Fanfic: Um lindo homen Vondy

 Dulce Torredo, de 27 anos de idade, com um vida repleta de vitórias pela frente, iria morrer...Sozinha.

Seus ouvidos desligaram qualquer som da cidade e seu coração voltou a habitar sua audição...Aquele barulho grave e pesado, aquele ritmo regular que lhe atingia a mente de uma forma extraordinária.

Dirigiu sem rumo por mais de 2 horas, dirigiu com aquele som em seu interior, com aquelas pessoas em câmera lenta passando em sua frente repletas de vida e de "Qualidade de Vida"

O homem com o cachorro em sua caminhada.

A velhinha com o menino que naturalmente seria seu neto.

A menina com seu grupo de amigas...

O homem com a mulher, o namorado com a namorada, o marido com a esposa que seria insuportavelmente amada pelo jeito carinhoso e único que ele a mirava e se preocupava em a proteger dos carros enquanto atravessavam a avenida.

Seus olhos passaram por cada cena novamente e sua cabeça se virou para acompanhar o abraço apertado que o "marido e a esposa insuportavelmente amada" davam no meio da calçada mais movimentada da cidade. Ela sorria, sorria com alegria, carinho e saúde...Sorria com a vida e o amor a trasbordar de seus olhos, sorria porque se sentia amada por aquele homem que agora lhe beijava os olhos, ajoelhava-se na calçada e beijava seu ventre em um lugar público e lotado de diversas pessoas... 

A mulher riu o alisando nos cabelos e Dulce, pode ver perfeitamente que os lábios dela diziam que o amava. E ele...ele dizia o mesmo, beijando mais uma vez o ventre que na certa esperava o segundo ou o primeiro filho do casal.

O barulho de buzina despertou Dulce deixando que um palavrão dos feios escapasse de seus lábios, bateu com força no volante e meteu o pé no acelerador.

Dul - Não se pode nem viajar nessa porcaria de cidade? INFERNO! Está com pressa passa por cima idiota, mata logo, uns meses a mais outros a menos não faz a porcaria de nenhuma merda de diferença! IMBECIL, FILHO DE UMA...- socou novamente o volante, e outra vez, e mais uma vez até que seu punho não tivesse mais força, até que seus cabelos estivessem jogados contra o rosto e sua respiração se encontrasse tão ofegante que se ousasse cometer a merda do deslize de chorar, morreria sufocada.

Ótimo! Atropelada, sufocada...a lista estava crescendo.

Um soluço escapou de sua garganta e em uma rua menos movimentada estacionou o carro, abrindo os vidros com pressa, implorando para que o ar voltasse a percorrer seus pulmões.

Apoiou a cabeça contra o volante e começou uma guerra violenta contra as lágrimas, jurando vencer como vencia uma batalha contra o concorrente, como vencia uma batalha contra uma merda de um espião na empresa, como vencia uma batalha financeira ou uma secretária desatenciosa, ou como vencia...

Santo Deus, concorrente? Espião? Finanças, secretárias?

Ela estava falando sobre uma vida, sobre a sua maldita e rica vida!

Deu outro soco no volante e abriu a porta, deixando o carro...

Pela primeira vez não se importou em pegar a bolsa Prada que estava jogada no banco do acompanhante com sua carteira e documentos, não se importou em colocar o óculos, em fechar o carro, em ativar o alarme.

Estranhamente deixou tudo ali, inclusive a porta da Ferrari completamente aberta.

Na calçada se desequilibrou sobre os saltos em uma atitude impensada arrancou os mesmos dos pés o jogando em um canto qualquer, começou a caminhar.

O colar de pérolas começou a lhe sufocar e o arrancou do pescoço sem nenhum cuidado e a fina corrente que segurava, juntando as pérolas se rompeu, fazendo com que aquelas dezenas de bolinhas caíssem livres do pescoço de Dulce até o mesmo chão da calçada.

Colocou a mão sobre os olhos não se importando se com aquele gesto iria borrar a maquiagem perfeitamente produzida para uma manha de serviço.

E seu coração continuava ali, batendo, com aquele som agora sufocante a lhe causar arrepios no corpo inteiro.

Os brincos de pérolas pareceu lhe queimar as orelhas, os arrancou e novamente deixou que os mesmos se perdessem na calçada...Olhou para trás, observando seu carro lá abandonado e aberto, o rastro de seus sapatos e suas pérolas deixados ao chão...

Para quem visse era cômico, para ela era cômico estar fazendo aquele tipo de cena. 15 mar @thaysfructuoso

Dul - Qual é Dulce? Esse tipo de cena não combina contigo!

Disse com amargura, com outra gargalhada estourando em seus lábios. Negou com a cabeça jogando os cabelos lisos para trás, sentindo como seu rosto começava a suar e como o calor se fazia sufocante em todo seu corpo.  

Dul - Que mulher mais medíocre! - Levou a mão ao ouvido, imitando um celular. - Alô, aqui é a Rainha do Mundo, gostaria que passasse meu vestido Armani com todo cuidado, prometo ser generosa com a gorjeta! - Com a outra mão imitou outro telefone. - Olá, aqui é a Rainha do Mundo, eu gostaria de ordenar que tragam o meu almoço do jeito que eu gosto no mínimo em cinco minutos? - Gargalhou outra vez, não acreditando o quão ridícula estava sendo naquela ceninha patética. - Alô? Aqui é a Rainha do Mundo, eu gostaria de avisar que não vou com a Ferrari hoje, tire a BMW, acho que ela combina mais com a ocasião! - Então mais uma vez a gargalhada se transformou em soluços...altos soluços, novamente a outra mão subiu até seu ouvido. - Mãe? É a sua filha, aquela que deixou a vidinha patética do campo e tornou-se bilionária na cidade, bem...eu não tenho marido, não tenho netos a te dar, não me casei na igreja vestindo seu patético e rendado vestido, não escrevi-te cartas como prometi e não pude deixar o serviço quando você adoeceu, nem quando papai morreu, e bem mãe...estou morrendo! - baixou suas mãos, observando a rua que em poucos passos terminaria para abrir outra grande avenida. - Eu estou morrendo...- repetiu. 15 mar @thaysfructuoso

E o que se seguiu foi que ela continuou a caminhar, com os olhos secos de lágrimas, com o semblante desprovido de emoção.

A avenida era ali, logo na frente e algumas pessoas naturalmente a reconheciam e começavam a avisar outras pessoas, que começavam lhe apontar, comentando, cochichando.

Uma par de meninos olhavam com fascínio a Ferrari, um deles até sentando no banco do motorista, alucinado com a idéia de que a chave se encontrava no miolo, pronta para ser acionada.

Dulce deu mais dois passos mirando sua foto que novamente daquele lugar já poderia ser vista. Mirou seu rosto, aquele patético sorriso de quem dizia " Sim, Eu Posso" aquele patético batom que agora lhe dava nojo recordar que aceitou passar não por gosto, mais sim porque seu agente lhe dizia que ficava fabuloso. Ela não gostava de rosinha nos lábios, a verdade era que detestava batom rosa! Detestava aquela roupa de " Mulher recatada ou Esposa obediente", detestava aqueles sapatos, o acessório que usava na mão esquerda, a tiara que lhe jogava a franja para trás, quando detestava sua franja para trás!

Odiava aquela maldita mulher da foto.

O barulho da buzina atingiu seus ouvidos em um estrondo absurdo, arregalou os olhos, e sem nenhuma reação somente cobriu o rosto com os braços antes que o caminhão lhe pegasse em cheio o corpo.

Ouviu seu nome sendo gritado, e em uma fração de segundo estava ao chão.

Abriu os olhos confusos e notou que sua cabeça latejava profundamente.

Estava morta? Oh Fácil assim? Estava morta? Praguejou, a patética ceninha não havia servido de nada?

Estava...Oh Deus, algo pesava mais de 100 quilos sobre seu corpo.

- Sua maldita maluca! Deseja morrer, hãn? E o pior, eu o idiota quase morro contigo! Louca! Tem noção? Seria exterminada por essa merda de caminhão! 

Então só aí seus olhos confusos, borrados e avermelhados se deram conta de que não estava morta, praguejou novamente se dando conta de que estava jogada no meio da rua, com um grupo enorme de pessoas lhe mirando, e o melhor, o mais cômico e miserável, havia um homem em cima dela!

Levou as mãos no rosto não podendo acreditar e foi novamente obrigada a gargalhar!

O que não podia ver era que seu vestido estava profundamente levantado deixando a mostra suas coxas e a cinta-liga que prendia sua meia fina e o pior, aquele estranho estava no meio de suas pernas, a segurando pelos braços em um posição bastante íntima. Deixou de sorrir e o mirou.

Oh Céus, não deveria ter o feito...

Não, não deveria.

- E ainda tem a coragem de rir? Quando me disseram que era uma louca inteligente e excêntrica que eu não havia acreditado! Quase morre, quase eu morro, e tem a cara de pau de rir da situação.

Quem era ele?

Foi a primeira pergunta que Dulce conseguiu formular em sua mente dolorida.

De onde aquele homem havia surgido?

Formulou novamente, com suas mãos inconscientemente os segurando pelos firmes e musculosos bíceps.

E o que eram aqueles olhos?

Olhos de um castanho místico, olhos de uma intensidade profunda, olhos bonitos, vivos. 

Franziu as sobrancelhas e seus próprios olhos desceram para aquela boca que formava um conjunto espetácular com o resto do rosto, boca avermelhada, carnuda, boca que dizia a todos que a vissem: beije-me!

E logo depois desse aviso a voz do grupo enorme de pessoas que se formavam ao seu redor lhe atingiu em cheio, ouvia seu nome, ouvia gritos, alguém pedindo por socorro e...