Fanfics Brasil - Capítulo IV - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo IV - Parte I

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                            Capítulo IV




          Christopher adorava que as coisas saíssem do jeito dele. Não havia nada mais satisfatório que uma negociação diplomática concluída com sucesso. Ele tinha uma segunda negociação pela frente, e não havia como prever o resultado. Seu irmão poderia ser tão do contra e imprevisível quanto o tempo na primavera. Depois de deixar a casa de Blanca, ele foi até Portman Square, mas descobriu que Alfonso tinha saído. Anahí, porém, estava em casa.


- Christopher! - Com um sorriso largo e encantado, a cunhada se levantou e lhe estendeu as mãos quando ele entrou na sala de estar. - Alfonso me disse que você estava em Londres. Foi uma pena eu não estar em casa quando você veio nos visitar ontem à noite.


- Também lamentei. Eu a vejo tão pouco! - Ele segurou as mãos dela e a beijou no rosto com afeição.


          Anahí era magra, loira e linda, e uma das pessoas de coração mais generoso que Christopher conhecia. Sem dúvida era a melhor coisa que já acontecera a seu irmão. Ela era muito sensata, qualidade que Christopher admirava. A maioria das pessoas não tinha bom senso.   


- Eu deveria ter escrito antes informando que estava a caminho de Londres - continuou ele, sentando-se na cadeira em frente à dela. - Mas não tive tempo de fazer isso. Essa missão diplomática surgiu de repente.


- Você toma um chá?


          Ele fez que sim, e ela puxou o cordão que acionava a campainha, pendurado atrás da poltrona em que estava sentada. Um lacaio entrou na sala. Anahí pediu um lanche, e poucos minutos depois ela enchia uma xícara com o aromático chá da China para cada um deles.


- Então você não está proibido de discutir essa missão diplomática? - acrescentou ela, recostando-se na poltrona com a xícara e o pires nas mãos. - Ou é uma missão secreta desta vez?


          Christopher também se recostou com o seu chá.


- Muito pelo contrário. Quero lhe falar sobre isso. Na verdade, minha cara Anahí, para executar essa missão em particular, preciso da sua assistência.


          No dia seguinte, baús, bolsas, caixas e malas estavam amontoados no foyer da casa de Cavendish Square, para serem transportados para a nova casa onde Dulce iria viver. Ela examinou as coisas empilhadas enquanto esperava com a mãe a chegada de Christopher.


- Eu só tinha uma pequena mala quando cheguei aqui, mamma - murmurou ela. - Estou partindo com vinte vezes mais.


- Nós realmente mantivemos a Bond Street muito ocupada, não foi? - concordou Blanca.


          Dulce reconheceu o esforço da mãe em parecer animada, e mais uma vez se sentiu como se fosse uma menininha no internato.


- Isso é que é mudança, hein? - falou, sufocada, piscando para a pilha de bagagem, com os olhos enevoados. - Desta vez sou eu que deixo a senhora. 


          Blanca pegou o queixo da filha e olhou-a no rosto. Com as sobrancelhas franzidas, tentou parecer severa. Foi um fracasso total, como sempre acontecia. Blanca era rigorosa como uma gatinha.


- Nada de lágrimas.


- Não - concordou ela, forçando-se a sorrir. - Tenho a intenção de fugir e vir ver a senhora sempre que puder.


          Blanca suspirou.


- Você herdou essa teimosia de seu pai - disse ela, balançando a cabeça, mas sem grande desaprovação. - Sei que você não vai me dar ouvidos se eu lhe disser para não vir aqui, por isso não vou nem mesmo tentar. Mas se você vier me visitar mesmo, tenha cuidado para fazer isso direito. Lembre-se de que, na sociedade londrina, discrição é tudo.


- Mamma - disse ela com um riso incerto -, se eu consegui passar pelas freiras do convento e pelos guardas de Fernando, posso fazer qualquer coisa.


          Naquele momento a carruagem chegou, e Dulce ficou contente, pois odiava despedidas. Ela se virou e saiu, mas, no último minuto, voltou correndo para a mãe.


- Meu aniversário será em apenas três semanas - disse ela, inventando uma desculpa para ficar mais um minuto. - Não se esqueça, mamma.


          A mãe a acariciou no rosto.


- Eu alguma vez esqueci?


- Não. Mas a senhora às vezes se esquece das coisas. Eu só... queria lembrá-la.


- Prometo que não vou me esquecer. - Blanca lhe deu um beijo na testa. - Vá. Divirta-se, e tente não se preocupar com o seu futuro. Tudo vai dar certo. 


          Dessa vez, quando Dulce se virou, não olhou para trás e procurou se animar lembrando-se de que a sua nova casa não era tão longe assim.


          Christopher se dirigia à porta da frente quando ela surgiu. Estava impecavelmente vestido e não tinha nem um fio de cabelo fora do lugar. Naturalmente, nenhum fiozinho ousaria macular seu casaco azul-escuro. Parecia menos humano que nunca. Ele parou na calçada enquanto ela se aproximava. Curvou-se e escoltou-a até a carruagem que estava à espera, ajudando-a a subir.


          Havia mais alguém na carruagem. Quando Dulce se sentou, descobriu que estava ao lado da mulher mais encantadora que já tinha visto. O cabelo loiro cor de trigo escapava do chapéu creme, e seus olhos, verde-claros e límpidos como duas águas-marinhas, contrastavam vivamente com o vestido e as fitas do chapéu, azul-arroxeados. Diante daquela beleza dourada tão diferente da sua, Dulce não se conteve e ficou a admirá-la como se estivesse olhando uma pintura de Bellini. A mulher se dirigiu a ela, e sua voz era quente e amistosa.


- Miss Saviñon, sou Anahí Uckermann - disse ela, deixando de lado a formalidade e sem esperar que Christopher entrasse na carruagem e as apresentasse.


          Ela não parecia preocupar-se com formalidades, observou Dulce. Devido à sua aparência angelical, era difícil acreditar na história da fuga escandalosa contada por Christopher.


- Muito prazer - respondeu ela com sinceridade.


          Anahí Uckermann a estudou por um momento e então abriu um sorriso.


- Christopher não me disse que você era tão bonita.


- Eu estava pensando a mesma coisa sobre você. Você se parece um pouco com uma Madonna de Bellini.


- Mas não tão piedosa, espero! Acho as pessoas piedosas muito cansativas, você não acha? A gente sempre sente que está abaixo dos padrões delas, e isso é muito desgastante.


- Você não tem nada a temer da minha parte quanto a isso — garantiu-lhe Dulce. — Eu vivi em um convento por quase um ano, e sempre estava exausta.


          As duas riram, e Christopher, que entrava na carruagem, comentou, ao se sentar ao lado da cunhada:


- Parece que as duas já se tornaram amigas.


- Vamos nos dar otimamente bem - disse-lhe Anahí enquanto a carruagem entrava em movimento com um arranco e descia a rua.


          Dulce estava inclinada a concordar com ela. Talvez fosse gostar da sua nova situação, afinal. Esperava que sim, depois de todas as manobras e truques que havia feito para conseguir isso. As esperanças de Dulce em relação à sua nova vida foram reforçadas ao chegar a Portman Square, quando uma criada a levou aos seus aposentos. O quarto tinha duas grandes janelas e era decorado em amarelo-dourado e branco-cremoso, com mobília simples de carvalho e vasos cheios de narcisos e jacintos. Ela achou o quarto muito agradável, pois era simples e sem ostentação, como ela preferia. Não agüentava mais cadeiras douradas e chão de mármore como os do palácio do seu pai. Jogando-se de costas sobre o magnífico colchão, ela pensou nas camas duras e nas celas sem janelas do convento, e riu alto. Gostava das coisas simples, mas também gostava de conforto. Naquele lugar, ela tinha os dois.


- A senhorita parece satisfeita com seu quarto - ela ouviu uma voz comentar.


          Dulce se sentou na cama e viu Christopher no corredor, observando-a através da porta aberta.


- Si - respondeu ela, dando-lhe um sorriso enquanto se apoiava nos cotovelos. - O amarelo é a minha cor favorita, e eu realmente gosto deste quarto. E a cama é muito confortável. — Ela lhe deu um sorriso coquete, só para ver como ele reagiria. - Eu gosto de camas confortáveis.


- Excelente. - Com uma mesura, ele se virou e saiu para o corredor.


          Dulce suspirou e caiu de volta sobre os travesseiros. Ser coquete era um desperdício com aquele homem - uma pena, pois ele era bem bonito. Ainda assim, estava se sentindo um pouco menos hostil em relação a ele, provavelmente porque tinha conseguido enrolá-lo no dia anterior.


- Nós nos veremos no jantar - a voz dele ecoou, do outro lado do corredor. Ela franziu as sobrancelhas e se sentou na cama, em dúvida sobre se havia ouvido direito.


- O que o senhor quer dizer? - perguntou ela em voz alta, levantando-se da cama e indo em direção à porta.


          Ele reapareceu na entrada do quarto e ela parou.


- O que o senhor quer dizer? - repetiu. - O senhor vem jantar aqui hoje à noite?


          Ele a olhou com surpresa.


- Claro, e também a maioria das outras noites. Afinal de contas, eu vivo aqui.


- O quê?


- Sim. - Christopher fez um gesto em direção ao corredor. - Meu quarto fica bem ao lado do seu. Eu não lhe disse isso ontem?


- Não - respondeu Dulce, sentindo o desânimo tomar conta dela. - O senhor deixou de mencionar isso.


          Ele removeu um fiozinho imaginário de uma manga.


- Que negligência da minha parte. Peço desculpas.


- O senhor fez isso de propósito - acusou ela, cruzando os braços e olhando-o com raiva. - O senhor mentiu para mim.


          Ele pôs a mão sobre o coração.


- Miss Saviñon, a senhorita me magoa acusando-me dessa forma. Mesmo eu, como... quais foram mesmo as suas palavras? - Ele fez uma pausa de um segundo. - Ah, sim. Como um homem forte e poderoso que sou, também tenho as minhas sensibilidades. Eu não minto.


          Os olhos de Dulce se estreitaram. Ele a tinha manobrado com a conversa sobre as outras chaperons, fingindo estar levando em consideração os desejos dela e deixando-a escolher, quando pensava o tempo todo em mantê-la naquele lugar. Como uma tola, ela tinha caído direitinho na armadilha.


- Me enganou, então - corrigiu ela. - O senhor prefere esta acusação?


- Qual seria o propósito de eu enganá-la para que a senhorita viesse viver aqui e não em outro lugar?


- Para o senhor ter certeza de que eu vou me comportar, claro.


- Que excelente teoria! - Ele sorriu, nem um pouco envergonhado de tê-la enganado, e o sorriso era tão irritante, tão satisfeito de si, que Dulce não o suportou.


- De todas as coisas tortuosas que o senhor faz... o senhor, o senhor, oh, o senhor... - Ela se interrompeu, tentando pensar em algum insulto que a satisfizesse. Apesar de falar quatro línguas, apenas uma delas era suficiente para expressar sua opinião sobre ele naquele momento. Ela disse, em italiano: - Tu, furbo bastardo manipolatore!


- Sou obrigado a protestar. Astuto e manipulador eu posso ser, mas garanto à senhorita que meus pais estavam casados havia um ano inteiro antes de eu nascer. - Ele se inclinou. - O jantar é às sete horas. Como minha sobrinha de dez anos estará conosco, sugiro que a senhorita use algo um pouco menos... - os olhos cinzentos e frios mergulharam no corpete dela sem nenhum traço de interesse masculino - ... menos revelador.


           Antes que ela pudesse dizer mais uma palavra, ele fechou a porta.



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Autor(a): raaayp

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- Oh! - Dulce ficou olhando fixamente para a porta, ultrajada com o fato de aquele homem insuportável ter levado a melhor sobre ela e com a forma ardilosa como fizera isso.           Ela fugira de escolas, de parentes, de palácios e conventos para agora ser comandada por Christopher Uckermann. Se aquele homem segui ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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