Fanfic: A Princesa e o Plaboy . d&c - adaptada / terminada

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CAPÍTULO III

Passar a noite na villa foi mais simples do que Dulce imaginava, pois Christopher declinou de sua oferta para lhe preparar um jantar e saiu logo depois. Apesar de do sangue real, Dulce sabia cozinhar muito bem. O próprio rei era um excelente cozinheiro, e ensinara suas receitas favoritas à sobrinha.

Entretanto, quando Christopher Uckermann informou que tinha um encontro de negócios, achou o comportamento dele estranho. Era como se estivesse ansioso para escapar da villa, e Dulce sabia que em parte era responsável por aquilo.

Será que ele, de alguma forma, desconfiara de sua identidade?

Durante a tarde, Dulce imaginara que a noite seria uma boa oportunidade para tentar fazê-lo compreender a importância de se preservar Cristal Bay, mas agora teria de esperar até a visita do dia seguinte.

Sentia-se frustrada. Como princesa, poderia ter requisitado a companhia dele para a refeição, e o protocolo o forçaria a aceitar. De qualquer forma, como Anahi Herrera, não dispunha de tal poder.

— Eu a convidaria para juntar-se a nós, Anahi, mas esse será um compromisso enfadonho, no qual trataremos apenas de assuntos financeiros.

Ela fingiu indiferença:

— Por favor, não se preocupe. Vai ser bom dispor de várias horas de repouso.

— Sobretudo depois de sua viagem.

Por um instante, Dulce quase se traiu, mas, por sorte, lembrou-se da trama que ela mesma concebera.

— Sim. Demora-se cerca de três horas de carro desde Andaman. Não é à toa que me sinto exausta.

Os olhos de Christopher estreitaram-se com curiosidade.

— Fico surpreso por Alfonso deixá-la dirigir sozinha. Ele nunca insistiu em contratar um motorista? — Em seguida, olhou ao redor, como se procurasse algo que comprovasse sua opinião.

Na verdade, a “longa viagem” de Dulce não levara mais que vinte minutos, e fora seu guarda-costas quem dirigira o veículo.

— Alfonso é um marido, não uma babá — murmurou, com cautela, tentando esconder o quanto a recusa a seu convite a desagradara. — Ele não precisa deixar a esposa fazer o que quer que seja, pois ela é capaz de decidir sozinha.

Mas sua bravata passou despercebida a Christopher, que parecia mais interessado em outro detalhe.

— Trata-se de um costume sapphanês falar de si mesmo na terceira pessoa?

— Às vezes. — Se não tomasse cuidado, acabaria se entregando antes do desejado.

— Entendo. — Virando-se devagar, Christopher examinou o nó da gravata pela última vez no espelho do hall. Suas roupas, aliás, eram impecáveis, acentuando-lhe ainda mais a silhueta máscula e forte. — Bem, preciso ir. É uma vergonha que um hóspede desaponte sua anfitriã, e espero remediar essa gafe em outra ocasião. Se chegar tarde, prometo não perturbar seu sono. Não quero que se levante por minha causa.

— Eu também não sou sua babá, Christopher. Volte na hora que quiser. Minha suíte fica bem afastada da porta da frente, por isso você não poderá me perturbar. — No íntimo, porém, Dulce sabia que ele já a perturbara o bastante por um dia.

— Então lhe desejo uma boa noite. Se Alfonso ligar, mande lembranças minhas.

Dulce inclinou a cabeça.

— Claro.

E então Christopher partiu, deixando a villa mergulhada no silêncio. Por ter sido criada no Palácio das Pérolas, em Andaman, Dulce estava acostumada a grandes ambientes e à solidão. Mas nunca estivera tão consciente disso. Era como se algo de súbito lhe tivesse sugado uma parte da energia vital.

Passou a andar pela casa, rememorando tudo o que acontecera.

Não estava aborrecida com a inesperada partida de Christopher, mas aquilo a impedira de discutir os planos dele para o resort com mais calma. Era a única explicação plausível para o nervosismo que sentia.

Quase chegou a voltar para a piscina, mas evitou fazê-lo porque sabia que Christopher marcara indelevelmente sua presença ali. Sua situação, aliás, não melhoraria em nada se continuasse a lembrar-se daquele corpo forte, coberto apenas por uma minúscula sunga de lycra.

Dulce resistiu à visão, pressentindo que a ligação entre os dois fora mais do que física. Alguns de seus amigos espiritualistas diriam que na certa conhecera Christopher numa vida anterior. Sem dúvida o conhecia de algum lugar, concluiu. Mas onde e quando? Homens como Christopher Uckermann não eram esquecidos com facilidade. A resposta teria de vir com o tempo.

Nesse meio tempo, ia se ocupar de sua nova coleção de joias, como dissera à amiga Anahi. Exceto pelo projeto de Cristal Bay, Christopher nada significava para ela. Por isso, não iria sentir nenhuma falta de sua presença naquela noite. Sorriu diante da ironia da situação.

Os dedos de Christopher tamborilavam, nervosos, sobre seus próprios joelhos, enquanto o motorista dirigia pelas ruas estreitas de Alohan, principal cidade da província de Pearl. O tráfego ali não era pior que o de Andaman, a capital do reino, mas também era bem carregado.

Preferia dirigir sozinho, mas seus sócios tinham lhe enviado uma limusine. O trânsito decerto o impediria de pensar num assunto que nada tinha a ver com negócios: a beleza exótica de Anahi Herrera.

Não era de admirar que Alfonso tivesse deixado tudo para trás, abandonando até mesmo a terra natal, para fixar-se em Sapphan. Por uma mulher como Anahi, aquilo não devia ser nenhum grande sacrifício.

Os músculos` de seu estômago contraíram-se quando se lembrou dela vestindo a roupa de banho. Claro que o modelo não era tão ousado quanto os que as mulheres costumavam usar nas praias da Austrália. Porém, por outro lado, também era difícil encontrar uma compatriota com um corpo como aquele.

Céus, como estava quente ali! Christopher estendeu o braço para acionar o botão do ar-condicionado. O colarinho de sua camisa de repente parecia apertado, e Christopher colocou o dedo indicador entre o tecido e a pele.

Ocorreu-lhe recordar que Anahi não parecera nem um pouco satisfeita ao saber que ele ia sair naquela noite. A ideia de passar mais tempo a sós com aquela linda moça fez seu colarinho parecer ainda mais apertado. Na verdade, não tinha marcado aquele encontro de negócios até a última hora, quando concluíra que aquela era sua melhor opção.

Se tivesse ficado com ela naquela noite…

Esmurrou a palma com tanta força que sentiu dor. Anahi era casada, e ela devia saber muito bem o que podia acontecer entre um homem e uma mulher quando a atmosfera entre os dois parecia cheia de eletricidade.

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