Fanfic: Trabalho ou prazer - Adaptada - vondy

Obrigada kmusica, Lucas e Paty (entendo perfeitamente flor, não esquenta... J)!!!

CAPÍTULO DEZESSETE

— Olá, Christopher. Espero não estar incomodando.

Dulce disfarçou a tristeza quando Christopher se virou. Ele estava fazendo aviões de papel no

terraço. De jeans surrado e camiseta branca, parecia mais lindo que em qualquer terno italiano

que possuía. Másculo, viril, Christopher parecia quase intimidante.

Quando os olhares se cruzaram, um sorriso contraiu um canto da boca. Porém, o sorriso não

transpareceu nos olhos.

— Dulce. Quanto tempo faz? Três semanas?

— Quatro.— Um mês desde a briga e a decisão de partir. Um mês se alimentando e

dormindo pouco.— Quer que eu peça ao Gil para lhe trazer uma bebida? Café, chá?

— Não, obrigada.

Ele atirou o aviãozinho, que planou sobre a buganvília vermelha até desaparecer. Voltou a

atenção para Dulce e gesticulou para que ela se sentasse.

O sol de meio-dia lhe aqueceu as faces quando ela se aproximou e olhou em volta.

— Onde está a Sylvie?

— Acho que ela não gosta de despedidas. Então, soube da premiação ontem à noite?

— A notícia saiu no editorial do caderno de economia de hoje. Você ganhou o primeiro lugar.

Parabéns.

— Gil, você fez o café? Extra forte e pelando. Obrigado.— Christopher desligou.— Primeiro

lugar... sim. Principalmente graças ao seu empenho. Você fez um trabalho brilhante nessa

campanha.

O comentário não soou lisonjeiro, tampouco comovido. O que ela esperava? Palavras

ríspidas? Um bate-boca? Flores coloridas com um cartão?

Dulce engoliu em seco.

— Muito obrigada por dizer isso.

Gilbert, trajando uma atípica camisa escura, apareceu com uma caneca enorme na bandeja.

— Mais alguma coisa, senhor?

— Não, nada.— Logo que Gilbert depositou a caneca na mesa, Christopher estalou os dedos.— Ah,

você pode conferir se o paletó e a calça que encomendei semana passada ficaram prontos?—

Espiou o relógio.— O almoço é daqui a uma hora.

As sobrancelhas de Gilbert saltaram.

— Cuidarei disso.— Voltou-se para ela.— Deseja alguma coisa, Dulce?

— Obrigada, Gilbert. Eu vou apenas recolher as minhas coisas e...

— Sem pressa.— Os músculos das coxas de Christopher flexionaram quando ele se sentou.— É só

uma pequena comemoração da vitória. Acho que já exagerei na noitada ontem à noite.

Sim, ele estava com olheiras. Por que deixar que um rompimento estragasse a diversão,

certo?

— Recebeu a comissão? Quis demonstrar a minha gratidão por tudo que você fez.

Comissão? Sim, recebera. Mas, após um telefonema, o dinheiro foi devolvido. Agora ela não

trabalhava mais para Christopher, não queria o dinheiro dele. Dormir com Christopher foi um prazer, não um

serviço. "Fique calma", ordenou a si mesma.

— Os clientes devem ter ficado contentes.

— Ainda estão. Você fala com a Jezz, não é?

Era desnecessário responder. Christopher sabia que as duas eram amigas.

— Jezz está fazendo um trabalho incrível, graças a Deus. Não sei o que eu faria sem ela.

Claro, compreendo os seus motivos para partir. Todo mundo faz isso.

Ela merecia isso? Christopher a comparou com Olívia. Não era justo. Ele foi magoado. Ora, ela

também.

Quantas mulheres agarrariam a chance de largar tudo para manter uma relação com um

homem feito Christopher?

Contudo, quantos homens como Christopher largariam tudo para seguir uma mulher com idêntica

paixão?

O coração sangrava. No entanto, por mais que tentasse se colocar em segundo plano, ela

simplesmente não conseguia.

Será que não amava Christopher o bastante? Mas, se isso fosse verdade, será que ele também não

a amaria o bastante?

Com o coração doendo, Dulce recobrou a fala.

— É maravilhoso que tudo tenha dado certo para a agência. Após uma década de trabalho

duro, você merece.

— E você? Animada para viajar para Londres? Dulce soltou um suspiro. Fingir que não

adiara os planos seria perda de tempo... Christopher acabaria descobrindo.

— Eu recusei o emprego em Londres.

Christopher se virou num estalo, como se houvesse levado um murro.

— Você recebeu uma proposta melhor?

Ele sorriu, mas os olhos permaneceram melancólicos.

— O meu pai está doente— revelou ela.— Eu o levei para fazer os exames.

— Descobriram alguma coisa errada?

— Será necessário extrair um tumor.

Quando Christopher lhe tomou as mãos, Dulce cedeu ao 1 consolo. f

— Qual é o prognóstico?

— O cirurgião não pode garantir, mas não é grave. Devido ao tamanho e localização, ele

espera que o papai se recupere totalmente.

Christopher acariciava as suas mãos com os polegares. Ah, Deus, a sensação foi tão boa.

— Posso fazer alguma coisa?

— Nada. Além de viver esquecendo as coisas, o papai parece bem. A operação foi marcada

para daqui a um mês.

— Você ficará em Sydney?

— Por enquanto. Expliquei a situação ao Jonathon— que, infelizmente, a hora não é boa.

— O que significa...

— Significa que se... quando o papai melhorar, eu volto à ativa.

— Em Londres.

— Em algum lugar.

O olhar de Christopher perscrutou-lhe o rosto.

— Precisa de um emprego enquanto isso? E correr o risco de ficar perto de você?

— O Jonathon me ofereceu um cargo no Mixem. Uma veia na têmpora de Christopher saltou. Será

que ele sairia urrando por aí feito um troglodita?

— Só prometa que você jamais ouvirá nenhuma gravação com ele na cabine D.

— O Jonathon é ótimo. Acho que um homem sabe se tem uma chance com uma mulher.

Será que ele tinha uma chance? Acabou? Essa é a última vez que os dois se veriam?

Christopher baixou os olhos para os lábios dela, dizendo em silêncio que a agarraria e provaria que

tudo que experimentaram antes foi um aperitivo comparado ao banquete que partilhariam agora.

"Deus, oh Deus, eu quero mesmo abrir mão dele?", sua mente não parava.

Com o indicador, Christopher levantou o seu queixo. Ele nunca parecera tão bonito.

— Tem razão. Um homem sabe mesmo quando tem uma chance.

Dulce sentiu a energia se esvair do corpo quando Christopher apanhou o telefone.

— Gilbert, Dulce está pronta para sair. Já recolheu as coisas dela?

Com o peso de uma montanha nas costas, Dulce levantou. Esperava que ele...

O quê? Apertasse a sua mão? Desejasse bom voyage!

Não restava mais nada a ser dito.

Engoliu as lágrimas e se dirigiu para a porta.

— Dulce... espere.

Com o coração disparado, Dulce se virou.

Christopher estava diante dela, uma torre, um refúgio, o homem que ela amava. Mas qual era a

mensagem nos seus olhos?

— Sei que isso significa muito para você— disse Christopher.— Guardei para que não se

extraviasse.— O pingente surgiu na sua mão.— Tome o seu coração.

Comentem plixxxx *-*

Bjix da Naty