Fanfics Brasil - Capítulo VI - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo VI - Parte I

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             Capítulo VI




          Implacável. Ela era implacável. Christopher se apoiou na carruagem e esfregou a mão sobre os olhos cansados, desejando ter dormido pelo menos alguns minutos na noite anterior. Mas ele tinha rolado na cama durante horas, sentindo-se insultado pelas manobras provocadoras de Miss Saviñon. Desistindo de qualquer possibilidade de dormir, saíra da cama e fora para a biblioteca de Alfonso. Graças a Deus, seu irmão possuía uma cópia atualizada do guia da nobreza, o Burke`s Peerage. Christopher passou a noite debruçando-se sobre nomes, fazendo uma lista de potenciais maridos para Miss Saviñon. Ele só havia falado em fazer uma lista na inútil esperança de que a discussão sobre o futuro marido dela o ajudaria a manter a cabeça no seu dever.


          Christopher confirmou com Anahí naquela manhã quais dos homens da lista estavam na cidade e quais deles poderiam estar à procura de esposa. Mulheres como Dulce Saviñon faziam reis abdicar e chefes guerreiros invadir as terras de seus vizinhos, mas talvez alguns dos nobres da sua lista considerassem a hipótese de se casar com a versão italiana de Helena de Tróia. Nesse caso, ele pretendia tomar providências para que pelo menos alguns daqueles pobres coitados desavisados fossem ao concerto amador de Lady Kettering, marcado para dali a três dias. Talvez um dos homens que a conhecesse fosse forte o suficiente, bonito o suficiente e virile o suficiente para tirá-la das mãos dele. Christopher então poderia voltar para a sua própria vida.


          Não lhe custaria muito concordar com ela na noite anterior, deixá-la fazer a sua própria lista, escolher os seus próprios parceiros potenciais de casamento. Desde que o homem atendesse às condições estabelecidas pelo príncipe Fernando e quisesse se casar com ela, ele poderia deixar que ela escolhesse o sujeito que quisesse. Mas ela o tinha enfurecido com os suspiros doces e os olhares ousados para o corpo dele, com seu jeito pretensamente inocente de se alongar e o meneio de quadris ao caminhar. Graças a Deus que ele tivera a presença de espírito de olhar para aquelas estúpidas pinturas até conseguir controlar as suas inclinações naturais.


          Aquela moça gostava de provocar um homem, e sabia como fazê-lo. Ele não conseguia entender como ela havia conseguido manter a inocência por tanto tempo. Incrível que algum pobre diabo atormentado não a tivesse privado dela há muito tempo.


          Só depois de terem falhado todas as suas tentativas de manipulá-lo é que ela tentara uma abordagem direta. E quando Dulce Saviñon decidia ser direta, ela era direta mesmo. A carruagem parou, interrompendo os pensamentos de Christopher. Pela janela, ele ficou olhando fixamente para a porta da frente da residência de Lorde Blair, enquanto esperava que o cocheiro abrisse a porta da carruagem. Blair, conde por mérito próprio, também era primo e herdeiro do marquês de Monforth.


          Ele atendia a todas as exigências do príncipe Fernando. Quanto às expectativas da filha do príncipe, porém, Christopher não estava tão certo assim. Ele ainda podia vê-la, uma desordeira provocante, sentada diante dele com o cabelo desalinhado e os olhos escuros queimando enquanto lhe dizia que tipo de homem ele deveria encontrar para ela. Ouvir aquele discurso impudente quase o fizera perder a razão. A única coisa em que conseguia pensar naquele momento era em afastar a mesa e lhe dar um gostinho do que a virilidade masculina realmente significava.


          A porta da carruagem foi aberta, lembrando a Christopher onde estava e por quê. Ele arrumou a gravata, esfriou o sangue e pensou no seu dever. Para sorte de Miss Saviñon, ele era um homem civilizado.


          Devia existir uma forma de convencer Christopher a pensar como ela.


          Dulce ponderou a sua situação enquanto tomava chá e comia bolo com glacê de limão com Lady Kettering, Anahí e várias moças que se haviam juntado a elas no salão de chá. Enquanto as outras discutiam as últimas tendências da moda, ela pensava em várias estratégias para lidar com o seu problema atual, um problema alto, de cabelo escuro e muito obstinado. As vozes das mulheres redemoinhavam ao redor dela, mas a voz feminina que lhe ecoava na mente era a de sua mãe:


          "Faça com que Christopher fique do seu lado".


          A sugestão da mãe de que usasse o seu charme e magnetismo não a havia ajudado a conseguir a cooperação daquele homem na noite anterior. Talvez ela só precisasse ser mais paciente. Dulce suspirou. A paciência nunca fora um dos seus pontos fortes. Além disso, ela só tinha seis semanas. Não podia se dar ao luxo de ser paciente.


- A senhora não concorda, Miss Saviñon?


- Humm? - Ela saiu do seu devaneio com um sobressalto e olhou para a jovem sentada com outras duas do outro lado da mesa.


          Lady Belinda Monforth, sentada entre as suas companheiras, olhava para Dulce por cima da sua xícara com expressão de interrogação.


          Percebendo que ela tinha acabado de lhe fazer uma pergunta e sem saber como responder, Dulce disse a única coisa que lhe ocorreu:


- Desculpe. Estou preocupada. Eu estava pensando... na... hum... na moda atual dos... humm... decotes.


- Decotes? - Lady Belinda sorriu, mas seus grandes olhos azuis se estreitaram um pouquinho, tornando o sorriso tão artificial quanto o rosado leve de suas faces brancas. Os cílios dourados se abaixaram e depois se ergueram. - Não é surpresa que seus pensamentos estejam nesse assunto. - Ela voltou o olhar para as companheiras. - Não é mesmo, senhoras?


          Como se isso fosse uma deixa de teatro, Lady Wellburn concordou:


- De fato, não. O decote sem dúvida é a parte favorita do vestido para Miss Saviñon.


          Dulce ficou tensa com as risadinhas abafadas de várias jovens da mesa e não deixou de perceber o ar de satisfação nos olhos de Lady Belinda. Por um momento, sentiu-se como se estivesse de volta à escola de boas maneiras para senhoritas, sendo alvo de zombaria das moças que não gostavam dela. Dulce engoliu o desejo de dar uma resposta atravessada a Belinda. Em vez disso, sorriu o seu sorriso mais doce e bonito.


- E é assim que deve ser - disse Anahí, voltando-se para Dulce. - Se eu tivesse um corpo tão esplêndido como você, minha cara amiga, os meus decotes seriam bem ousados. - Ela fez um gesto em direção ao próprio colo, com um suspiro de lamentação. - Infelizmente, não tenho tanta sorte assim.


          Dulce lhe deu um olhar de gratidão.


- Você é maravilhosa - disse ela com sinceridade.


- Ouvi dizer que as modas na Itália são muito mais ousadas do que aqui - disse Lady Kettering, desviando a conversa e gesticulando para o garçom que estava ao seu lado segurando uma chaleira de chá. - Alguém quer mais chá?


- Eu lhe devo desculpas - disse Anahí a Dulce quando a carruagem as levava de volta para Portman Square. - Não deveria tê-la sujeitado a Lady Belinda e suas amigas.


- Elas passaram por lá e Lady Kettering é que as convidou para se sentar conosco. Não peça desculpas por aquilo que não é culpa sua. Eu não dou a mínima para a opinião delas. - Isso não era totalmente verdade, porque ainda doía saber que riam dela. - Por outro lado, eu não quero estar fora de moda. Você acha que eu devo ter vestidos diferentes?


- Dulce, não deixe que Lady Belinda e as amigas dela a incomodem. A moda é a única coisa que lhes interessa. Idiotas frívolas, todas elas.


- Talvez sim, mas Lady Belinda tem uma coisa que as amigas dela não têm. Ela é astuta. Consegue que as outras digam o que ela quer que seja dito. Isso é um talento.


- Um talento malicioso, mas você está certa. Ela realmente tem o seu séquito. Nós, porém, não somos da turma dela, de forma que espero que consigamos evitá-las a maior parte do tempo.


- Também espero que sim. Mas... - Ela hesitou, ainda sentindo uma certa dúvida sobre si mesma. - Você acha que eu devo mudar o estilo dos meus vestidos?


- Mais uma vez, não, não acho. Falei a sério tudo o que eu disse. Se eu tivesse o seu corpo, eu o ostentaria desavergonhadamente. Além disso, os decotes tomara-que-caia e as golas arredondadas que predominam agora não devem ficar bem em você. Para ficar bem com eles é preciso amarrar o peito, e isso seria um desperdício. Além de terrivelmente desconfortável, acho.


- Dói sim. Quando eu fui despachada para a escola pela primeira vez, eu tinha apenas doze anos e, apesar de ser a mais jovem, era muito mais alta que as outras moças, e elas caçoavam de mim o tempo todo. Eu então comecei a amarrar os seios com um pano bem apertado, para deixá-los mais achatados. Doía, mas eu não queria ser alvo de caçoadas. Na vez seguinte em que minha mãe foi me visitar, ela ficou horrorizada e me disse para parar com aquilo. Ela disse que me amava do jeito que eu era, que eu não precisava mudar e que deveria ficar feliz com a maneira como o bom Deus me havia feito.


- Conselho muito sensato.


          Dulce sorriu.


- Para alguns, a minha mamma parece ter a cabeça no mundo da lua, porque ela está sempre atrasada, se esquece dos compromissos e gasta dinheiro como água, mas debaixo disso tudo, ela tem muito bom senso.


- Você a ama muito, não é?


- Amo sim. - Dulce parou de sorrir. - Eu gostaria de poder vê-la.


- Você está me pedindo permissão para fazer isso?


- Se eu pedisse, você daria?


- Não posso. - Anahí olhou para ela com piedade. - Por favor, acredite que eu entendo os seus sentimentos. Quando minha mãe morreu, eu estava separada dela havia anos, e vou lamentar isso pelo resto da vida. Mas Christopher me deu instruções severas no sentido de não permitir que você veja Blanca, e, apesar de saber como é difícil para você estar separada da sua mãe, sou obrigada a aquiescer aos desejos dele. Nunca vou poder retribuir o que ele fez por mim.


- Compreendo. - Ela fez uma pausa. - Christopher diz que eu sempre terei que ficar separada da minha mãe. Que a minha associação com ela será inaceitável para qualquer cavalheiro devido ao que ela é.


- Temo que isso possa ser verdade - disse Anahí.


- Eu me recuso a acreditar. - Ela fez uma pausa, e Anahí lhe lançou um olhar de solidariedade. - Já que eu tenho que me casar, tenho que encontrar um homem que me ame. Se ele me amar o suficiente, ele aceitará a minha mãe quando nós nos casarmos e me dará permissão para vê-la. Eu o persuadirei.


- Isso também pode ser verdade. - Anahí ficou em silêncio por um momento, e então deu uma risadinha. - A nossa conversa voltou ao ponto de partida, acho. 
         


          Dulce franziu as sobrancelhas, perplexa.


- O que você quer dizer?


- Você tem que conseguir um marido, e os homens, Deus os abençoe, não se importam nada com a moda das mulheres. Na minha opinião, a maioria dos homens é muito mais suscetível a seios bonitos e a um grande decote.


          Dulce riu.


- É exatamente o que eu penso.


          Christopher, porém, não era como a maioria dos homens. Apesar de ele ter admitido uma certa suscetibilidade em relação a ela, Dulce achava que isso não era suficiente para fazer com que ele mudasse de lado e concordasse com ela. Estava claro que ele pretendia cumprir os desejos do pai dela ao pé da letra, e nenhuma das táticas de persuasão que tinha usado na noite anterior havia servido para fazê-lo mudar de opinião. Ela tinha que conseguir que ele ficasse do seu lado, mas como?


          No jantar, Dulce estudou Christopher como um general prestes a iniciar uma campanha de batalha estuda um mapa, tentando determinar qual o método de ataque a ser empregado em seguida, mas só mais tarde naquela noite ela conseguiu desenvolver um novo plano.



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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