Fanfics Brasil - Capítulo V - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo V - Parte I

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                             Capítulo V


 


 


          Dulce e Anahí mal tinham se sentado para tomar café na sala de estar quando ocorreu uma interrupção. A babá de Isabel veio informar a Anahí que a menina se recusava a ir dormir.


- Ela quer o próximo capítulo da história dela, madame - disse Miss Knight. - Ela se recusa a fechar os olhos sem a história, é o que diz.


- Meu Deus, com a chegada de Miss Saviñon, eu me esqueci. - Anahí pousou a xícara e o pires, dando a Dulce um olhar de desculpas. - Alfonso e eu sempre pomos Isabel na cama à noite e lemos para ela antes de ela dormir. Estamos no meio do Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo. Você se importa se eu a deixar sozinha um pouquinho?


- Claro que não.


          Anahí saiu com a babá, e Dulce ficou sozinha na sala. Ela voltou a se sentar na poltrona com o seu café, avaliando a sua situação. Apesar de Christopher ter feito manobras para fazê-la se hospedar naquela casa, ela tinha que admitir que gostava da família dele. Alfonso Uckermann tinha um grande encanto travesso, bem de acordo com a sua reputação; a esposa dele era tão agradável quanto bela; e a impaciência de Isabel com as convenções a fazia lembrar-se de si mesma, especialmente naquela idade. Isabel era uma menina de sorte, refletiu ela, por ter pais que estavam presentes para pô-la na cama e ler para ela todas as noites.


          Sentindo-se repentinamente inquieta, Dulce pôs a xícara de lado, levantou-se da cadeira e deu uma volta pela sala de estar, procurando afastar qualquer sentimento de autopiedade em relação à sua própria criação, antes que ele chegasse à superfície. Em vez disso, voltou os pensamentos para uma ocupação muito mais intrigante: como dar a volta em Christopher Uckermann.


          Todos os seus esforços do dia anterior tinham sido desperdiçados. Ela podia ter uma chaperon, mas não tinha como fugir dele, e sabia que ele poderia ser tudo, menos permissivo. Christopher seria pior do que Fernando, se tivesse oportunidade.


          Dulce parou ao lado da mesa de xadrez, olhando para as peças de mármore branco e preto e pensando na conversa do dia anterior. Christopher tinha sido diabolicamente engenhoso, manobrando-a como a uma peça de xadrez, fazendo-a pensar que era ela quem controlava a situação. Ela não podia se dar ao luxo de subestimá-lo outra vez.


          Estava determinada a controlar o próprio destino, e Christopher era a chave para atingir essa meta. Fernando o respeitava e confiava nele o suficiente para encarregá-lo do futuro dela. Dulce sabia que sua mãe estava certa. Ela tinha que conseguir que Christopher ficasse do lado dela, persuadi-lo a permitir que ela escolhesse o seu próprio consorte. Mas como?


          Sem pensar, ela pegou um cavalo da mesa e correu o polegar pelos entalhes esmerados da peça, pensando na sua próxima jogada. Use o seu encanto e o seu magnetismo, tinha-lhe dito Blanca. Muito bonito de dizer, pensou ela um pouco exasperada, mas Christopher Uckermann estava se provando impermeável aos dois. Isso a deixava extremamente frustrada. Sem querer ser convencida, Dulce sempre soubera, desde os dezesseis anos, que exercia um forte efeito sobre o sexo oposto, mas até agora o seu apelo feminino tinha sido inútil com Christopher. Por outro lado, pouco tempo havia se passado, e ela se recusava a desanimar. Christopher Uckermann podia ser arrogante, certinho e terrivelmente enfadonho, mas não deixava de ser apenas um homem, com todas as vulnerabilidades de um homem.


- A senhorita joga xadrez?


          Dulce virou a cabeça e encontrou o alvo de seus pensamentos ao seu lado. Ela lhe deu o seu sorriso mais bonito. Sorrir para um homem sempre dava certo, e não custava nada para uma mulher.


- Jogo. Eu gosto desse jogo.


          Os olhos dele se estreitaram um pouco, avaliando-a.


- Suponho que sim, mas - para citar a minha sobrinha - a senhorita joga razoavelmente bem?


- Sou muito boa - respondeu ela imediatamente. - Sou uma excelente enxadrista.


          Um canto da boca dele se curvou para cima, no que poderia ser um indício de um sorriso.


- A senhorita não faz qualquer esforço para esconder os seus talentos e capacidades.


- Claro que não. - Ela estava atônita. - Por que eu faria isso?


- Há quem considere a modéstia uma virtude.


- Os ingleses são extraordinários, inacreditáveis! - Ela balançou a cabeça, perplexa. - Não é virtude esconder as suas capacidades. Se alguém foi abençoado por Deus com um determinado talento e pode fazer alguma coisa direito, por que não ter orgulho disso? Além disso, as mulheres têm muito pouco poder no mundo.


          Ela correu intencionalmente os dedos pela clavícula nua. O movimento conseguiu atrair a atenção dele para baixo, e o ar sorridente desapareceu de seu rosto.


- Sejam quais forem as qualidades que elas tenham - continuou Dulce -, devem fazer de tudo para que os homens estejam conscientes delas e as valorizem. Dessa forma, as pessoas do seu sexo não poderão considerar as do meu como favas contadas.


- Qualquer homem que ache que a senhorita é uma fava contada - disse ele, erguendo o olhar impassível para o rosto dela - é um tolo.


          Encorajada pela tensão que percebia em seu tom, ainda que o rosto se mantivesse inexpressivo, Dulce se aproximou um pouco dele.


- O senhor é um tolo, Christopher?


          Ele permaneceu rigidamente imóvel ao lado dela, com as mãos agarradas uma à outra nas costas e a expressão implacável.


- Não, Miss Saviñon, não sou. De forma que, sejam quais forem os esquemas que a senhorita esteja tramando nesse seu cérebro esperto, ponha-os de lado e pare de ser coquete comigo.


          Ela fez uma careta para ele e deu um passo para trás.


- Eu não sei por que me dou a esse trabalho. O senhor não retribui a atenção, de forma que ser coquete com o senhor não é nada agradável. Não é divertido.


- Fico devastado em ouvir isso. - Ele fez um gesto com as mãos abertas em direção ao tabuleiro de xadrez que estava na frente deles, - Vamos jogar ou não? 
         


          Ela hesitou, olhando para ele e fazendo de conta que estava pensando no assunto.


- Não tenho certeza se quero jogar xadrez com o senhor - disse ela depois de um momento.


          Pondo o cavalo de volta no tabuleiro, ela retribuiu, fazendo a ele a mesma pergunta:


- O senhor joga razoavelmente bem?


          Christopher não conseguiu reprimir o riso.


- Com os diabos, a senhorita é uma criatura insolente, não é mesmo?


          Apesar de ter conseguido fazê-lo sorrir, Dulce se sentiu obrigada a protestar contra as suas palavras.


- Eu não sou uma criatura. Ma insomma! Que coisa absurda para se dizer. Criatura? O senhor fala como se eu fosse um dragão ou... um monstro marinho.


- Trata-se apenas de uma expressão. Não deve ser tomada literalmente. - Ele puxou uma cadeira em frente das pedras brancas de xadrez e lançou-lhe um olhar indagativo.


          Dulce hesitou por mais um momento e então tomou a cadeira que lhe fora oferecida. Ele rodeou a mesa em direção ao lado oposto, tirou o paletó e o colocou dobrado no encosto da cadeira.


- Eu nunca tive intenção de sugerir nada de indelicado em relação à senhorita - disse ele, sentando-se.


- Espero que não. Sendo um diplomata, o senhor deveria escolher as palavras com mais cuidado. - Ela fez uma pausa, com a mão sobre o peão da sua rainha. - Elogios, por exemplo - disse ela com um olhar significativo para ele -, são sempre bem-vindos.


- É mesmo? - Ele baixou o olhar para o tabuleiro. - Não vou me esquecer disso da próxima vez que me reunir com os turcos.


          Dulce deu um suspiro pesado e deslizou o peão branco duas casas para a frente, fazendo o movimento inicial do jogo.


- A sua falta de capacidade para flertar e galantear é de dar pena.


          Ele moveu o cavalo preto.


- É mesmo?


- É. - Lucia não olhou para ele. Pelo contrário, manteve os olhos no jogo. - Um homem bonito sempre deveria saber como ser galante com as mulheres. Se não souber, a aparência dele é um desperdício.


- Então, agora eu sou bonito? - Ele parecia estar se divertindo. - E pensar que há algumas horas eu era um bastardo astuto e manipulador.


- E continua a ser - garantiu-lhe ela, movendo em seguida outro peão. - Por isso, não fique convencido só porque eu o acho bonito. - Ela levantou o nariz com um arzinho atrevido. - Além disso, ainda estou com raiva pelo jeito como o senhor me enganou.


- A senhorita não estava tentando me enganar?


          Dulce voltou a olhar nos olhos dele.


- Isso é diferente.


- Ah, sei, dois pesos e duas medidas: as regras que servem para mim não servem para a senhorita. Não é lá muito justo.


          Ele moveu o bispo preto, fazendo exatamente o movimento que Dulce previra. Ele jogava bem, concluiu ela, mas não tinha muita imaginação. Ela moveu o bispo branco.


- Eu estou lutando pela minha felicidade, pela minha vida, pelo meu futuro. Pouco me importa o que é justo.


- E eu estou fazendo o meu dever - retrucou ele, comendo o peão dela, como ela esperava. - O meu dever é tão importante para mim quanto a sua felicidade é para a senhorita.


- Nada é mais importante que o amor.


- Sei que as mulheres sempre pensam que o amor e a felicidade estão inevitavelmente unidos, mas isso não é verdade.


- É verdade, e me sinto forçada a adverti-lo. Ao escolher o meu marido, eu farei qualquer coisa que tiver que fazer para garantir a minha felicidade. O seu dever é assunto seu.


- Considero-me advertido, então. - Com essas palavras, ele parecia inclinado a se fixar no jogo e não na conversa, e ela o acompanhou.


          Os dois se concentraram cada um em sua estratégia, Dulce baseando a sua no estilo conservador e muito previsível com que ele jogava. O jogo se arrastava, já que ele demorava muito mais do que ela para mover as peças. Ela não tinha certeza se isso era um indício da dificuldade dele; às vezes, Christopher fazia movimentos ao acaso, aparentemente sem objetivo, o que talvez fosse sinal de que poderia estar tropeçando. Dulce não perdia tempo e se aproveitava desses momentos para avançar com seu ousado plano de ataque.


          Ela se recostava na cadeira entre os movimentos, estudando seu oponente. A luz da lâmpada fazia brilhar os fios mais claros do cabelo escuro de Christopher enquanto ele estudava o tabuleiro. Via-se que o nariz dele tinha sido quebrado. Havia uma leve cicatriz branca na ponta da sua mandíbula, e outra sobre a sobrancelha. Sua conduta gentil e educada não fazia supor que ele se metesse em brigas e trocasse murros com alguém. Dulce ficou imaginando os músculos e tendões debaixo da camisa de linho branco imaculado e do colete verde-musgo. As cicatrizes e o nariz quebrado demonstravam que ele se envolvera em uma luta, e ela seria capaz de apostar que ele é que levara a melhor. Era uma pena que um homem tão bem-feito fosse um secarrão daqueles.


          Enquanto jogavam, o som do piano de Alfonso Uckermann chegava até eles vindo da sala de música, que ficava do outro lado do foyer, assim como o do acompanhamento do violino tocado por sua mulher. Depois de algumas horas, porém, a música cessou e a casa ficou em silêncio. Os criados apagaram as lâmpadas e as velas, de forma que Dulce e Christopher eram os únicos que continuavam acordados na casa em silêncio.


- Pensei nas palavras que a senhorita disse hoje à noite - disse ele ao estender a mão para mover um dos seus últimos peões. - Os ditames da minha consciência não podem ignorar quanto a felicidade no casamento é importante para a senhorita.


          Surpresa, Dulce levantou os olhos, examinando o rosto dele enquanto Christopher se recostava na cadeira. A estátua de mármore já estaria começando a amolecer? Definitivamente não. Ela voltou a atenção para o jogo.


- Minha única esperança - continuou ele enquanto ela estendia o braço para fazer o movimento seguinte - é que, entre os homens da minha lista, um deles satisfaça a sua necessidade de felicidade.


          Dulce prendeu a respiração e parou com a mão suspensa sobre o tabuleiro.


- O senhor tem uma lista? Já?


- Claro que sim. Eu lhe disse que temos pouco tempo e que a sua situação exige uma aliança, não um namoro. Vou contatar os cavalheiros um a um nos próximos dias e tomar providências para que eles a conheçam. O concerto de Lady Kettering pode ser um bom ponto de partida para isso.


          Ele não disse mais nada. Impaciente, Dulce recolheu a mão e se mexeu na cadeira.


- Quem está nessa lista? - perguntou ela. - Como são esses homens?


- Não posso discuti-los com a senhorita até decidir quais deles têm possibilidade de fazer uma aliança com a casa de seu pai. Não seria certo. - Ele fez um gesto em direção ao tabuleiro. - Sua vez - ele a lembrou.


- O senhor é um homem muito provocador! - acusou Dulce, e empurrou o seu cavalo para uma nova posição, comendo o dele. - Primeiro o senhor levanta o assunto do meu futuro marido e depois se recusa a discutir os possíveis candidatos. O senhor brinca comigo de forma cruel.


          Ele levantou os olhos do tabuleiro, parecendo ofendido.


- Eu não brinco, Miss Saviñon - disse ele, em tom de leve censura. - Não é da minha natureza.


          Christopher voltou a atenção ao jogo sem mais palavra. Jogaram em silêncio por alguns minutos, mas a cabeça de Dulce estava em outro jogo. Observava-o entre os movimentos, tentando determinar como poderia contornar o desconcertante e impossível senso de ética desse homem. Queria saber mais sobre os possíveis candidatos, e tinha o direito de saber. Era com o futuro dela que ele estava brincando.


          Dulce passou a mão pelo cabelo, mordeu os lábios para intensificar a cor deles e se endireitou na cadeira, inclinando-se para a frente, de forma a se apresentar no ângulo mais favorável para um homem.


- Christopher?


          Ele nem levantou os olhos.


- Humm?


          Ele estendeu o braço ao lado do tabuleiro e ela tocou a mão dele para lhe chamar a atenção.


- O seu senso de honra, justiça e honestidade é admirável - disse ela, deixando que a ponta de um de seus dedos continuasse sobre a mão dele por um momento antes de recolhê-la.


          Os lábios dele se torceram com a sombra de sorriso habitual.


- Tentando me adoçar novamente - murmurou ele, estendendo a mão para comer o bispo dela com o seu cavalo. - Sua vez.


          Ela moveu um peão, desinteressada. Muito poucos dos movimentos dele a tinham surpreendido até então, de forma que ela não alterou a sua estratégia, sentindo-se razoavelmente confiante de que venceria. O xadrez não representava um desafio tão importante para ela quanto o outro jogo que estavam jogando naquele momento.


- É fácil entender por que meu pai o admira tanto. O senhor é um diplomata excelente. Muito discreto.


          Ele levantou os olhos.


- O que a senhorita quer, Miss Saviñon?


- A sua discrição tem o seu mérito, mas estou totalmente dominada pela curiosidade. O senhor não poderia me dizer alguma coisa sobre esses homens? Não os nomes deles, naturalmente - acrescentou ela rapidamente -, pois nem me passaria pela cabeça pedir ao senhor que violasse o seu senso de probidade. - Ela lhe deu um pequeno sorriso travesso. - Apesar de que eu adoraria que o senhor o violasse.


- Sem dúvida. - Ele a estudou por um momento e então disse: - Tenho em mente diversos nobres. Tenho certeza de que seu pai preferiria o cavalheiro de maior categoria.


          Essa informação não lhe disse nada de interesse.


- Mas como são eles?


          Christopher franziu as sobrancelhas, sem entender.


- Como são?


- Sim. São jovens? Bonitos?


          Ele levou a mão à boca e tossiu, constrangido.


- Não sei o que as mulheres consideram atraente, Miss Saviñon. A senhorita terá que conhecê-los e ver por si mesma.


- Mas eles são altos? Fortes como o senhor? - Ela fez uma pausa e deu mais uma olhada para os ombros e o peito de Christopher, e não precisou fingir para demonstrar sua apreciação. - Isso é importante. Eu gosto que os homens sejam fortes e altos, porque eu sou bem alta, o senhor entende.


          Christopher retribuiu o olhar dela com expressão de dúvida, aparentemente sem perceber a óbvia admiração que ela acabava de manifestar por sua constituição física.



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Autor(a): raaayp

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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