Fanfics Brasil - Capítulo XX - Final Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo XX - Final

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          Lorde Stanton levantou os olhos das pilhas de trabalho sobre a sua mesa.


- Christopher! - ele o cumprimentou com um sorriso, levantando-se. - Fiquei sabendo que sua esposa tinha uma audiência com o pai dela, e pensei que você talvez viesse me visitar. - Ele fez um gesto para que Christopher entrasse no escritório. - Entre, homem. Não fique aí parado à porta como um estranho. Sente-se.


          Ele se sentou na poltrona que lhe era oferecida. Deu uma olhada para os documentos espalhados pela mesa enquanto Stanton voltava para sua cadeira e sentiu uma pontada de nostalgia e saudade. Então resolveu deixar esses sentimentos de lado. Isso não era mais a vida dele. Tinha que aceitar isso.


- Ocupado como sempre?


- Naturalmente. Deixe-me lhe contar o que está acontecendo na Anatólia. Sei que vai lhe interessar.


          Christopher ouviu atentamente, sem ficar nem um pouco surpreso ao saber que Sir Gervase continuava a fazer tolices na região. A situação continuava a se deteriorar, os turcos e gregos estavam concentrando tropas e os dois lados exigiam a assistência britânica. Stanton estava no fim do seu juízo.


- Agora a crise tomou uma proporção séria - disse-lhe o conde. - Como diplomata, Sir Gervase é incompetente, e se dependesse de mim, nunca teria sido enviado para lá, mas ele é casado com uma prima em segundo grau do primeiro-ministro, e você sabe como são essas coisas.


          Ele sabia muito bem. Provavelmente não era muito certo sentir prazer com a incompetência de Sir Gervase e os seus resultados desastrosos, mas uma parte dele realmente gostou. Na verdade, gostou bastante.


- É realmente surpreendente - disse Stanton - como às vezes as coisas simplesmente se encaixam nos devidos lugares. - Esse inesperado desvio para considerações filosóficas o pegou de surpresa, mas antes que pudesse responder, Stanton continuou: - Por exemplo, é perfeito que você tenha vindo a Londres exatamente agora, porque eu queria conversar com você. Eu iria lhe fazer uma visita depois, se você não passasse por aqui hoje à tarde.


- Verdade? - Ian se recostou na poltrona. - O que você tem em mente?


- Peel será o próximo primeiro-ministro.


- Isso parece certo. E então?


- Ele vai formar um novo governo, escolher novas pessoas.


          Stanton olhou Christopher nos olhos, do outro lado da mesa.


- Dada a confusão que Sir Gervase fez com a situação, Peel vai precisar de alguém realmente qualificado, que acalme turcos e gregos o suficiente para concordarem em conversar. Você pode recomendar alguém para o cargo?


          Christopher se encheu de júbilo, mas reprimiu-se imediatamente, dizendo a si mesmo para não tirar conclusões precipitadas.


- Tem alguma importância quem eu recomende?


          Stanton sorriu.


- Na verdade, não. Peel já decidiu que é você quem ele quer. Ele sabe tudo sobre a confusão com o príncipe Fernando e sobre você e a sua esposa. E não se importa. Fernando vai embora na próxima semana, e você se casou com a moça, de forma que o escândalo deve ir diminuindo e acabar sendo esquecido. Quando Peel for confirmado como primeiro-ministro, ele vai lhe oferecer a recuperação da posição de embaixador e enviá-lo para Constantinopla, para remendar as coisas. Ele tem certeza de que o rei vai concordar com a nomeação.


          Eles o queriam de volta. Nunca em sua carreira Christopher tinha experimentado um momento tão agradável de triunfo como naquele exato instante. Ele fechou os olhos por um momento, saboreando a situação, permitindo que a satisfação tomasse conta de si.


          Naquele exato momento, ouviu-se uma comoção no corredor.


- Onde está Christopher? - urrava uma voz masculina, profunda e inequivocamente italiana. - Ele está com Lorde Stanton? Eles estão aí dentro?


- Alteza, se o senhor...


- Saia do meu caminho. - A porta se abriu e o príncipe Fernando entrou na sala a passos largos, seguido pelo auxiliar de Stanton, pelo conde Trevani, que parecia muito constrangido, e por um par dos guardas de Fernando.


          Christopher e Stanton se levantaram imediatamente e fizeram uma mesura.


- Alteza - disse Christopher, cumprimentando o sogro com nada além de uma fria polidez. Ele olhou para além de Fernando, do conde Trevani e dos guardas, mas não viu Dulce.


- O senhor terminou o seu encontro com minha esposa?


- Encontro? - Fernando cuspiu a palavra. - É assim que você chama aquilo?


          A essa altura, Christopher, que já tinha experiência suficiente para entender um pouco os italianos, percebeu que eles continuavam a lhe parecer um mistério. Eles ainda tinham o poder de confundi-lo.


- Não estou entendendo nada.


          O rosto de Fernando ficou vermelho de raiva.


- Nunca na vida Dulce me pediu nada. Toda vez que eu a vejo ela levanta o queixo, assim, e parece pronta para me cuspir no rosto. Mas não quando vem em seu nome. Não! Pelo senhor, ela me pede favores. Pelo senhor, ela se ajoelha. Uma filha do meu sangue, ajoelhada? - A voz dele se ergueu, irritada, e ele chegou a gritar: - É imperdoável que a mande implorar pelo senhor!


- O quê? - Christopher não precisou fingir espanto. Dulce de joelhos em frente do pai? Não era possível. - Alteza, não tenho idéia do que o senhor está falando. O senhor a chamou...


- Ah! - Fernando lançou um olhar maligno para Christopher. - Ela escreveu a carta pedindo para me ver, mas isso não me engana.


          Ele apontou um dedo acusador para Christopher.


- O senhor a mandou escrever para mim. Recupere a profissão dele, diz ela. Por favor, papà, fale com o governo dele, diz ela. Eu quero que ele seja feliz, diz ela! Feliz? - O príncipe Fernando bateu as costas de uma mão contra a palma da outra três vezes em rápida sucessão. - Eu lhe pergunto que direito tem ele de ser feliz depois de fazer o que fez, e ela diz que o que aconteceu foi tudo culpa dela! No que o senhor a transformou, inglês, que ela vem até mim e assume a culpa da sua desonra? O senhor a fez dizer essas coisas? Ela diz que não, mas eu acho que sim!


          Christopher ficou olhando fixamente para o príncipe e, ao entender exatamente o que tinha acontecido e o que Dulce tinha feito, ele percebeu que William estava certo. Há horas em que tudo se encaixa perfeitamente. A letargia e a falta de rumo que o vinham perseguindo havia semanas desapareceram e em seu lugar surgiu uma outra coisa. Uma sensação de estar no lugar onde devia estar, no lugar que era o seu. Ele sabia quem era e o que queria e qual era o seu lugar. Ele andou em direção à porta, contornando Fernando.


- Eu ainda não terminei! - urrou Fernando, virando-se. - Aonde vai o senhor?


          Christopher se deteve e olhou para Stanton.


- Bem, eu não vou para a Anatólia coisa nenhuma. - Com isso, saiu pela porta afora, deixando para William o pouco invejável trabalho da diplomacia internacional. Christopher tinha um trabalho muito mais importante para fazer.



          Dulce entrou na biblioteca da casa de Portman Square e se sentou no seu lugar favorito, sobre a mesa, lembrando-se das vezes em que ela e Christopher tinham se sentado ali, conversando durante a madrugada. Ela se perguntou quanto tempo levaria para que eles o enviassem a Constantinopla ou a algum outro lugar. Ele voltaria para casa de vez em quando, lembrou a si mesma, mas isso não era um grande consolo. A única coisa que a confortava era saber que Christopher em breve teria recuperado a sua vida, como ele queria.


          Inicialmente, Fernando se recusara a atender o seu pedido. Ela deveria saber que mesmo implorar de joelhos não o persuadiria. Ela então foi obrigada a usar de chantagem, e ficou aliviada por ele ter cedido, porque realmente não poderia escrever as suas memórias para os tablóides especializados em escândalos. Christopher não teria gostado disso.


          Um lar sem um marido ao seu lado não era o que ela sonhara para si mesma, mas era assim que teria que ser. Para ela, um lar e uma família eram o suficiente para fazê-la feliz, mas ela tinha se apaixonado por um homem para quem essas coisas nunca bastariam. Talvez isso fosse porque ele não retribuía o amor dela. Apesar de ter feito o que se esperava de sua honra casando-se com ela, não fora o amor que motivara a sua atitude. Entretanto, ele tinha lhe dado uma casa, um lugar no mundo. Agora, ela lhe devolvia o seu objetivo, e ele poderia recuperar a sua integridade. Isso era tudo o que ela queria.


          Dulce imaginou-o sentado na cadeira, como o vira tantas vezes, como na noite em que ele lhe contara sobre o seu primeiro amor, e na vez em que ele se embebedara e ela lhe falara do seu passado.


- Eu amo você — disse ela em voz alta, como se ele estivesse sentado ali. - Espero que os turcos não lhe causem problemas demais. Apenas...


          Ela segurou um soluço.


- É só não se esquecer de não demonstrar as suas emoções e você terá o controle da situação.


- Não chore.


          Ela levantou a cabeça. Ele estava de pé à porta. Apenas quando a imagem dele ficou borrada diante dos seus olhos ela percebeu o que ele tinha dito.


- Não estou chorando - disse ela, e imediatamente mordeu o lábio e virou o rosto para o outro lado.


- Mentirosa.


          Ela olhou fixamente para a cadeira dele, piscando para conter as lágrimas. Tinha tido esperança de ter mais tempo antes de ele voltar de Whitehall. Tempo para se acalmar e se recompor. Mas era tarde demais. Ela estava toda chorosa e fora de si, e ele a tinha visto assim. Honrado do jeito que era, ele se sentiria culpado por ir embora.


          Ele deu a volta na mesa, ficando de frente para ela, e pôs uma mão debaixo do seu queixo, inclinando o rosto para trás para olhá-la.


- Dulce, o que você fez?


          Ele sabia.


- Suponho que Fernando tenha lhe contado. - Ela fez uma carranca por trás das lágrimas. - Eu pedi para ele não contar, mas eu devia saber que ele não me daria ouvidos. Maldito seja!


- Ele irrompeu no escritório de Stanton, furioso, gritando com toda a força dos seus pulmões, falando umas bobagens sobre você ter ido lhe implorar para me ajudar a recuperar o meu trabalho. - As mãos dele deslizaram pelos braços dela. - Dulce, eu não sei se devo beijá-la ou sacudi-la. Quando penso no que deve ter-lhe custado recorrer a ele... - Ele se interrompeu e apertou os braços dela nas mãos. - Por que você fez isso? Por quê?


- Eu amo você. Tinha que lhe dar de volta o que tirei de você.


          Ele a puxou para fora da mesa e a beijou com paixão.


- Nunca mais faça nada assim de novo - ordenou. - Estou falando sério. Nunca mais sacrifique o seu orgulho por mim ou por qualquer outra pessoa!


- Bem, agora eu já fiz isso. - Ela engoliu em seco e olhou fixamente o nó perfeito da gravata dele. - E então, quando você parte para a Anatólia?


- Eu não vou para a Anatólia.


- Não vai? - Ela levantou o rosto. - Para onde você vai?


          Christopher abraçou-a pela cintura.


- Devonshire.


          O coração de Dulce deu um pulo e ela ficou morrendo de medo de ter entendido mal.


- O que você quer dizer?


- Estou dizendo que eu recusei. Disse a eles que não.


- Recusou? Mas por quê? O seu trabalho é tudo para você. Se você não tiver o seu trabalho, o que você vai fazer?


          Ele fez de conta que estava pensando.


- Negociar casamentos, talvez? Estou ficando muito bom nisso, acho. - Ele apertou o abraço. - A propósito, fui ver a sua mãe.


          Dulce piscou diante da mudança súbita de assunto.


- Você foi ver a mamma!


- Sim. Fiz uma visita a ela depois que saí de Whitehall. Foi uma missão diplomática arranjar o casamento dela com Lorde Chesterfield.


- O quê? - Dulce estava ficando mais surpresa a cada minuto que passava. - Mamma nunca vai se casar com Chesterfield. Ela me disse isso.


          Christopher beijou o nariz dela.


- É por isso que eu sou um diplomata, minha cara, e você não é. Eu fiz os dois lados chegarem a um acordo, e o casamento será em dezembro. Eu tinha que fazer isso, espero que você não se incomode. Afinal de contas, eu não poderia me candidatar ao Parlamento se a minha sogra fosse uma cortesã. Eu nunca receberia os votos.


- Você vai para o Parlamento? Você prefere isso a ser embaixador?


- Eu lhe disse que não iria arrastar uma esposa e filhos por todo o mundo. Você não se lembra?


- Você disse que isso não seria correto - ela retrucou em voz estrangulada. - Mas você não se casou por sua própria escolha, de forma que eu pensei...


- Então você pensou que eu simplesmente iria embora e retomaria a minha velha vida sem você?


- Eu pensei que retomar a sua profissão o faria feliz. Pensei que era o que você queria.


- Você é o que eu quero. Como deixar você poderia me fazer feliz? - Ele envolveu o rosto dela com as mãos. - Você se lembra do dia do nosso piquenique, quando você disse que eu tinha uma expressão estranha no rosto?


- Lembro.


- Foi naquele momento que eu percebi como eu preciso de você, preciso mais do que de qualquer outra coisa, inclusive da minha carreira.


- Oh, Christopher! - chorou ela, com medo de acreditar. - Eu não quero que você algum dia se arrependa de ter se casado comigo.


          Ele sorriu e acariciou o rosto dela com a ponta dos dedos.


- Me arrepender? Como eu poderia me arrepender? Você é a minha ardente esposa italiana. Você é a mulher que vai me dar filhos e em cuja cama eu pretendo dormir todas as noites. Você é a razão pela qual eu vou acordar todas as manhãs com um sorriso no rosto. Eu amo você e a amarei por todos os dias da minha vida, e o único dia em que vou deixá-la será o dia em que eu morrer.


          Ele a amava. Ele não ia embora. A alegria jorrou dentro de Dulce, inundando-a e transbordando até ela não conseguir mais contê-la. Ela começou a rir e chorar ao mesmo tempo.


- Lá vamos nós. - Christopher tirou um lenço do bolso e o entregou para ela.


- Você recusou - disse ela com a voz abafada pelo lenço dele. - Por mim.


- Absolutamente certo. Por que eu deveria me contentar em ser um mero embaixador se eu posso ser tratado como um rei? Creio que foi isso que você prometeu ao seu marido, não foi?


- Sim. - Dulce jogou o lenço para o lado e os braços ao redor do pescoço dele. - Isso quer dizer que agora eu sou verdadeiramente real?


- Você? Minha cara, você pode ser filha do príncipe Fernando, mas não é nenhuma princesa. A maior parte do tempo, você é uma praga para a minha sanidade. - Ele apertou o abraço. - Por falar nisso, existe uma coisa que eu quero saber.


          Ela passou os dedos pelo cabelo dele, despenteando-o com um suspiro de pura satisfação.


- O que é?


- Você me deixou ganhar aquele jogo de xadrez de propósito? - Ele se afastou e olhou para ela. - Deixou?


          Dulce abriu bem os olhos.


- Naturalmente - disse, e, deliberadamente, mordeu o lábio. Ele riu, apertando os braços ao redor dela novamente.


- Eu quero jogar a revanche.


- Tudo bem. - Ela fez uma pausa, com um sorriso malicioso. - Mas com uma condição.


- Não. A condição era que eu ensinasse você a jogar sinuca, e eu ensinei. Chega de condições.


- Você vai gostar dessa condição.


- Eu gostei da última. Gostei demais, se me lembro bem. - Um dos cantos da sua boca se curvou para cima. - Então, qual é a nova condição de que eu vou gostar?


- Que você me leve lá para cima neste momento e comece a me tratar como uma rainha.


          Christopher não precisava que ela dissesse isso duas vezes.


- Sim, Alteza - disse ele, levantando-a nos braços e dirigindo-se para a porta.


                         Fim



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

    A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05

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  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04

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