Fanfic: × Ilusão d&u

Dulce sentiu-se enganada. Enganada pela falsa promessa de passar um tempo com ele. Chegou em casa mais tarde que o comum, não tinha ninguém lá. Tomou banho, trocou de roupa, estudou, fez as tarefas, e então resolveu sair. Desceu as escadas e viu seu pai deitado no sofá, ela nem tinha ouvido a porta. Estava tão distraída. Pegou um casaco, estava frio, e saiu de casa. Os passos rápidos, o material de desenho em baixo do braço, foi para aquela praia. Aquela em que tinha conversado com o Garoto do corredor. Sentou-se ali e ficou olhando o mar. Esperançosa de que ele poderia aparecer. Meia hora se passou e nada. Chateada, começou a desenhas, copiou aquela paisagem em seu papel, e acrescentou uma pedra em meio ao mar, e em cima dela, um anjo, sentado, com os olhos fechados, quase a chorar. Estava quase terminando quando sentiu uma brisa suave balançar seus cabelos e as folhas do cadernos, olhou para o lado sorrindo e seus olhos encontraram os do Garoto do corredor.

- Ma belle fleur.

Dulce sorriu.

- Olá.

Ele andou, deu uma volta por trás dela, e parou, olhando o desenho.

- Lindo.

Ela olhou o desenho.

- Andei pensando sobre o que me disse. Sobre meus pais brigarem escondidos...

- E então?

- Me fez criar uma teoria sobre o casamento.

Ele sorriu.

- Nem sempre dá certo, mas para que o casal não passe a se odiar, só tem que saber a hora de terminar.

- Concordo.

Ele disse, todo o orgulho presente na voz dele a deixou feliz.

- Qual o seu nome?
- Por que quer saber, Belle Fleur?

- Você sabe tanto sobre mim, gostaria de ter algo sobre você.

- Mas você tem.

Ela o fitou confusa.

- Só não sabe que tem.

Ele completou.

- Como posso ter uma coisa e não saber que a tenho?

- Como podes ter algo e não saber que tem?

- Está me imitando.

- Estou lhe fazendo pensar.

Ela rolou os olhos.

- Se eu tenho algo e não sei que tenho é por que nunca prestei atenção nisso antes.

- Por quê?

- Porque me via tão preocupada com os meus problemas particulares.

- Como isso se chama?

Dulce engoliu seco.

- Egoísmo.

- Medo.

Ele rebateu. A expressão dela ficava cada vez mais confusa.

- Medo de olhar os problemas dos outros e ver que os seus são relativamente pequenos. Mas eles não são.

- Eu faço isso?

- Faz. Não percebe, mas faz.

Dulce olhou o chão, pensativa.
- Quando?

- Vai ter que perceber sozinha.

Ela assentiu.

- Por que não senta?

Queria senti-lo mais perto.

- Não posso.

- Por que não?

- Quando eu explicar tudo, isso vai fazer sentido.

Ela levantou, pegando os materiais de pintura.

- Sei o que sei sobre você.

Ela disse repentinamente.

- Sabe é? Andou pensando?

- Sim.

Ambos sorriram.

- E então?

- Você sabe tudo sobre mim, é por que procurou saber, procurou saber por que se interessa por mim.

- Certo.

- Então você gosta de mim.

- Mais do que deveria.

- E quanto é isso?

Ele respirou fundo, fitando-a.

- Eu a amo.