Fanfics Brasil - Capítulo III - Parte I Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.

Fanfic: Muito Mais Que Uma Princesa. [Vondy] / Terminada.


Capítulo: Capítulo III - Parte I

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                                 Capítulo III




- Casar por amor? - Christopher balançou a cabeça, sem poder acreditar, andando de um lado para outro em frente à lareira da biblioteca do seu irmão. - Com toda a confusão em que ela se meteu e com apenas seis semanas para encontrar um marido, ela espera se casar por amor. Me diga: isso não é um absurdo?


- Absurdo, realmente. - Alfonso Uckermann se recostou na poltrona e deu um gole no seu conhaque. - Não é nem um pouco razoável que uma jovem tenha essa expectativa.


          O tom de ironia na voz do irmão não escapou a Christopher, e ele olhou Alfonso com impaciência, sem parar de andar de um lado para outro.


- É pouco razoável. Ela é filha de um príncipe e não filha de um pequeno comerciante. E a reputação dela está gravemente prejudicada. Será que ela não entende isso?


- Tenho certeza de que você explicou direitinho para ela.


- Como se tivesse adiantado alguma coisa! - Christopher virou-se e começou a cruzar o tapete em frente à lareira mais uma vez. - Ela realmente pensa que o príncipe Fernando vai colocar as noções românticas dela acima da política internacional?


- A maioria das jovens não se importa nem um pouco com a política internacional. Desconcertante, eu sei, mas é assim que é.


- Levando em consideração o comportamento passado dela, suponho que eu não deveria ter esperado que ela considerasse essa questão com bom senso e juízo, mas ela está apenas prejudicando a si mesma ao ignorar sua posição e o seu lugar no mundo. Sendo ilegítima, ela não é uma princesa, mas ainda assim tem um dever para com a Casa de Bolgheri. O príncipe Fernando está determinado a casá-la. Ela não pode ter a menor esperança de desafiar os desejos do pai.


          Alfonso riu.


- Você fala como um homem que não tem filhas. Se a minha Isabel servir de referência, os desejos dos pais não importam muito.


          Christopher não conseguia achar graça como o irmão.


- Isso não vai ser fácil, meu caro. Nobres britânicos católicos são uma mercadoria rara.


- Mas também são raras as mulheres católicas adequadas para se casar com eles - Alfonso contrapôs, demonstrando despreocupação pelas dificuldades enfrentadas por Christopher.


- Aonde quer que essa moça vá, o escândalo vai atrás - continuou Christopher. - E se a sua religião, a sua reputação maculada e a sua rebeldia não fossem causa suficiente para preocupação, existe ainda a questão da mãe dela.


          Com essas palavras, ele sentiu que precisava de um trago. Caminhou a passos largos até o armário de bebidas.


- A Casa de Bolgheri é uma aliança de valor - disse ele, enchendo um copo de vinho do Porto para si. - E existe o fato de que ela traz consigo uma enorme renda. Diante disso, posso convencer um nobre católico adequado e com riqueza própria a se casar com Miss Saviñon, apesar das imprudências cometidas por ela, mas a questão da mãe torna tudo muito mais difícil. Ela teria que romper todo contato com a mulher, algo que se recusa veementemente a fazer. Na verdade, ela exige que o seu futuro marido concorde em aceitar Blanca como parte da sua família. Aceitar uma notória cortesã na família? Meu Deus, que idéia!


- Deixaria as coisas diabolicamente difíceis de manejar nas reuniões de família - concordou Alfonso. - Você, que sabe tudo sobre o protocolo correto, me responda: um lorde deve convidar a sua sogra de má reputação moral para os batizados dos seus filhos?


          Christopher não estava nem um pouco inclinado a entrar no clima de gracinhas sarcásticas do irmão.


- Com os diabos, Alfonso, você não pode levar alguma coisa a sério uma vez na vida? - Ele voltou a se dirigir à lareira e recomeçou a andar de um lado para outro, pensando em voz alta. - Depois que ela estiver casada, o marido que cuide dela e da questão da mãe como achar melhor. Mas até lá, a relação dela com Blanca é problema meu. Eu não quero separar a moça da mãe pela força, mas parece que serei obrigado a fazê-lo.


- Não é a coisa mais diplomática a fazer.


- Não, mas diante da rebeldia dela, talvez eu não tenha opção. Cada momento que ela continua vivendo com a mãe a prejudica ainda mais e torna a minha tarefa mais difícil. Se eu quiser cumprir o meu dever, tenho primeiro que providenciar que ela seja aceita na sociedade, e isso significa que ela não pode ficar na casa de Blanca.


- Então, o que você vai fazer com ela?


- Esse é o ponto crucial. Assumir o encargo de tomar conta de uma jovem é uma responsabilidade enorme. Dadas as atividades passadas da moça, vai ser preciso muita persuasão para que alguma senhora assuma essa responsabilidade. Se a moça se meter em alguma encrenca, a chaperon dela também será alvo de críticas.


- Você vai encontrar alguém, tenho certeza.


- Suponho que sim, mas não tenho muito tempo. E a moça não está com disposição de cooperar.


- E você pode culpá-la por isso?


- Eu esperava que ela enfrentasse os fatos e tivesse bom senso. Mas, pelo contrário, ela alternou impertinência, exigência e rebeldia. Não esperava nem um pouco que uma jovem de boa linhagem se comportasse daquele jeito.


- Isso é realmente tão surpreendente, diante da forma autocrática com que você tentou impor tudo isso a ela?


- Eu não sou autocrático. Nem tento impor nada. - Christopher viu Alfonso levantar uma sobrancelha, revelando suas dúvidas quanto a isso, mas prosseguiu: - Como eu lhe disse, o tempo é curto, e eu apresentei a ela sua verdadeira situação de maneira direta e franca. Em troca, não recebi nada que não fosse desaforo e ressentimento. Com vinte e dois anos, ela deveria ter desenvolvido um pouco de seriedade, mas nada disso. A moça sente um descaso inacreditável em relação à sua virtude, sua posição, seu dever e seu futuro. - Ele andou de um lado para outro do tapete mais uma vez. - Por quê? - perguntou-se ele, resmungando. - Por que os italianos sempre têm que ser tão problemáticos?


- Não é porque ela é italiana - disse Alfonso, e sua voz traía o seu divertimento com a situação. - É o fato de ela ser uma mulher que está irritando você. 
         


          Essas palavras fizeram Christopher parar abruptamente a sua caminhada pelo tapete. A imagem do seu cartão sendo enfiado na fenda do corpete de Miss Saviñon lhe ocorreu como um relâmpago. Ele tomou mais um gole de vinho do Porto.


- Não sei o que você quer dizer. Não sei do que você está falando.


- Baseando-me no que você descreveu, você discutiu essa situação com ela nos seus termos. Relações internacionais, ramificações políticas, dever, honra.


- E daí?


- O que tudo isso importa a ela? Do ponto de vista dela, eis que surge do nada um homem que ela nunca viu e que, em nome do pai dela, despeja regras sobre a vida e o futuro dela, conversando como se ela fosse um problema inconveniente de que ele quer se desobrigar o mais rapidamente possível. Não admira que ela tenha ficado ressentida. Qualquer mulher ficaria.


          Isso era a pura verdade, e Christopher sabia disso. Ele olhou para o irmão mais novo, assumindo a sua postura mais digna.


- Parece que eu fiz um pequeno erro de cálculo diplomático.


- Para dizer o mínimo. O que você tinha na cabeça, o que estava pensando?


          Ele não tinha pensado em nada a não ser em ficar livre daquele problema menor.


- Não vou repetir esse erro, garanto a você. Quando eu me encontrar novamente com a jovem, pretendo aplicar a primeira regra da diplomacia.


- Qual é?


- Conseguir o que você quer fazendo a pessoa pensar que está conseguindo o que ela quer.


- Perfeito. Apenas se lembre de que você não está negociando um acordo comercial com Portugal. - Alfonso tomou um trago de conhaque. - Se você quer o meu conselho...


- Não quero.


- Nunca se esqueça de que ela é uma mulher.


          A memória das curvas generosas de Dulce Saviñon e de sua boca vermelha como cereja ainda estava bem viva na cabeça de Christopher. Esquecer que ela era uma mulher? Ele virou o resto do vinho do Porto. Nem um pouco provável.


          Na manhã seguinte, Dulce não se surpreendeu ao receber uma nota de Christopher, dizendo que ele lhe faria uma visita naquela tarde, que detestaria lhe causar qualquer inconveniência, mas manifestando a fervente esperança, nas suas palavras, de que ela estaria disponível para recebê-lo. Uma nota muito diplomática, mas, no meio de todas as frases delicadas, ele mencionava casualmente o relatório que estava escrevendo para o pai dela sobre a situação.


          Dulce ficou batendo a nota contra a palma da mão, pensando no quer iria fazer a seguir. Ela iria cooperar com os planos do pai, mas nos seus próprios termos, e isso significava encontrar um homem que a amasse. O amor não poderia ser forçado, de forma que a única opção dela era aceitar o conselho da mãe, ficar com pessoas respeitáveis, ir a festas, encontrar-se com homens jovens e se divertir. Nesse ínterim, talvez o amor a encontrasse. Uma coisa que não faria de jeito nenhum era parar de ver a mãe. Ela pretendia visitar mamma sempre que quisesse. Isso significava encontrar uma chaperon que ela pudesse driblar. Christopher simplesmente teria que ver a situação do jeito dela. Ele podia ser ditatorial, arrogante e de coração frio, mas continuava a ser um homem. Doce como o mel, lembrou a si mesma naquela tarde, quando o nome dele foi anunciado e ele entrou na sala de visitas.


- Excelência - disse ela, cumprimentando-o com uma mesura muito mais respeitosa do que na última vez. Ela se sentou e indicou o lugar à sua frente para que ele se sentasse.


- Miss Saviñon - disse ele ao se sentar na poltrona que lhe fora oferecida. - Temo que tenhamos tido um péssimo início ontem, e gostaria muito de remediar isso.


- Eu também. - Um pouco de adulação, pensou ela. Se agisse como uma moça ligeiramente desorientada, porém arrependida, e sutilmente o fizesse sentir-se importante, ela controlaria a situação. Dulce sorriu para ele. - Christopher, eu também sinto isso. Não sei o que deu em mim ontem. Sem dúvida o senhor e eu podemos encontrar formas de fazer concessões e chegar a um acordo.


- Estou certo de que sim. - Ele fez uma pausa e depois disse: - Talvez devamos começar com a discussão sobre onde a senhorita vai viver até o fim da temporada. A senhorita já pensou nisso?


          Perfeito, pensou ela.


- Sim, sim. Refletindo melhor, sei que o senhor tinha razão em grande parte do que disse. Percebi que a casa da minha mãe não é o lugar apropriado para eu ficar. - Ela abriu as mãos em um gesto de quem pede por compreensão. - Eu amo a minha mãe, e tive pouca oportunidade de visitá-la nesses anos todos. Sinto uma forte resistência em deixá-la.


          Ele se inclinou para a frente, ansioso em aceitar o ponto de vista dela.


- Certamente. A sua afeição pela sua mãe e a sua relutância em se separar dela são compreensíveis. A senhorita é uma mulher de coração amoroso.


          Dulce pôs a mão sobre aquele coração amoroso, bem consciente do que aquele gesto acentuava. Afinal de contas, para conseguir as coisas do seu jeito, uma mulher tinha que usar as armas de que dispunha da forma mais eficiente possível. Quando os cílios de Christopher abaixaram um pouquinho, ela se agarrou à esperança de que ele estivesse avaliando duas das suas melhores armas.


- Para mim, é difícil deixar mamma e passar a morar com estranhos - continuou ela -, mas percebo que tenho que fazer isso. O primeiro passo, então, é determinar com quem eu posso ficar.Tenho certeza de que o senhor freqüenta os melhores círculos da sociedade. Qual é a sua opinião?



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Autor(a): raaayp

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 592



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  • minhavidavondy Postado em 25/07/2016 - 14:19:52

    Maravilhosa,já li bastante.

  • stellabarcelos Postado em 27/11/2015 - 01:04:41

    Muito linda essa web! Já li duas vezes! Amooo

  • maby Postado em 27/10/2011 - 22:51:06

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