Fanfics Brasil - Capítulo XIV - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XIV - Parte I

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                                                                                       Capítulo XIV



- Mia bambina cara! - Blanca recebeu a filha de braços abertos. - O que você está fazendo aqui?


- Oh, mamma - choramingou ela em italiano. - Senti tanto a sua falta! - Aquelas palavras foram tudo o que Dulce conseguiu dizer antes de sua garganta se fechar.


          Incapaz de dizer mais nada, ela abraçou a mãe apertado, tão feliz de vê-la que parecia que seu coração fosse explodir. Blanca deu tapinhas nas costas dela com movimentos afetuosos para acalmá-la.


- Eu também senti a sua falta, minha filha. Muito, muito. Mas o que é isso? - Ela deu um passo para trás, levantou o rosto de Dulce e sorriu. - Algumas coisas não mudam. Você é uma mulher agora e não mais uma menininha, mas chora toda vez que eu a vejo. Quando nos vemos, quando dizemos adeus, parece que tanto faz. Você chora nas duas ocasiões. - Ela pressionou os lábios sobre o rosto de Dulce, pondo fim às lágrimas com beijos. - Você recebeu o seu presente?


          Em resposta, Dulce puxou a ponta do casaco e levantou o pulso.


- É lindo. Mas rubis, mamma? - Ela começou a rir através das lágrimas. - Que perversidade a sua!


- Você é uma filha da Casa de Bolgheri, e deve ter as jóias da Casa de Bolgheri. O fato de eu nunca ter sido casada com seu pai não tem nada a ver com isso.


- Fernando nunca me permitiu ter rubis. A senhora sabe disso. Ele ficaria furioso se soubesse que me deu um presente desses.


          Blanca fez um gesto despreocupado com a mão.


- Não me incomodo nem um pouco com a fúria de Fernando. Nunca me incomodei. Ele se encoleriza, grita, bate os pés. Ele é como um touro, o seu pai, tão pouco razoável... tão teimoso. Mas o que ele pode fazer contra mim? Nada.


- Então, se ele é um touro, os rubis são a capa vermelha que a senhora balança diante do rosto dele? - perguntou Dulce, sorrindo.


- Não diante do rosto dele, não. Só pelas costas. Tenha cuidado para nunca usar esse bracelete perto dele, Dulce, ou ele vai tirá-lo de você. - Blanca olhou por cima do ombro dela. - Mas quem é essa pessoa que veio com você?


- Oh! - Dulce percebeu que a sua mãe nunca tinha se encontrado com Christopher, e fez as apresentações em inglês. - Mamma, este é Christopher Uckermann. Christopher, minha mãe, Blanca Espinoza.


- Excelência. - Se ela ficou surpresa com a presença de Christopher, desobedecendo frontalmente às ordens de Fernando, não deu qualquer sinal disso.


           Blanca fez uma mesura.


- Obrigada por trazer a minha filha para me visitar. Estou extremamente agradecida.


- De nada. - Christopher tirou o chapéu, inclinou-se e então se voltou em direção à lareira, o que fez Dulce perceber que havia outra pessoa na sala. - Chesterfield - disse ele fazendo um cumprimento com um gesto de cabeça.


- Christopher. - Lorde Chesterfield se inclinou e cruzou a sala para cumprimentar Dulce com um sorriso no rosto redondo e corado. - Minha cara criança, é bom vê-la.


          Dulce retribuiu o sorriso de Chesterfield com afeição sincera. O barão tinha sido muito bondoso com ela durante a sua estada em Cavendish Square, e era muito generoso com a mamma. Na verdade, ele tinha o bom senso de estar apaixonado por ela.


- É ótimo ver o senhor, milorde. Espero não estar perturbando a sua noite com essa interrupção.


          Ele bateu a mão carinhosamente no braço dela.


- Naturalmente que não. Vou deixar vocês a sós para uma visita longa e agradável. Estou no escritório. - Ele se voltou para Christopher: - O senhor vem comigo, Christopher?


- Com prazer. - Christopher deu uma olhada para Dulce. - Não podemos ficar muito tempo.


         Ela fez que sim, e os dois homens saíram da sala, fechando a porta atrás de si. Blanca a levou para o sofá.


- Ouvi dizer que você pode ficar noiva de Lorde Haye?


- Credo! - Dulce arrancou o casaco e o jogou em uma cadeira próxima, tirou os sapatos com um movimento dos pés e se encaracolou em uma das extremidades do sofá. - Não, não estou noiva de Haye. Foi tudo um mal-entendido.


          Ela explicou as circunstâncias.


- Mercadoria danificada! - gritou a mãe quando ela terminou. - Minha filha? Isso é um desaforo! Gostaria de procurar Lorde Haye e esbofeteá-lo por esse insulto. Talvez eu faça isso!


- Não, não, não há necessidade disso. Eu não o amo, de forma que não importa.


- Mesmo assim... - Blanca se interrompeu, deixando escapar o ar por entre os lábios com desprezo. - Se é assim que ele pensa, não é de surpreender que beije como um peixe.


- Isso explica tudo - Dulce concordou. - Acho que tive a maior sorte de escapar. Mesmo assim, Fernando chega em menos de três semanas. O que eu vou fazer?


-Já que Haye não é uma possibilidade, o que me diz dos outros cavalheiros sobre os quais eu ouvi falar? Esse Lorde Montrose, por exemplo, que deixou Christopher de olho roxo. O que você acha dele?


          Ela balançou a cabeça resolutamente.


- Não. Montrose não.


- Talvez você deva beijá-lo - brincou Blanca - antes de se decidir.


- Mamma! - disse ela, exasperada. - Assim a senhora não está ajudando!


- Você tem razão. Desculpe. - Blanca tentou falar a sério. - E Walford?


          Dulce arregalou os olhos, horrorizada.


- Ótimo - disse Blanca, concordando com um gesto de cabeça diante da expressão de Dulce. - Estou contente porque o seu coração não se inclina na direção dele, pois é um grande tolo. Você nunca seria feliz com Lorde Walford.


- Concordo inteiramente, mamma. Eu não tenho interesse suficiente em Walford nem para querer beijá-lo.


          Blanca mostrou que entendia com um gesto de cabeça.


- O beijo de um homem é muito importante. Você sempre será capaz de dizer, pelo beijo de um homem, o que sente em relação a ele.


- A senhora acha? - Dulce endireitou-se um pouco no sofá, atingida por essas palavras. - Um beijo é o suficiente para saber?


- Você beijou Haye e teve certeza de que ele não era a pessoa certa. Você beijou Armand e se apaixonou por ele. Parece que é sempre assim com você.


- Sim, mas eu me enganei com Armand. Eu o amava, e ele me desiludiu. Ele não me amava, mamma.


- Homem estúpido! Ele não tinha juízo.


- Sim, mas...


- É só ter certeza de que você só vai beijar homens de juízo que tudo dará certo para você.


          Ela olhou para o rosto sorridente da mãe e não conseguiu deixar de rir.


- Oh, mamma, a senhora é impossível! Eu quero conselhos!


- Mas o que é que você quer que eu diga? - Blanca se inclinou para a frente e deu um tapinha na mão dela. - Dulce, eu não sou como a maioria das mulheres. Apesar de saber o que é estar apaixonada por um homem, ter o amor de um homem e lhe dar o meu por toda a vida nunca foi tão importante para mim. Eu sempre considerei o amor romântico como algo transitório, que está aqui hoje e amanhã já passou. O amor não dura. - Dulce começou a ficar desanimada.


- É isso que a senhora está tentando me dizer?


- Estou falando sobre como eu me sinto sobre isso. Mas talvez eu seja cínica demais. Dura demais.


- Mamma, a senhora não é nem um pouco dura! Eu acho que a senhora é maravilhosa, e se Chesterfield tivesse cérebro, ele se casaria com a senhora.


- Ele propôs muitas vezes. Eu recusei.


- Mas por quê?


- Ah, minha querida! - Blanca levantou a mão e acariciou o rosto de Dulce. - Você é tão diferente de mim!


- Diferente como?


- Você tem uma capacidade tão grande de amar que me deixa admirada. Sempre me deixou. Quando surgir o homem certo, você conseguirá se jogar toda nesse amor - corpo, coração e alma.


- Naturalmente. - Ela fitou a mãe, ainda sem compreender. - Mas existe outro jeito?


          Blanca deu um sorriso, mas era um sorriso triste.


- Eu a invejo, Dulce. Eu amei um homem, e isso foi tudo o que a vida me deu. Agora, o meu corpo é a única parte de mim que eu realmente posso entregar. Isso e um pouco da minha afeição. O resto eu guardo para mim. Não sei por quê, mas é assim que eu sou. Eu me tornei assim. É assim que uma cortesã deve ser.


          Dulce não sabia o que dizer. Ela nunca tinha pensado na mãe dessa perspectiva. Disse a única coisa na qual conseguia pensar:


- Eu amo a senhora, mamma.


- Eu também amo você, minha linda menina. Mais do que consigo exprimir. - Ela se recostou contra o braço do sofá. - Então é conselho o que você quer da sua mamma? Pois bem. Como eu disse antes, você precisa se apaixonar por um homem que tenha juízo e bom senso suficiente para retribuir o seu amor.


- Em três semanas? Estou começando a achar que isso é impossível.


- Peça a Christopher para persuadir o seu pai a lhe dar mais tempo.


- Ele se ofereceu para fazer isso, mas ele mesmo não acredita que Fernando consentiria. Temo que ele esteja certo.


- Christopher se ofereceu a falar com o seu pai a seu favor? - Ela bateu as mãos e riu. - Então você conseguiu cativá-lo, exatamente como eu sugeri.


          Dulce olhou para ela com expressão triste.


- A maior parte do tempo, mamma, ele nem mesmo gosta de mim.


- Bobagem. Ele a trouxe aqui, desrespeitando as ordens de Fernando, não trouxe?


- Apenas porque quando recebi o seu presente, eu estava com tanta saudade da senhora que comecei a chorar. Ele sentiu pena de mim.


- Os homens nunca fazem as coisas para as mulheres porque sentem pena de nós. Nunca. Não, você conseguiu cativá-lo.


- Ele não parecia muito cativado depois que ficou com aquele olho roxo na outra noite - disse Dulce, começando a rir. - Oh, ele ficou tão bravo comigo! Se existissem dragões, mamma, ele seria um dragão, porque quando está bravo, os olhos dele lampejam como fogo de dragão. É extraordinário.


- Como um dragão, é assim que ele é? - A mãe dela parecia se divertir.


          Dulce mal notou. Ela se inclinou para a frente no sofá.


- Mamma, a senhora realmente acha que um beijo diz a uma mulher o que ela precisa saber?


- Eu acho que é do que você precisa para saber, Dulce. Não para todas as mulheres, mas para você, penso que sim.


- Mas... - Dulce mordeu o lábio, incerta.


          Ela queria o beijo de Christopher mais do que qualquer outra coisa na vida. Por outro lado, sabia que agora ele pensava bem dela, e não queria perder isso. Se ela o beijasse, isso confirmaria a opinião inicial dele sobre ela, de que era namoradeira e brincava com os homens.


          A cabeça dela voou rapidamente de volta para os outros homens que ela havia beijado. Alguns tinham sido como Haye, uma verdadeira decepção. Outros tinham inspirado um certo interesse leve, mas nada mais.


          Então ela tinha conhecido Armand. Dulce pensou nele e nas noites que tinham passado juntos no escuro. Ela estava muito solitária na época, e ele havia lhe dado o antídoto. Eles conversavam, riam e ficavam de mãos dadas. Ela se lembrou da expectativa, dos planos secretos e da dor da saudade. Tinha havido beijos, muitos beijos carinhosos. Ele sempre quisera mais. Tinha querido tocá-la em lugares proibidos, e ela nunca o deixara avançar. Armand queria que ela se deitasse com ele na grama. Ela nunca aceitara. Por mais que o amasse, nunca tinha perdido a cabeça, nunca tinha perdido o controle. Ela sempre tinha se reservado, à espera da declaração de amor, à espera da proposta de casamento. Nenhuma das duas jamais aconteceu. Armand a quisera, mas não a amara.


          Ela olhou para a mãe, que a observava com um pequeno sorriso.


- Um beijo não diz a uma mulher o que um homem sente, diz, mamma?


          O sorriso de Blanca desvaneceu-se.


- Temo que não, minha querida. É aí que uma mulher tem que dar o salto da fé.


- Eu dei esse salto com Armand e saí com o coração partido.


- Mas você ainda tem fé incondicional no amor. Você quer amar novamente, e vai amar. - Ela fez uma pausa e continuou: -Talvez essa seja a diferença entre nós, Dulce. Quando eu dei aquele salto de fé, ainda mocinha, acabei me arruinando, e fiquei tão destruída que nunca mais encontrei coragem para amar de novo. Você vai encontrar essa coragem. É assim que você é.


          A porta se abriu e Christopher entrou, interrompendo-a. Ele deu apenas um passo para dentro da sala e parou. Chesterfield passou por ele e entrou a sala.


- Perdoe-me. - Christopher olhou para Dulce e pôs o chapéu. - Temos que ir.


          Ela não tentou argumentar, pois sabia que ele tinha arriscado muito só em levá-la lá. Ela se levantou, pôs os sapatos e jogou o casaco ao redor dos ombros. Respirou fundo e olhou para a mãe.


- Mais uma despedida, mamma.


- Mas sempre existe uma próxima vez, Dulce. Lembre-se disso e não fique triste.


- Vou tentar - ela prometeu.


          Beijou Blanca e se despediu de Chesterfield. Com Christopher ao seu lado, ela deixou a casa sem olhar para trás.


          Depois de ajudá-la a entrar na carruagem, Christopher deu instruções para o cocheiro voltar a Portman Square e a seguiu para dentro do veículo.


- Você gostou da sua visita à sua mãe? - perguntou ele, acomodando-se em um canto da carruagem, de frente para ela.


- Gostei. - Ela tirou o capuz do casaco e olhou para ele, mas a carruagem estava tão escura que não conseguia vê-lo. - Sei que lhe custou muito me trazer aqui, e eu... - Ela parou, o coração tão cheio de gratidão que tinha dificuldade em falar. - Obrigada. Foi um presente de aniversário maravilhoso.


- Estou feliz de você ter gostado.


          Ela o ouviu bater o punho no teto, sinalizando para o cocheiro que eles estavam prontos para ir. A carruagem deu um tranco e entrou em movimento.


          Dulce olhou fixamente para o canto onde ele estava sentado, desejando poder vê-lo. A luz da lua entrava por uma abertura das cortinas da janela atrás dele e iluminava a parte onde ela estava no veículo, mas deixava o lado dele na escuridão. Ela via a gravata de Christopher, um vislumbre fantasmagórico de branco-acinzentado, mas isso era tudo. Não via o rosto dele, mas mesmo que visse, sua expressão não teria lhe dito nada. Não dizia nunca. Os olhos dele às vezes lhe diziam alguma coisa, mas eles estavam invisíveis na escuridão da carruagem.









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Autor(a): raaayp

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          Dulce nunca tinha encontrado um homem como Christopher. Aquele inexorável senso de dever e decoro a deixava perplexa. O seu controle e a sua disciplina a fascinavam. O riso dele a encantava. O beijo dele a deleitava. Ele era um mistério intrigante e enigmático, e ela queria compreendê-lo. - H ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

    A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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