Fanfics Brasil - Prólogo - Parte III Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Prólogo - Parte III

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          Dulce sorriu para os dois homens e lhes soprou um beijo.O mais alto fez um gesto para que ela arrancasse a máscara e o lenço. Ainda sorrindo, ela fez que não com a cabeça e o observou pôr uma mão sobre o coração, como se estivesse arrasado. Rindo, ela lhe acenou um adeus e voltou-se para Zoraida.




- Vamos, quero tomar café.


          Zoraida seguiu Dulce, que se dirigiu para o meio de uma piazza cheia de gente, abrindo caminho para os cafés e padarias do outro lado. Com sorte, conseguiram uma mesa em um café ao ar livre e fizeram o pedido. Enquanto esperavam, Dulce tirou do bolso tabaco e papel, e começou a enrolar um cigarro com a facilidade da longa prática. Zoraida ficou olhando para ela, estarrecida.


- Você vai fumar?


- Não me olhe com esse rostinho tão horrorizado - respondeu Dulce, divertindo-se. - Pelo menos não é haxixe. Quer um?


- As mulheres não devem fumar.


          Dulce pegou a vela sobre a mesa.


- Exatamente - disse ela. Acendeu o cigarro e se encostou na cadeira, sorrindo do rosto chocado de Zoraida.


          Na coloração, elas não eram diferentes - as duas tinham os olhos escuros e o cabelo ondulado do pai, mas aí terminava toda a semelhança. Zoraida era delicada, doce e exageradamente idealista, tudo o que Dulce não era. Talvez fosse por isso que ela tinha gostado tanto da menina nos três meses que vivia ali. Zoraida participava de todas as funções reais, e Dulce era mantida fora da vista, na extremidade oposta do palácio. Apesar disso, as duas tinham conseguido se encontrar. Sozinhas e isoladas dos outros, tinham-se tornado amigas secretas.


- Eu não queria gostar de você, sabe? - Dulce deixou escapar, soprando a fumaça para o alto.


- Não queria?


- Não. Eu vim para cá totalmente disposta a odiar você.


          Para sua surpresa, Zoraida começou a rir.


- Eu também não queria gostar de você - confessou. - Quando nos conhecemos e você me disse que era a bastarda de papai, odiei você. Eu não sabia que ele tinha outra filha além de mim.


          Dulce deu uma risadinha de escárnio.


- Isso não é nenhuma surpresa. Ninguém sabe que sou filha dele.


- Eu falei sério. Estou me divertindo muito desde que você chegou. Ouvir as suas histórias, saber de todas as coisas exorbitantes que você fez, coisas que eu nunca ousaria fazer...


- Ouvir outras pessoas falarem sobre a vida não adianta, Zoraida - interrompeu Dulce. - A vida é rica, doce e muito curta. As pessoas têm que viver a vida e não observá-la da sacada de um palácio.


          Zoraida franziu as sobrancelhas, com expressão de dúvida, e estendeu a mão em direção ao cigarro.


- Vamos experimentar isso.


          Com um ataque de tosse, Zoraida abanou a fumaça com as mãos e devolveu o cigarro o mais rapidamente possível.


- Essa é uma experiência que eu evito de boa vontade - disse ela com um estremecimento. - E horrível!


- Realmente - concordou Dulce.


- Por que você fuma, então?


- Porque sou proibida de fumar, acho.


- O que mais você já fez que é proibido?


- Quase tudo - admitiu ela, sem saber ao certo se deveria ou não ter orgulho disso.


- A sua mãe não se importa?


- Mamma. - Dulce sorriu, lembrando-se das visitas que Blanca lhe fazia no internato, pensando no jeito indeciso e animado da mãe, que cativava a todos. A própria Dulce não era imune a esse charme. Ela adorava a mãe. - È difícil saber o que mamma realmente pensa sobre qualquer coisa.


- Me fale mais das coisas que você fez. - Sem esperar uma resposta, ela continuou: - Você já beijou um homem?


- Claro.


          Os olhos de Zoraida se abriram com a curiosidade de toda garota de dezessete anos que não tem nenhuma experiência.


- Como é?


          Dulce lhe disse a verdade:


- Maravilhoso. Não sei explicar por quê, mas é.


- Quem você beijou? - perguntou Zoraida. - Quem era ele?


          A mente de Dulce voltou num átimo ao verão de três anos antes, e ficou surpresa ao descobrir que já não doía pensar nisso.


- O nome dele era Armand. Ele era o ferreiro da aldeia próxima à academia de Madame Tournay. Eu estava totalmente apaixonada por ele.


- Um ferreiro? Como você o conheceu?


- Um dia eu estava na aldeia fazendo compras e o vi. Ele estava de pé inclinado sobre a bigorna, martelando. Estava sem camisa, e o suor escorria pelo seu peito. Eu simplesmente parei e fiquei olhando para ele. Nunca tinha visto o peito desnudo de um homem antes. Ele levantou os olhos e me pegou olhando. Sorriu para mim e eu me apaixonei por ele. Foi simples assim. Comecei a fugir à noite para me encontrar com ele. Armand fazia eu me sentir linda e desejável pela primeira vez na vida. Foi a coisa mais incrível e maravilhosa que já aconteceu comigo.


         Suspirando, Zoraida apoiou o cotovelo na mesa e o queixo em uma das mãos.


- O que aconteceu?


- Fernando descobriu, Armand se casou com outra pessoa e eu fui mandada para um convento.


- O quê? - Zoraida se empertigou na cadeira, indignada. - Eu pensei que você ia me contar alguma história trágica de que ele morrera de amor por você.


- Que idéias românticas você tem, Zoraida!


- Ele foi um grosseirão malcriado! Se ele a amava e... beijou você, deveria ter se casado com você e não com outra garota!


          Agora Dulce já conseguia ver o caso filosoficamente.


- Essas coisas acontecem.


- Mas acho que você não poderia se casar com um ferreiro, de qualquer forma. Papai nunca teria consentido.


          Dulce sabia que ela teria se casado com Armand se ele a tivesse amado o suficiente para desafiar o pai dela. Mas ele tinha preferido pegar o dinheiro com que Fernando o subornara e se casar com a filha de um comerciante, deixando-a de coração partido. E Dulce jurou que aquilo nunca mais iria acontecer.


- Quando eu me casar, será com um homem que me ame tão louca e apaixonadamente que nada mais importe a ele - disse ela a Zoraida. - De outra forma, o casamento é uma armadilha, e a mulher não passa de uma prisioneira.


          Para seu espanto, Zoraida concordou com a cabeça.


- Eu ainda não me casei e já estou presa em uma armadilha. - Seu rosto bonito assumiu uma expressão infeliz. - Tenho que me casar com um duque austríaco. A mãe dele é inglesa. Tudo foi arranjado pelos embaixadores britânico e austríaco.


- Eu sei. Já ouvi falar disso.


- Eu não o amo. Eu nunca nem mesmo o vi, mas tenho que me casar com ele. Papai insiste nessa união.


- Desafie Fernando.


-Não posso! Está tudo arranjado. Os tratados foram assinados. O dote foi pago. O Congresso de Viena será preservado, nós teremos paz com a Áustria e Bolgheri terá uma aliança com a Inglaterra. Não há nada que eu possa fazer para deter tudo isso. É o meu dever.


          Dulce desejou poder dizer alguma coisa que confortasse a irmã, mas não havia nada de confortador no fato de ela ser forçada a se casar com um homem que não amava. Ela mudou de assunto.


- Pelo menos quando você percebe que está presa em uma armadilha, não sai fazendo loucuras para deixar Fernando fora de si.


- Não sei não - disse Zoraida com um sorriso triste. - Estou aqui com você, não estou? Mas acho que esta é a única vez que eu terei uma chance de fazer alguma loucura na vida. - Ela fez uma pausa, estudando Dulce com uma expressão pensativa no rosto. - Por que você sempre desafia papai fazendo coisas proibidas?


          Dulce abriu a boca para responder e então percebeu que não sabia a resposta. Ficou em silêncio, pensando antes de falar.
- Eu gosto de agitação, de excitação, e há uma certa excitação em desrespeitar as regras - disse ela depois de um momento. - Além disso, adoro um desafio. O fato de me proibirem de fazer alguma coisa me dá uma enorme vontade de fazer exatamente aquilo.


- E quando você desrespeita as regras, papai tem que se lembrar que você existe.


          Dulce ficou tensa com as palavras da irmã. Para uma garota protegida e ingênua que não sabia muito sobre a vida, Zoraida percebia muita coisa.


- Isso também - admitiu Dulce, dando uma tragada no cigarro. Soprando a fumaça, acrescentou: - Por que ele deveria poder fazer de conta que eu nunca nasci?


- Não deveria não.


          Dulce olhou para o outro lado para não ver a compaixão no rosto da irmã. Era irônico, já que apenas alguns minutos antes ela é que tinha tido pena da jovem.


- Não tem importância - disse ela em voz frágil. - Eu não ligo.


- Liga sim. Mas, se isso for consolo para você, papai também se esquece que eu existo a maior parte do tempo. Antonio pode fazer o que bem entende, mas eu não posso ir a lugar nenhum nem fazer nada. Papai não me deixa nem mesmo ir a um baile antes de completar dezoito anos. Antes de você chegar, houve ocasiões em que eu pensei que fosse enlouquecer.


- Só estou aqui porque Fernando não sabia o que mais fazer comigo. O plano dele era que os guardas do palácio me mantivessem sob controle. - Ela fez uma pausa e lançou um olhar significativo ao redor, e então sorriu maliciosa para Zoraida. - Você acha que está funcionando?


           Zoraida retribuiu o sorriso.


- Temo que não.


- Recuso-me a ser controlada como uma marionete. - Virando-se na cadeira, ela jogou a ponta do cigarro nas pedras do pavimento. Enquanto esmagava a bituca com o salto do sapato, Dulce avistou a carreta de bois que elas tinham visto antes. Ela circundava a piazza com os dois homens de pé na parte de trás, esquadrinhando a multidão. - Não vire cabeça - ordenou ela -, estou vendo aqueles dois homens novamente. Acho que estão nos procurando.


- Por que estariam? Eles nem nos conhecem...


- O que importa isso? Os homens sempre querem mulheres, especialmente aquelas que sorriem, riem e flertam com eles.


          Ela observou o mais alto se voltar para a direção delas. Ao vê-la, ele lhe jogou um beijo, retribuindo o que ela lhe soprara antes. Ela riu, percebendo e gostando daquele tipo de atenção masculina.


- Eles nos viram - disse ela a Zoraida, enquanto o seu admirador se virava para o companheiro e apontava na direção delas. - Estão vindo para cá.


- Oh! - Os olhos de Zoraida se abriram, traindo a sua animação. - E se eles quiserem conversar conosco?


- Talvez nós deixemos que conversem. - Dulce se recostou na cadeira com ar descuidado. - Ou talvez - acrescentou ela com um dar de ombros - não.


          A carreta parou ao lado do café em que elas estavam e um buquê voou pelo ar, pousando no colo de Dulce. Ela abaixou os olhos para as violetas e em seguida deu uma olhada no homem. Depois de um momento, pegou o buquê e sorriu para o seu admirador.


- O que significam as flores? - perguntou Zoraida, olhando de relance para a carreta e novamente para Dulce.


- Ele quer me conhecer. - Com o buquê na mão, ela empurrou a cadeira para trás e se levantou. - Vamos.
          Sem olhar para os homens, Dulce se virou e começou a andar na direção oposta. Zoraida correu para alcançá-la.


- Não entendo. Você não quer conhecê-lo?


- Ainda não decidi.


- E se eles nos perderem na multidão?


- Então eu não vou conhecê-lo, não é mesmo?


- Ele vai achar que você não gostou dele e vai desistir.


- Ele não vai fazer isso, pode ter certeza.


          Como que para provar as palavras dela, as vozes provocantes dos dois homens as chamaram, vindo de trás e não muito distante, indicando que tinham deixado a carreta e as estavam seguindo a pé. Dentro de momentos, eles passaram correndo por Dulce e Zoraida e se viraram, bloqueando o caminho delas. Sem fôlego e rindo, o admirador de Dulce caiu sobre um joelho diante dela.


- Doce camponesa - disse ele -, imploro à senhora e à sua companheira que nos deixem acompanhá-las.


- Se deixarmos, os senhores têm que primeiro tirar a máscara. Não podemos permitir que os homens que nos acompanham mantenham o rosto escondido de nós - respondeu ela.


          Ele se levantou.


- Se nós mostrarmos o rosto, as senhoras farão o mesmo? Essas máscaras só podem esconder grandes beldades.


          Ela pensou por um momento e então concordou com um aceno de cabeça.


- Mas todos tiram as máscaras ao mesmo tempo.


- Concordamos.


          Rindo, Dulce puxou o lenço e a máscara e sacudiu as longas madeixas encaracoladas. Ela olhou para o rosto sem máscara de seus admiradores e deu com os dois homens olhando, assustados, para ela e para Zoraida, totalmente pasmados. De repente, percebeu quem eram, e seu riso desapareceu.


- Deus do céu! - sussurrou ela, sentindo-se mal de repente. Estava diante de dois guardas do palácio.





 




     __________x______x_____


          aaaah, jáa tenhoo 3 leitooras, que máximooo *-*


quue boom que estãao gostandoo meninaas, comenteem bastantee, daqui a poucoo


voou postaar o  1º capituloo *-*


beeijos.



 






 




 


 




 




         




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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

    A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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