Fanfics Brasil - Capítulo XX - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XX - Parte I

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                                                                 Capítulo XX



          Nas duas semanas que se seguiram, Dulce fez todo o possível para deixar o marido feliz. Distraiu-o sempre que pôde, preencheu os buracos do dia dele com a sua companhia. Tentou fazê-lo conversar sobre o que sentia, mas Christopher não era o tipo de homem que fala sobre coisas assim. Ela fez amor com ele, o fez sorrir e, algumas vezes, até rir. Mas, por mais que fizesse ou se esforçasse, a sua culpa e a melancolia dele pairavam sobre a vida dos dois como uma nuvem cinzenta que ia crescendo, ficando mais escura e mais pesada a cada dia que passava.


          No café-da-manhã, ela o observava ler as cartas de seus colegas do corpo diplomático e percebia como ele sentia falta da sua vida de antes. Ela o ouvia com atenção nas raras vezes em que ele falava de assuntos diplomáticos e percebia a saudade na voz dele. Christopher tentava fazer de conta que não se importava de não ser mais parte dessas questões, mas ela sabia muito bem que não era verdade, e isso lhe partia o coração.


          Ele recebia jornais de toda a Europa pelo correio e os lia todos os dias. A maioria dos que vinham da Europa continental chegavam a Devonshire com semanas de atraso, mas Christopher lia tudo o que havia neles com toda a atenção, e vê-lo fazer isso era quase intolerável. Ao lhe tirar sem querer o trabalho diplomático, Dulce simplesmente não percebera a profundidade da ferida que a sua ação lhe infligira, mas agora compreendia muito bem. Sabia que tinha de endireitar as coisas, mas não imaginava como. Eles estavam casados há pouco mais de duas semanas apenas quando ela pensou que talvez a oportunidade que esperava havia chegado.


- A visita do seu pai está quase no fim - Christopher lhe disse durante o café-da-manhã, enquanto lia uma carta de Lorde Stanton. - Ele volta a Bolgheri dentro de uma semana.


          Dulce ficou como que paralisada, com a faca e o garfo suspensos sobre o prato.


- Ele vai embora em uma semana?


- Nove dias a partir de hoje, segundo me informou Stanton. - Com uma clareza súbita, Dulce soube exatamente o que tinha que fazer.


          Logo depois do café-da-manhã, ela escreveu uma carta a seu pai, foi até Honiton sob o pretexto de fazer compras e a enviou por mensageiro expresso. Enquanto o homem se afastava a galope pela rua principal de Honiton para levar a sua carta a Londres, Dulce o ficou observando ir embora e fez o que sempre fazia quando queria alguma coisa impossível: cruzou os dedos e rezou.


- Permita que Fernando me receba - sussurrou ela —, e permita que ele, pelo menos uma vez na vida, se comporte como um pai e não como um príncipe.


          Três dias depois, a primeira parte da oração de Dulce foi respondida. Christopher, porém, ameaçava arruinar os planos dela antes de eles poderem dar algum fruto.


- Você não vai vê-lo - disse ele, pousando a faca e o garfo e olhando bravo para ela, do outro lado da mesa, enquanto os dois tomavam o café-da-manhã.


- Ele exige que eu vá - respondeu ela, inclinando a cabeça para que Christopher não visse o seu rosto. Ela fez de conta que estava lendo a carta que tinha nas mãos. - O conde Trevani diz que Fernando quer me ver uma última vez antes de ir embora.


- O único que tem o direito de exigir qualquer coisa de você agora é o seu marido, e eu digo que você não vai. Por que você iria, depois da forma abominável como ele a tratou?


- Eu acho que deveria vê-lo - disse ela, escolhendo as palavras com cuidado. - Afinal de contas, eu provavelmente nunca mais vou vê-lo. - Ela bateu a carta contra a boca, fazendo de conta que estava pensando no assunto, e fez um gesto afirmativo com a cabeça. - Sim, acho que deveria ir. Quero ir.


- Quer mesmo? - Ele olhou para ela, desconfiado. - Por quê, em nome de Deus?


          Ela sorriu, tentando ser irreverente.


- Vai me permitir mostrar pela última vez que não dou a menor importância para ele. Isso é uma tentação irresistível.


          O marido não pareceu impressionado com esse argumento, e ela ficou séria.


- Christopher, quero ir - disse ela com determinação. - De verdade. Quero vê-lo.


- Não imagino por quê.


          Ela deu a ele a resposta mais verdadeira possível.


- Eu tenho uma vida nova, e quero deixar a velha para trás. - Ela se inclinou e pôs a mão sobre a dele. - Se eu não fizer isso, sempre vou me sentir mal em relação a ele.


- É tão importante assim para você?


          Ela olhou o marido, o homem que ela ainda achava um mistério fascinante e inebriante, o homem cuja felicidade ela queria mais do que qualquer outra coisa, o homem que ela amava.


- Sim, Christopher - disse baixinho. - E importante assim.


          Ele fez os arranjos com Alfonso para que ficassem hospedados na casa de Portman Square. Quatro dias depois de receber a convocação de Fernando, os dois chegaram a Londres e, no dia seguinte, Christopher a escoltou para a sua audiência com o pai.


          O príncipe e o séquito dele ocupavam um conjunto enorme de suítes em frente a Whitehall, onde ficava a maioria dos hóspedes reais da Coroa Britânica em visitas de estado. Christopher insistiu em acompanhá-la na audiência, e quando eles chegaram, foram levados para uma antecâmara dourada e branca, onde receberam instruções para esperar até que o ministro do pai dela, o conde Trevani, viesse buscá-la.


- Não há necessidade de você ficar aqui - disse ela a Christopher, sentando-se em um banco acolchoado de veludo. - Fernando não vai permitir que você esteja presente na audiência, e você ficaria sentado aqui sabe Deus por quanto tempo. Por que você não vai para o seu clube? Ou, melhor ainda, vá visitar os seus colegas em Whitehall. Você vai ficar sabendo das últimas novidades.


- Talvez eu cruze a rua e vá ver Stanton. Ele provavelmente está no escritório a esta hora do dia.


- Ótima idéia! Deixe-me com a carruagem, e você pode ficar com o seu amigo quanto tempo quiser. Eu encontro você mais tarde em Portman Square.


          Christopher não precisava de mais persuasão. Dulce o observou sair pelas portas, e uma ternura doce e ao mesmo tempo amarga lhe trespassou o coração. Como ele adorava se envolver em questões internacionais! Logo ele recuperaria seu lugar no mundo e seria feliz. Isso era o suficiente para ela. Teria que ser.


          As portas da suíte particular de Fernando se abriram de repente e o conde Trevani saiu, sem dar a Dulce tempo para ter pena de si mesma.


- Sua Alteza a verá agora. - O conde lhe ofereceu o braço.


- Grazie, conte. - Ela o acompanhou pelas portas duplas, entrando em um salão enorme decorado em branco e dourado resplandecente, com um tapete vermelho-escuro. Na outra extremidade do gabinete, uma figura alta e morena estava sentada em uma cadeira toda ornada.


          Trevani se deteve à porta e Dulce se aproximou do pai. A cada passo, rezava para dizer as palavras certas a fim de conseguir o que queria.


          Fernando estava vestido com toda a realeza da sua posição, portando a faixa roxa drapejada de um lado ao outro do peito e a coroa de Bolgheri, feita de rubis, sobre a cabeça.


          Ela o estudou enquanto se aproximava. Fisicamente eles eram tão parecidos que ninguém que os visse juntos teria qualquer dúvida sobre o seu parentesco. Porém, não existia nenhum sentimento familial no coração dela quando olhou para o homem que tanto se parecia com ela. Não havia respeito no seu coração pela posição real dele. Não havia admiração por aquele semblante moreno e ainda bonito. Na verdade, ela não sentia nada, a não ser uma combinação suave de pena e desprezo. A piedade era um sentimento novo. O desprezo, não. Ela não podia se dar ao luxo de mostrar nenhuma dessas emoções. Dulce sabia que tinha que ser o mais respeitosa, o mais encantadora e o mais persuasiva possível. Custasse o que custasse. Ela parou à frente dele e lhe fez uma mesura profunda.


- Alteza.


- Lady Uckermann.


          Fernando estendeu a mão, ela beijou o anel de rubi dele.


- Por que a senhora deseja me ver, madame? - perguntou ele, falando como se ela fosse uma estranha.


          "Humildade, Dulce. Deferência e humildade."


- Neste momento, Alteza, eu peço que o senhor pense em mim não como uma súdita banida, exilada e em desgraça - disse ela suavemente -, apesar de ser isso o que eu sou. Neste momento, peço que o senhor pense em mim apenas como sua filha. Carne de sua carne e sangue de seu sangue.


          Os lábios de Fernando se comprimiram, formando uma linha fina e implacável.


          Dulce respirou fundo e disse algo que ela nunca tinha pensado dizer em toda a sua vida.


- Papà - disse ela, e caiu de joelhos em frente dele. - Eu vim lhe pedir um favor.



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Autor(a): raaayp

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          Lorde Stanton levantou os olhos das pilhas de trabalho sobre a sua mesa. - Christopher! - ele o cumprimentou com um sorriso, levantando-se. - Fiquei sabendo que sua esposa tinha uma audiência com o pai dela, e pensei que você talvez viesse me visitar. - Ele fez um gesto para que Christopher entrasse no escr ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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