Fanfics Brasil - Capítulo IX - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo IX - Parte II

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- Não preciso desabafar e não sou insípido. Eu meramente observo os modos da sociedade, o que significa que não investigo a vida particular das outras pessoas. - Ele lhe deu uma olhada rápida e severa. - Ao contrário de algumas pessoas.


- Insípido e seco como um galho - continuou ela, avaliando o caráter dele com total pouco-caso pelos seus protestos ou a sua censura. - O senhor não aproveita a vida.


- Isso é absurdo.


- É mesmo? - Ela tirou um taco do porta-tacos da parede e o estendeu, como se estivesse examinando minuciosamente a sua linha reta. - O senhor obedece a todas as regras - continuou ela - e faz todas as coisas certas. - Ela apoiou o taco no chão, ao seu lado, e pressionou a mão livre sobre o coração. - O senhor guarda todos os seus sentimentos presos aqui. Isso não é bom. O senhor nunca se diverte?


- Naturalmente que me divirto.


- Eu nunca vi. O senhor trabalha o tempo todo. Nunca tira uma folga para se divertir. - Ela levantou o taco nas mãos novamente. - Eu tenho que usar o taco para atingir a bola, não é? - Sem esperar resposta, ela experimentou o taco desajeitadamente, tentando descobrir o modo adequado de segurá-lo.


          Christopher a observava enquanto ela se inclinava sobre a mesa. "Rapariga atrevida e provocante", pensou ele com a garganta seca, sem conseguir tirar os olhos de Dulce. Ela empurrou o taco com força por entre os dedos e conseguiu atingir a bola branca - mas, em vez de deslizar sobre o feltro, a bola pulou por sobre a borda da mesa, voou para fora, por pouco não atingiu o vaso favorito de Anahí, de porcelana francesa, e por fim pousou no tapete com um som surdo.


- Continue assim e você vai acabar quebrando alguma coisa - disse ele.


          Ela rodeou a mesa e pegou a bola do chão.


- Não se o senhor me ensinar a forma certa.


          Ele não devia. Mas ia. Bem lá no fundo, sempre soubera disso. Começou a andar na direção de Dulce, sentindo-se como se estivesse se dirigindo para a beira de um abismo sem conseguir parar.


- E a senhorita me concede a revanche no xadrez, para tirar a prova?


- Naturalmente. Eu sempre cumpro a minha parte de um acordo.


          Christopher foi para o lado da mesa de sinuca onde ela estava e pegou o taco e a bola das mãos dela. Demonstrou como segurar o taco corretamente, devolveu-o para ela e a observou enquanto ela tentava imitar o que ele havia feito. Depois de um momento, ficou claro que, pelo menos nisso, ela não estava mentindo. Ela nunca tinha segurado um taco de sinuca na vida.


- Não - disse ele, aproximando-se.


          Lembrando a si mesmo que era extremamente impróprio tocá-la, ele pôs a mão sobre a de Dulce e moveu os dedos dela por sobre o taco.


- Segure assim. - A pele dela era quente e macia como cetim.


          Christopher forçou-se a tirar a mão e ela bateu de leve na bola com o taco. A bola bateu na vermelha e as duas rolaram quase meio metro antes de parar. Ele se inclinou sobre a mesa para recuperar as bolas, para que ela tentasse de novo. Ao fazer isso, sua coxa roçou o quadril dela em um contato breve e torturante, que o deixou à beira da loucura. Christopher lutou para recuperar o equilíbrio.


- Use um pouco mais de força - aconselhou, colocando o par de bolas de sinuca novamente na frente dela -, mas não muita, senão a bola voará da mesa.


          Ele não conseguia compreender como podia falar com uma voz tão calma. Os quadris dela imprimiam uma marca de fogo indelével contra o corpo dele, queimando-o, fazendo-o perder o juízo.


          Ele precisava de uma bebida.


- Dê algumas tacadas para praticar.


          Christopher se afastou e foi se servir de um copo de vinho do Porto de um dos decantadores do bar de Alfonso. Sempre soubera que isso ia acabar acontecendo. Ao voltar para o lado da sala em que ela estava, ficou na outra extremidade da mesa, mas até isso era uma tortura: toda vez que ela se inclinava, ele tinha uma vista esplêndida do que estava fora do seu alcance. O sorriso que ela lhe dirigia toda vez que conseguia dar uma tacada certa era como um toque que o alcançava do outro lado da mesa. Em uma tentativa desesperada de pensar em outra coisa, ele começou a lhe explicar as regras básicas do jogo.


- Então, a sinuca, ou bilhar inglês, é um jogo de pontos - disse ela, quando ele terminou. Fez um gesto em direção à mesa. - Se eu enterrar a bola vermelha no buraco e não deixar a bola branca cair junto, farei três pontos?


          Ele fez que sim com a cabeça, e ela se inclinou sobre a mesa. Ele se concentrou no rosto dela, observando as sobrancelhas escuras se vincarem, em sinal de concentração. Ela prendeu o lábio inferior nos dentes, fez mira e deu a tacada.


          A bola branca jogou a vermelha direto para o canto da mesa onde ele estava, em um movimento rápido, mas, em vez de cair na caçapa, ricocheteou e voltou para o lado da mesa em que ela estava. A bola desacelerou e deslizou exatamente para o canto à frente dela, parando bem à beira da caçapa, mas sem entrar.


- Ma no! - Dulce se inclinou sobre a mesa e assoprou a bola, empurrando-a assim por aquela última fração de centímetro e fazendo-a entrar na caçapa. Era um absurdo tão grande e, ao mesmo tempo, tão fiel à natureza dela, que Christopher caiu na risada.


- Finalmente! - gritou ela, endireitando-se. - Pelo menos eu o fiz rir! - ela lhe disse, rindo também. - Eu já começava a pensar que o senhor não sabia rir. 
         


          Isso o pegou de surpresa.


- É claro que eu sei rir.


- Eu nunca o tinha visto rir. O senhor tem uma bela risada. É profunda e rica, como deve ser a risada de um homem.


- Ora, muito obrigado. - Ele se inclinou para ela. - Isso significa que a senhorita mudou de opinião sobre mim? Ou eu ainda sou insípido?


          Ela não respondeu imediatamente. Pôs com cuidado o taco sobre a mesa e andou até onde ele estava. Quando Christopjer olhou diretamente para o rosto dela, Dulce o estudou por um longo momento, como se estivesse pensando seriamente na pergunta dele. Então, sem nenhuma palavra, fez algo totalmente inesperado: estendeu as duas mãos e passou os dedos pela cabeça dele, despenteando-lhe o cabelo.


          Christopher congelou ao toque das mãos dela. As pontas dos dedos de Dulce pareciam irradiar sensualidade diretamente para a corrente sanguínea de Christopher, enchendo-lhe o corpo com todo o calor do verão italiano.


          Ele não conseguia se mexer, não conseguia respirar; só conseguia ficar olhando fixamente para o rosto dela, voltado para cima, enquanto ela brincava com o seu cabelo. A atenção dela estava na tarefa que realizava, mas a dele estava nas fantasias eróticas e impossíveis que lhe passavam pela cabeça como um relâmpago. Sonhava puxá-la para o tapete, tirar os grampos e fazer cair em desordem o longo cabelo ruivo, deslizar as mãos por baixo das saias dela e sentir a pele macia e quente contra as palmas das mãos.


- Não tão insípido agora - murmurou ela, sorrindo, mas sem abaixar as mãos. Pelo contrário, continuou a brincar com o cabelo dele, roçando a parte interna dos pulsos contra o rosto de Christopher, enquanto ele ficava totalmente imóvel e duro como pedra, à beira de um abismo.


          Não havia ninguém ali para ver a queda dele, a sua ruína.


          A porta estava fechada. Era tarde. Alfonso e Anahí estavam fora. Os criados estavam na cama. Não havia ninguém para ver a honra dele reduzida a pó. Ninguém a não ser ela - mas ela aniquilaria a determinação de um santo e se deleitaria com a ruína dele.


          E Christopher não era santo. O desejo começou a tomar conta dele, ameaçando fazê-lo esquecer que era um cavalheiro. Era o que ele sempre tinha sido; ele não sabia ser outra coisa.


          Agarrava-se à honra que havia ditado as suas ações por toda a vida, mas era como agarrar-se ao ar rarefeito. Pois naquele momento ele desejava ser outra pessoa, alguém indômito e temerário - como ela, como Alfonso, como todas as pessoas que faziam o que lhes agradava e pegavam o que queriam, que aproveitavam os prazeres da vida sem se incomodar com as conseqüências.


          Se ele pelo menos conseguisse ser assim! O desejo escuro e secreto que sempre existira dentro da sua alma sussurrava ao seu ouvido, no compasso das batidas do seu coração. Se apenas... se apenas...


          Christopher inclinou a cabeça um pouquinho, inalando o cheiro do cabelo dela, sentindo a textura sedosa dos pulsos dela contra o seu rosto. Ele se agitou, aproximou-se ainda mais, tão perto que os seios dela roçaram o peito dele. Esse contato fez com que um prazer intenso se irradiasse pelo seu corpo, tentando-o além do limite que um homem deveria ter que suportar, e ele inclinou mais a cabeça, tocando os lábios dela com os seus. A boca de Dulce se abriu imediatamente, macia e doce como uma cereja. O fruto proibido era o mais doce, e ele, ávido por mais, intensificou o beijo. Se apenas...


          Era um desejo ávido e inútil.


          Ele agarrou os pulsos dela, forçou as mãos dela para baixo e a empurrou firmemente para longe dele.


- Meu Deus - ele explodiu, furioso consigo mesmo por querer o que não poderia ter, furioso com ela por despertar tudo isso -, a senhorita é a mulher mais impiedosa que existe. O diabo a leve por brincar com os sentimentos dos outros!


          Ele lhe deu as costas, foi até a mesa, arrancou o casaco das costas da cadeira e o vestiu, tentando não olhar para ela. Se olhasse, se tivesse um único vislumbre daquela boca deslumbrante, seria o fim da honra dele e da virtude dela.


          De costas para ela, Christopher ajeitou os punhos da camisa, alisou as mangas do casaco e penteou o cabelo com os dedos, lutando para restabelecer a ordem no meio do caos do desejo que atacara violentamente o seu corpo.


- Desculpe-me - disse ele quando se sentiu no controle o suficiente para falar novamente -, mas tenho que ir. Estão me esperando no meu clube.


          Christopher virou-se e, a passos largos, passou por ela e saiu da sala. Saiu da casa do irmão sem esperar que a sua carruagem fosse chamada e andou pela calçada na quente noite de julho, respirando fundo.


          Andou até o Brooks`s Club, com a intenção de tomar um copo de vinho do Porto, comer um bom pedaço de carne e ler o Times. Mas mesmo no seu clube, cercado por todo o aparato dos honrados cavalheiros britânicos, ele ainda cobiçava o fruto proibido - ainda ansiava pelos beijos quentes e doces de uma moça italiana.



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Autor(a): raaayp

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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