Fanfic: Completamente parecidos! (TERMINADA)
Capítulo 5
Coincidências.
No último sábado de
setembro, Norma, irmã de cinco anos e meio de Sandrieli, queria ir ao Central
Park. A garotinha insistiu muito até a irmã mais velha finalmente ceder um
passeio no Cadillac amarelo.
Sandrieli, claro, queria
divertir a irmã, mas também queria mudar os ares. Os ensinamentos hippies de
Gabriella e as encontradas com Dean em corredores e aulas estavam deixando-a
excessivamente irritada e de mal com a vida. Não que a companhia de Gabriella
fosse ruim, mas sua viagem à Índia estava manipulando a sua cabeça, as amigas
não tinham uma conversa decente há tempos.
Norma e a irmã prepararam
uma cesta de piquenique com suco, sanduíches e algumas frutas.
Chegaram às dez horas no
parque, e logo esticaram a toalha debaixo de uma boa árvore. Por sorte, o céu
estava claro e não havia o menor indício de chuva.
Sandrieli deixou a irmã
brincar com uma bola com outras crianças em um lugar não muito afastado
enquanto lia Razão e Sensibilidade. Era a quarta vez que lia esse clássico, mas
não cansava. Leu pelo que lhe pareceu uma hora, até Norma chegar, ofegando e
pedindo comida.
As irmãs mastigaram
felizes a comida, conversando sobre qualquer besteira que crianças conversam.
Quando acabaram, Sandrieli se armou com um frisbee, levantou a irmã pela mão, e
jogou o brinquedo para ela.
Norma nem sempre pegava,
nem Sandrieli, quando a força ou o mal jeito de Norma não permitia o frisbee
chegar ao seu alcance.
Sandrieli foi ensinar à
irmã como jogar o frisbee direito, e acabou jogando com força demais, o objeto
voou por cima da cabeça da garotinha, ela riu e correu para pegar o brinquedo.
A menina correu pelo
gramado, quando o frisbee parava debaixo de uma árvore no gramado à frente. Ela
atravessou a passagem de pedestres e recuperou o brinquedo, porém quando estava
novamente atravessando a passagem, ouviu uma buzina, um grito, sentiu alguém
puxar com força seu corpo de repente, e viu uma bicicleta derrapar depois de
quebrar o frisbee. A ciclista veio ao encontro de Norma, que estava envolvida
por braços de um rapaz.
- Você está bem? Eu não te
vi, você apareceu de repente, me desculpe, tome mais cuidado! - disse a mulher.
- Desculpe, moça. - disse
Norma, confusa.
- Ok, eu... Eu tenho que
ir! - a mulher disse, beijou a cabeça da garotinha e subiu na bicicleta
novamente, recomeçando a pedalar.
- Você tem que tomar mais
cuidado! - disse o rapaz que salvara Norma, e estava segurando-a agora.
- Desculpe, eu não vi.
Obrigada por me salvar.
- Ah, tudo bem, você quer
um sorvete? - ele parou um vendedor de sorvetes que passava e comprou duas
casquinhas de chocolate.
- Obrigada! - disse Norma,
lambendo feliz o doce.
- E cadê sua mãe?
- Não estou com minha mãe.
- Cadê seu responsável?
- Estou com minha irmã
mais velha. Ela tá ali. - e apontou a árvore da qual Sandrieli estava atrás.
- Ok, então vamos lá. - o
rapaz se ajoelhou, e Norma subiu em seu pescoço, segurando na cabeça do homem.
- Seu cabelo é muuuuito
legal. - a garota disse, bagunçando o cabelo do rapaz.
- Ah, obrigado! Como é seu
nome?
- Norma.
- Quantos anos você tem?
- Cinco anos e meio.
- Hum, ok, sua irmã deve
estar aqui atrás...
- É... - se limitou a
isso, lambendo o sorvete. O rapaz parou ao chegar à parte de trás da árvore.
Ele se ajoelhou e Norma desceu de seu pescoço, e ele viu um par de All Stars
verdes se aproximar e sua dona perguntar à garota:
- O que aconteceu? Cadê o
frisbee? - e ele reconheceu a voz rouca. Ergueu a cabeça e se levantou,
Sandrieli segurava Norma nos braços.
- Eu quase fui atropelada
por uma bicicleta, mas esse cara me salvou! - e lambeu mais uma vez o sorvete.
Neste momento, Sandrieli dirigiu sua atenção ao tal rapaz.
Dean olhava para Sandrieli
com os lábios entreabertos, abobado.
- Ah, é você. Sempre você,
né? - disse Sandrieli, pondo Norma no chão.
- É, sou eu.
- Deu pra perseguir minha
família, agora?
- Não fale besteira. A
Norma quase foi atropelada, pelo menos me agradeça, se teve a mesma educação
que sua irmã.
- Obrigada. Mas você ainda
não me agradeceu, hipócrita.
- Obrigado.
- Você é patético. Norma,
não aceite nada de estranhos!
- Eu não sou estranho.
- É verdade, você é pior.
- Você realmente tem que
destruir meu dia esteja onde eu estiver, não é?
- É, tenho. É realmente
algo genial mandar minha irmã ser atropelada para ver se você salva ela.
- Tenho pena dessa menina,
imagina que coisa horrível ter que dividir a casa com você.
- Isso foi muito
engraçado.
- Vá se danar.
- Por que você não vai
embora? Já salvou minha irmã, já agradecemos o que você quer mais?
- Sandrieli, não manda ele
ir embora, ele me salvou, dá um sanduíche pra ele! - Norma se intrometeu na
briga, foi até a cesta e entregou um sanduíche natural que Sandrieli havia
feito.
- Obrigado, Norma, não
estou com fome, obrigado - Dean recusou, educadamente. – Da próxima vez, tome
conta da sua irmã. Ela não tem culpa de ser melhor do que você.
- Você fala como se me
conhecesse.
- Tchau, Norma, cuidado na
próxima, hein? - ele se ajoelhou e deu um beijo na bochecha suja de chocolate
da garota. - Sua bochecha tá uma delícia, mas não deixe mais nenhum garoto
beijá-la, tá certo?
- Prometo – e cruzaram os
mindinhos. - Ei, como é seu nome?
- Dean.
- Tchau, Dean! - e ele se
levantou e virou as costas, atravessou a rua e foi embora com o Opalla.
- Vamos embora, Norma –
disse Sandrieli.
- Tá certo – elas
recolheram a cesta e a toalha, e foram embora também.
Ao chegar em casa,
Sandrieli ajudou a irmã mais nova a tomar banho, depois deixou-a brincar com
suas bonecas, para ir tomar o próprio banho.
E, classicamente trágico,
os dois se encontraram domingo, no supermercado. E logo no começo das compras,
quando os dois puxaram o mesmo carrinho ao mesmo tempo.
- Pode ficar – murmuraram
juntos, sem perceber que estavam se falando. E um reconheceu a voz do outro.
- Vou chamar a polícia –
disse Sandrieli, enquanto puxava o carrinho com força.
Dean grunhiu e puxou o
outro carrinho, adentrando no último corredor, para não ter que pegar coisas ao
mesmo tempo que Sandrieli no primeiro corredor.
As compras correram
normalmente, Sandrieli encheu seu carrinho com frutas, legumes e cereais
enquanto Dean já havia pego os congelados e materiais de limpeza. Porém, se
encontraram no corredor de temperos, e acabaram pegando o mesmo vidro de
catchup.
- Me dá – ordenou
Sandrieli.
- Você já pegou o carrinho
primeiro.
- Primeiro as damas,
mal-educado.
- Você é um demônio, não é
uma dama.
- Me dá isso, desgraçado!
- Tem mais na prateleira!
- Então pegue você! -
seria bom que algum dos dois tivesse cedido antes. O vidro de catchup não
suportou os apertos, e a tampa soltou, derramando catchup por todo o rosto e
roupas de Dean e Sandrieli.
- Tá vendo o que você
fez?! - exclamou ela.
- Foi você, foi você! Ah,
você sempre estraga tudo!
- Foi você que apertou
retardado!
- Nem vem você também
apertou!
- Você é tão infantil!
- Ha, olha só quem fala!
O gerente acabara de se
postar ao lado deles, e os olhava carrancudo.
- Por favor, senhores,
apenas paguem o prejuízo.
- Não vou pagar sozinha! -
reclamou Sandrieli.
- Nem eu! - imitou Dean.
- Então dividam o preço.
É... 3,50 ,cada um paga um dólar e setenta e cinco centavos - sugeriu o gerente.
Dean deu o dinheiro à ela,
pegou um vidro de catchup e foi em direção ao outro corredor. As compras
terminaram em paz, porém com muitos olhares dos outros clientes para as roupas
e os rostos “ensanguentados”.
Enquanto Dean estacionava
o carro na garagem, pensou no ocorrido. As ocasiões insistiam em juntar eles
dois, sempre. E depois pensou no motivo de todas as brigas dos dois, como a
própria Sandrieli sugerira. No primário normalmente aconteciam porque ambos
desejavam o mesmo lápis de cor, ou o mesmo brinquedo. Quando cresceram mais um
pouco, suas brigas eram frequentes por pontos perdidos em provas, porque suas
respostas pareciam demais e os professores julgavam fraude. E agora no
colegial, tinham ódio mútuo por causa de besteiras do passado, e se irritavam
quando ouviam o outro dizer que gostavam de certa banda, e os boatos que
queriam o mesmo curso na mesma universidade também os deixava excessivamente
irritados, e se encontravam quase sempre no mesmo lugar, do supermercado ao pub
das sextas-feiras.
Dean também pensou no que
ele mesmo dissera. Se você analisar direito, parece que gostamos das mesmas
coisas. Que ridículo, ele pensou. Mas não pôde segurar sua mente voltar para a
frase dita e refletir com menos pessoalidade.
Autor(a): Sandrieli Ribeiro
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