Fanfic: Não se apaga o amor. (Vondy)

Christopher Uckermann parou em frente ao espelho encarando os próprios olhos perguntando-se por quanto tempo continuaria daquele jeito. Era rico, de uma família boa e teria o emprego que sempre lhe fora destinado, o lugar do pai e a mulher que quisesse em sua cama. E agora estava obcecado por apenas uma. Uma que parecia não sentir o mesmo por ele. Que fugira noite passada como se a mínima possibilidade de estar na casa dele fosse pior que o inferno.

Arrumou a gravata. Dulce Maria era muito mais complicada do que pensara, parecia que não seria tão fácil assim. E era por isso que estava louco, mulher nenhuma o desprezara antes, todas as que ele queria, não demorara a conseguir. Sorriu consigo mesmo, Dulce podia ser difícil, mas não impossível.

Será que ela não percebia que os olhos de menina a entregavam?

Podia sentir sua respiração acelerada no carro, o nervosismo de estar com ele. Christopher divertir-se-ia com isso caso não estivesse preocupado em sair vivo daquele veículo que a ruiva dirigia como louca. Seus lábios se alargaram num sorriso, tinha certeza que Dulce sentia algo por ele, caso contrário não ficaria tão assustada com um simples convite. Obviamente esperara algo mais quando a chamou para entrar, entretanto nunca poderia esperar que a mulher simplesmente acelerasse o carro e saísse em disparada sem uma única palavra.

Seguiu em direção à garagem a fim de chegar na hora à Devon. Nunca ligara muito para pontualidade ou as responsabilidades que tinha. Não importava se seu trabalho não fosse exemplar, ali não era o lugar no qual ele via seu futuro. Queria apenas estar mais próximo de sua ruiva a fim de convencê-la que uma noite com ele não seria de todo mal. Ela mesma confessara envolver-se com homens sem sentimento.

Não podia negar, sentiu-se um pouco incomodado com esse pensamento.

Saber que ela deitava-se sem importar-se se veria seu amante no próximo dia o deixava nervoso, queria que ela se desse um pouco mais de valor. Deu de ombros afastando a imagem que formara em sua cabeça. Era exatamente isso que ele queria. Não gostava de mulheres que o perseguiam e telefonavam todos os dias até que finalmente Christopher vise-se obrigado a afastá-la de uma maneira mais rude. Gostava de manter amizade com as mulheres que conhecia, pelo simples fato de poder ligar para qualquer uma em uma noite de solidão.

Entretanto, por mais que Dulce tenha dito-lhe que sim, não se deixava envolver, parecia difícil acreditar. Ela tinha um jeito de criança que o fazia pensar se realmente era verdade. Não era como as outras que he lançavam miradas sugestivas ou balançavam os cabelos piscando os olhos sedutoramente. De fato, ela quase nunca o mirava. A verdade é que Dulce nunca o olhava por estar sempre compenetrada no trabalho. Ela sim dava duro e parecia disposta a não perder o emprego. Analisava tudo como se he fosse necessário como respirar. Não oferecera um emprego na companhia de seu pai por outros interesses. Durante a semana em que fora treinada, queria saber tudo o que Maite estivesse disposta a ensinar-lhe, gostava realmente do que fazia e Christopher podia ver que era esforçada.

Suspirou por um momento. Tinha que conseguir leva-la a sua cama o mais rápido possível, não conseguira tirar a ruiva de seus pensamentos desde a hora em que a mesma o deixara parado em sua porta e desaparecera pela noite escura.

- Bom dia...

Dulce não soube continuar. Não sabia como deveria chamá-lo. Antes do catastrófico jantar, o chamara apenas pelo sobrenome. Na verdade sequer diriga-lhe a palavra. Teve como resposta um breve aceno de cabeça.

Engoliu em seco sabendo que era resposta por ter-se comportado como uma criança na noite passada. Parecia pálida com os cabelos um pouco bagunçados, como se tivesse passado a noite em claro. O que de fato acontecera.

Dulce suspirou pesadamente enquanto sentava-se em sua cadeira e arrumava a mesa pronta para o trabalho. Parecia que o simples fato de pensar nessa palavra causava outra enxurrada de dor em sua cabeça. Contudo havia uma emoção diferente em seus olhos que Christopher não pode identificar.

- Me desculpe por ontem – ela disse em uma voz rouca e ponderada. Parecia difícil por tocar nesse assunto, as unhas estavam tão roídas que sequer poderia ver quando elas paravam e começavam sua pele. – Eu me comportei de uma maneira ridícula.

- Tudo bem – Christopher respondera frio, sentindo-se mal por vê-la em tal estado, contudo seu orgulho pedia para vê-la implorar por ele. Sabia que não aconteceria, mas um pedido de desculpas era algo que não esperara tão cedo. Contentou-se com isso.

- Eu acredito que seria melhor não nos envolvermos de qualquer outro modo a não ser profissionalmente – Dulce disse casualmente, porém suas mãos seguravam uma pasta com tamanha força que seus dedos estavam brancos. E talvez houvesse um pequeno tremor em sua voz.

- E o que a faz acreditar que quero outro tipo de relacionamento? – Perguntou sorrindo com tal convicção que Dulce teve que olha-lo nos olhos.

A ruiva prendeu a respiração sabendo o papel de tola que estava fazendo. Tinha sentido na noite anterior que Christopher estava interessado nela de uma maneira mais pessoal, não era preciso de Anahí para dizer-lhe isso. Essa certeza, porém, desapareceu ao vê-lo tão sério a encarar-lhe.

- Eu... Pensei... Não sei, quando me chamou... Eu só...

- Não se preocupe, Dulce. Estou consciente de sua vontade e não voltarei a dar qualquer outro indício que a desejo de outra forma senão colega de trabalho.

- Certo... Obrigada, então.

Dulce sequer sabia o porquê de estar agradecendo. Sentia seu rosto completamente corado e quente, deveria parecer em chamas, com o cabelo a completar. Sabia que fizera papel de tola e o que mais gostaria agora é de não ter que sentar-se à mesa em frente a dele.

- Realmente acha que a noite foi de todo mal? – Christopher perguntou sem mirá-la.

- Não foi como eu esperava.

Christopher avaliou o rosto dela, impressionado com o tão cansado que ela exalava. Era uma mulher forte e parecia carregar uma história pesada. Estava curioso para saber o que ocorrera.

Ele deu um sorrisinho, pensando em como ela não parecia notar o quão encantadora era. Sabia que havia sido cruel ao dispensá-la dessa maneira, contudo Dulce parecia não querer aceitar de modo algum um compromisso com alguém a quem teria de ver todos os dias. Gostaria de perguntar-lhe o porquê de tamanha repulsa.

- Não acha que deveria ter tirado o dia de folga? Está com a aparência acabada, com todo o respeito. Não sei o que passou com você, Dulce, mas eu não gosto de ser tratado do jeito que fui ontem e peço desculpa se passei a impressão errada – Christopher estava assustado com fato de Dulce acreditar em suas palavras, se realmente passara por maus momentos no passado, não havia aprendido a deixar de ser ingênua. – Esperava apenas sua amizade, já que temos tantos amigos em comum, não acho que será difícil nos encontrarmos fora desse prédio com sua amiga namorando o meu melhor amigo, entretanto já entendi como se sente em relação a mim, e posso te garantir que não voltarei a te perturbar.

Una tormenta de dolor, una historia de terror

- Sem dúvida é filha de quem é – o homem dissera-lhe em tom de desprezo antes de dar-lhe as costas.

Dulce sentiu as lágrimas voltarem ao abraçar o travesseiro. A única vez que o procurara, atrás de explicações, de respostas fora abandonada novamente. Causara tanta dor a sua mãe por ir atrás daquele homem e agora estava em seu colo sabendo que a machucava mais do que a si mesma.

Ouviu a mãe cantar-lhe uma canção antiga, a que cantava quando era uma criança para fazê-la dormir e sorriu levemente deixando a dor dominar seu coração. Não estava sozinha, sua mãe sempre estiver segurando sua mão.

- As coisas acontecem por um motivo, minha filha – assegurou-lhe Blanca sabiamente ao tempo em que acariciava seu rosto.

- O odeio.

Por amarte a corazón abierto.

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