Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.
Mamma.
Era dela que precisava! Dulce sempre tinha conseguido conversar com a mãe sobre tudo, e, de alguma forma, fosse qual fosse a situação, mamma sempre conseguia ajudá-la a resolver as coisas. E, além disso, mamma sabia tudo sobre os homens, especialmente os homens ingleses, já que morava ali havia tanto tempo. Mamma tinha condições de lhe dar conselhos.
Dulce empurrou a colcha e saiu da cama. Ainda faltavam várias horas para o amanhecer, tempo suficiente para fazer uma visita à mãe, e mamma não se incomodaria se ela chegasse no meio da noite.
Ela vestiu roupas escuras, jogou uma capa azul-escura sobre os ombros e puxou o gorro, cobrindo os cabelos e fazendo sombra sobre o rosto. Saiu do quarto e começou a descer as escadas. Alguém havia deixado uma lâmpada queimando ao lado da porta da frente para quando Christopher voltasse, e aquela luz permitiu que ela visse o caminho ao virar a plataforma entre os dois lances da escada, descer os últimos degraus e cruzar o foyer em direção à porta da frente.
Naquele momento, a porta se abriu.
Dulce congelou e olhou rapidamente ao redor, mas estava no meio do foyer e não havia tempo para se esconder.
- Está indo para algum lugar? - Christopher perguntou, entrando e fechando a porta atrás de si.
Justo naquela hora! Dulce puxou o gorro para trás e olhou para ele, preparando-se para uma batalha. Era óbvio que ela estava saindo escondido para visitar a mãe. Mas, ao ver o rosto dele, ela se esqueceu do seu próprio apuro. Aproximou-se dele e ofegou.
- Ma insomma! - Sem pensar, estendeu o braço e tocou as pontas dos dedos com cuidado na mancha roxa embaixo do olho dele. - Oh, Christopher, você levou um soco!
- Obrigado por me lembrar disso, mas eu me lembro muito bem de tudo o que aconteceu na última hora. - Ele lhe agarrou o pulso e afastou a mão dela do seu rosto com um gesto brusco, mas não a largou.
- O que aconteceu? - perguntou ela.
- Cometi o erro de entrar entre o rosto de Lorde Haye e o punho de Lorde Montrose.
- O quê?
- Sim. E tudo isso graças a você.
- A mim? O que você quer dizer?
Ele lhe apertou o pulso com mais força.
- Você parece vestida para sair. Para onde ia? Contar à sua mãe as boas novas?
A pergunta dele a deixou confusa, mas não o tom de voz. Aquela raiva, contida com dificuldade, dirigia-se a ela.
- Que boas novas?
- O seu noivado com Lorde Haye, naturalmente.
- O quê? - exclamou Dulce, estupefata. - Do que você está falando?
- Pobre Haye. - Ele soltou o pulso de Dulce. - Espero que ele tenha boa pontaria, porque os duelos sem dúvida farão parte constante da sua vida de casado.
- Montrose deixou algum parafuso solto no seu cérebro quando o atingiu? - perguntou ela, olhando para Christopher com expressão incerta. - Não vou me casar com Lorde Haye.
- Não? Haye pensa que vai.
Ela abriu a boca para contestar um absurdo daqueles, mas Christopher não lhe deu chance.
- Lorde Montrose - continuou -, que ouvia às escondidas en quanto Haye me dava a notícia do seu noivado, resolveu protestar. Ele achou que, pelo fato de ter dançado com ele três vezes na última reunião, você dedicava afeição e consideração a ele, e não a Haye. Houve uma discussão e, a certa altura, Haye nos apresentou um trunfo, declarando que você lhe deu um beijo na festa de iatismo de Tremore, e, portanto, deve realmente amá-lo.
Dulce gemeu e cobriu o rosto com as mãos.
- Que confusão!
- E nem é preciso dizer - prosseguiu ele levantando a voz - que isso foi uma grande surpresa para mim, já que apenas umas duas horas antes você estava fazendo todas as tentativas possíveis de me beijar!
- O quê? - Dulce levantou a cabeça, determinada a deixar as coisas claras pelo menos naquela questão. - Eu não beijei você! Você é que me beijou. Quanto a Montrose, sim, eu dancei com ele várias vezes. Ele me faz rir. Gosto de homens que me fazem rir.
- Se você tivesse se dado ao trabalho de ler qualquer livro de etiqueta durante aqueles anos que passou nas escolas para moças, saberia que dançar com o mesmo homem mais de duas vezes em uma noite é motivo de especulação sobre um noivado iminente.
- Só me restam três semanas para encontrar um marido, e eu não tenho tempo para as sutilezas da etiqueta! - ela respondeu com rispidez. - Eu deveria poder dançar com os meus pretendentes para poder conhecê-los melhor. O que as pessoas fofocam não me preocupa.
- Nem os sentimentos de Montrose parecem interessá-la. Aquelas danças lhe deram ampla razão para ter esperanças.
Ela apertou os lábios, sentindo um pouco de arrependimento.
- Se isso é verdade - disse ela depois de um momento -, então lamento. Eu simplesmente queria conhecê-lo melhor, porque gostei dele.
- Você parece gostar de qualquer homem com quem por acaso esteja.
Aquilo doeu, especialmente pelo fato de que ela começava a gostar muito dele. Pelo menos até aquele momento.
- Bem, eu sou uma mulher - ela lhe lembrou. - Gostar de homens é bem normal para as pessoas do meu sexo.
- Está claro que os homens também gostam de você. Na verdade, três deles estão profundamente apaixonados por você neste momento. E digo três porque desses eu tenho conhecimento. Tremo só em pensar quantos homens atormentados pode haver por aí.
- Paixão não é amor! - disse ela, irritada. - Eu já lhe disse, só vou me casar com um homem que me ame. Lorde Montrose e Lorde Haye talvez estejam apaixonados por mim, mas sem dúvida eles não me amam.
- Eles se importam com você o suficiente para se envolver em uma briga em um clube de cavalheiros! - rugiu Christopher. - E fui eu quem acabou com o olho roxo!
- Santo cielo! - gritou ela, ainda mais frustrada diante da frustração dele.
Como sempre, quando os ânimos se exaltavam, Dulce achava que o inglês era inadequado para manifestar os seus sentimentos, e passava para o seu próprio idioma.
- Os homens brigam pelas mulheres o tempo todo - disse ela em italiano. - Da mesma forma como os meninos lutam pelos brinquedos.
- Eu acho que Lorde Haye e Lorde Montrose é que são os brinquedos neste caso - respondeu ele, também em italiano. - Seus brinquedos.
- Isso não é justo!
- Não? Haye pensa que você vai se casar com ele.
- Eu não aceitei a proposta dele!
Ele a encarou ferozmente, com as mãos nos quadris.
- Então, pelo amor de Deus, por que o beijou?
- Ele me pediu em casamento, e eu sou obrigada a me casar com alguém, então pensei que deveria pelo menos levar em consideração a proposta de casamento dele. Mas é claro que não poderia concordar em me casar com um homem sem saber como ele beija.
- Naturalmente que não!
- Então eu tive que beijá-lo para descobrir se poderia algum dia vir a amá-lo. Mas não, depois daquele beijo, eu soube que não poderia me casar com ele.
Christopher olhava fixamente para ela, incrédulo.
- Quer dizer que você apenas o beijou como algum tipo de experiência idiota?
- Você se casaria com uma mulher sem beijá-la antes? - Ela sacudiu a cabeça, olhando para ele com tristeza. - Nesse caso, temo que não haja esperança para você, inglês.
Christopher passou uma das mãos pelo cabelo.
- Imagino que você não se casaria com ele de qualquer forma, casaria? - perguntou, com um quê de desespero na voz. - Então eu poderia me dedicar a algum problema diplomático fácil. Como o litígio entre os turcos e os gregos. Quero dizer, você poderia ensinar aquele coitado a beijar, não poderia?
Ela ficou horrorizada. Apenas pensar em agüentar aquela boca molhada de peixe até o fim dos seus dias a deixava nauseada. Os sentimentos dela devem ter transparecido no seu rosto, pois Christopher suspirou fundo.
- Esqueça - murmurou ele. - Eu sabia que seria esperar demais.
- Eu mereço um homem que saiba beijar - disse ela teimosamente.
- Então é isso que eu devo esperar nas próximas três semanas? A senhorita pretende investigar como beija cada homem solteiro de Londres?
Aquelas palavras fizeram com que a frustração de Dulce explodisse em raiva pura.
- Eu não pedi nada disso! - gritou. - Eu não decretei que eu tinha que me casar e que seis semanas era tempo mais do que suficiente para encontrar um marido! Foi meu pai.
- Isso é um fato que não se pode mudar. E também é um fato sobre o qual a senhorita tem grande parte da responsabilidade, devido à sua própria conduta no passado.
Ela não ficou nem um pouco conformada com os fatos apresentados por ele ou com a sua desaprovação.
- Estamos falando da minha vida, do meu futuro, e parece que eu sou a única que acha que isso é importante o suficiente para ser levado a sério! - A cada palavra que dizia, Dulce ficava mais frustrada e com mais raiva de toda essa situação impossível em que a haviam colocado. Estava explodindo de raiva.
Ela agarrou as flores que estavam em um vaso sobre a mesa do foyer, ao lado da bandeja de cartões de visita - uma dúzia de cravos vermelhos trazidos no dia anterior por Lorde Walford. Arrancou o buquê do vaso e o exibiu para Christopher.
- O senhor me apresenta homens como se eles fossem chapéus em uma loja - disse ela, batendo no ombro dele com o buquê molhado e gotejante -, e portanto não pode me censurar por tratá-los assim e experimentá-los a todos. Será que eu levo esse? Não, ele não me serve. Talvez aquele? Não, não gosto dele. E aquele outro? Não, o beijo dele não me agrada.
Conforme falava, ela ia pontuando as palavras com pancadas na cabeça e nos ombros de Christopher.
- Meu pai dá o dinheiro - continuou ela, furiosamente -, e o senhor traz os homens para eu comprar. Eu não quero comprar um homem como se ele fosse um chapéu!
Christopher agarrou o buquê com o qual ela o atacava, como se fosse uma mosca incômoda.
- Maldição! Pare de me bater com isso! Já fui golpeado o suficiente esta noite, graças à senhorita.
Dulce então bateu as flores com força na cabeça dele, desejando que elas pudessem esmagar-lhe o crânio. Ela recuou, preparando-se para mais um golpe.
- Eu queria realmente poder machucá-lo, inglês.
- Me machucar? - Ele olhou com desprezo as patéticas hastes quebradas na mão dela. - Se essa é a sua intenção, Miss Saviñon, então tenha o bom senso de usar alguma coisa mais eficiente do que um punhado de cravos.
Ela o ignorou.
- Meu pai não se importa com o que eu quero. O senhor não se importa com o que eu quero. Eu sou a única que pode zelar pelos meus próprios interesses, e é isso exatamente o que pretendo fazer!
- Interesses? A senhorita parecia muito interessada em Montrose há alguns dias. Então pensou que poderia querer Haye. Acho que a senhorita pode até ter querido a mim por um momento, mas, obviamente, eu era apenas mais um na sua experiência de beijos!
- Que beijo? - ela disparou de volta, batendo nele outra vez. - Aquilo foi um beijo? Foi tão rápido que eu não tive certeza.
Ele arrancou o buquê das mãos dela.
- Ao contrário dos seus pretendentes apaixonados, eu não gosto que me tratem como a um brinquedo - disse ele, esmagando os cravos com os dedos -, e não gosto de ver aqueles homens se comportarem como colegiais patéticos, andando no mundo da lua como uns idiotas por sua causa. E eu realmente não gosto de levar socos!
- Isso não foi culpa minha!
- Para o inferno, é claro que foi! - Os olhos dele brilhavam como fogo, e ele jogou os cravos para um lado. Aproximou-se dela, cuspindo as palavras em italiano rápida e furiosamente: - A senhorita brinca com os homens, e não tem idéia de com quem está brincando. Trata-se de cavalheiros britânicos, que normalmente são racionais, e a senhorita os deixou tão excitados que eles estão fazendo papel de bobos, enquanto a senhorita não se incomoda nem um pouco com qualquer um deles.
Diante de um arroubo de fúria tão quente e esplêndida, até Dulce foi obrigada a recuar. Ela deu alguns passos para trás, parou e levantou um pouco o queixo. Engoliu em seco e o enfrentou:
- Eu mereço encontrar um homem que realmente me ame - disse ela reunindo a sua dignidade e controlando a própria raiva diante da dele. - Não vejo motivo para me conformar com menos, e se o senhor e meu pai esperam isso de mim, podem ir os dois para o inferno. Como eu disse, Haye não me ama. Ele talvez me queira, mas não me ama. Lorde Montrose também não me ama.
- Eles exibiram para todos os que estavam no Brooks`s uma ótima imitação de amor, trocando socos até ficarem os dois como uma massa ensangüentada! Os dois foram jogados na rua. Eles podem até ser expulsos do clube por isso.
- Quando aparecer um homem que realmente me ame -continuou ela como se ele não tivesse dito nada -, meu coração saberá.
- Bem, diga ao seu coração que resolva isso de uma vez por todas, para que eu possa continuar com a minha vida!
Uma voz chocada os interrompeu:
- O que está acontecendo aqui? - exclamou Anahí, interrompendo a discussão.
Dulce e Christopher se voltaram para a escada que ficava na outra extremidade do foyer e viram que haviam reunido uma multidão de espectadores assombrados. A briga deles não apenas tinha acordado Anahí, como também Alfonso, Isabel e um punhado de criados.
- Meu Deus! - Anahí ofegou ao olhar o rosto de Christopher. - O que aconteceu com o seu olho?
Antes de ele poder responder, Alfonso falou, parecendo ao mesmo tempo pasmo e totalmente divertido:
- Você se meteu em uma briga? Você, o meu irmão mais velho, disciplinado e nobre? Ó deuses, mal posso acreditar! A última vez que eu o vi assim foi quando eu tinha treze anos e tinha posto urtiga nas suas gavetas. Você me deu uma bela surra por causa disso, se bem me lembro.
- Eu não me meti em uma briga - disse Christopher por entre os dentes cerrados, voltando a falar em inglês. Ele olhou para Dulce com raiva. - Tentei impedir uma briga, e isso foi o que eu ganhei em troca.
Alfonso começou a fazer mais perguntas, mas Christopher levantou a mão para detê-lo. Ainda olhando para Dulce, ele voltou a falar em italiano:
- Amanhã - disse ele - a senhorita vai enfrentar Lorde Haye. Vai lhe dizer que tudo não passou de um engano e vai lhe pedir mil desculpas por qualquer mal-entendido que tenha causado com o seu comportamento. Vai deixar claro para ele que, por mais maravilhoso que ele seja, a senhorita não pode em sã consciência se casar com ele. Já que tem tanto encanto, vou deixar por sua conta apresentar uma razão que não o magoe excessivamente.
Christopher se virou e se dirigiu a passos largos para a porta da frente. Ao abri-la, ele continuou, ainda em italiano:
- Por falar nisso, todos no Brooks`s sabem da briga, do beijo e da proposta de Haye. Portanto, além de já ser a mais determinada coquete de Londres, a senhorita em breve será conhecida como a mulher que mais gosta de dar o fora nos homens da cidade. Parabéns. - Ele saiu, batendo a porta atrás de si.
Autor(a): raaayp
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capítulo XI Christopher dormiu em um hotel. Não que dormir fosse uma boa descrição do que aconteceu. Ele passou a maior parte da madrugada olhando fixamente para o teto da sua suíte, tentando esfriar o ânim ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 592
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minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52
Maravilhosa,já li bastante.
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stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41
Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04
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