Fanfic: Um Visconde Sedutor - Adaptada - Vondy - TERMINADA

Um furacão parecia ter passado pela sala
principal. Os móveis tinham sido empurrados

contra a parede deixando um amplo espaço vazio
no centro. Dulce sentiu o coração bater mais

rápido ao adivinhar a intenção de Christopher
para aquele dia. Do outro lado, ele estava conversando

com Jack, próximos da lareira. Não dava para
ouvir o que falavam. Um pressentimento funesto

lhe provocou um forte calafrio.

Christopher estava usando uma de suas velhas
roupas. A camisa de algodão rústico estava

desabotoada até a metade do peito. Dulce
aproveitou para admirá-lo antes de se fazer anunciar. O

estilo simples enfatizava a virilidade de Christopher.
Tirava-lhe o fôlego. Seria possível que Christopher

fosse encontrar um equilíbrio entre sua
autenticidade e a imagem exigida pelo meio em que

viviam?Mas de que isso lhe importava? Logo
eles estariam seguindo por caminhos diferentes.

- Boa noite.

Os dois se levantaram. Christopher atravessou
a sala para recebê-la. Seu modo de andar e sua

postura a fizeram pensar que ele não teria
problemas para ser aceito de volta por aqueles a quem

dera as costas, mesmo que se apresentasse com
a barba por fazer e o traje inapropriado. Seu

magnetismo era poderoso demais para ser
negado. As mulheres se renderiam a sua passagem e os

homens o invejariam. Ele a dispensaria. Suas
lições deixariam de ser necessárias.

- Olá, Dulce. Parece cansada.

- Um cavalheiro nunca faz esse tipo de
observação a uma dama - Dulce o reprovou.

Ele a fitou longamente antes de responder.

- Não estou me dirigindo a você neste momento
como um cavalheiro, mas como um

amigo.

Um amigo. Ela precisaria manter esse conceito
em mente para seu próprio bem.

- Foi um dia atribulado - Dulce admitiu.

Christopher indicou uma poltrona para que Dulce
se sentasse e convidou o amigo para fazerem

uma demonstração de algumas técnicas de defesa
pessoal.

- Boa noite, srta. Dulce.

- Boa noite, sr. Riley.

Um profundo silêncio invadiu o recinto
enquanto Christopher e Riley tiravam suas camisas e

enfaixavam as mãos. Dulce surpreendeu-se
agarrando os braços da poltrona com força. Não havia

como mentir a si mesma sobre o intenso desejo
que Christopher Uckermann lhe despertava. Sobre a

ansiedade que a espera por seus beijos lhe
causava. Queria-o tanto que não seria capaz de evitar

que ele tornasse a tocá-la intimamente e a
possuísse embora soubesse que não haveria futuro para

eles.

Os dois homens se dirigiram ao centro da sala
e começaram a se movimentar em círculo, as

mãos fechadas e erguidas na altura de suas
cabeças. Dulce acompanhou-os, aliviada pela

interrupção do fluxo desses pensamentos
angustiantes.

- Eu mantenho minhas mãos nessa posição para
me proteger - Christopher instruiu-a.

- Se eu as baixar, Jack terá chance de me dar
um soco e me derrubar antes que a luta

comece. Hoje, eu lhe mostrarei apenas um tipo
de golpe.

Sem prévio aviso, Christopher desferiu um soco
no estômago do adversário com a mão direita.

Dulce deixou escapar uma exclamação de susto. Jack,
para espanto de Dulce, apenas deu um

grunhido, sem perder o humor.

- Esta foi uma simples demonstração - Christopher
explicou.

- Estão prontos para o verdadeiro show?

- Eu estou, se você estiver - disse Jack.

A movimentação dos dois homens se tornou mais
rápida. A tensão aumentou. Os sorrisos

abandonaram aqueles rostos e seus olhares se
concentraram. Mais uma vez, sem prévio aviso, os

dois pararam de se movimentar. Christopher deu
um passo a sua frente e bateu em Jack três vezes

consecutivas. Mão direita, esquerda e direita
novamente. Jack foi para trás com a força dos

golpes, mas reagiu com um soco no estômago de Christopher.

Incapaz de se manter alheia ao que estava
acontecendo, Dulce levantou-se para ver os dois se

atracarem na luta pela supremacia. Superado o
choque inicial, ela começou a entender a essência

do processo. Ataque e defesa. Um não existia
sem o outro. Não era um espetáculo bonito, mas

inteligente, e poderia fazer a diferença entre
a vida e a morte em situações de perigo.

A luta terminou com a rendição de Jack. Os
dois estavam ofegantes. Christopher

cumprimentou o amigo, confessando sua decisão
de entregar os pontos se o outro não o tivesse

precedido por uma fração de segundo.

- O que você achou? - perguntou Christopher.

- Nunca tinha assistido a uma luta como esta -
Dulce admitiu.

- No início fiquei assustada, mas depois
consegui apreciar e entender o que leva os homens

a se interessar por esse tipo de espetáculo.
Você já jogou xadrez?

- Sim - Christopher respondeu.

- Foi isso que a luta me lembrou. Uma partida
violenta de xadrez.

Jack retirou as tiras de pano com que
enfaixara as mãos e se despediu. Christopher esperou

que o amigo saísse e fechasse a porta antes de
continuar a conversa.

- Foi uma comparação muito boa. No xadrez,-o
jogador não pode se fixar apenas no

movimento imediato; ele tem de calcular os
vários movimentos que terá de fazer em seguida.

- Não só para atacar, mas para se defender.

Christopher sorriu, satisfeito. Por um
instante, Dulce se entregou a um prazer indescritível por ter

conseguido entender a grande paixão da vida de
um homem.

- Poucas mulheres enxergam assim.

- Porque foram ensinadas a agir como criaturas
frágeis. Sou sincera ao afirmar que apreciei

a exibição.

- O que me importa - Christopher murmurou com
um sorriso que teria derrubado todas as

defesas de Dulce, caso ela as tivesse - é sua opinião. E agora, permita-me lhe ensinar algumas

defesas básicas.

Dulce precisou fechar os olhos quando Christopher
se posicionou por trás e passou o braço

inteiro por sua cintura, obrigando-a a separar
as pernas para depois colocá-las uma de frente para a

outra. O calor do corpo de Christopher
atravessou o tecido de sua roupa. Seu cheiro característico

mesclado a sândalo a envolveu e a fez respirar
fundo para reagir ao torpor que ameaçava dominála.

Com um movimento firme embora gentil, Christopher
a colocou de frente para ele e orientou-a

para que erguesse os punhos. Ela esboçou um
sorriso, embora Christopher se mantivesse sério.

- Em uma situação de ameaça - Christopher
explicou -, você terá de se deixar comandar

por seu instinto de sobrevivência. Seu
atacante não seguirá as técnicas do boxe, como as que

acabou de ver. Terá de ser rápida. Chute-o
entre as pernas, enfie o polegar em seu olho, bata com a

mão espalmada em seu nariz. Faça o que puder
para se proteger.

- Não acredito que meu primo seja capaz de me
agredir - Dulce murmurou, recusando-se a

pensar que pudesse se tornar necessário lançar
mão dessa terrível estratégia.

Christopher franziu o cenho a essa declaração.

- De qualquer forma, eu quero que você esteja
preparada caso sua teoria não se prove.

- Como?

- Faça de conta que sou seu agressor. Quero
que me dê um soco. Para aumentar o impacto,

gire os quadris antes de me bater.

- Você quer que eu o agrida?

- Você não conseguirá me acertar - Christopher
zombou.