Fanfics Brasil - Capítulo XVIII - Parte II Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XVIII - Parte II

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          Christopher era por natureza uma pessoa que se levantava cedo. Tinha estabelecido uma rotina para si mesmo e para sua casa quando se encontrava em Plumfield: levantava-se às sete, fazia uma cavalgada, tomava café-da-manhã às nove e lia o jornal da manhã.


          Quando ele voltou de seu passeio matinal, Dulce estava de pé e ativa. Ele a encontrou em um pequeno escritório ao lado da sala de estar onde as senhoras de Plumfield escreviam suas cartas pela manhã. Com ela estavam Atherton, o mordomo, Mrs. Richards, a cozinheira, e Mrs. Wells, a governanta. Ela levantou os olhos da mesa de trabalho quando ele chegou e lhe deu um daqueles seus sorrisos radiosos.


- Christopher! Bom dia.


          Os criados se voltaram para ele com mesuras e cortesias.


- Bom dia, senhor - disseram eles em uníssono.


          Ele os cumprimentou com um gesto de cabeça e depois olhou para Dulce.


- Familiarizando-se com a rotina da casa?


- Sim. Espero que você não se importe.


- Nem um pouco. É o que seria de esperar que você fizesse. Você é a senhora aqui, e a casa é o seu domínio - acrescentou ele, com uma olhada significativa para os três criados mais graduados, só para o caso improvável de que eles não estivessem conscientes desse fato. - Sinta-se à vontade para fazer qualquer mudança que quiser.


- Estava dizendo para Mrs. Wells que uma coisa que não vou mudar nada é o meu quarto - disse ela. - Está absolutamente perfeito, e tem até o meu sabonete favorito. Obrigada, Christopher.


          Ele sentiu um calor de prazer pelo corpo e demorou um momento para pensar em algo para dizer. Limpou a garganta e, tentando parecer casual, disse:


- Que bom que você gostou, minha cara. Agora, se você me der licença, tenho que me reunir com o meu administrador. Vou deixá-la estudar a rotina da casa. - Ele fez uma mesura e começou a sair, mas ela o chamou de volta.


- Christopher? Você tem planos para hoje à tarde? Gostaria que você me levasse para dar uma volta pela propriedade.


- Naturalmente. Uma hora?


- Ah, vai ser perfeito! - exclamou ela. - Podemos fazer um piquenique.


          A idéia de um piquenique nunca havia ocorrido a ele. Sentar-se no chão para comer nunca tinha sido algo que lhe fosse particularmente atraente, e ele não se lembrava da última vez em que fizera isso. Mas o prazer que brilhava no rosto de Dulce diante dessa idéia o convenceu.


- Então será um piquenique. A senhora prepara alguma coisa, Mrs. Richards?


- Sim senhor - disse Mrs. Richards, sem conseguir disfarçar o espanto.


- Muito bem. - Com isso, ele se inclinou e saiu para se encontrar com Coverly no escritório. Ainda tinha muitos assuntos da propriedade para tratar, e se ia tirar a tarde de folga para algo frívolo como um piquenique, era melhor começar a trabalhar.



- É maior do que eu tinha imaginado. - Na extremidade dos jardins do sul, Dulce parou e se virou para estudar a estrutura de quatro andares da casa.


          Christopher se deteve ao lado dela e pôs no chão a pesada cesta de piquenique.


- Plumfield foi construída em 1690. As duas alas foram acrescentadas pelo meu avô. O que é ótimo, porque ele também acrescentou vários banheiros com descarga. E também tem uma enorme banheira só para as suítes principais. Fica do outro lado dos seus aposentos, descendo uma escada privativa.


- Sim, eu vi a banheira quando Atherton me mostrou a casa hoje de manhã. É enorme. - Ela fez uma pausa. - Grande o suficiente para dois.


          Imagens extravagantes e eróticas dos dois dentro daquela banheira passaram pela cabeça de Christopher como um relâmpago, e ele respirou fundo. Ela não pareceu notar.


- Gosto dos tijolos aparentes do lado externo da casa - disse ela, fazendo um sinal de aprovação com a cabeça. - E os detalhes em pedra são bonitos. Ê uma casa muito inglesa, não é?


         Ele se forçou a pôr de lado as suas fantasias eróticas diante de algo que lhe parecia óbvio.


- Sim, suponho que sim.


- Os jardins também são muito ingleses - continuou ela, olhando ao redor. - Na Itália e também na França, tudo é separado formalmente em canteiros e hortas. Os seus jardins ingleses são diferentes. Mais naturais. Todos esses gramados. E as flores, ervas e arbustos são todos misturados. Não há tantas fontes aqui, mas mais lagos e tanques, e - ela fez uma pausa e apontou para um fosso baixo próximo de onde eles estavam - pequenos córregos como este.


- Ha-ha - ele a corrigiu.


          Ela olhou para ele de testa franzida, confusa.


- Eu disse alguma coisa que o fez rir?


          Nesse ponto ele riu de verdade.


- Não, não. Esses fossos são chamados ha-has. Eles são feitos para manter os veados e o gado fora dos jardins.


- Nós temos veados e gado?


- Sim, naturalmente. Plumfield tem mil e seiscentos hectares. Pomares, arrendatários, um pouco de parque e de mata também, naturalmente. E gado. - Ele indicou um ponto distante. - A propriedade de Alfonso, Nightingale`s Gate, fica dezesseis quilômetros ao sul daqui. A beira do mar.


- Tão perto? Isso é maravilhoso. Nós podemos vê-los com freqüência, não podemos?


- Sempre que você quiser. É uma viagem de uma hora no máximo.


          Isso pareceu lhe agradar. Ela sorriu para ele, e Christopher se perguntou o que tinha aquele sorriso que sempre o confundia, a ponto de ele não saber direito se estava em pé ou de cabeça para baixo. Mal esse pensamento lhe passou pela cabeça, subitamente as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dela, misturando-se ao sorriso e confirmando que, tendo Dulce como mulher, o mundo dele de agora em diante seria todo confuso, de cabeça para baixo, virado do avesso - ele em especial.


- Por que você está chorando, em nome de Deus? - interpelou ele. - O que há de errado?


- Nada. - Dulce enxugou as lágrimas do rosto com os dedos. - Christopher, eu choro o tempo todo - ela lhe lembrou, fungando levemente. - Você deveria saber disso a essa altura.


          Sim, provavelmente deveria.


- Bem, eu gostaria que você não chorasse tanto - ele disse, tirando um lenço do bolso com um movimento brusco. - Eu realmente detesto quando você começa a ficar toda lacrimosa.


- Eu sei que você detesta. - Ela pegou o lenço dele e enxugou o rosto. - Mas não há nada que eu possa fazer. Eu olho ao meu redor e vejo a nossa casa e os nossos jardins e fico feliz. È por isso que estou chorando.


          Ele olhou para ela em dúvida.


- Você está chorando porque está feliz?


-Si.


- É o tijolo ou o buxinho que inspira toda essa alegria?


          Ela balançou a cabeça e fez um gesto mostrando tudo ao redor deles.


- Como posso explicar? A minha vida toda eu fui arrastada de um lado para outro. Escolas, conventos, casas de parentes, o palácio de Fernando, a casa da mamma, a casa do seu irmão, Tremore Hall. - Ela fechou a mão ao redor do lenço dele e a levou ao coração. - Mas aqui eu olho ao meu redor e sei que estou em casa.


          Ele sentiu um aperto no peito e virou o rosto, olhando fixamente os pomares do vale logo abaixo, sentindo-se totalmente desajeitado e, ao mesmo tempo, estranhamente satisfeito.


- Fico contente de que você goste de tudo.


- É lindo. Como eu poderia não gostar? - Com uma fungada final, ela dobrou o lenço dele e o pôs no próprio bolso. Jogando os braços ao redor do pescoço dele, ficou na ponta dos pés e lhe deu um beijo rápido na boca. - Este é o meu lar - ela disse, e beijou o queixo dele. Em seguida, beijou-lhe a mandíbula. - Obrigada, marito mio, obrigada.


- Dulce! - Ele deu um olhar constrangido para os jardineiros que trabalhavam ali por perto. - As pessoas podem nos ver.


          Ela o ignorou e o beijou de novo.


- Você está constrangido?


- Não. - As mãos de Christopher se fecharam ao redor dos pulsos dela, mas ele gostava mais de sentir os braços dela ao redor do seu pescoço do que se importava em ser observado, e descartou qualquer pensamento de afastar as mãos dela.


          Ela o beijou mais uma vez.


- É por isso que você é acanhado?


          Ele também gostava quando ela o beijava. Acariciou a parte interna dos pulsos dela com os polegares.


-Não, não sou acanhado - ele a corrigiu. - Sou discreto. Sou... - Ele fez uma pausa e em seguida disse: - Nunca fui de demonstrar minhas emoções.


- Se você retribuir o meu beijo só uma vez - brincou ela, falando contra a boca dele - eu paro.


          Isso o fez sorrir.


- Então esse é o seu plano, não é? - murmurou ele, com o corpo começando a queimar. - Deixar um homem todo excitado e depois parar. Por que será que isso não me surpreende?


          O rosto dela ficou sério. As mãos dela deslizaram para o cabelo dele, e Christopher nem se lembrou de objetar.


- Você ficou? - perguntou ela.


          Ele franziu as sobrancelhas diante dessa pergunta, tentando pensar, mas encontrou uma certa dificuldade em fazê-lo.


- Se eu fiquei o quê?


          Ela pressionou o corpo contra o dele, e qualquer tentativa de raciocinar se perdeu.


- Você ficou todo excitado, Christopher? - sussurrou ela.


- Meu Deus, fiquei. - O peso espesso do desejo estava tomando conta dele rapidamente. - E suspeito que você sabe muito bem disso.


          Ele apertou as mãos que seguravam os pulsos dela e deu um passo para trás, puxando-a junto com ele até os dois ficarem atrás da sebe alta de um labirinto de buxinho. Protegido de olhares curiosos, ele largou os seus pulsos, pôs as mãos ao redor do seu rosto e a beijou - um beijo longo e voluptuoso, que o fez desejá-la intensamente e reviver as lembranças daquela noite na carruagem e do corpo dela debaixo do seu. Naquele momento, Christopher não se importava com o que lhe tinha custado tê-la e pouco se importava com a contribuição dela para a sua ruína. Ele provou a boca de sua mulher e começou a pensar que ser um gentleman na noite anterior e deixá-la sozinha para descansar depois da longa viagem tinha sido realmente uma estupidez. Baixou uma das mãos e acariciou o pescoço dela.


          Ela interrompeu o beijo e se soltou das mãos dele antes que ele conseguisse dar por si o suficiente para impedi-lo. Ele tentou agarrá-la, e ela se afastou rapidamente, rindo, e contornou a sebe, voltando para um lugar onde eles poderiam ser vistos.


- Eu prometi que pararia - ela lhe lembrou, virando-se e descendo a colina. - E sempre cumpro as minhas promessas.


- Você está me deixando louco - disse ele, pegando a cesta de piquenique e seguindo-a.


          Ela parou, virou o rosto e lhe deu aquele sorriso deslumbrante por cima do ombro.


- Espero que sim, inglês. Espero mesmo que sim. - Rindo, ela se virou, pegou as saias nas mãos e começou a correr colina abaixo.


          Aquela cena o fez parar. Ele se lembrou da primeira vez que a tinha visto e de tê-la imaginado assim, correndo pela grama com o mato na altura do joelho, rindo, com o cabelo solto atrás de si. Ele nunca fora um homem de muita imaginação, mas mesmo então, naquele primeiro momento, havia percebido que o seu destino estava entrelaçado ao dela. Por muito tempo confundira seus sentimentos por ela com um irresistível desejo físico, mas agora compreendia que se tratava de algo mais profundo. Algo que o tinha forçado a voltar sempre para ela, apesar de a razão e o bom senso lhe dizerem que se afastasse.


- Christopher, o que você ainda está fazendo aí em cima?


          A voz dela, sem fôlego e risonha, o tirou dos seus devaneios.


- Hmm? O quê?


- O que você está fazendo? Você está de pé na encosta dessa colina como se tivesse congelado aí.


          Ele não estava congelado. Não estava mais. Não desde que a conhecera. Christopher olhou intensamente para a mulher que sorria para ele de rosto erguido na clara tarde de outono, com os raios de sol brilhando sobre o pente de prata do cabelo.


          Dolce, pensou ele, a palavra italiana para doce. Era o que a definia. Fora isso que sempre o atraíra para ela, da mesma forma que uma planta em uma janela insiste em se virar na direção do sol. Ele precisava dela, precisava tanto dela que estivera disposto a jogar fora tudo o mais que sempre tivera importância para ele. Isso era uma coisa assustadora, porque nunca na vida Christopher tinha tido necessidade de alguém.


- Christopher, você está bem? Você está com uma expressão muito estranha no rosto.


          Ele começou a descer a colina e se forçou a dizer alguma coisa.


- Eu estava pensando na primeira vez que eu a vi.


          Ela deu uma olhada ao redor e em seguida voltou a olhar para ele.


- Você quer dizer naquele dia na sala da mamma?


- Sim.


          Ela lhe deu um olhar duvidoso, como se ele não estivesse muito bom da cabeça.


- Às vezes, inglês, eu não o compreendo. Eu amo você, mas nem sempre o compreendo.


          Ela se virou e começou a cruzar o prado. Ele ficou onde ele estava, vendo-a afastar-se, segurando as saias com uma das mãos e com o sol batendo no cabelo.


- Eu também te amo - disse ele, mas apenas quando ela já estava longe demais para ouvir. - Sempre amei.



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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