Fanfic: Completamente parecidos! (TERMINADA)

Capítulo 6 – Narciso.

Outubro finalmente veio,
ainda com chuvas. Gabriella saía com frequência com o hippie que conhecera,
Sandrieli continuava na mesma. Na segunda sexta-feira de outubro, Sandrieli
decidiu voltar ao Billy Boulevard, e foi sozinha. Gabriella tinha saído para
acampar com Castiel. Porém, Dean teve exatamente a mesma ideia que Sandrieli,
uma vez que Samuel estava estreando seu novo pôquer pela internet. Dean chegou
primeiro ao pub, assim que entrou, Sandrieli estacionou. Para sua surpresa, ele
viu seus amigos (exceto Samuel, claro), cada um conversando e bebendo com as
amigas de Sandrieli (exceto Gabriella, claro).

Ele se aproximou. O grupo
estava aparentemente bêbado, eram exatamente três casais. Becky, Lane e Ashlee;
Sean, Robin e Chad. Giravam uma garrafa na mesa e esperavam ansiosos que ela
parasse.

- E aí, caras! -
cumprimentou Dean.

- Oh, ho-ho, chegou o
grande loiro azedo! Senta aí, cara - disse Sean.

- O que vocês tão fazendo?
- perguntou Dean, sentando.

- Verdade ou desafio. O
fundo aponta o desafiador, a boca aponta o desafiado – explicou Lane, rindo ao
ver a garrafa parar. - Vamos lá, Chad desafia a Becky!

- Ok, ok – bebeu um gole
da cerveja. – Becky, verdade ou desafio?

- Desafio! - respondeu
Becky, secando a garrafa de cerveja.

- Eu desafio você a beijar
o Robin! - assim que Chad disse isso, ela se levantou e beijou Robin, com
língua e etc.

Sandrieli se aproximou da
mesa.

- Nossa, Becky, que é
isso! - exclamou ela, Becky largou Robin, e começou a rir como os demais. Dean
pegou uma garrafa de cerveja de uma bandeja que ia passando.

- Verdade ou desafio! -
Becky disse, após pedir mais uma cerveja à garçonete – Quer jogar com a gente?!
Vamos, senta! - Ashlee puxou Sandrieli pelo braço e forçou-a a sentar em uma
cadeira ao seu lado, frente à Dean. Os dois desviaram os olhares para a garrafa
parada, e Ashlee pegou mais uma garrafa de cerveja, e a entregou para a amiga
ao lado.

- Então, próximo! - Becky
girou a garrafa, e ficou batendo as mãos na mesa até o gargalo apontar Ashlee e
o fundo apontar Robin.

- Então, Robin, verdade ou
desafio? - perguntou Ashlee, com a voz embriagada. Estava mais ou menos em sua
sexta garrafa de cerveja.

- Desafio! - respondeu
ele, batendo os punhos na mesa.

- Eu te desafio a beijar
a... Sandrieli! - Sandrieli cuspiu a cerveja e riu, porém, Robin ergueu seu
rosto e beijou sua boca com o bafo de cerveja. Não durou muito, para sorte de
Sandrieli.

Depois que todos pararam
de rir, o jogo retomou seu rumo. Quando Sandrieli e Dean estavam na metade de
suas segundas cervejas, Ashlee já tinha permitido as mãos de Sean em seus
seios, Sean já tinha lambido Chad no rosto, Chad já tinha beijado Lane, Lane já
tinha beijado Dean, e Dean já tinha apalpado os seios de Becky. Sandrieli bebeu
mais gole enquanto esperava a garrafa parar. O fundo apontou Dean e a boca
apontou Ashlee, a mais bêbada.

- Verdade ou desafio,
loiro azedo? - perguntou ela.

- Desafio.

- Beije a Sandrieli. Mas
tem que ser beijo mesmo, língua, saliva, e chiclete!

Em vez de rir, a mesa
silenciou. Ashlee gargalhou, Dean ficou com rosto vermelhíssimo, parecia estar
sufocando.

Sandrieli, com as mãos
trêmulas, tentou argumentar com a amiga:

- Ashlee, desafie de outro
jeito, vamos...

- Não, baixinha,
na-na-ni-na-não! loiro azedo tem que te beijar, ha-ha.

- Vai, loiro azedo, é o
jogo - disse Chad, empurrando o amigo.

- Justamente, é um jogo,
não é sério... - falou Dean.

- Não vai estragar o clima
da noite, né? Vamos, cara, é só um beijo - e tornou a empurrar o amigo.

Dean olhou para Sandrieli,
que o encarava. Ele se levantou, passou o tronco por cima da mesa. Segurou o
rosto dela com as mãos, e o ergueu. Então beijou sua boca, conforme Ashlee
mandara.

Um beijo digno, que fez a
nuca dele se arrepiar. A mesa estava calada.

Dean perdeu a consciência,
e ainda deu um selinho nos lábios de Sandrieli. Soltou seu rosto, ela se
levantou, pegou o casaco e a bolsa, e saiu do pub.

Dean, ao invés de se
sentar, pegou o casaco também e foi atrás dela. A rua estava muito escura, mas
ele distinguiu o vulto que procurava as chaves na bolsa.

- Sandrieli! Espera!

Ela apressou sua busca,
usou o celular como lanterna. Ele correu atrás dela, mas ela entrou no carro,
ligou, e tirou o Cadillac da vaga muito rápido. No mesmo segundo, Dean correu
até seu carro, sacou as chaves do bolso, e tirou-o também da vaga com
agilidade.

Ele seguiu o veículo
amarelo pela avenida, buzinando. Ela olhou para trás uma vez, e estava
costurando entre os carros, realmente veloz.

Dean refazia seu caminho
costurando entre os carros. E então veio o desejado sinal vermelho. Sandrieli
virou o rosto para o lado oposto ao perceber o Opalla verde que parara ao seu
lado.

- Qual é, Sandrieli, eu
beijo tão mal assim? - disse Dean – Sandrieli, é só um jogo, qual o problema?
Se você não queria, por que não saiu? Qual é, Sandrieli, encosta aí, vamos
conversar!

- Conversar?! Conversar?!
Pra brigar de novo, e falar sobre ódio de novo? Sabe, se você não gosta de
brigar, por que você insiste em falar comigo?

- Eu não quero brigar! Eu
não quero, ninguém quer!

- Parece ser o oposto!

- Escuta Sandrieli, eu
pensei muito, e eu sei porque a gente briga tanto. Mas é totalmente sem
sentido, eu sei que a gente pode viver em paz, só me deixa conversar com você!

Ela bufou.

- Por favor, Sandrieli,
encosta o carro, por favor, vamos conversar!

O sinal abriu, Sandrieli e
Dean recomeçaram lentos, e ela encostou na esquina da praça bem iluminada que
estava em frente. Ela soltou as mãos da direção, Dean estacionou o carro em
frente ao dela, e desceu. Ele abriu a porta do Cadillac, e ofereceu a mão para
Sandrieli descer, mas ela saiu do carro sem a ajuda dele. Dean andou até uma
árvore e ela o seguiu.

- Então Sandrieli, se você
não queria me beijar, por que você não saiu? Ou sei lá, pelo menos não
colaborava com o beijo.

- Eu não sei.

- Mas...

- Ah, e nem você sabe
porquê me beijou, Dean. E nem vem dizer que não queria estragar a noite, nós
sabemos que isso é um péssimo argumento. Mas pelo menos eu sei porquê eu só saí
depois. Porque eu fiz o que pude, entendeu?

Ele continuou calado. Ela
retomou:

- Ah, mas é óbvio. Seus
princípios, claro. Um tarado nojento que não se importa nem um pouco com quem
está beijando, não é, típico, uma coisa clássica do Dean.

- Sandrieli, é óbvio que
não foi por isso. Eu não sou desse jeito.

- E por que foi, então?

- Por que você não diz
primeiro?

- Porque foi você que me
beijou, não fui eu!

- Eu que beijei, mas você
cooperou bastante, tô sentindo sua língua até agora, nem vem!

- Ah meu Deus, você é
ridículo.

- Sandrieli, viemos aqui
para conversar. Eu quero te dizer em que conclusão eu cheguei, sabe.

- Conclusão, o quê?

- Você mandou pensar no
motivo das nossas brigas.

- Você pensa?!

- Vai deixar eu dizer?

- Hum.

- Sabe, eu acho que a
gente não se odeia. Eu acho que a gente é tão igual, sabe, tão parecido que
fica até com medo de encontrar uma pessoa idêntica. Por exemplo, naquela noite,
você estava certa. Tudo que você disse ali era algo típico que eu diria se
estivesse no seu lugar. Eu acho que como se a gente fosse um Narciso,
encontrando o próprio reflexo e ficando impressionados, entende?

Eles ficaram se encarando,
calados, por alguns minutos.

- Isso é ridículo –
Sandrieli murmurou, por fim.

- Você sabe que não é –
respondeu Dean num sussurro.

- Eu te odeio - ela se
virou para ir embora, mas ele a segurou pelo pulso.

- Eu te amo - Dean puxou
Sandrieli para perto, e segurou sua cintura muito forte. Aproximou seu rosto do
dela, e quando os narizes estavam encostados, Sandrieli pisou no pé dele. Ele
sentiu a dor lacinante, ela se soltou e correu até o Cadillac.