Fanfic: Completamente parecidos! (TERMINADA)
Capítulo 4.
Drama.
Na manhã de segunda-feira,
Sandrieli acordou com bom-humor, mas muito silenciosa. Se arrumou com calma,
até trocou de blusa três vezes, tomou uma boa xícara de cappuccino, juntou
todos os materiais, penteou o cabelo, escovou os dentes conforme o dentista
manda, e conseguiu chegar limpa e seca ao colégio. Sendo setembro um mês de
fortes e frias chuvas, isso era realmente um milagre até para quem tinha carro.
Ela estacionou em uma vaga
longe da porta e correu com um guarda chuva sobre a cabeça até a entrada do
prédio. O corredor estava molhado de pés que vinham do pátio, e bem mais lotado
do que o comum. Gabriella estava encharcada pondo livros do armário na mochila.
- Hey Gabriella.
- Oi baixinha! Caramba,
você tá seca!
- O milagre do carro.
- Vai comigo no banheiro?
Preciso dar um jeito no meu cabelo.
- Precisa mesmo – as
amigas andaram até a porta do lotado banheiro.
Gabriella se armou com uma
escova e um leave-in para seus cabelos e começou a penteá-los.
- Mas, me conta, como foi
sexta? - ela perguntou desembaraçando uma mecha particularmente difícil.
- Ah, sim, é melhor você
contar sua sexta primeiro, a minha foi terrível.
- Não baixinha, o meu foi
ótimo, então as más notícias primeiro, e as boas segundo, por que aí a gente
fica um pouco mais relaxada, entende?
- Ok. Sabe, eu me perdi no
quarteirão e voltei ao mesmo ponto, e quando eu dobrei a esquina, tinha dois caras
assaltando um rapaz, aí eu dei uma surra nos assaltantes – pausa para o “Oh!”
de Gabriella – e aí quando eu vejo, quem eu acabei de salvar foi o Dean. -
“Oh-Meu-Deus!” - e aí ele me pediu uma carona, eu dei, e a gente começou a
brigar, e brigar, aí deixei ele em qualquer lugar e pronto.
- Nossa, Sandrieli, que
péssimo... Mas eu espero que um dia você consiga resolver isso! Não foi dessa
vez, não é?
- Ah, definitivamente não
foi. E eu nem sei se um dia eu vou ter paz de fato.
- Ok, agora, a minha sexta.
O Castiel, o cara que eu conheci, a gente bebeu, conversou, então ele me deixou
em casa e pediu meu número, sabe. Aí quando eu saí do carro, ele também saiu, e
disse pra eu esperar e chegou mais perto e me beijou!
- Nossa, que bom!
- É maravilhoso! Sabe, a
gente concorda com tudo, sabe, ele ficou assim super fascinado com tudo que eu
descobri sobre a Índia que ele não sabia, e disse que estava muito feliz por
mim por ter a oportunidade de conhecer um mundo mágico, cheio de pensamentos
positivos!
- Ah, Gabriella! Que bom,
então! Tô muito feliz por você.
Enquanto Sandrieli e
Gabriella conversavam no banheiro, Dean, completamente molhado, entrava no
corredor.
Foi até o armário e trocou
a camiseta listrada por uma velha camisa do colégio que tinha deixado há tempos
lá. Tirou os tênis e expeliu a água deles, decidiu não calçar de novo as meias.
Pôs o casaco que havia mantido seco na mochila e passou a mão pelo cabelo
molhado, que estava pregado na testa.
Samuel chegou por trás
dele, apenas com o cabelo úmido e os tênis e a barra da calça molhados.
- Dia ruim? - perguntou ao
amigo.
- Podia ser pior – Dean
respondeu com um suspiro.
- Mas, e aí, cara tenho
que te contar, aquela morena gostosa que eu peguei sexta, ela tinha namorado,
tive que sair correndo, expulsei ela do Fusca, perdi minha calça, voltei só de
cueca. E quando ela viu minha camisa, disse que também amava Louis Vuitton.
- A minha sexta foi pior.
- Impossível.
- Ah é, então se liga:
Depois de ser vomitado pela loira que eu tava pegando, e de descobrir que você
foi embora sem me avisar, eu fui andando na esperança de achar um táxi. Mas aí
quando eu cheguei na esquina, do nada, dois caras me seguram e pedem tudo, um
me deu um bom galo na cabeça. E aí um carro estaciona, o motorista desce, começa
a bater nos caras, dá uma surra, e eles fogem. O motorista, quem é? Sandrieli.
Aí ela me deu uma carona, a gente começa a brigar.
- Clássico!
- E aí eu pedi pra ela me
deixar em lugar qualquer, disse que odeio ela e ela foi embora chorando!
- Caramba, essa é nova...
- Aí eu peguei um táxi e
fui para casa, dormi e pronto, fim.
O segundo tempo de Dean e
Sandrieli era História, juntos. Quando eles chegaram até a porta, vindo de
direções opostas, não entraram. Apenas ficaram se olhando. Com um empurrão de
Gabriella, Sandrieli entrou primeiro e sentou-se na cadeira ao fundo, Dean
sentou-se no meio.
Na manhã de terça-feira,
nublada e sem chuva, todos alunos estavam secos. As aulas ocorreram
normalmente, sem nenhum tempo de História. Porém, com um tempo de Educação
Física, a última aula antes do intervalo de almoço. Dean e Sandrieli ficaram no
mesmo time de vôlei, dividido pelo professor.
Sandrieli sacou primeiro,
fez um ponto. O time deles fez mais alguns quatro pontos, quando Dean foi
sacar. Sem ser de propósito, seu saque falhou e foi bater logo na cabeça de
Sandrieli, que estava à sua frente. Ela olhou para ele, irritadíssima, e a
guerra começou. Todas as vezes que um encostava-se à bola era para afetar o
outro. Logo os saques dos dois foram banidos. Porém, quando Sandrieli conseguiu
cravar as mãos na bola, atingiu em cheio o braço direito de Dean, que foi para
o banco.
A aula terminou, e quando
Sandrieli ia passando para se trocar, Dean segurou seu pulso.
- Qual é, hein?
- Você começou, seu
imbecil.
- Não foi de propósito.
- Então me desculpe.
Ela puxou o pulso e
apertou o rabo de cavalo, indo ao vestiário.
No refeitório, Sandrieli
pediu um suco para acompanhar um sanduíche natural. Sentou-se com Gabriella,
Becky, Lane e Ashlee numa mesa próxima à porta. Logo começaram a relatar suas
sextas, todas ficaram bastante horrorizadas com fim trágico da sexta de
Sandrieli.
Dean pediu um copo de suco
com um sanduíche também, e seus amigos tiveram a ideia de sentar ao lado da mesa
de Sandrieli. Ela estava na ponta da mesa, e o lugar que sobrou para ele foi a
ponta da mesa que se encontrava justamente com a ponta dela.
Como o resto de seus
amigos pediram para narrar sua sexta, ele nem se importou com a presença dela.
Porém quando ele chegou justamente na parte em que os olhos de Sandrieli se
enchiam de lágrimas, os risos de seus amigos se acentuaram. E ela, sem pensar
duas vezes, parou de fingir que escutava a narrativa de Becky e despejou o suco
na cabeça de Dean.
- QUE É ISSO? SUA... VOCÊ
É RIDÍCULA! - o refeitório se calara.
Dean imitou Sandrieli,
desperdiçando o suco em seu rosto.
- PÁRA DE FALAR COMO SE EU
TIVESSE ARRUINADO SUA VIDA! - ela gritou - NÃO DÁ PRA ME ESQUECER? FINGIR QUE
EU NÃO EXISTO?
- Bem que eu gostaria. Mas
você gosta de me deixar de mau-humor.
- Você acha que levar uma
surra de dois brutamontes melhoraria seu humor, então?
- Quem sabe eu não estaria
mais calmo agora!
- Tá bom. Se lembre que eu
também não sabia que era você. Se eu soubesse que era você ali, sem dúvida
teria ajudado aqueles caras – e então ela saiu do refeitório, em passos firmes.
Quarta-feira, o dia
começou do jeito normal. Porém Dean estava super animado para finalmente ter a
carteira de motorista naquela tarde, e logo depois comprar um carro, mesmo que
velho. Ele tinha juntado dinheiro justamente para isso: Comprar um carro velho
e reformar. Ele se sentia frustrado por ter tirado essa ideia da Sandrieli, que
retocara a pintura amarela do seu Cadillac na terça à tarde. E agora o carro dela
estava só com o banco do motorista, que fora substituído por uma poltrona de um
Fusca. Com certeza estaria cobrindo os bancos do clássico Cadillac. Às cinco
horas, Dean já estava numa precária loja de carros. Acabou decidindo levar um
empoeirado Opalla verde.
Na seguinte segunda-feira,
seu carro estava com um tom lustrado de verde, o painel reconstituído, um bom
som, bancos de couro. E o motor, claro, fora totalmente reformado.
Agora estava até
econômico.
E foi justamente na
segunda que o sinal fechou, e ele parou ao lado de Sandrieli no seu Cadillac
com bancos de estampa de oncinha. Ela estava com óculos escuros e escutava
Beatles. Dean também estava com os olhos protegidos por um wayfarer e também
cantarolava Beatles, mas era outra música. Os olhares dos dois se encontraram
ao mesmo tempo. “Baby it`s you” se misturou com “All I`ve got to do”. Eles se
encararam ainda por um tempo, até ouvirem a buzina dos carros atrás avisando o
verde do sinal.
Autor(a): Sandrieli Ribeiro
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Capítulo 5 Coincidências. No último sábado de setembro, Norma, irmã de cinco anos e meio de Sandrieli, queria ir ao Central Park. A garotinha insistiu muito até a irmã mais velha finalmente ceder um passeio no Cadillac amarelo. Sandrieli, claro, queria divertir a irmã, mas também queria mudar os ares. O ...
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