Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.
Capítulo VIII
Estava bem claro que Christopher não tinha intenção de perder tempo para pôr seus planos em prática, já que na tarde do dia seguinte a duquesa de Tremore apareceu para uma visita. Ele tinha se referido a ela como a "artilharia pesada", mas, pelo menos na aparência, a duquesa não se encaixava nem um pouco nessa descrição. Dulce havia imaginado uma matrona robusta e de meia-idade, mas, na realidade, a duquesa era uma mulher jovem e esbelta, com um sorriso acolhedor e lindos olhos azul-violeta protegidos por óculos de aro de ouro. Dulce não via como uma mulher de maneiras tão suaves poderia forçar a sociedade a aceitá-la, mas tinha aprendido que, quando se tratava de estratégia, Christopher sabia o que estava fazendo.
A duquesa obviamente tinha uma grande intimidade e amizade com Anahí. Quando entrou na sala, as duas se abraçaram como irmãs.
- Maite, como está você? - Anahí lhe perguntou. - E como está o bebê? A última vez que eu vi Christian, ele me disse que a sua recuperação havia sido difícil, mas as suas cartas não falam nada sobre você ter ficado doente.
- Porque não havia nada do que falar. Eu tive um resinado logo depois do parto - um resinado forte, sim, mas nada mais que isso. Você sabe como Christian fica atarantado com essas coisas. Ele se recusava a vir para Londres e assumir a sua cadeira na Câmara até que eu estivesse suficientemente bem para vir com ele, mas não permiti que ele fizesse uma coisa dessas. Ele ficava me rodeando o tempo todo e me deixando tão maluca, que eu lhe disse que se ele não viesse para Londres para eu poder me recuperar em paz, eu ia acabar dando um tiro nele.
- E como vai a pequena Rosalind?
- Não tão pequena agora. Ela nasceu prematura de oito meses, com apenas 2,3 kg, mas nos dois meses seguintes ficou uma bolinha. - Ela deu uma olhada para Dulce. - Anahí, você não vai me apresentar sua nova amiga?
- Esta é Miss Saviñon - disse Anahí. - Dulce, quero lhe apresentar a duquesa de Tremore.
- Sua Graça - disse Dulce, fazendo uma reverência.
- Quando Christopher veio me ver hoje de manhã - disse a duquesa -, ele me falou de sua situação, Miss Saviñon.
Dulce deu um sorriso triste para a duquesa.
- Temo ter me tornado o maior incômodo para Christopher.
- Não foi isso que ele disse. Ao que parece, as senhoras da sociedade é que estão sendo inconvenientes. - Ela se sentou na cadeira mais próxima e esperou Anahí e Dulce se sentarem também antes de voltar a falar. - Anahí, você e Christopher não precisam se preocupar com isso. - Ela olhou para Dulce. - Fazer com que a senhorita seja aceita pelas damas da sociedade, Miss Saviñon, vai ser muito simples.
- Você tem algum plano, Maite? — perguntou Anahí.
- Tenho. Christopher suspeita que diversas dessas destacadas senhoras virão visitá-la hoje à tarde, porque ele está espalhando para todos uma história sobre o belo meio-irmão de Miss Saviñon. Sugiro que nós três passemos uma tarde longa e divertida bem aqui, recebendo visitas.
- Vou pedir chá - disse Anahí, puxando o cordão do sino. -Suponho que a sua carruagem esteja aí na frente.
- Claro, onde toda senhora que passar possa ver o brasão de Tremore. - Ela se voltou para Dulce. - Nos próximos dias, nós três faremos algumas visitas. Naturalmente, também vamos passear de carruagem, fazer compras em Bond Street, esse tipo de coisas. É importante que a senhorita seja vista, Miss Saviñon.
- A sua ajuda e essa história do príncipe Antonio serão suficientes? - perguntou Anahí. - Você sabe como as senhoras despeitadas podem ser em relação a essa questão da mãe de Dulce.
A duquesa não pareceu estar nem um pouco preocupada.
- Enquanto estivermos trocando visitas, vou dar seqüência ao trabalho de Christopher fazendo algumas alusões ao seu meio-irmão, Miss Saviñon. Também vou mencionar casualmente as festas que estou programando. - Ela se recostou na poltrona com uma expressão complacente. - Christopher me pediu para dar uma grande festa em sua honra em Tremore Hall, minha casa de campo, no final da temporada, em fins de julho, mas estou pensando em fazer algo mais antes disso. Estou pensando em dar uma festa aquática. O novo iate de Tremore, o Cleópatra, está atracado em Chelsea, sabe?
Dulce não entendeu direito o que o iatismo tinha a ver com o fato de conseguir que ela fosse aceita pela sociedade, mas Anahí desatou a rir, compreendendo imediatamente.
- E o seu marido tem sido muito seletivo na escolha de quem pode navegar no iate dele. Até agora, os poucos convites feitos por ele foram apenas para seus amigos mais próximos. Seus amigos do sexo masculino, é bom lembrar. Mesmo eu ainda não tive permissão de subir a bordo, apesar de Alfonso ter saído com ele duas vezes.
- Que pena que eu estivesse no campo - disse a duquesa. - É uma frustração tão grande para as senhoras... - E acrescentou, voltando-se para Dulce: - Meu marido me informou que estão circulando os rumores mais absurdos sobre o Cleópatra. As senhoras estão morrendo de vontade de saber se o iate realmente tem afrescos romanos inconvenientes na cabine principal, e se é verdade que eu mandei instalar uma banheira de mármore rosa. Acho que está na hora de dar uma festa aquática e satisfazer a curiosidade delas. Miss Saviñon, espero que a senhorita não tenha enjôos em embarcações.
Naquela noite, Dulce se refugiou na biblioteca com um livro, mas era impossível ler. A atenção dela se desviava a toda hora do romance que tinha no colo para os acontecimentos daquela tarde e para o homem que os provocara.
Christopher tinha passado o dia ocupado. Enquanto a duquesa de Tremore estava em Portman Square, muitas outras pessoas também tinham dado uma passadinha por lá. Lorde Haye fez uma visita - o que não era incomum, já que ele aparecia quase todos os dias -, mas naquele dia ele estava acompanhado pelas duas irmãs. Lorde Blair também apareceu, e, infelizmente, Lady Belinda também foi. Lorde Montrose trouxe a mãe e a irmã.
Felizmente, Dulce tinha talento de atriz. Passou a maior parte da tarde dando arrulhos de amor e afeição em relação ao seu caro meio-irmão, com quem ela só havia falado duas vezes na vida.
Sim, tudo ia ser exatamente como Christopher havia previsto. Com esse pensamento veio uma sensação aguda de solidão, um sentimento tão súbito que a assustou. Aquelas mulheres não estavam interessadas em serem suas amigas. Não gostavam dela. Elas queriam o seu irmão, o príncipe.
Quanto aos homens, era agradável ser admirada, mas isso não era o suficiente. E se algum deles realmente lhe declarasse o seu amor, como ela poderia ter certeza de que era a ela e não ao seu dinheiro que eles amavam? Quanto aos seus próprios sentimentos, ela não passou a gostar nem um pouco mais de Haye, Montrose, Blair, Walford ou qualquer outro dos pretendentes que a visitavam do que quando os conhecera. Nenhum deles parecia ter aquilo que ela mais desejava.
"Os homens ingleses são capazes das paixões mais profundas, pode acreditar no que eu digo."
Absurdo, pensou ela, aborrecida, ter meia dúzia de admiradores e só conseguir pensar em um homem que não a admirava nem um pouco.
Ela devolveu o livro a seu lugar e começou a examinar as prateleiras em busca de algo interessante o suficiente para mudar a direção de seus pensamentos e ocupar a sua mente, mas foi inútil.
Olhava as fileiras de livros, mas era a imagem de Christopher no jardim de Lady Kettering que lhe vinha à mente. Ele estava absolutamente rígido e controlado, e ainda assim ela percebera a paixão que havia ali, fervendo debaixo da superfície. Era como a lava quente de um vulcão.
- Procurando um livro outra vez?
O som da voz dele foi tão inesperado que ela pulou.
- Per Bacco! - exclamou ela, voltando-se rapidamente. - O senhor me assustou.
- Mil desculpas.
- O senhor veio aqui para trabalhar? - perguntou ela, notando a pasta de couro na mão dele quando Christopher cruzou a sala em direção à mesa.
- Sim, embora eu já tenha trabalhado o dia todo. - Ele deu a volta ao redor da mesa de trabalho e pôs a pasta sobre ela. Em seguida, tirou o casaco azul e o pendurou nas costas da cadeira. - Tive uma tarde muito produtiva.
- Eu soube. Recebi uma porção de visitas. As damas da sociedade começam a me aceitar, ao que tudo indica.
Ele fez uma pausa no ato de retirar documentos de sua pasta.
- A senhorita não parece contente com isso. Qual o problema? Pensei que quisesse que as damas gostassem da senhorita.
Ela deu de ombros.
- Não é de mim que elas gostam. Elas fazem de conta porque querem conhecer Antonio e impressionar a duquesa. Eu quero que gostem de mim por mim mesma.
- Dê tempo ao tempo, Miss Saviñon. A senhorita fará amigos genuínos. A aceitação vem primeiro.
Ela suspirou e se virou, apoiando as costas na estante.
- A paciência nunca foi um dos meus talentos.
Isso o fez sorrir.
- O que a senhorita achou da duquesa?
- Ela foi muito amável comigo. Gostei dela. Ela tem planos de dar o que os senhores chamam de uma festa aquática.
- Ah, sim, no novo iate de Tremore. Excelente! Creio que a senhorita vai receber muitos desses convites de agora em diante.
- Também acho que sim. Eu estava certa sobre o senhor o tempo todo, Christopher. Somos as suas peças de xadrez, e o senhor nos move de um lado para outro.
- Estranho, já que eu sinto que sou eu quem está sendo manipulado. - Ele fez uma pausa por um momento, mas antes de ela poder perguntar-lhe o que ele queria dizer com isso, Christopher voltou a falar: - Isabel realmente a derrotou no xadrez ontem à noite?
Ela lhe deu as costas e retomou a busca por um livro.
- O senhor viu por si mesmo.
- Isabel, apesar de ser uma boa jogadora para a idade dela, não é páreo para uma jogadora da sua habilidade.
- Eu me distraí.
- Distraiu-se coisa nenhuma - ele resmungou. - A senhorita a deixou vencer, não foi?
Ela olhou para ele.
- Se eu deixei, o que tem isso? Ela e eu agora somos as melhores amigas.
- Foi por isso que a senhorita deixou? Para conquistar a amizade dela?
Dulce deu de ombros e voltou a atenção para os livros.
- Permitir que ela ganhasse lhe agradou e não me custou nada.
- A senhorita me deixou vencê-la?
Ela se virou, surpresa, pronta a negar enfaticamente, e o encontrou observando-a com o rosto fechado, as mãos nos quadris, os olhos apertados. Ela engoliu a negativa precipitada que estava prestes a dizer e se virou, pensando melhor no assunto. Ele acreditava que ela poderia ter perdido de propósito, e não gostava disso. Não gostava nem um pouco.
- Deixou? - insistiu ele.
Ela permaneceu em silêncio, e ele começou a cruzar a sala em sua direção. Ela se afastou até as estantes mais distantes.
- Eu quero saber - disse ele, seguindo-a enquanto ela rodeava a mesa de sinuca. - Na noite em que jogamos xadrez, eu pensei que a senhorita se distraíra no meio do jogo, mas isso não teria sido apenas um espetáculo e eu, a platéia?
Ele parecia estar com raiva diante da possibilidade de ela ter perdido deliberadamente. Dulce concluiu que essa oportunidade de alfinetá-lo era simplesmente boa demais para deixá-la passar, pois assim poderia ver aquele fogo nos olhos dele novamente. Ela parou ao lado da mesa de sinuca. Com os olhos baixos e fixos na superfície de feltro verde, deixou que vários segundos se passassem antes de perguntar:
- Por que eu deixaria o senhor vencer de propósito?
- Para me agradar, me enfeitiçar, fazer com que eu ficasse do seu lado. Para conseguir fazer as coisas do seu jeito.
- Se esse foi o meu motivo - disse ela, levantando os olhos para ele e sorrindo -, funcionou, não funcionou? Agora eu posso escolher o meu marido.
- Desde que com a minha aprovação - ele a fez lembrar-se. - Posso mudar de idéia quanto a isso.
- O senhor não vai mudar de idéia. Não seria certo, e o senhor sempre faz o que é certo. Foi o senhor mesmo quem me disse isso.
Como se isso encerrasse a questão, ela mudou de assunto.
- Eu sempre quis aprender a jogar este jogo - disse ela, empurrando as bolas de sinuca com os dedos, como quem não quer nada. Pegou a vermelha da mesa e se virou, olhando para ele. - O senhor me ensina?
A determinação do rosto dele deixou claro que ele não estava nem um pouco impressionado com a tática diversiva dela.
- Esqueça a sinuca - disse ele, tirando a bola da mão dela e pondo-a de volta na mesa. - Eu quero saber do xadrez. A senhorita perdeu o nosso jogo de propósito?
- Eu só perco para pessoas que eu quero que gostem de mim.
Isso o deixou confuso. As sobrancelhas dele se juntaram.
- A senhorita não quer que eu goste da senhorita?
- Eu acho que o senhor é um caso perdido. O senhor nunca vai gostar de mim.
Ele baixou os cílios escuros enquanto olhava para a boca de Dulce.
- Nunca, Miss Saviñon, é muito tempo.
Autor(a): raaayp
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Alguma coisa na voz dele e a forma como ele olhava para a sua boca fizeram com que as entranhas de Dulce começassem a tremer de excitação - e quando ele levantou os olhos, lá estava a centelha. Aquela fagulha, cintilando tão rápida como o brilho de um relâmpago, dava &agrav ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 592
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minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52
Maravilhosa,já li bastante.
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stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41
Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04
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