Fanfics Brasil - Capítulo XII - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XII - Parte I

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                                                                                  Capítulo XII



          Jogar um conde pela janela provavelmente arruinaria a sua carreira diplomática. Christopher respirou fundo e se levantou, pensando que se não tirasse Haye da sua frente rapidamente, acabaria fazendo isso de qualquer jeito e seria obrigado a encontrar uma nova profissão.


- Compreendo perfeitamente por que o senhor chegaria a essas conclusões - disse ele, por entre os dentes cerrados, enquanto conduzia Haye para a porta. - Entregarei a Miss Saviñon a sua carta rompendo o noivado. Estou certo de que ela concordará com o senhor que terminar será o melhor.


- Espero que sim - respondeu Haye. - Apesar da conduta dela, não me agrada a idéia de ferir os seus sentimentos, mas não há outro jeito.


- Tenho certeza de que ela sobreviverá a essa decepção.


          A inflexão irônica da voz dele passou despercebida ao conde, que acenou com a cabeça, concordando.


          Christopher andou com Haye até o corredor, mas não conseguiu suportar a idéia de lhe fazer a cortesia de acompanhá-lo até a porta, e ficou aliviado pelo fato de o outro estar preocupado demais para notar isso. O conde desceu a escada. Christopher esperou até ele virar na plataforma que dividia os dois lances e desaparecer de vista, e então se virou para voltar à biblioteca. Nesse momento, ele congelou.


          Dulce estava de pé ao lado da porta da biblioteca.


          Ela estava vestida como quem vai para a cama, o cabelo solto ao redor dos ombros, os pés descalços aparecendo por debaixo da bainha da camisola de renda e enrolada em um roupão.


          Christopher olhou o rosto dela e percebeu que ela tinha ouvido pelo menos parte da conversa com Haye. Ela comprimiu os lábios como se estivesse com dor, e ele sentiu um aperto no peito, lembrando-se do teor da conversa.


          O silêncio cresceu, compelindo-o a dizer alguma coisa.


- Pensei que a senhorita estivesse na festa de Lady Hewitt com Alfonso e Anahí.


- Eu estava - respondeu ela. - Voltei cedo para casa porque estava cansada e com dor de cabeça. O duque e a duquesa de Tremore me trouxeram na carruagem deles. Fui para a cama, mas tive um pesadelo e não consegui voltar a dormir.


          Dulce fez uma pausa e respirou fundo.


- Eu queria um livro. Alguma coisa monótona, para me dar sono. - Ela levantou a mão, indicando a porta da biblioteca. - Não tive intenção de ouvir escondido, mas sabe como são essas coisas. A gente ouve o próprio nome e...


          Ela fez uma nova pausa, levantou o queixo e balançou a cabeça para tirar o longo cabelo do rosto.


- Inferno! - disse ela, e entrou na biblioteca.


          Ele a seguiu.


- Dulce - começou ele, mas ela o interrompeu.


- O senhor estava certo quanto ao meu passado, Christopher. Ele voltou para me perseguir. - Ela deu um arremedo de sorriso. - O seu trabalho acaba de se tornar mais difícil. Se a notícia sobre Armand se espalhar, será muito mais difícil encontrar um marido para mim.


- Haye deu a palavra dele de que será discreto. Ele é um homem honrado. Um pedante puritano, porém honrado. Vai cumprir a palavra dada.


- A notícia ainda pode vazar, e então Fernando terá que aumentar o dote. - Ela deu uma risada cínica que o machucou. - Se é que ele espera que eu fique noiva nas próximas três semanas.


- A senhorita poderia pedir mais tempo para o seu pai.


          A expressão dela assumiu uma dureza que ele nunca tinha visto antes. Os olhos dela se apertaram.


- Eu rastejaria diante do diabo - disse ela em voz baixa e cheia de ódio - antes de pedir qualquer coisa ao meu pai.


- A senhorita gostaria que eu pedisse ao príncipe Fernando em seu nome?


          Ela pensou por um momento e depois disse:


- O senhor acha que ele concordaria?


- Nessas circunstâncias, com a certeza de que o incidente do carnaval vai vazar e agora, com a possibilidade de que a sua indiscrição com Bouget... - Ele fez uma pausa, mas não conseguia mentir para ela. - Não. A minha opinião é que ele não lhe daria mais tempo. Como a senhorita disse, ele aumentaria o dote o suficiente para ter certeza de que algum nobre empobrecido se apresentasse.


          Christopher a observou andar até a mesa onde um decantador com o conhaque favorito de Alfonso estava em uma bandeja. Ela pôs uma grande quantidade no copo de cristal e engoliu o conteúdo de um só gole.


          Tendo ele mesmo se permitido excessos alcoólicos uma ou duas vezes, Christopher lembrou uma verdade que ninguém que esteja sofrendo quer enfrentar:


- Isso não vai ajudar em nada - disse ele gentilmente, e aproximou-se dela.


- Eu sei. - Ela se serviu de mais uma dose, e então se voltou para ele com o decantador em uma mão e o copo na outra. - Suponho que vou ouvir o sermão sobre como as jovens damas respeitáveis não devem ficar bêbadas. Não acho que nós nem mesmo tenhamos permissão para beber destilados, não é?


- Temo que não. Um ou dois copos de vinho é tudo o que é permitido às jovens damas.


          Ela tomou um gole de conhaque e lhe deu um olhar desafiador.


- Que pena.


          Christopher a estudou sem responder. Havia alguma coisa ferida e dolorosa além de desafio no rosto dela, alguma coisa que o tocou profundamente. Teve vontade de estrangular Haye. Em vez disso, ele estendeu a mão para tirar a garrafa da mão dela.


          Ela puxou o braço para trás, mantendo o decantador fora do alcance dele.


- Eu vou me embebedar, se quiser - disse ela, irritada. - E agora, o que o senhor é? A minha chaperon?


- Na verdade, eu ia servir um copo para mim mesmo.


- Oh. - Ela o olhou, cética. - Ia mesmo?


- Sim. Depois de ouvir as idiotices ditas por Haye por meia hora, qualquer pessoa precisaria de uma bebida.


          Ela lhe entregou o decantador. Ele se serviu de conhaque, e então levou o decantador e o seu copo para a mesa de trabalho. Sentou-se e reclinou-se na cadeira.


          Ela o seguiu, sentando-se no seu lugar favorito - sobre a mesa. Christopher devia estar se acostumando com isso, porque nem se importou com o fato de ela se refestelar sobre a carta que ele estava escrevendo para enviar ao vice-rei da Rússia. O vice-rei da Rússia era um esnobe puritano ainda mais pomposo que Haye.


- A minha primeira impressão sobre Haye estava certa - disse ela. - Ele realmente tem um queixo fraco. Combina com um caráter invertebrado, sem força moral.


- É verdade - concordou ele, inclinando-se para a frente e levantando o copo para um brinde àqueles sentimentos. - Vamos encontrar alguém digno da senhorita.


          Ela concordou com um gesto de cabeça e encostou o copo no dele, sem, porém, olhá-lo nos olhos. Bebeu todo o conteúdo e voltou a encher o copo. Não disse nada. O silêncio entre eles cresceu. Os minutos se passavam, e ela olhava fixamente para o próprio copo, triste, com o semblante perturbado.


          Dulce parecia pouco inclinada a conversar, o que era estranho em se tratando dela. Depois de um quarto de hora em silêncio, Christopher começou a ficar preocupado.


- A senhorita está bem? - ele perguntou, rompendo o silêncio.


- Sì - respondeu ela, mantendo os olhos baixos.


          Ele engoliu o resto do conhaque.


- A senhorita não está se consumindo por causa daquele sujeito, está? - Ao fazer a pergunta, ele já sabia a resposta.


          Ela sacudiu a cabeça.


- Não. Eu já lhe disse que quero um homem que saiba beijar, e o beijo de Haye é horrível. - Ela deu de ombros e se serviu de mais uma dose de bebida. - Era como beijar um peixe.


          Christopher deu uma risada.


- Verdade?


          O riso dele pareceu agradar a ela. Dulce levantou os olhos, sorrindo.


- Peixxxxe - repetiu categoricamente, pronunciando a palavra de forma indistinta - um indício claro de que já estava sentindo os efeitos do conhaque. Ela fez um gesto com o copo na direção de Christopher, um gesto acusador. - O senhor tentou me convencer a me casar com ele de qualquer forma e ensiná-lo a beijar. - Ela soprou o ar por entre os lábios, em sinal de menosprezo.


          Ele riu e se serviu de mais uma bebida.


- Perdoe-me. Não sei onde eu estava com a cabeça ao sugerir uma coisa dessas.


- Nem eu. Sabe, eu o beijei porque isso faria com que eu me decidisse se casaria ou não com ele, e funcionou. Eu soube naquele instante que ele não era o homem certo para mim. E hoje à noite, ele provou que o meu sentido... a minha impressão... oh!... - ela se interrompeu, exasperada - meus primeiros sentimentos, pensamentos... como se diz isso?


-Instintos?


- Sì. Os meus instintos estavam certos. - Ela se inclinou para Christopher, como que para lhe contar um segredo. - Se ele fosse o homem certo para mim, se me amasse e respeitasse, eu lhe teria dado o meu coração e teria sido uma boa mulher para ele. Teria sido fiel, teria lhe dado filhos, tantos filhos que ele não saberia o que fazer com todos eles. Eu o teria deixado contente pela vida toda se ele se casasse comigo.
         


          Christopher queria matar o conde por rejeitá-la. Queria agradecer-lhe. Ele olhou para o outro lado, levantou o copo e bebeu até esvaziá-lo.


- Haye é um asno - resmungou ele, a voz rouca devido à bebida. Ele estendeu a mão para o decantador e descobriu que eles o tinham esvaziado. Foi até o gabinete de bebidas e pegou outra garrafa. Abriu-a, trouxe-a para a mesa e voltou a encher o copo.


- Christopher?


Ele olhou novamente para ela enquanto se sentava.


-Hmm?


- O senhor estava certo quanto a mim - disse ela em voz baixa. - Estava certo.


- Certo sobre o quê?


          Ela lhe deu um sorriso levemente embriagado que o fez perder o fôlego.


- Sou mesmo uma coquete e uma mulher que brinca com os homens.      



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Autor(a): raaayp

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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          Christopher olhou para baixo, para os lindos pés que apareciam por baixo da bainha da camisola. Em seguida olhou longamente para cima, torturando-se com imagens do que estava por baixo daquelas duas finas camadas de musselina. Cravou o olhar no ponto em que alguns pequenos botões em forma de pérola t ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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