Fanfics Brasil - Capítulo VII - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo VII - Parte II

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          Ele percebia a dureza da própria voz.


          Ela também percebeu, e se inclinou para trás para melhor olhá-lo no rosto.


- Desculpe se o ofendi - murmurou, com os olhos muito abertos fixados nos dele.


          Christopher se virou para o outro lado.


- É melhor nós voltarmos para a festa - disse ele, dirigindo-se à marquise sem olhar para trás para ver se ela o seguia. Havia um limite para as tentações às quais um homem podia resistir.


          Dulce logo descobriu que a estratégia de Christopher para lhe encontrar um marido era como jogar lama contra um muro. Algum acabaria grudando. E lama, pobrezinha, não era o tipo de coisa que o seu sensual coração italiano esperava.


          Durante a quinzena seguinte ao concerto de Lady Kettering, Lorde Haye, Lorde Montrose, Lorde Blair, Lorde Walford e cerca de uma dúzia de outros pretendentes freqüentemente tomaram o caminho de Portman Square. Dulce não estava inclinada por nenhum deles, e apesar de Anahí ter lhe garantido que a familiaridade muitas vezes fazia uma pessoa mudar de opinião em questões do coração, duas semanas de visitas desses cavalheiros não mudaram a de Dulce.


          Ela recebeu atenção masculina o suficiente para satisfazer qualquer mulher, mas, por mais que gostasse de ser cortejada, começou a se abster disso. Não queria encorajar esses homens ou magoá-los. Ela tentou mostrar-se mais desinteressada e distante, mas uma triste verdade sobre os homens é que quanto menos interesse uma mulher mostra por eles, mais enamorados eles ficam.


          Ainda mais triste para Dulce era o fato de que o homem responsável por esse desfile de solteiros nunca estava por perto. Dizendo a Anahí que tinha questões diplomáticas importantes a tratar, Christopher deixou para a cunhada toda a responsabilidade de apresentar Dulce à sociedade. Quando tinha alguma chance de vê-lo, ele se mostrava tão reservado e desinteressado que ela ficou convencida de que a centelha de fogo que vira nos olhos daquele homem não tinha passado de um efeito de luz ou da sua imaginação.


          Apesar da admiração que lhe dedicavam muitos dos homens solteiros da sociedade londrina, as damas não eram tão generosas, fato que aquelas duas semanas tornaram dolorosamente claro. A família Uckermann recebeu alguns convites que a incluíam, mas Dulce sentia a frieza das outras mulheres em toda parte aonde ia. Ela não queria admitir para si mesma como doía ser condenada ao ostracismo, mas deu por si confidenciando esses sentimentos para Isabel uma noite, durante um jogo de xadrez.


- Por que você se importa com o que elas pensam? - perguntou Isabel.


- Seria ótimo ter amigas neste país, já que vou viver aqui o resto da minha vida.


- Elas estão apenas com ciúme - retrucou Isabel movendo um cavalo e comendo o bispo de Dulce. - Você é mais bonita do que todas elas. E muito mais divertida.


- Grazie, Isabel. - Dulce fez o movimento seguinte totalmente consciente de que se tratava de uma jogada imprudente e arriscada. Ela sorriu para a sua pequena defensora. - Esse foi o melhor elogio que eu já recebi.


- Vindo da minha filha, é uma glorificação - disse Alfonso, interrompendo a carta que escrevia. - Ela é muito parcimoniosa em manifestar uma boa opinião sobre qualquer pessoa. Eu levei uma eternidade para receber um elogio. Anahí também. E Christopher.


- Mr. Uckermann, suspeito que seja a minha capacidade de lhe ensinar violão o motivo da simpatia dela por mim.


- Não é verdade! - protestou Isabel. - Eu gosto de você de verdade. Você não é boba como a maioria das moças. Você não fica se alvoroçando de um lado para outro aos risinhos, nem diz coisas maldosas pelas costas das outras pessoas. Lady Belinda é a pior de todas.


- Isabel! - exclamou Anahí, baixando o bordado que tinha nas mãos com uma risada. - Você não deve falar essas coisas. Não é adequado.


- Minha sobrinha está se comportando mal novamente? - Christopher entrou na sala com um maço de papéis nas mãos. Ele sorriu para a garotinha ao cruzar a sala em direção à mesa de Alfonso. - Por que é que isso não me deixa surpreso?


- Eu não estou me comportando mal, tio Christopher. Honestamente. É só que essas senhoras estão sendo maldosas com Dulce, e isso não está certo.


- Maldosas? - Ele parou ao lado da cadeira de Alfonso e olhou para Dulce. - O que elas fizeram?


- Não é nada - respondeu ela. - Isabel está exagerando.


          Ele aceitou a palavra dela e se voltou para o irmão, entregando-lhe os papéis.


- Alfonso, dê uma olhada nessas despesas de Plumfield. São comparáveis ao que você paga no Nightingale`s Gate ou acha que são altas demais?


          Enquanto Alfonso fazia o que ele pedia, Christopher voltou a atenção para a sobrinha.


- Você não está exagerando, Isabel?


- Não! Elas são maldosas. - Ela moveu o seu bispo, como Dulce imaginava. - Xeque-mate!


- O quê? - Dulce olhou fixamente para o tabuleiro, simulando surpresa. - Como você conseguiu isso?


          Rindo, a menina se voltou para o tio, que se encontrava do outro lado da sala.


- Veja, tio Christopher. Venci Dulce no xadrez. Eu não ganho do senhor, mas ganhei dela, e ela é boa nisso. Realmente boa.


          Ele olhou de relance para Dulce com um ar de perplexidade, mas tão rápido que ela ficou em dúvida.


- Sim, Miss Saviñon joga muito bem - concordou ele. - Se você ganhou dela, Isabel, isso é uma vitória e tanto.


          Dulce voltou a atenção para a menina à sua frente.


- Eu jurava que tinha encurralado você.


- Nem um pouco.


- Você me distraiu - Dulce a acusou. - Nós começamos a conversar sobre as senhoras e você me distraiu do jogo.


- Eu não! - Isabel sorria, obviamente encantada com a sua vitória. - Eu a venci legitimamente e sem sombra de dúvida. Venci ou não venci? Reconheça.


          Dulce suspirou, afundando-se na cadeira.


- Venceu - confessou ela com a sua melhor expressão de de salento. - E eu não percebi o que estava acontecendo. Eu devia prestar mais atenção.


- Distraiu-se durante o jogo, Miss Saviñon? - provocou Christopher. - A senhorita parece deixar que isso aconteça com freqüência.


- Temo que sim - concordou ela docemente, mordendo os lábios.


          Christopher andou na direção delas, como que para estudar o tabuleiro, e Dulce sentiu uma pontada de alarme. Ele poderia começar a fazer perguntas sobre o andamento do jogo, e Isabel perceberia a verdade. Mas ele mal tinha dado um passo na direção delas quando Alfonso o chamou. Christopher voltou a atenção para o irmão e, com um suspiro silencioso de alívio, Dulce começou a rearranjar as peças do xadrez, para esconder as evidências de sua derrota deliberada.


- Essas despesas me parecem razoáveis - disse Alfonso. - Os preços subiram nos últimos anos.


- Preciso voltar para Londres com mais freqüência, ao que parece. - Christopher mais uma vez se aproximou da mesa de xadrez, mas quando viu que Dulce já tinha recolocado as peças em seus lugares originais, voltou-se para a cunhada. - Anahí, talvez você deva me dizer o que está acontecendo com as senhoras da sociedade.


          Anahí levantou os olhos de seu trabalho de agulha, mas hesitou antes de responder. Deu uma olhada para Dulce, voltou a atenção para Christopher e disse:


- Talvez devamos discutir isso em uma outra ocasião.


          Sabendo que era a presença dela que fazia Anahí hesitar, Dulce falou:


- Eu quero saber. Por que elas não gostam de mim?


- Gatas ciumentas - decretou Isabel.


- Isabel - disse Anahí -, suba e diga a Molly que está na hora do seu banho.


          A menina começou a protestar, mas Anahí a interrompeu:


- O jantar é dentro de uma hora. Vá logo.


          Isabel escorregou para fora da cadeira.


- Eu nunca posso ouvir nenhuma fofoca interessante - resmungou ela dirigindo-se para a porta.


          Anahí esperou até ter certeza de que Isabel estava no primeiro andar antes de falar.


- Alfonso e eu normalmente recebemos diversos convites durante a temporada, mas as matronas não têm nos convidado muito ultimamente. - Ela olhou para Dulce como que se desculpando. - Existe, portanto, uma falta de aceitação. Parte disso se deve à posição de Miss Saviñon.


- Por eu ser ilegítima? - o queixo de Dulce se levantou. - Ou por eu ser filha de Blanca?


- Os dois, lamento dizer. Eu também concordo com o ponto de vista de Isabel sobre os ciúmes. É uma coisa compreensível. Elas se ressentem de que Dulce, uma moça estrangeira e cuja mãe é uma cortesã, receba tantas visitas de cavalheiros e seja admirada por eles. Em toda parte aonde eu vou - livrarias, parques e galerias de arte - os homens manifestam desejo de ser apresentados a ela.


          O marido gemeu.


- E esses são os que não a encontraram. Anahí, minha querida, os homens que já foram apresentados me abordam no Brooks`s Club para falar de Miss Saviñon.


- É mesmo? - perguntou Dulce.


- O que eles dizem?


- Eles me fazem perguntas sobre a senhorita - respondeu Alfonso, virando-se na cadeira para olhar para ela. - Quais as flores de que a senhorita gosta e quem são os seus poetas favoritos - como se eu soubesse essas coisas! Eu sugiro que eles lhe perguntem. Ou, se não conseguem juntar coragem para tanto, que pesquisem junto a Anahí. Eles falam com entusiasmo, Miss Saviñon, sobre a sua beleza, a sua inteligência e o seu sotaque encantador. Se eu ouvir mais uma descrição dos seus olhos de chocolate e dos seus lábios de cereja, serei obrigado a me recolher ao campo.


- Eles estão dizendo essas coisas? - perguntou Christopher, mordaz.


- O tempo todo. Se parar de trabalhar um pouco e circular pela cidade, você vai ver por si mesmo. - Ele fez uma pausa, levantando os olhos para o irmão. - Pensei que você ficaria feliz com isso, Christopher.


- Estou feliz.


- Então por que está com essa cara fechada?


          Christopher demorou um momento para responder.


- Essa questão dos convites das matronas me preocupa - disse finalmente. - E preciso resolver isso. Mas fico satisfeito de saber que Miss Saviñon tem tantos pretendentes. - O rosto dele se desanuviou e ele fez um gesto de cabeça na direção dela. - È um bom sinal.


          Dulce franziu as sobrancelhas enquanto Christopher se afastava. Ficar rodeada de homens só seria um bom sinal se ela tivesse um mínimo de desejo por qualquer um deles. E Christopher tinha que ficar tão satisfeito com isso? Realmente, pensou ela, magoada, um homem com qualquer paixão dentro de si teria um pouquinho de ciúme.


          Christopher parou à porta e se voltou.


- Anahí, para integrar Miss Saviñon na sociedade, é imprescindível que as matronas tenham uma boa opinião dela, você não concorda?


- Concordo.


          Ele bateu com os papéis na palma da mão, perdido em seus pensamentos. Dulce se perguntou com que maquinação ele surgiria, mas o suspense não durou muito.


- Alfonso, acredito que, para variar, você desta vez me deu um bom conselho.


- Eu sempre lhe dou bons conselhos. Só que você não costuma me dar ouvidos.


          Christopher ignorou o comentário.


- Eu realmente preciso circular mais pela cidade. Acredito que esteja na hora de visitar algumas das matronas e começar a falar sobre o meio-irmão de Miss Saviñon.


- Antonio? - Dulce olhou para ele, perplexa. - Qual poderia ser o objetivo de mencioná-lo?


- O príncipe Antonio é um homem muito importante. Ele é o futuro soberano de Bolgheri e neto do rei das Duas Sicílias. Ele sempre quis vir para Londres, naturalmente.


- Antonio vem a Londres? - perguntou Dulce, surpresa.


          Christopher levantou uma sobrancelha.


- Eu disse isso?


          Ela viu aquele seu sorrisinho no cantos da boca, e de repente entendeu.


- O senhor é esperto - acusou ela, mas em tom de admiração. - Estou vendo aonde o senhor está querendo chegar.


- Não entendi - disse Anahí. - O que o seu meio-irmão tem a ver com tudo isso?


          Dulce olhou para Anahí.


- Antonio - explicou - ainda não é casado. E é muito bonito.


- Ah!- Alfonso começou a rir. - Estou vendo você, Christopher, nas salas de estar de todas as matronas com filhas e irmãs em idade de casar, tomando chá e sugerindo que o príncipe Antonio está procurando uma noiva inglesa. Sem dúvida você vai mencionar a afeição dele por sua cara meia-irmã Dulce.


- Só vou dizer o que for verdade - disse Christopher com dignidade. - Não é culpa minha se as outras pessoas permitem que sua imaginação preencha os detalhes que estão faltando.


- Quais são as outras estratégias que você tem em mente para conseguir que Miss Saviñon seja aceita na sociedade? - perguntou Alfonso, curioso.


- Algo não tão sutil, caro irmão. Pretendo recorrer à artilharia pesada. - Christopher estudou Dulce, que estava do outro lado da sala, por um momento. - Anahí, ouvi dizer que a duquesa de Tremore finalmente chegou à cidade. Acho que Miss Saviñon deveria conhecê-la.



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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