Fanfics Brasil - 2° Capítulo Nossa Musica (TERMINADA)

Fanfic: Nossa Musica (TERMINADA)


Capítulo: 2° Capítulo

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Capítulo 2


A porta ao lado.


O sol entrava pela janela, invadindo as
cortinas xadrez de tecido barato e fino, as quais só serviam de enfeite. O
Barulho de carros e buzinas na rua me faziam enfiar cada vez mais minha cabeça
entre o travesseiro e o colchão. Não iria trabalhar pela manhã. Não teria
barulho que me fizesse acordar antes das onze.


Não lembro bem quando a campainha começou a
tocar, mas lembro-me muito bem do quanto ela tocava, e o quão irritante aquele
barulho frenético de uma pessoa louca a beira de um ataque cardíaco fazia em
minha porta. Tirei o travesseiro de cima do rosto e o joguei ao chão.
Levantei-me e enquanto andava até a porta, passei a mão em meus cabelos para
arrumá-los um pouco.


- Pois não? – Falei abrindo a porta sonolento.


- Erm... – Olhou-me uma jovem assustada,
bonita, mas assustada, enquanto seus olhos apontavam para abaixo de minha
cintura.


- Hã? – Olhei para baixo. Minha samba-canção
era verde com bananas amarelas. – Qual o problema?


- Você não sente vergonha em receber alguém
assim? – Perguntou-me surpresa.


- Você não sente vergonha em acordar alguém
assim?


- São dez horas! Pensei que estivesse morto!


- Iria me enterrar se tivesse? Não, então
para que incomodar até os mortos? – Perguntei apoiando uma de minhas mãos na
quina da porta.


- Vim informar-lhe que já faz mais de um mês
que o senhor não pega seu jornal! – Falou jogando um rolo enorme de jornais
velhos em cima de mim.


- Obrigado, não sabia que tinha serviço de
catador de lixo dentro do prédio agora... Quando tiver mais, posso lhe chamar?


- Eu aqui vindo lhe fazer um favor e você me
trata assim? Pois agora usarei seus jornais como banheiro para minha cadela!


- Aí eu lhe acusaria de ladra... por roubar
meus jornais...


- Você não está os usando!


- O jornal é meu, eu os uso se quiser! –
Respondi. Estava começando a me divertir com aquela situação, a garota parecia
realmente impaciente.


- Quem você acha que é? Pensei que fosse uma
pessoa ocupada, séria, moro a um mês aqui e nunca o tinha visto. Agora vejo que
é um filhinho de papai que provavelmente passa a noite bebendo e cheio de
mulheres, faça um favor ao mundo, não compre mais jornais! – Falou e virou-se,
para ir embora.


- Não vá me dizer que está com inveja por eu
poder dormir até tarde enquanto você se ocupa com seu trabalho de observar a
vida dos vizinhos? – Falei a puxando pelo braço.


- Pode me soltar, por gentileza? – Perguntou
fitando-me. Seu olhar penetrava meus olhos como cem agulhas escarlates. Seus
lábios pediam para que eu a beijasse, mas sabia que minha pele não gostaria do
vermelho que ficaria com o tapa que provavelmente receberia, e meus ouvidos,
por mais estranho que aquilo parecesse, ainda queriam escutar aquela voz mais
algumas vezes.


- Claro senhorita... – Falei com uma voz
gentil. Então ela virou-se e caminhou para a porta ao lado da minha. Sim,
aquilo foi extremamente estranho. Ela morava do meu lado. Eu realmente não
esperava por aquilo. Bem, meu estômago sentia fome e eu precisava alimentar-me.
Abri a geladeira e peguei tudo que se desse para comer frio. Sentei-me na
frente da tevê, a liguei e estiquei as pernas, enquanto passava os canais,
procurando algo que prestasse para ver. Até que desisti e peguei um livro, o
qual eu estava a duas semanas tentando terminar de ler. Olhei para o lado e
tinha o projeto de pouca importância, inacabado... um comercial para passar num
horário barato, de um canal barato. Não perderia meu tempo em casa para
adiantá-lo, é, faria no escritório.


No meio da tamanha monotonia televisiva e do
livro nada empolgante, a imagem de minha vizinha não parava de vir em minha
mente. Criatura engraçada – pensava. Levantei-me e abri a porta com cautela,
evitando que fizesse algum barulho. Não havia nada em frente à sua porta, até
que olhei para o fim do corredor e não vinha ninguém, menos mal, já que ainda
estava de samba-canção, então abaixei-me um pouco, para olhar pela fechadura.
Cadê ela que não aparece? – Pensava enquanto tentava me posicionar de forma
mais confortável. Passos vindo no corredor, então saí correndo para dentro de
casa e fechei a porta. O coração batia acelerado. Se o síndico me visse semi-nu
no corredor de prédio, iria me acusar de atentado contra o pudor, vai saber. O
barulho silenciou-se, então abri vagarosamente a porta, e meus olhos foram
atraídos novamente pela fechadura. Fiquei lá tentando ver algo. Um sofá
vermelho de três lugares, almofadas brancas com bolinhas vermelhas. Um sofá tão
grande para uma só pessoa? Ou será que ela já era casada? Mas com aquela idade?
Eu nunca me casaria tão cedo. Uma xícara preta, com o desenho de um gatinho,
apenas uma. É, talvez ela morasse sozinha. Verdade, era uma desocupada, para
ter tempo de pegar jornais alheios... Ou então era a empregada da casa, e
aproveita que os patrões não estavam para ficar tomando cafezinho e fofocando.
Falar em fofocando, onde estaria ela? No banheiro talvez... Bem que eu gostaria
de conseguir ver essa cena, mas eu não estava na fechadura correta...


- Perdeu algo? – Perguntou-me uma voz
familiar.


- Erm… - Falei virando lentamente, enquanto
pensava numa boa desculpa. – Acho que o síndico errou e colocou minhas cartas
aí na sua casa.


- Você acha ou o viu colocando? – Perguntou
a garota, que estava com uma sacola de pão em mãos.


- Acho. Prazer, meu nome é Dean. – Falei
sorrindo amarelo.


- Sandrieli, prazer. Posso entrar na minha
casa?


- Claro. – Falei levantando-me de minha pose
nada agradável aos olhos. – Desculpe o incômodo.


- Tudo bem. – Falou olhando-me com desprezo,
enquanto enfiava a chave na fechadura.


- Então... até amanhã, se você vier me
trazer o jornal. – Falei sínico e entrei em casa, rindo baixo.


A pia estava cheia de pratos e a casa uma
bagunça. Resolvi procurar a agenda telefônica e pedir que a faxineira viesse
esse fim de semana. Estava realmente precisando de uma arrumação aquilo ali, e
principalmente agora que eu tinha uma vizinha gata, quem sabe ela não acabava
entrando em casa, no quarto, e acho melhor eu parar minha imaginação por aqui.
Comecei a caça à agenda telefônica, até que a campainha começou a tocar
freneticamente. Quem seria agora?


- Você não sabe ser delicada com a campainha
não? – Falei ao vê-la em frente à minha porta. – Deixa eu te ensinar, não é
nada de outro mundo, mas o som sai independente da força que você aperta, e
outra, eu escuto bem, pelo menos se minha audição piorar, a culpa será sua.


- Me poupe! – Falou empurrando-me e entrando
em minha casa.


- Senhorita... sem querer ser grosso, mas a
sua porta é a do lado. – Falei a olhando com medo.


- Eu sei. – Falou erguendo uma chave
quebrada.


- A chave... Que... Quebrou na fechadura? –
Falei gargalhando enquanto fechava a porta.


- Isto não tem graça! Eu preciso escrever um
artigo para hoje! – Falou mordendo o lábio inferior, num sinal de raiva.


- Olha minha cara de preocupação. – Falei
fazendo cara de paisagem.


- Pode me emprestar a lista telefônica para
eu ligar para um chaveiro?


- Se você a encontrar... – Falei apontando
para toda a bagunça da casa.


- Como você consegue dormir nesse chiqueiro?


- Do mesmo modo que consigo conversar com
você.


- Está me chamando de porca? – Perguntou
incrédula.


- Não... estou apenas dizendo que são duas
coisas que não exigem um mínimo de intelecto. – Falei rápido, arrependendo-me
logo em seguida.


- Estúpido.


- Aceita uma xícara de água com uns pães
quentinhos? – Perguntei gentil.


- Os pães seriam os meus? – Perguntou sem
paciência.


- Exatamente. Seu pensamento rápido cada vez
me surpreende mais! – Falei sorrindo enquanto ia até a cozinha pegar duas
xícaras e uma garrafa d’água.


Ela olhava para minha sala com desdém, e não
parecia perceber que eu a observava. Seu olhar um tanto quanto enojado com a
bagunça que via era peculiar, suas mãos esticavam e contraiam, num “querer” e
“não dever” arrumar tudo aquilo, e isso, com certeza, era o que mais me aguçava
os pensamentos, saber o que ela estaria pensando. Não que eu me preocupe com
pensamentos alheios, já tento livrar-me dos meus, quanto mais perder tempo com
os dos próximos, mas bem, os dela me interessavam, ela não parecia ser uma
criatura que aceitaria entrar num chiqueiro como o meu assim tão facilmente,
deveria estar em estado de alerta, e aquilo me animava.


- Aqui está. – Falei esticando a xícara para
que pegasse.


- Achei a lista telefônica, já liguei, ele
disse que estaria aqui em minutos. – Falou sorrindo e pegando a xícara.


- Bem, sem querer ser intrometido, mas já
sendo, você disse que chegou aqui a um mês, certo?


- Sim, por que?


- Nada, só acho muito interessante só
estarmos nos falando agora...


- Você sabe ao menos o nome do porteiro que
te abre a porta todos os dias? – Perguntou levantando uma sobrancelha.


- José? – Palpitei. Se era para arriscar,
que fosse com o nome mais comum.


- É Marcos, senhor Marcos. – Falou me
olhando de lado, mas não parecia surpresa ou decepcionada, como se já esperasse
aquilo. O que, claro, me irritou o ego.


- Bem, eu tenho mais afazeres do que decorar
nome de vizinhos com os quais não mantenho nem tampouco pretendo manter
contato. – Falei abrindo a sacola de pão e rasgando um ao meio com os dentes,
exalando, assim, toda a minha masculinidade – o que me pareceu bastante
ridículo depois de ter recebido um olhar zombeteiro da criatura.


- Eu tenho tantos afazeres quanto você e
mesmo assim sei ser uma pessoa sociável. – Falou sorrindo e andando como uma
lady até a sacola de pão e pegando um.


- Falando nisso... o que você faz da vida?


- Como assim?


- Trabalha com o que?


- Sou escritora. Jornalista para ser mais
exata. Trabalho para uma revista vendida para mulheres.


- Que trabalho fútil. – Falei a olhando com
um quase nojo. Fingido, obviamente.


- Fútil!? COMO ASSIM FÚTIL? – Perguntou
preparada para o ataque, pude até compará-la com uma cobra que se arma e fica
encarando a presa com a linguinha de fora, apesar de sua língua está bem presa
dentro da boca com os dentes trincados.


- Fútil. A maioria dessas revistas para
mulheres são fúteis.


- Falou bem, “a maioria”, a minha não é. Não
meus artigos.


- Prove-me.


- Compre a revista, sente-se em sua poltrona
e leia, aprecie, meu caro. – Falou pausadamente, andando pela sala e mostrando
um sorriso debochado na face. – E você? Trabalha com o que?


- Trabalho numa agência de Publicidade e
Propaganda.


- Legal.


- Não vai falar mal do meu trabalho? –
Perguntei realmente surpreso.


- Não. Acho interessante, e não sou tão
infantil a ponto de querer brincar de “descontar”.


- Então talvez você possa me ensinar a ser
adulto. Quer brincar de ser adulto? – Perguntei com um olhar pervertido,
esperando ansiosamente por sua reação.


- Claro. – Falou sorrindo dócil.


- Sério? – Perguntei mais feliz.


- Sim. Por que não? – Perguntou se
aproximando.


- Verdade, por que não? – Falei a olhando
por um momento. – Eu começo?


- Comece. – Falou fitando-me. Até que alguma
parte pensante de meu cérebro avisou-me que aquilo estava fácil e bom demais
para ser verdade. Se fosse alguma secretária do meu departamento eu não acharia
tão estranho, na verdade, não acharia nada estranho, mas com se tratando de
minha vizinha, e principalmente por ela ser aquela criatura tão estranha, eu
não poderia acreditar que seria algo fácil assim.


- Vou pegar o baralho então, pode sentar aí.
– Falei com a cara de tacho mais convincente do mundo, e então ficamos boa
parte da tarde jogando baralho. Claro que eu pensei num strip poker, mas me
contive.


Seria devaneio dizer que parecíamos nos
conhecer de longas datas? Bem, talvez partindo da visão da criatura, sim.
Porém, partindo da minha, não. Era como se algo forte, muito forte, me ligasse
a ela. Não podendo negar de que fora atraído por sua beleza, digo que algo além
do que os olhos humanos enxergam podia me puxar para ela. Era algo diferente,
com o qual eu nunca tinha deparado. Um novo assustador. Um novo surpreendente.
Um novo incrivelmente atraente.


Diante de – por incrível que pareça – tantas
risadas, tantas fichas apostadas, e tantas jogadas, a tarde passou rapidamente.
E não sentimentos falta de alguém que deveríamos sentir. O chaveiro.
Entardeceu, anoiteceu e o chaveiro não apareceu.


- Eu estou completamente perdida. – Falou
passando as mãos por entre os cabelos, parando com a palma sobre a testa e os
cotovelos apoiados nos joelhos.


- Como? - Perguntei rindo. – Não se
preocupe, as fichas apostadas aqui não têm valor real, não se preocupe, não vai
precisar me pagar!


- Quem dera fosse esse o motivo de minha
perdição. – Falou tristonha, como ainda não a tinha visto.


- E qual seria, mademoiselle? – Perguntei a
olhando. Deprimente aquela cena.


- O chaveiro. Ele não chegou. Acabei de
lembrar-me! – Falou ainda mais aflita.


- Vou ligar para ele. Só isso, ou posso
ajudar em mais alguma coisa?


- Meu trabalho. Como vou terminar? A revista
irá para a edição amanhã, ela será publicada essa semana, eu preciso entregar
esse artigo amanhã pela manhã, às sete horas. Tudo o que eu pesquisei está no
meu computador, que está atrás daquela porta maldita sem chave! – Falou
alterando o tom da voz.


- Erm... – Falei sem saber o que dizer, como
lhe dar apoio moral. – Pensaremos numa solução, não saia daí! – Falei e fui em
busca da lista e do número do tal chaveiro.


- Para onde mais eu iria? – Perguntou como
se a resposta fosse óbvia.


Liguei para o chaveiro, e é incrível como as
pessoas arrumam outros compromissos e esquecem dos primeiros. Ele se desculpou,
mas é claro que minha vontade era arrombar a porta da casa dele, não fosse
minha total covardia. Não, eu não era uma pessoa violenta. Na verdade, na hora
de uma briga, a melhor solução que eu sempre conseguia achar era... correr.


Quando lhe falei que talvez, com certeza,
para ser mais sincero, ela teria que procurar um lugar para dormir ou dormir na
minha casa, pois o chaveiro estava resolvendo problemas pessoais com sua
namorada, ela não acreditou. Ficou em choque por alguns minutos, os necessários
para que eu colocasse meu lap top em sua frente e preparasse uma boa quantidade
de café quente para nós.


- O que é isso? – Perguntou-me parecendo
ainda confusa.


- Bem, você tem um trabalho para amanhã. São
oito horas da noite. Temos, no mínimo, dez horas para escrever seu artigo.
Claro, eu deixei uma hora como tempo que você chega daqui para seu trabalho.


- Não é tão simples como você pensa... é um
assunto complicado, preciso pesquisar bastante...


- Bem, você começa colocando suas idéias no
papel, enquanto me diz o que eu devo pesquisar. Eu sou o rei na internet, vou
te achar o que você precisar! Até papel higiênico eu já comprei pela internet!
– Falei rindo, tentando animá-la.


- Obrigada. – Falou sorrindo, um sorriso
puro de agradecimento.


- Não se preocupe.




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Autor(a): Sandrieli Ribeiro

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • rbdprasempre Postado em 31/08/2011 - 16:44:22

    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
    LOGO O PRIMEIRO CAPÍTULO

  • rbdprasempre Postado em 31/08/2011 - 16:42:59

    POSTA LOGO O PRIMEIRO CAPÍTULO FLOR

    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

    PLIXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

  • rbdprasempre Postado em 31/08/2011 - 16:41:15

    COMENTA LÁ EM ADOLESCENTES.COM

    EU AMO LER COMENTS...

  • rbdprasempre Postado em 31/08/2011 - 16:40:56

    *-* LEITORA NOVA *-*

    POSTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA


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