiu com rumo certo.

Iria falar com Rubéns, responder pessoalmente sua chamada de algumas horas atrás em seu celular. Dirigiu até o Hospital Central com grande calma, correndo seus olhos pelas ruas que há tanto tempo passavam despercebidas por sua visão, por seus olhos que somente olhavam para enxergar Dulce. Era estranho perceber que a vida continuava para as outras pessoas, quando a sua parecia escapar por seus dedos a cada vez que Dulce fechava os olhos, preparando-se para dormir e o medo o corroia de forma ingrata e dolorosa.

Era engraçado perceber que os namorados continuavam a namorar, que as mães continuavam a passear com suas crianças pelos parques, que as mulheres ainda esperavam ansiosas seus filhos, que os maridos compravam flores, que os assaltantes ainda roubavam carteiras, que as luzes da cidade ainda brilhavam.

Estacionou na frente do Hospital, e agradeceu por não haver ali nenhum repórter de plantão. Subiu sem que fosse barrado ou autorizado. Certamente as enfermeiras já lhe conheciam, assim como os médicos, as crianças, as recepcionistas. Chegou ao andar tão conhecido por seus olhos, acenou para as crianças que assistiam aos desenhos da manha, passou pelo mural que recebera novos fotos...Que recebera suas novas fotos. Não parou para olhar, não parou para correr seus olhos por outra foto, uma velha foto que permanecera ali durante várias anos. Seguiu até o consultório de Rubéns, esperando que sua última paciente da manha saísse para que ele pudesse entrar. O simpático médico o cumprimentou com um forte aperto de mão, tirando de sua gaveta diversos exames que Dulce fizera recentemente.

Rúbens - Como ela está nessa manhã?

Chris - Estava rindo quando a deixei em casa. - Sorriu levemente. - Mas as feridas nos lábios, o fraqueza, a palidez... Isso continua lá, com uma firmeza que me deixa seriamente preocupado, Rubéns.

Rubéns - Sim, eu posso entender sua preocupação. - Fez algumas anotações nos exames de Dulce, virando a folha para que Christopher observasse os resultados enquanto continuava a lhe falar. - Eu queria que falássemos a sós sobre um assunto delicado. Não queria Blanca, nem muito menos Dulce aqui quando conversássemos.

A garganta de Christopher se fechou, o ar deixou de circular com naturalidade por seus pulmões, podia sentir a fina capa de suor se instalando por seu rosto.

Chris - O que os exames disseram? - Christopher mirou o papel à sua frente, lendo por cima as anotações de Rúbens.

Rúbens - As últimas sessões nos deram resultados melhores que as primeiras, as drogas estão fortes, não posso mudar o coquetel. Receio que eu realmente não possa o mudar Christopher, nem nessa semana, nem na outra, nem na próxima. - Christopher fechou os olhos, cerrando o maxilar, com seu queixo tremendo levemente por alguns segundos. - Eu não sei como te dizer isso, não sei por onde começar, mas não sei mais o que esperar desse tratamento. Nós estávamos confiantes, minha equipe e eu, nós estávamos confiantes que essa droga nos daria o tempo necessário, que a tiraria de uma zona perigosa de risco para que pensássemos em um transplante, para que... - Rúbens calou-se por alguns segundos, observando como Christopher permanecia sentado naquela cadeira, com seus olhos fechados, o semblante fechado em uma expressão intensa de dor. - Veja bem, eu não estou dizendo que é o nosso fim. - Christopher voltou a abrir os olhos e Rúbens se amaldiçoou por ter que dizer aquelas palavras, uma vez mais para àquele homem. - Não sabe como me sinto lhe dizendo isso, repetindo isso para você uma vez mais.

Chris - Então não diga. - Christopher negou com a cabeça, não derrubando uma lágrima sequer, cerrando seus punhos, fincando seus pés de encontro ao chão. - Não me diga isso, não fale isso.

Rúbens - É meu dever Christopher. Estamos sem opções, estou vendo o que a quimioterapia está fazendo com ela e estou preocupado, estou seriamente preocupado com o conforto de Dulce, com a resposta de seu corpo.

Chris - Deus não me fale isso. - Christopher sussurrou entre os dentes, com seus olhos adquirindo a cor de um vermelho intenso. - Não me diga isso Rúbens, não faça isso comigo, não de novo.

Rúbens - Você não pode imaginar o que isso significa para mim. Não pode imaginar o quanto eu sinto muito por estar lhe dando essas notícias. Mas eu precisava falar, é meu dever lhe manter informado, manter Dulce confortável durante esse doloroso tratamento. Conversei com a minha equipe...

Chris - Quais são as opções? - Perguntou em voz baixa, piscando de forma longa, controlando sua respiração, controlando a vontade de vomitar, de permitir que aquele nó em sua garganta o sufocasse.

Rúbens - Não há opções que eu ainda não tenha oferecido, podemos continuar com o tratamento, impedindo avanço da doença, podemos tentar o transplante de Medula Óssea, por mais que eu ache que ela não esteja bem o suficiente para o fazer. - Christopher permaneceu mudo, com seus olhos olhando sem enxergar, com suas mãos tornando-se pálidas assim como seu rosto pela força que fazia para controlar o explosão de sensações que acontecia em seu interior. Com suas mãos trêmulas limpou a fina capa de suor que lhe cobria a testa. - Faremos mais uma sessão de Quimioterapia e aguardaremos os resultados, mas eu quero que você... - Fez outra pausa, perdendo uma parte de seu coração pela expressão clara de sofrimento nos olhos de Christopher, perdendo uma parte de seu coração por ver o desespero tomando aquele homem de forma silenciosa, traiçoeira.

Rúbens - Quero que você esteja preparado para o que quer que aconteça. Quero que esteja ciente que nós estamos fazendo tudo o que podemos e que se você ou Blanca forem doadores compatíveis com Dulce, se ela quiser se seu estado permitir, nós podemos fazer o transplante. Nós faremos todos o exames necessários, avaliaremos seu estado e se vocês decidirem, prepararemos a melhor equipe de transplante de Medula Óssea do México.

Christopher voltou a fechar seus olhos, negando com sua cabeça quando as informações de fato começaram a penetrar em sua mente embaçada pelas diversas sensações que sentia.

Chris - Não posso decidir isso. Ela minha mulher, é minha mulher, eu não posso decidir isso, não posso agir como se fosse nossa última opção, eu prometi para ela. - Voltou a abrir seus olhos. - Rúbens, pelo amor de Deus. Pelo amor de Deus. Eu prometi para a minha mulher que ela ficaria comigo. - Cobriu os lábios com sua mão, arregalando seus olhos, negando com a cabeça com veemência. - Não desista dela. - Tombou levemente sua cabeça, segurando sua respiração, procurando com seu olhar desesperado algo nos olhos de Rúbens que o tranqüilizasse. - Não desista da minha Rainha.

Rúbens - Isso nunca passou pela minha cabeça, Christopher. Eu estou firme, estou acreditando nela, mas eu tenho, tenho que lhe dizer como de fato as coisas estão correndo, antes de ser seu amigo, amigo de Dulce sou um profissional e estaria sendo antiético se não lhes dissesse a verdade.

Chris - Rúbens, pelo amor de Deus. - Levantou-se. - Olhe para mim. Faça os exames, faça todos os exames que julgar necessário. Faça o que quiser comigo, se for necessário tire de mim o que precisar para a manter viva.

Rúbens - Christopher...

Chris - NÃO, ME ESCUTE, ME ESCUTE RÚBENS! - Aproximou-se do médico de sua mulher, o segurando pelos dois braços com uma força da qual não tinha consciência, mirando àqueles olhos, rogando para que lhe desse alguma esperança. - NÓS PODEMOS FAZER OS EXAMES AGORA, NÃO PODEMOS? FAÇA COMIGO, BLANCA CHEGA AMANHA E ENTÃO FARÁ ELA.

Rúbens - Por favor, Christopher, se acalme para que possamos decidir isso.

Chris -NÃO. - Christopher negou com sua cabeça, sentindo a sala rodar por alguns instantes. - NÃO RUBÉNS, TEMOS QUE FAZER AGORA. TEMOS QUE FAZER ISSO AGORA PARA QUE EU POSSA A BUSCAR.

Rubéns - Você perder o controle não vai nos ajudar. - Mirou Christopher nos olhos com profundidade, o segurando com força pelos braços, obrigando-o voltar a se sentar, ofegante, pálido, suado.

Chris - Ela estava sorrindo. - Murmurou entre um soluço e outro, com um sorriso se instalando em seus lábios, infelizmente não chegando até seus olhos desesperados. - Ela estava sorrindo quando saí. Ligue para Blanca Rúbens. Ligue para minha sogra, eu estou indo buscar Dulce, ela ficará aqui.

Rúbens - Escute o que eu estou falando, escute-me como o médico de Dulce. Escute-me como profissional. O desespero não vai nos ajudar, espere a próxima sessão de quimioterapia. Faremos os exames agora se você quiser, ligaremos para Blanca, lhe explicaremos a situação e ela também fará exames, mas não quero que assuste Dulce, ela terá mais uma sessão de quimioterapia e só após essa sessão eu lhe direi o que decidimos, eu sou o médico Christopher, eu tomo as decisões por aqui.

A web está chegando ao fim.....Bate uma tristeza......Sexta-Feira postarei o ultimo poste de ULH, quero muitos comentários!!!!!!!!!!!!!!!

Amo vocês

Bejos meus amores

Luh