Fanfics Brasil - Capítulo VI - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo VI - Parte II

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          Enquanto os outros se preparavam para ir para a cama, Dulce foi procurar a sua caça. Ela o encontrou na biblioteca, o que era perfeito para os seus propósitos. Espreitando pela porta aberta, ela o viu sentado diante da mesa, com a cabeça inclinada sobre uma carta que escrevia. Já que se tratava de uma batalha, o primeiro passo era conhecer o inimigo. E era exatamente isso o que ela pretendia fazer.


          Christopher levantou os olhos quando ela entrou na sala e imediatamente ficou de pé, curvando-se.


- Vim procurar um livro - disse ela. - Espero não estar perturbando o senhor, estou?


- Nem um pouco.


          Ela se dirigiu para as estantes do outro lado da sala e começou a examinar os títulos que estavam ali, enquanto ele retomava a sua cadeira e o seu trabalho. Dulce esperou, fazendo de conta que estava imensamente interessada na sua tarefa, tentando ser paciente e esperando que ele iniciasse uma conversa. Demorou, mas ele acabou fazendo isso.


- A senhorita está procurando algum tipo específico de livro para ler? - perguntou ele.


          Ela olhou para ele e viu que ele ainda estava escrevendo a sua carta.


- Não, acho que não - respondeu ela. - Há tantos aqui que é difícil escolher um.


          Ela correu a ponta dos dedos de leve sobre as lombadas dos volumes mais próximos.


- Há muitos livros de etiqueta aqui. Eles são para Isabel?


- Acredito que sim. - Ele baixou a pena e passou o mata-borrão sobre o documento que estava à sua frente, depois estendeu a mão para o lacre de cera. - Mas duvido que ela tenha lido qualquer um deles.


- Por que ela os leria? Os livros de etiqueta são monótonos.


- Já esperava que a senhorita dissesse algo assim.


          Ela sorriu.


- Não entenda mal o que eu quis dizer, Christopher. Eu acho os livros de etiqueta muito úteis.


          Ele pôs de lado a carta que acabara de escrever e olhou para ela.


- Acha, realmente? - A voz dele era cética. Dulce sorriu.


- São excelentes como pesos para manter as portas abertas.


          Isso fez com que ele sorrisse em resposta, mas, se ela achava que ele lhe daria toda a atenção, estava enganada. Ele pegou uma nova folha de papel, molhou a pena no tinteiro e começou a escrever novamente. Ela foi para as estantes mais afastadas, tentando pensar em uma forma de manter a conversa, mas ele tomou a iniciativa.


- Estou escrevendo um relatório para seu pai - disse ele. - Há alguma coisa que a senhorita gostaria que eu lhe dissesse em seu nome?


- Que eu quero escolher o meu próprio marido, por exemplo?


- Temo que seu pai não vá mudar de idéia a essa altura, não importa o que a senhorita diga.


- Sim. Em vez disso, ele compra um homem para mim.


- Farei o que puder para me certificar de que o homem que eu recomendar não seja um mero caça-fortuna. Mas a senhorita tem que entender que quando é apresentada à sociedade, é vítima do escrutínio de todos. Possíveis pretendentes e seus parentes insistirão em saber do seu passado. Farão fofocas, e elas vão se espalhar. Isso é algo que eu não posso impedir. Devido à sua ilegitimidade, à identidade da sua mãe e ao incidente do carnaval, qualquer cavalheiro que não esteja atrás do seu dinheiro terá reservas legítimas quanto a se casar com a senhorita.


- O senhor vai contar para esses homens o que aconteceu em Bolgheri?


- Vou. Estou redigindo a história da maneira mais diplomática possível, naturalmente.


- Não seria mais fácil encontrar um marido para mim se não lhes contasse?


- Não é questão de ser ou não ser fácil. A notícia do que aconteceu em Bolgheri já está se espalhando pela Europa. É certo que vai acabar chegando aqui. Não quero que nenhum pretendente sério tenha um choque desagradável, e por isso estou neutralizando o dano com antecedência.


- Sei. - Ela se afastou mais um pouco, estudando os livros. - A coleção de livros do seu irmão é muito boa - ela disse, desviando o assunto de si mesma.


- É sim. Eu sempre invejei isso no Alfonso.


- Invejou? - Ela voltou o olhar para ele. - Mas por quê? Sem dúvida o senhor poderia ter uma coleção de livros tão boa quanto esta.


- Não faria sentido, pois eu nunca poderia aproveitar os livros. - Ele fez um gesto em relação aos documentos espalhados ao seu redor. - Estou longe de casa a maior parte do tempo, e é pouco prático carregar uma coleção de livros pelo mundo afora.


- Verdade. - Ela se inclinou para trás, apoiando as costas em uma estante. - A sua profissão é o motivo por que o senhor nunca se casou?


- Estou fora o tempo todo; normalmente, não paro em um lugar por mais de alguns poucos meses. Eu teria que deixar minha esposa e meus filhos em casa ou arrastá-los de um lugar para outro. Não seria justo.


          Ela inclinou a cabeça, estudando-o.


- O senhor sempre faz o que é certo?


- Eu tento fazer, sim.


          Ela sorriu.


- Eu não.


          Isso obteve como resposta um sorriso de esguelha da parte dele.


- Foi o que eu notei - disse ele, voltando a atenção ao trabalho.


- Nunca se casar, nunca ter filhos, viajar de um lado para outro e nunca se estabelecer deve fazer uma pessoa se sentir só.


          A pena parou de mexer, mas apenas por um segundo.


- É verdade - disse ele, retomando a escrita.


- O seu trabalho é muito importante para o senhor, não é?


- É sim.


- Por quê?


          Isso fez com que ele lhe desse toda a atenção. Christopher parou de escrever e apoiou os cotovelos sobre a mesa. Rolando a pena entre as palmas das mãos, ele pensou por um momento antes de falar.


- A Grã-Bretanha é a nação mais poderosa do mundo, e eu acredito que essa posição implica uma enorme responsabilidade. Faço o que posso para garantir que a minha nação use o seu poder com sabedoria.


          Dulce pensou sobre isso por um momento, e então balançou a cabeça.


- Isso pode ser verdade, mas não é a única razão.


          Ela se endireitou, afastando-se da estante, e aproximou-se da cadeira dele. Olhando-o de frente, ela se sentou sobre a mesa, sem dar atenção aos papéis espalhados pela superfície.


- Há cadeiras nesta sala - ele ironizou.


          Ela se acomodou mais confortavelmente onde estava, provocando um barulho dos papéis em contato com a seda da sua roupa.


- Tudo isso é muito nobre, o que o senhor diz sobre o poder e a responsabilidade do seu país, mas não é a principal razão por que o senhor faz o que faz.


          Ele voltou a cabeça e levantou os olhos para ela.


- A senhorita está sentada sobre um acordo comercial com os holandeses.


          Ela descartou os holandeses com um gesto de mão.


- Não, o senhor é um diplomata porque gosta de ser aquele que tem o poder em qualquer situação.


- Isso também - admitiu ele.


- E - continuou ela - por ser tão bom em esconder o que está sentindo, o senhor sempre tem o poder. O senhor sempre tem a vantagem. É assim que o senhor vê as coisas?


- Sim. A senhorita não concordaria com isso, suponho, já que demonstra abertamente os seus sentimentos, e esses sentimentos mudam a toda hora.


          Dulce não ficou contrariada com essa afirmação.


- Sou caprichosa, é verdade. Sou uma pessoa de fortes emoções, e não as escondo.


- Mas isso lhe tira o controle sobre uma dada situação.


- Talvez. - Ela olhou para ele como quem sabe do que está falando, e os cantos de sua boca se curvaram para cima. - Talvez não.


          Ele não ensaiou qualquer reação. Como ela adoraria sacudir a disciplina de ferro daquele homem! O sangue dela se agitou com essa expectativa e, sem resistir à tentação de fazer uma tentativa, ela se inclinou um pouco mais e disse com a sua voz mais suave:


- Existe mais de uma forma de ter poder, Christopher. E não ter o controle nem sempre é uma coisa ruim.


          Ele não se mexeu.


- O objetivo disso é me persuadir a entregar o controle da sua situação para a senhorita?


          Dulce inclinou-se para trás e admitiu:


- Espero que sim.


- Por que a senhorita quer tanto isso?


          Ela deu um sorriso doce.


- Porque não posso tê-lo.


          Christopher exalou audivelmente, um barulho que era quase uma risada.


- Nisso eu acredito.


- Christopher, vou falar a sério com o senhor. Casar é a coisa mais importante que uma mulher faz na vida. Deve ser uma escolha. A minha escolha e a dele, feita com respeito e amor mútuos.


          Ele se mexeu na cadeira, inquieto e impaciente, mas ela continuou a pressioná-lo.


- Fernando diz que não será minha a escolha do homem com quem vou me casar, mas diz isso apenas para me punir, porque está bravo. Christopher, por favor, não faça essa injustiça comigo. Deixar que eu escolha com quem vou me casar não lhe custa nada, e é a coisa certa a fazer. O senhor mesmo disse que sempre faz o que é certo.


          Christopher se apoiou na cadeira e se levantou abruptamente. Com medo de que ele estivesse indo embora, Dulce pulou da mesa e pôs uma mão no braço dele.


- Meu pai oferece muito dinheiro para que algum homem se case comigo, mas se eu não tiver o amor e o respeito desse homem, ficarei debaixo das botas dele, e isso me faria infeliz por toda a vida.


          O corpo dele ficou tenso, e Dulce sentiu uma pontada de decepção. Ela deixou a mão cair.


- Eu deveria saber que o senhor não entenderia.


          Ela se virou para sair dali, mas as palavras seguintes dele a fizeram parar subitamente.


- Pelo contrário, Miss Saviñon, eu entendo.


- Entende? - Ela parou e novamente olhou para ele. A esperança reviveu como uma centelha.


- Sim. Reconheço que a senhorita tem uma profunda necessidade de controlar o seu próprio destino e um desejo profundo de amor dentro de si. A senhorita não está na mesma posição da sua irmã, e não há tratados envolvidos neste caso. As suas preferências nessa questão deveriam ter sido levadas em consideração desde o começo. - Ele prendeu uma mão à outra nas costas. - A esse respeito, eu fui... eu estava...


- Errado? - sugeriu ela.


- Precipitado.


- Claro - concordou ela imediatamente, aceitando a descrição dele. - Como ficam as coisas agora?


          Ele deu um puxão na bainha do colete.


- É o caso de fazer uma concessão. Concordo em permitir que a sua preferência seja o fator decisivo. Porém, insisto em determinadas condições.


          Dulce suspirou, aliviada.


- Que condições?


- Todo homem, sem exceção, com quem a senhorita se encontrar deve ter a minha aprovação antes de a senhorita ter qualquer coisa a mais com ele. E esteja certa de que Anahí estará bem informada sobre que tipo de homem eu considero aceitável. Nada de ferreiros. Nada de poetas, nada de pintores, nada de libertinos ou patifes de qualquer tipo.


          Ela simulou decepção.


- É uma pena. Eu sempre quis que um libertino se apaixonasse por mim. É o sonho de toda mulher.


- E as mulheres não entendem por que nós, homens, achamos o seu sexo totalmente desconcertante.


- Garanto-lhe, não vou me apaixonar por um libertino. Não, nada disso. - Ela suspirou de forma sonhadora. - Mas seria emocionante se um libertino se apaixonasse por mim.


- Para mim, senhorita já teve emoção suficiente na vida.


- É realmente impossível brincar com o senhor - disse ela, com um suspiro exasperado. - Quais são as suas outras condições?


- Obviamente, o homem em questão tem que desejar se casar com a senhorita - disse ele, começando a reunir os papéis sobre a mesa. - Além disso, todas as exigências do príncipe Fernando devem ser atendidas: um nobre católico, com título de nobreza e não apenas um cavaleiro, que tenha propriedades, fortuna e ligações respeitáveis. E o prazo continua o mesmo. O seu pai chega em menos de seis semanas. A senhorita tem até então para encontrar um homem aceitável para nós dois.


-Mas...


- Seis semanas. - Ele colocou os documentos na pasta de couro que estava aberta sobre a mesa e olhou para ela com expressão dura e resoluta. - Se a senhorita não tiver escolhido um homem em particular entre os nossos pretendentes até então, eu escolho um para a senhorita.


          Dulce não sabia se esse tempo seria suficiente para encontrar o homem que queria, mas sabia que não poderia pressioná-lo a ir além daquele ponto.


- Concordo com as suas condições.


- Excelente. Agora, como é muito tarde, creio que vou para a cama. - Ele fechou a pasta e, pegando-a pelas alças, inclinou-se, passou por Dulce e saiu da sala.


          Provavelmente foi bom para os dois que ele não ouvisse as palavras que ela disse em seguida:


- Concordo - repetiu ela em um sussurro voltado para a porta da sala. - Por enquanto.



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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