Fanfic: × Ilusão d&u

Os braços dele eram quentes e a envolviam pela cintura, colando-a ao corpo masculino e protegendo-a de todos os males do mundo. Era feliz ali, era feliz agora. E essa sensação tão nova e inexplicável para ela sempre a pegava de surpresa. A melhor surpresa de todas.

Dulce estava sentada encostada sobre o tronco da árvore, pensativa. Desenhava uma paisagem no caderno, pela primeira vez algo não relacionado ao garoto do corredor. Pensando nele, em tudo o que ele já havia lhe dito, ela simplesmente começava a refletir sobre algumas coisas, flashs iluminavam sua memória a cada segundo:

- Porque me via tão preocupada com os meus problemas particulares.

- Como isso se chama?

Dulce engoliu seco.

- Egoísmo.

- Medo.

Ele rebateu. A expressão dela ficava cada vez mais confusa.

- Medo de olhar os problemas dos outros e ver que os seus são relativamente pequenos. Mas eles não são.

- Eu faço isso?

- Faz. Não percebe, mas faz.

Dulce olhou o chão, pensativa.
- Quando?

- Vai ter que perceber sozinha.

Dulce respirou fundo, pensando em tudo. Quantas vezes será que ela havia ignorado o problema de alguém?

- E ai? O que aconteceu?

- O Derrick me da nos nervos.

A morena disse enquanto revirava os olhos.

- Logo terei que andar com segurança para que nenhum homem me olhe.

- Seguranças do sexo feminino.

Brincou a loira.

- Isso não é uma segurança.

Retrucou Dulce e as outras riram.

- Por que não manda ao inferno?
Anahí, a bela loira de olhos incrivelmente azuis perguntou.

- E você acha que eu já não mandei? Só que ele não sabe ouvir não, ai fica complicado.

- Droga!

Dulce levantou rapidamente, passando as mãos pelos cabelos, tinha ignorado algo muito importante e que estava afetando alguém que ela amava, por medo, por nada mais do que pura covardia, ele estava certo. Ela estava com medo de ver que um namorado possessivo é pior que os seus problemas familiares. Nada mais do que puro egoísmo, mas ter medo é ser egoísta? Até que ponto isso não ia atrapalhar a vida dela?

- Dulce!

Dulce virou-se e vu Anahí e Maite correndo em sua direção.

- Oi.

Ela disse para as duas, mas fitava Maite diretamente.

- Oi – Anahí disse- não tinha de visto hoje, não parece bem.

- Estou ótima. Mai, posso falar contigo um minuto?

Maite a fitou confusa.

- Fale.

- Sozinha, Mai. É algo que eu tenho que fazer sozinha, e com a Annie aqui só vai ficar mais difícil. Você entende, Annie?

- Claro.

Ela sorriu, piscando para Dulce e logo depois saiu correndo.

- O que foi, Dul? Algum problema? Fiz algo que te incomodou?

-Não, Mai. Eu fiz.

Maite franziu o cenho fitando Dulce como se ela estivesse completamente louca.

- Como vai seu namoro com o Derrick?

Dulce viu uma chama de dor se acender nos olhos castanhos.

- Infelizmente essa porcaria continua. Ele não me entende, Dulce, ele não me deixa viver. Não posso conversar com ninguém que não sejam vocês que ele fica irritado. Às vezes até com vocês, percebe o quanto isso é ridículo? Eu não gosto mais dele, estou com ele por medo. Só medo. Você  não sabe como ele é, Dulce.

Realmente, não sabia, Dulce pensou chateada. Nunca conversara mais do que dois minutos com Derrick.

- E se eu tentasse falar com ele?

- Dulce ele é um canalha, provavelmente vai tentar levar você para a cama como fez com a Annie.

- O quê?

- Ele é muito doente Dulce. Annie foi tentar falar com ele, e então ele começou a dar em cima dela descaradamente! Foi horrível, ela ficou muito magoada. Ele pensa que por ser homem pode fazer o que bem entender e eu tenho que agüentar. Mas eu tenho que ficar quieta e calada como uma boa imbecil que ele quer que eu seja. Meu Deus, em que época ele vive?

Maite estava muito revoltada, mas Dulce sabia que para uma pessoa como Maite aquela situação era pior do que para muitas outras, Derrick estava passando por cima de seus ideais feministas, sempre muito presentes na morena, em cima do seu orgulho e muito mais coisas.

- Eu vou falar com ele e não se preocupe, eu me viro se ele tentar alguma coisa.

Nisso o sinal tocou, fazendo as duas irem direto para a sala de aula contar a Anahí toda a conversa.