Fanfics Brasil - Capítulo XII - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XII - Parte II

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          Christopher olhou para baixo, para os lindos pés que apareciam por baixo da bainha da camisola. Em seguida olhou longamente para cima, torturando-se com imagens do que estava por baixo daquelas duas finas camadas de musselina. Cravou o olhar no ponto em que alguns pequenos botões em forma de pérola tinham escapado das casas acetinadas, revelando as curvas internas dos seios dela. A garganta dele ficou seca e ele abriu a boca para concordar com ela.


          Ela estendeu a mão e pôs os dedos sobre os lábios dele, fazendo-o sentir uma espiral de calor no ventre.


- Não precisa se desculpar, todo educado e cavalheiresco, dizendo que não era isso que queria dizer. O senhor disse que eu sou uma coquete e que eu brinco com os homens, que eu os manipulo para conseguir as coisas do jeito que quero, e o senhor está absolutamente certo. Gosto que as coisas sejam do meu jeito e uso o que tenho. Já fui coquete, já beijei homens e fiz com que eles me quisessem.


- Pobres coitados - murmurou ele de encontro aos dedos dela, em um ataque agudo de autopiedade.


          Para seu alívio, Dulce recolheu a mão.


- Mas eu sei a verdade sobre mim mesma desde que tinha dezessete anos. Tudo o que eu quero, tudo o que eu sempre quis é um homem. Apenas um. Para me amar do jeito que eu sou, sem ter vergonha de mim ou querer me mudar. Há algo de errado nisso?


          Antes que ele pudesse responder, ela voltou a falar:


- Tenho muitos sentimentos dentro de mim, saiba o senhor. - O olhar dela passou por ele, sonhador - se devido ao romantismo feminino ou ao mormaço do álcool, ele não tinha certeza. - Tenho muito para dar, economizei a vida toda. Tenho paixão, riso, amor e... - ela fez uma pausa para beber - ... eu mesma - continuou ela com uma voz macia e confiante. - Eu sei o que Haye pensa, mas ele está errado sobre mim.


          Christopher já tinha considerado o conde um sujeito decente, um homem de bom caráter, mas naquele momento só podia desprezá-lo. Mercadoria danificada - esse era o termo que ele tinha usado para se referir a ela.


          O idiota não conseguia apreciar aquele ar sedutor que era uma das características mais marcantes nela.


          E como ela era sedutora... Naturalmente, era também uma femme fatale exasperadora, imprevisível, que estava levando alguns dos cavalheiros ingleses de melhor cepa a brigarem como rufiões - e Christopher não sabia se viveria o suficiente para casá-la.


- Já lhe disse, Haye é um asno.


          Ela inclinou a cabeça e algumas mechas de cabelo ruivo lhe caíram no rosto.


- Fiz muitas coisas erradas, o senhor sabe. Joguei em cassinos clandestinos em Paris, fumei cigarros, masquei haxixe e me embebedei. - Sem olhar para ele, ela levantou o copo, em uma saudação cambaleante às suas travessuras passadas, e continuou: - No convento, eu costumava entrar escondido nas cozinhas e roubar comida... elas nos alimentavam tão mal que eu sempre estava com fome. Elas achavam que ficar sem comida me tornaria boa. - Ela deu um pequeno soluço. - Não deu certo.


          Christopher sorriu do comentário dela.


- As vezes - continuou ela - eu roubava vinagre ou óleo de oliva feito pelas freiras e vendia na vila, para poder comprar tabaco e fumar. Toda vez que as freiras me pegavam roubando, elas me batiam com uma vara, e eu lhes rogava pragas e cuspia nelas.


          Christopher apertou o copo com raiva.


- Perfeitamente compreensível, na minha opinião - murmurou ele, pensando que qualquer pessoa que aproximasse uma vara das belas costas de Dulce deveria ser chicoteada.


- Quando Fernando me baniu e me mandou para os meus primos em Gênova - prosseguiu ela -, eu roubei duas placas de ouro, as vendi numa casa de penhor e tomei um navio para Londres. Queria ver minha mãe. Fernando não tinha me deixado vê-la desde que me mandara para o convento.


- Eu já tinha me perguntado de que modo a senhorita havia conseguido chegar à Inglaterra.


- Sim, fiz muita coisa errada - disse ela em voz baixa. - Uma vez, eu até deixei que um homem de quem eu realmente gostava me tocasse, mas não mais que isso.


          Maldição, ele já sabia que ela era virgem. Tinha que ouvir isso?


- Eu nunca fiz... Eu nunca dei aquilo a um homem - continuou ela. - Nem mesmo a Armand.


          Christopher sentiu o coração se despedaçar. Não era padre e não tinha a menor vontade de ouvir a confissão dela. Ele pôs o copo sobre a mesa, levantou-se e ergueu o queixo dela, com a intenção de beijá-la e fazê-la calar-se.


- Ele queria que eu deixasse - disse ela antes de Christopher conseguir fazer o que pretendia. - Mas eu não quis. Eu me guardei para um homem especial que vai me amar, e serei a melhor esposa do mundo para ele.


          Deus do céu! Christopher tirou a mão bruscamente e voltou a se sentar. Ele queria bater a cabeça contra a parede. Em vez disso, tomou mais um gole.


- Eu costumava fugir e me encontrar com Armand à noite porque o amava. Ele não me amava, porém. Se me amasse, teria mandado o meu pai para o inferno, teria fugido comigo para algum lugar e se casado comigo. Duzentos e cinqüenta francos e a filha de um mercador foram mais tentadores que eu. Mas... - ela tirou o cabelo do rosto e olhou para Christopher com os grandes olhos castanhos começando a brilhar - ... eu não sou mercadoria danificada.


          Essas palavras acenderam alguma coisa dentro dele, algo que ele nunca tinha sentido, algo primai e selvagem, algo que ele não podia controlar. Antes de dar por si, ele atirou violentamente o copo em direção à lareira, perto de onde Haye estivera naquela noite. O cristal atingiu a cornija de mármore e se despedaçou.


          Ele olhou para Dulce e viu que ela o observava, de olhos abertos e chocados com o que ele tinha feito.


- Você não é mercadoria danificada, maldição! - disse-lhe ele - e não teria importância se tivesse ou não estado com um homem. - Ele se levantou. - Acho que nós dois já bebemos o suficiente. Está na hora de ir para a cama.


          Ele pegou o copo dela e o pôs sobre a mesa, tomou as mãos dela e a ajudou a erguer-se. No momento que os pés dela tocaram o chão e ele a soltou, ela começou a cair.


          Ele pôs um braço ao redor dos seus ombros e o outro sob os seus joelhos e a levantou. Ela pôs um braço ao redor do pescoço dele, soluçou mais uma vez e se apoiou no seu peito. Enquanto ele a carregava para fora da sala, ela aninhou o rosto contra o seu pescoço, e um arrepio de prazer lhe percorreu a pele, um prazer tão intenso que Christopher quase a derrubou no chão. Soltando uma praga, ele continuou, carregando-a heroicamente pelos dois lances de escada, pensando a cada passo que enlouqueceria se não conseguisse casá-la logo. Ficaria totalmente louco.


          Ele parou diante do quarto de Dulce e levou alguns segundos para manobrar a maçaneta até conseguir abrir a porta. Quando conseguiu, empurrou a porta com o ombro, escancarando-a. Uma criada havia deixado uma lâmpada queimando, e Christopher conseguiu ver o caminho até a cama. Ao chegar lá, ele a colocou sobre a colcha e começou a se afastar, mas Dulce o agarrou, puxando-o pelo paletó.


- Christopher?


          Ele parou com um suspiro longo e sofredor e se voltou novamente para ela, mas sem olhá-la. Olhou fixamente para a parede. Um homem mais forte poderia se arriscar a olhar aquele delicioso pedaço de céu dentro de uma camisola de renda branca. Christopher não era suficientemente forte para se arriscar.


- O que foi?


- Quero lhe dizer uma coisa.


- Isso não pode esperar?


- Não, não. Eu vou me esquecer.


          Disso não havia dúvida. Ela estava tão bêbada que provavelmente não se lembraria de nada disso no dia seguinte. Ela puxou o paletó dele novamente, dessa vez com mais insistência. Justificando-se com a desculpa de que ela acabaria rasgando o seu paletó favorito, ele se ajoelhou ao lado da cama, lembrando a si mesmo de coisas estúpidas como dever e honra.


- O que você quer me contar?


- Eu... - Ela balançou a cabeça, tentando se concentrar. - Ooh, eu estou tonta.


- Aposto que sim. Ponha um pé no chão. Isso ajuda.


          Ela obedeceu, e a camisola subiu com o esforço. Uma perna longa e bem-feita roçou no seu ventre. Ele olhou fixamente aquela perna nua, sentindo a pele dela queimá-lo através das roupas. Começou a imaginar o que aquela camisola descobriria se tivesse subido apenas mais alguns centímetros.


          Totalmente alucinado e louco. Christopher se forçou a olhar novamente para o rosto dela.


- O que você quer me dizer? - perguntou mais uma vez, percebendo como sua voz estava áspera.


- É melhor você me encontrar um marido que me ame.


          Sim, era melhor. E logo.


- Farei tudo o que puder.


- Sei disso. - Ela sorriu, e ele se perguntou por que se sentia como se tivesse recebido um chute no estômago toda vez que ela sorria para ele. - Acho que você é um chaperon maravilhoso.


          Ele queria rasgar a camisola dela.


- Obrigado.


- De nada. - Os olhos dela se fecharam e a mão dela caiu para o lado. Ela apagou.


          Ele a estudou à luz da lâmpada, sabendo que deveria ir embora, mas sem conseguir se mexer. Não havia motivo para ficar, mas algo o impedia de se levantar. Dentro de um minuto, ele prometeu a si mesmo. Vou embora dentro de um minuto.


          Ele olhou a perna nua dela contra o seu peito.


          Talvez dois minutos.


          Christopher se inclinou, pressionando com o movimento a coxa dela contra o colchão. Sem conseguir se conter, estendeu o braço e tocou o rosto dela, afastando os cachos de cabelo que lhe haviam caído sobre o rosto e prendendo-os atrás da orelha dela.


- Sua bobinha - ele a repreendeu em voz baixa, para não acordá-la. - Você vai se sentir muito mal amanhã.


          Ele se aproximou e os seus lábios roçaram a pele do lóbulo da orelha de Dulce. Era como beijar veludo. Ela cheirava a flor de macieira, a conhaque e a uma mulher quente e doce. Christopher teve certeza de que em algum ponto da vida ele devia ter feito algo realmente abominável para merecer tê-la em seu encargo. Ou ele devia ter feito algo maravilhoso. Ele parecia não conseguir chegar a uma conclusão sobre se era boa ou ruim a mão que o destino lhe dera.


          Dulce Saviñon era uma ameaça à sanidade masculina, uma praga para o céu e a terra. Mesmo assim, ela poderia pecar toda a vida, e quando chegasse aos portões nacarados, São Pedro se ajoelharia aos seus pés, implorando-lhe que entrasse. Ela era manipuladora, vulnerável e irritante, mas era tão linda que ele queria se aproximar mais e sentir novamente o gosto daquela boca... lentamente, longamente, desta vez. Queria puxar aquela camisola mais um pouco, correr as mãos sobre as curvas magníficas e perfeitas que ela lhe exibia há semanas. Queria beijá-la, acariciá-la e se apropriar do que nunca poderia ser dele. Queria saciar aquela necessidade dolorosa que se incendiava toda vez que ela se dignava a lhe dar um simples sorriso. Queria isso mais do que já havia desejado qualquer coisa na vida.


          Mas havia regras sobre esse tipo de mulher e esse tipo de situação, e Christopher sempre respeitara as regras.


          Ele respirou fundo e longamente e se levantou.


- Não há nada de errado em querer ser amada, Dulce - murmurou. - Nada mesmo.


          Apagou a lâmpada e deixou o quarto, com o corpo em agonia. Às vezes era um inferno total ser um cavalheiro.



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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