Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.
- Enquanto a senhorita trava conhecimento com um cavalheiro adequado - disse ele com uma calma enfurecedora -, eu farei o que puder para conter o dano e evitar que a sua reputação seja maculada aqui na Grã-Bretanha. Entretanto, de agora em diante, a senhorita deve ter um comportamento impecável. Dada a sua ilegitimidade, a sua mãe e o seu passado, se a senhorita fizer mais alguma coisa para prejudicar ainda mais a sua reputação, talvez nem mesmo eu consiga salvá-la.
- O que seria uma tragédia.
Mais uma vez, um sinal de impaciência desfigurou a fisionomia macia e polida do diplomata.
- Minha jovem, a senhorita não entende a gravidade das circunstâncias? A sua reputação está à beira do colapso. A senhorita corre o perigo de que a vergonha caia sobre a sua pessoa, a casa do seu pai e o seu país. Eu a aconselho a se comportar. Isso está claro?
Mãe de Deus, ali estava mais uma pessoa para lhe dar ordens, controlá-la, moldá-la, restringi-la. Ela não poderia simplesmente viver a sua própria vida?
- Como poderia não estar claro? - disse ela, com um sorriso zombeteiro. - O senhor explica tudo tão diplomaticamente...
O sarcasmo dela foi ignorado.
- Ótimo. Então, ainda há a questão da sua mãe a ser discutida.
O sorriso que Dulce havia colado no rosto desapareceu imediatamente. Ela teve um mau pressentimento, sabendo que estava prestes a ouvir declarações mais horríveis ainda sobre a sua vida e o seu futuro. Como se o que ela já ouvira não fosse suficientemente insultante.
- O que tem a minha mãe?
- A senhorita não pode continuar vivendo com ela. Tomarei as providências para que se hospede com pessoas adequadas...
Ela se empertigou toda no sofá.
- O quê?
- A senhorita precisa perceber que não pode continuar debaixo do teto da sua mãe. Este é um ambiente inaceitável para qualquer jovem que está para ser apresentada à sociedade inglesa. Não tenho dúvida de que sua mãe concorda comigo. De qualquer forma, a senhorita vai romper todos os laços com a sua mãe...
- Não farei uma coisa dessas!
- A senhorita tem que fazê-lo. O seu marido vai exigir que a senhorita o faça, de qualquer forma.
- Qualquer homem que se case comigo tem que aceitar a minha mãe. É simples assim.
- Não, não é simples assim. A sua devoção à sua mãe é admirável - disse ele parecendo não estar nem um pouco admirado —, mas nenhum cavalheiro britânico vai tolerar isso. Só o fato de a senhorita estar vivendo com Blanca já é suficientemente ruim, mas cada momento que a senhorita continuar a residir com ela prejudica mais a sua reputação.
Dulce se perguntou o que aconteceria com a reputação dela se ela esbofeteasse o rosto do mais famoso embaixador britânico. Ela cruzou os braços, apertou os dentes e não disse nada. Ele suspirou fundo, observando-a.
- Miss Saviñon - disse ele diante do silêncio de Dulce -, é extremamente inapropriado que eu, como um cavalheiro, fale dessas questões com a senhorita, mas temo ser obrigado a fazê-lo. A sua mãe está sob a proteção de Lorde Chesterfield, um homem com quem ela não é casada. É ele quem paga por esta casa. A sua mãe é uma mulher de má reputação, e não é aceita na sociedade. Nenhum cavalheiro vai se casar com uma jovem que mantém convivência com uma cortesã, mesmo que a cortesã seja sua mãe.
- Eu não me casarei com um homem que não aceite a minha mãe - disse ela através dos dentes cerrados. - Eu não poderia nunca amar um homem assim.
O sorriso de escárnio dele foi a última gota. Dulce ficou de pé de um salto.
- Isso mesmo, amor. É uma coisa muito inconveniente para os pais e os diplomatas, não é? Mas é assim mesmo. Ele vai me amar o suficiente para aceitar a minha mãe, ou eu não vou me casar com ele.
Ele também se levantou.
- As minhas ordens são de retirar a senhorita desta casa tão logo consiga tomar as providências adequadas para que fique em outro lugar. Quanto ao amor, já discutimos isso. Casar por amor é um luxo a que as pessoas de linhagem real raramente podem se dar. A senhorita sem dúvida não pode.
- O senhor está errado. Posso me dar ao luxo de me casar por amor. E também posso esperar quanto for preciso para encontrar esse amor. Nesse meio tempo, posso viver em conforto razoável. Minha mãe, a cortesã pecaminosa de quem o senhor fala com tanto menosprezo, é boa na sua profissão o suficiente para me sustentar muito bem. Não farei um casamento sem amor por causa do meu pai ou do senhor. E dane-se a minha reputação!
- A senhorita não pode nem pensar em desafiar o seu pai. A senhorita tem que se casar.
- Estou totalmente disposta a fazer isso. Escreva ao meu pai, Christopher, e lhe diga que eu me casarei quando encontrar um homem que eu ame e que me ame. E essa é uma tarefa que eu sou perfeitamente capaz de realizar sem qualquer ajuda do senhor!
Com isso, ela se virou e saiu da sala, batendo com força a porta atrás de si. Christopher Uckermann, um diplomata? Se esse homem odioso era um diplomata, o mundo corria grande perigo.
Ao chegar à plataforma entre os dois lances de escada, Dulce se virou e parou. Dali ela podia ver a entrada para a sala refletida no espelho da parede. Esperou até ver Christopher Uckermann descer os degraus e sair. Satisfeita com o fato de aquele homem horrível finalmente ter ido embora, ela subiu para o segundo andar. Blanca saía do quarto dela, já totalmente costurada dentro do seu traje de montaria escandalosamente justo.
- Não se dê ao trabalho de descer, mamma - disse Dulce ao passar. - Ele foi embora.
- Sem esperar para falar comigo? - Blanca se virou e seguiu Dulce. - O que você disse a ele?
- O que qualquer mulher de bom senso diria - disse ela sobre o ombro, entrando no seu próprio quarto. - Agradeço a sua oferta de me encontrar um marido, mas posso encontrá-lo sem a sua assistência, muito obrigada. Agora vá embora.
- Oh, Dulce! - gemeu Blanca, fechando a porta do quarto atrás das duas. - Eu disse para você ser gentil.
- Não me faça sermão, mamma. Isso em parte é culpa sua. A senhora deveria ter me dito que ele viria aqui e por quê.
- Eu queria falar com ele primeiro e saber quais são exatamente os planos do seu pai para você.
- Case-se o mais rapidamente possível. Isso é tudo.
- E o seu pai tem em mente algum homem em particular?
- Não. Esse Christopher Uckermann é quem vai escolher. Um cavalheiro, claro, um homem rico e de bom berço, com um histórico e conexões impecáveis. Católico, claro. - Ainda fervendo, Dulce começou a andar de um lado para outro em frente à cama. - A senhora deveria tê-lo ouvido, mamma. Ele falava como se encontrar um marido fosse como escolher um cavalo. Humm... bons dentes, forte e sadio, excelente linhagem... sim, esse serve. Chame o padre.
Blanca riu.
- Oh, minha querida! Estou certa que ele não pretendia sugerir nada assim.
- Ah, pretendia sim. Fernando chega em agosto, e eu tenho que ficar noiva até lá com o cavalheiro adequado que Christopher conseguir encontrar, qualquer que seja ele. Eu tenho escolha? Os meus desejos são levados em consideração? Não! Um homem está sendo pago para me levar. Nunca me senti tão humilhada.
Ela parou de andar de um lado para outro e se sentou na beira da cama.
- Homem insuportável. Tão frio, tão arrogante! Tão inglês! - Ela virou a cabeça para a mãe, que se sentou ao seu lado. - Ele tem ordens de Fernando de me tirar desta casa, de forma que eu fique com pessoas adequadas.
- Uma ação perfeitamente compreensível. E sensata.
- Ah, não. A senhora também? Eu não vou, mamma.
- Você não pode ficar aqui para sempre. - Blanca deu um pequeno sorriso, estendendo a mão e ajeitando para trás um cacho de cabelo que caía no rosto de Dulce. - Minha querida, desde que você chegou à minha porta, há um mês, eu me pergunto o que fazer com você. Quando Fernando se casou e me deixou de lado, eu o fiz prometer solenemente que ele iria tomar conta de você, porque eu não teria condições de fazê-lo. Você não podia viver comigo então, e não é bom que viva comigo agora.
-Mas...
- Preste atenção, Dulce. Eu senti muito a sua falta enquanto você crescia, podendo ver você na escola na França apenas algumas vezes por ano. Lamento não ter podido ficar mais com você.
- Não era sua culpa - Dulce disse, enfurecida. - Quando eu era criança, eu não podia viver com a senhora. Eu entendo isso. Sempre entendi. Mas agora...
- Agora não é diferente. Está sendo uma grande alegria ter você aqui comigo e eu tenho sido egoísta, mas o embaixador tem razão. Viver aqui está prejudicando a sua reputação de moça.
- Eu não me importo com isso.
- Eu me importo. Você é uma mulher crescida, e a reputação de uma mulher é tudo. Eu sei disso por experiência própria. Minhas imprudências me tornaram socialmente inaceitável, os meus pais me repudiaram e eu tive que deixar a cidade em que vivia. Fui para Nápoles e me tornei uma mulher mundana porque estava arruinada e nenhum homem se casaria comigo. - Ela fez uma pausa e então continuou: - Fico angustiada de ver você indo pelo mesmo caminho.
Havia um toque de censura na voz da mãe, e isso a feriu. Dulce mordeu o lábio e olhou para o outro lado.
- Eu compreendo você muito bem, Dulce - continuou Blanca. - Você se irrita com as regras, especialmente as regras do seu pai. Mas o que aconteceu em Bolgheri pode perseguir você para sempre, a não ser que Christopher consiga evitá-lo. Se ele conseguir que você fique com pessoas respeitáveis e lhe proporcionar ligações de valor, suas imprudências passadas não vão importar.
Ela se voltou, desanimada, em busca do olhar da mãe.
- A senhora está me mandando embora, então?
- Eu não vou forçar você. - Ela deu um sorriso triste para Dulce. - Se eu fosse uma boa mãe, forçaria, mas eu não sou uma boa mãe, pois não sou severa, não penso seriamente e sem dúvida não sou um bom exemplo moral.
- A senhora é a mãe mais maravilhosa do mundo. - Ela ficou observando Blanca balançar a cabeça e reprimiu qualquer negativa possível da mãe. - É sim, mamma. E sabe por quê? A senhora é a única pessoa que me ama e me aceita do jeito que eu sou.
- É claro que eu amo você. É por isso que eu a aconselho a ir de boa vontade. Como eu disse, não vou forçar você, mas Fernando pode fazer isso quando bem entender. Eu lutaria por você, mas perderia.
- Eles vão me forçar a casar, e eu não posso dizer nada, não tenho voz. Eu não quero que escolham o meu marido por mim!
- Há formas de contornar isso. Uma mulher sempre pode escolher. Faça a sua escolha e faça com que Christopher e seu pai pensem que foi deles.
- Mas eu quero um marido que me ame, mamma. Como eu vou encontrar um homem que me ame em apenas seis semanas?
A mãe sorriu um pouco e acariciou o rosto dela.
- Qualquer homem que não se apaixone por você à primeira vista, minha linda menina, é cego ou idiota.
Os lábios de Dulce se contorceram em um sorriso.
- A senhora é suspeita para dizer isso, mamma.
- Talvez, mas eu conheço os homens. Eles vão fazer filas à sua porta.
- Christopher diz que qualquer cavalheiro inglês que me ame ou não exigirá que eu rompa todas as relações com a senhora. Eu me recusei a isso.
- Minha leal filha! Aconteça o que acontecer, eu nunca vou repudiar você, Dulce, mas acho que você deve me repudiar. Pelo menos por enquanto. Depois que você se casar, veremos.
- E se eu não gostar das pessoas com quem tenho que ficar? - perguntou ela procurando um último argumento. - E se elas forem horríveis comigo?
- Elas não podem ser piores que as freiras.
Dulce começou a argumentar mais, mas Blanca pôs um dedo nos lábios dela, detendo o fluxo de protestos.
- Estou pedindo que você tire o máximo proveito dessa oportunidade - disse-lhe a mãe. - Vá aos bailes e festas, conheça jovens, faça amizades, aproveite o resto da estação com pessoas respeitáveis e se divirta. Quem sabe o que vai acontecer?
Dulce suspirou.
- Detesto não ter poder sobre a minha própria vida.
- Não ter poder? O que faz você pensar uma coisa dessas? Meu amor, você tem armas tremendas. Você tem beleza, tem cérebro e tem um coração doce e amoroso. Quando uma mulher tem tudo isso, são os homens que não têm poder. A primeira coisa que você deve fazer é conseguir que Christopher fique do seu lado. Você tem muito charme, Dulce, muito magnetismo. Use isso para persuadir Christopher a permitir que você escolha com quem vai se casar.
A idéia de cativar Christopher era quase intolerável. Dulce gemeu.
- Não há outro jeito?
- Temo que não.
Ela suspirou e apoiou a cabeça no ombro da mãe, resignando-se ao inevitável.
- Está bem, mamma. Eu vou, se é o que a senhora quer.
Ela levantou a cabeça e fez uma carranca, ainda tentando defender as suas convicções.
- Mas não vou ficar com pessoas que sejam horríveis para mim ou me tratem com desprezo.
- Estou certa de que Christopher vai concordar com isso.
- E não vou me casar com um homem só para ser respeitável, aliviar a consciência de Fernando e cumprir o dever de Christopher.
- Claro que não.
- Só vou me casar se estiver apaixonada por meu futuro marido, e ele por mim.
- Entendo.
- E é melhor ele estar apaixonado por mim o suficiente para aceitar e respeitar a minha mãe - acrescentou ela, concluindo.
- Espero que sim.
- Esperança não vem ao caso, mamma. E assim que vai ser. Eu só tenho que fazer Christopher Uckermann ver as coisas do meu jeito.
Blanca se levantou.
- Mel e não vinagre, minha querida. Lembre-se disso.
- Mamma, eu vou sufocar aquele homem de tanto mel. Com um pouco de sorte, ele se afoga.
Autor(a): raaayp
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Capítulo III - Casar por amor? - Christopher balançou a cabeça, sem poder acreditar, andando de um lado para outro em frente à lareira da biblioteca do seu ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 592
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minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52
Maravilhosa,já li bastante.
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stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41
Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06
A web foi perfeita, vou sentir saudades dela...posta maissssssssssssss:)
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:05
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maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:04
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