Fanfics Brasil - Capítulo VIII - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo VIII - Parte II

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          Alguma coisa na voz dele e a forma como ele olhava para a sua boca fizeram com que as entranhas de Dulce começassem a tremer de excitação - e quando ele levantou os olhos, lá estava a centelha. Aquela fagulha, cintilando tão rápida como o brilho de um relâmpago, dava àqueles olhos cinzentos um quê que lembrava fogo e fumaça cor de prata. O olhar dele era tão intenso que ela se sentiu quente e trêmula imediatamente.


          Como, perguntou-se ela, toda confusa, pudera algum dia achar que os olhos dele eram frios? Nunca mais cometeria esse erro. Nunca mais acharia que aquele olhar era um efeito de luz ou uma ilusão da imaginação.


          Lembrou-se de como ele tinha posto as mãos nos seus quadris naquele dia no jardim de Lady Kettering para evitar que ela caísse, de como ele tinha recuado bruscamente, recompondo-se, sempre preocupado em portar-se como um cavalheiro. O que seria preciso para fazer com que as paixões tão controladas chegassem à superfície? Esse poderia ser um jogo perigoso.


- Pare de tergiversar - ordenou ele, interrompendo as deliciosas especulações dela - e responda à minha pergunta.


- Por que deveria eu? - retrucou ela. - Não importa o que eu disser, o senhor não vai acreditar.


- Convença-me. Deus sabe - acrescentou ele com a voz áspera - que a senhorita sabe convencer um homem de qualquer coisa.


- Não o senhor.


- Mesmo eu. - Ele se inclinou para ela e envolveu-lhe as maçãs do rosto com a mão. Perturbada, ela se perguntou se ele iria beijá-la. Se beijasse, ela não corresponderia, decidiu enquanto fechava os olhos. Ele não merecia. Mas quando ele passou o dedo levemente pela sua boca, ela começou a mudar de idéia. Talvez ela retribuísse o beijo dele. Os lábios dela se separaram. Talvez.


- Mas - continuou ele, enquanto o seu polegar lhe acariciava a boca - a senhorita não teria escrúpulos quanto a perder de propósito se achasse que isso lhe daria alguma coisa. - Com um gesto brusco, ele a soltou e deu um passo para trás. - Eu quero disputar aquele jogo novamente.


          Ela abriu os olhos e teve dificuldade em recuperar a razão.


- O quê?


- Eu quero um novo jogo. - Ele cruzou os braços contra o peito, inflexível. - É a única forma de eu saber.


          Dulce sentiu uma decepção ridícula. Ele não tinha nem mesmo tentado beijá-la. Accidenti! Isso era um insulto. O mínimo que ele poderia ter feito era tentar.


- Não - disse ela, sentindo uma enorme satisfação em recusar. Não vou lhe dar uma nova disputa daquele jogo.


- Sua recusa significa que eu a derrotei de verdade e que a senhorita não quer perder para mim pela segunda vez.


- Pode achar o que bem entender. - Fingindo indiferença, ela deu um grande bocejo e bateu de leve na boca com os dedos. - Estou muito cansada e, se o senhor não se importa, vou para a cama. Afinal de contas - acrescentou ela afastando-se -, é exaustivo ter tantos homens disputando a minha atenção o tempo todo. Boa noite.


          Se ela pensava que ele deixaria que a sua recusa em jogar xadrez com ele passasse sem conseqüências, estava enganada. Ele só falou quando Dulce já estava na porta.


- Um novo jogo, Miss Saviñon. Ou então eu me vingarei.


          Ela parou e se voltou.


- Que tipo de vingança?


- Homens feios. - Ele deu um sorriso. - Homens velhos e feios.


- Mas nós concordamos que eu poderia escolher entre os meus pretendentes.


- Com a minha aprovação. Seria horrível para a senhorita se qualquer pretendente com menos de sessenta anos fosse eliminado da lista. - Ele inclinou a cabeça como se tivesse acabado de ter um pensamento súbito. - Naturalmente, poderíamos manter Walford. Ele tem apenas trinta e nove, mas é baixo.


- O senhor está sendo impossível! O que importa um jogo de xadrez em comparação com o meu futuro?


- Isso é um sim ou um não?


- Homens! Os senhores são tão infantis em relação a essas coisas!


- Xingar-me não vai adiantar nada.


          Ela nunca conseguia entender o que ele realmente pretendia dizer. Christopher poderia estar blefando e poderia estar falando sério. Dulce respirou fundo. Pense, disse ela a si mesma. Use a estratégia. Estratégia feminina.


          Os olhos dela passaram por ele e viram a mesa de sinuca. Com uma inspiração súbita, ela imaginou o que seria jogar sinuca com ele. Dulce teria que se inclinar sobre a mesa, não teria? Ele teria que lhe mostrar como segurar o taco, não é mesmo? A possibilidade de acender aquela paixão dentro dele era um desafio irresistível. Além disso, ele não estava sendo nem um pouco razoável em relação a um jogo de xadrez bobo.


- Tudo bem - disse ela, levantando as mãos como que capitulando. - O senhor venceu. Eu vou lhe dar o seu novo jogo para tirar a dúvida no xadrez. Mas... - Fez uma pausa, e foi a sua vez de sorrir - ... tenho uma condição.


- Que condição?


- O senhor vai me ensinar sinuca primeiro.


          Christopher ficou tenso, parecendo pouco à vontade.


- Não acho uma idéia sensata - disse ele tentando ajeitar a gravata e deixando-a torta.


          Dulce o observava. Percebeu que ele estava pensando o mesmo que ela, e que isso o deixava nervoso. Maravilha! Ainda havia esperança para ele.


- Ensine-me a jogar sinuca, inglês, e eu concordarei com um novo jogo de xadrez - disse ela. - Ou então, não, e o senhor pode me mandar todos os homens feios que bem entender. Já tenho muitos pretendentes que não são feios. - Com o sorriso mais doce do mundo, ela acrescentou: - Tenho certeza que um deles ficaria feliz de me ensinar sinuca.


          Antes que ele pudesse responder, ela desapareceu porta afora.


          O Cleópatra era um iate de três mastros, com dezesseis tripulantes. A cabine principal não tinha afrescos inconvenientes, para decepção de muitas damas, mas elas se sentiram recompensadas com o fato de realmente haver uma banheira de mármore rosa. O iate também possuía uma sala de jantar onde uma grande variedade de comes e bebes estava à disposição dos poucos privilegiados que haviam sido convidados para a festa aquática oferecida pelo duque e pela duquesa de Tremore. Os hóspedes podiam se servir de pato e presunto frios, frutas exóticas da famosa estufa do duque, champanhe gelado e minúsculas trufas de chocolate. Também podiam passear pelo largo tombadilho ou conversar uns com os outros. Podiam dançar no tombadilho superior, onde havia um quarteto de cordas tocando.


          Dulce participava de todos esses prazeres e os aproveitava totalmente. Mas, ao pôr do sol, ela voltou para a popa do navio sozinha e debruçou-se sobre o parapeito para ver os últimos raios do sol desaparecerem além do horizonte, enquanto o iate deslizava pelo Tâmisa, voltando para Londres.


          O duque e a duquesa eram anfitriões agradáveis, o clima estivera ótimo o dia inteiro e a festa era considerada um tremendo sucesso por todos os convidados, com exceção de Christopher. Ele não poderia avaliar a festa porque não deu o ar da graça. Na verdade, desde que o desafiara, três dias antes, Dulce nem mesmo o vira. Ele a evitava, sem dúvida. Obviamente, não achava que ensiná-la a jogar sinuca fosse uma idéia atraente.


          Dulce se sentia bem deprimida.


- Miss Saviñon, por que a senhorita está aqui atrás tão sozinha?


          Ela se voltou ao som da voz de Lorde Haye.


- Gosto do pôr do sol.


- Está muito bonito. - Ele se aproximou e parou ao lado dela. - Um dia ótimo, maravilhoso para uma festa aquática.


- Sim. - O tempo, pensou ela, entorpecida, era um ótimo assunto.


- Por que a senhorita gosta do pôr do sol? - perguntou ele. A pergunta inesperada a surpreendeu.


- Porque é lindo. Quente, vibrante, colorido, cheio de vida.


- Eu gosto do pôr do sol pelas mesmas razões - comentou ele, voltando-se para Dulce. - É por isso que eu gosto da senhorita.


          Ela abriu a boca para dar uma resposta superficial pouco sincera, mas, prestando mais atenção nele, viu que ele a olhava com admiração sincera e genuína.


- Muito obrigada, milorde - disse ela. - Esse é um dos maiores elogios que eu já recebi.


          Ela se voltou novamente em direção ao pôr do sol, e ele fez o mesmo. Os dois ficaram em silêncio, observando o sol desaparecer e o crepúsculo descer sobre a água. Na luz que ia diminuindo, ela deu subrepticiamente algumas olhadas rápidas para o perfil dele, estudando-o enquanto ele olhava para a água. Apesar de sua impressão inicial a respeito do queixo dele, Lorde Haye não era um homem sem atrativos. Da mesma altura que ela, tinha cabelo loiro cor de areia, olhos cor de avelã e um rosto agradável. Na verdade, tudo nele era agradável.


          "Agradável", pensou ela melancolicamente, "é uma coisa boa. Não é?"


- Parece que estamos a sós - disse Haye, interrompendo os pensamentos dela.


          Ela olhou ao redor e viu que não havia ninguém à vista.


- Sim - concordou ela. - Parece que nós somos os únicos a gostar do pôr do sol.


- Miss Saviñon - disse ele com uma voz mais animada, voltando-se novamente para ela -, eu venho esperando um momento como este, e devo aproveitá-lo. A senhorita deve saber que eu a admiro enormemente.


          Para surpresa de Dulce, ele pegou a sua mão.


- Milorde... - murmurou ela, dando uma outra olhada ao redor. Tentou tirar a mão, mas ele foi rápido e a segurou.


- Sei que não deveria ser tão ousado - continuou ele -, mas não posso evitar. A sua vivacidade e o seu encanto me cativaram completamente. A senhorita deve saber disso.


          Dulce levantou os olhos para ele, tentando ver se havia nele alguma paixão.

- O senhor gosta de sinuca, milorde?


          Ele piscou.


- Como disse?


- O senhor gosta de sinuca?


- Ora, sim. Gosto sim.


- O senhor me ensinaria a jogar, não ensinaria? Ajudar-me a pegar no pau?


- Taco - corrigiu ele. - Sim, naturalmente.


          Ela sorriu e se aproximou um pouco dele.


- O senhor ficaria atrás de mim e guiaria a minha mão para bater na bola?


- Naturalmente que faria isso, se a senhorita quiser.


          As implicações eróticas dessa situação obviamente não lhe ocorreram, pois ele exibia no rosto uma expressão de espanto por ela estar conversando sobre sinuca num momento como aquele - mas nada além disso. Ela não tinha certeza, devido à pouca luz da noite, mas teve a sensação desanimadora de que não havia nenhuma centelha de calor nos olhos dele.


- Miss Saviñon, estou bem ciente de que nós nos conhecemos há apenas três semanas, mas a sua situação exige uma corte rápida e um noivado ainda mais apressado. Christopher já me informou sobre o que aconteceu em Bolgheri com a princesa Zoraida, e eu lhe garanto que para mim esse incidente não passou de uma pequena imprudência. Também quero dizer que nestas três semanas eu desenvolvi uma profunda e sincera estima pela senhorita. Quanto ao seu dote e renda, tudo o que eu posso fazer é lhe garantir que não é isso que motiva os meus sentimentos. Tenho uma fortuna sólida, e poderia assegurar o seu futuro e o dos nossos filhos muito bem sem o seu dote.


          Ele estava pedindo a sua mão. Pondo de lado a surpresa, Dulce se forçou a considerar a questão objetivamente, tentando chegar a uma conclusão sobre se conseguiria aprender a amar aquele homem. Tinha razão quanto ao seu queixo, mas ele tinha olhos bonitos. Se se casasse com ele, seria bem tratada. Ele poderia até ser persuadido a permitir que ela visse a mãe de vez em quando. Não tinha dúvida de que a admiração dele por ela era genuína. Poderia crescer e se tornar amor.


          Não era isso exatamente o que ela esperava, mas talvez estivesse na hora de pensar de forma realista e não romanticamente. Ela tinha que se casar com alguém. Não tinha ilusões sobre a sua situação. Só faltavam três curtas semanas para agosto. Se ela não tivesse um noivo até lá, Christopher escolheria alguém para ela. Se se recusasse a casar, o pai a arrastaria até o altar.


          Contudo, havia uma coisa que ela precisava saber antes de até mesmo pensar na possibilidade de se casar com Lorde Haye. Dulce respirou fundo, pôs a mão livre atrás das costas, cruzou os dedos e o beijou. Aquele beijo, infelizmente, lhe disse tudo o que ela precisava saber.


          Grande porcaria pensar de forma realista!





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Pooxa, too tristee que minhas leitooras tãao sumindoo =/


próximoo capítuloo teem beijoo vondy, :)


comenteem bastantee  *-*


beijoos




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Autor(a): raaayp

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            Capítulo IX           Era apenas um jogo de xadrez, Christopher repetiu para si mesmo, talvez pela centésima vez. Bobagem se deixar incomodar pela idéia de que Miss Saviñon havia perdido de propósito, em uma tentativa calculist ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

    A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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