Fanfics Brasil - Capítulo III - parte I Trabalho ou prazer - Adaptada - vondy

Fanfic: Trabalho ou prazer - Adaptada - vondy


Capítulo: Capítulo III - parte I

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Obrigada Lucas, Paty, Moreninha e Crisvondy (sinta-se em casa...kkkk)


 


Dulce adorou o calafrio delicioso que subiu pela espinha. Não só por causa das palavras de


Christopher, mas também pelo seu sorriso avassalador.


Pensando melhor, foi ridículo supor que um profissional como Christopher a chutaria sem um bom


motivo. Ele não era do tipo que toma decisões precipitadas, e ela era flexível, motivada e


decidida. Quando parada de castigar a si mesma?


Pela janela, Dulce espiou distraída uma fileira de vitrines de butiques, exibindo a coleção


de verão.


Na adolescência, ela invejava as garotas que não tinham problemas para usar biquínis, ou


com as provas, ou para conversar com garotos... beijar os garotos, quem sabe até mais. Toda vez


que apagavam as luzes nas festas, ao invés de namorar, ela sempre escapulia. Por mais que


tentasse superar isso, a simples idéia de beijar a deixava toda vermelha.


No dia seguinte, as amigas trocavam confidencias e sonhavam com o futuro príncipe


encantado— como ele seria, onde morariam. Dulce nunca teve uma idéia clara, mas quando


Christopher estacionou o carro na entrada do hospital, uma imagem detalhada se formou em sua


mente.


Ele seria moreno, autoritário, sério, mas com uma pitada de malícia. Um homem que apoiaria


as suas decisões, mas que nunca a sufocaria. Que conseguiria tudo que quisesse dela, e a


deixaria indefesa, embora ansiosa por começar tudo de novo. Tudo isso era um bocado


improvável. Mas...


Dulce sorriu.


Ela podia sonhar, não é?


Quando entraram no elevador do hospital, Christopher apertou o botão e recuou.


— Acima de tudo, essa será uma reunião para que as duas se conheçam— ele explicou.—


Discutiremos algumas idéias que a Jezz talvez tenha bolado para a direção da campanha, desde


a última vez que nos falamos. Depois, ela e eu precisamos planejar um pouco a logística.


— Parece ótimo.— Com a mente de volta no trabalho, Dulce seguiu Christopher quando as portas


metálicas se abriram.— Tomarei quilos de notas.


— Lembrou de trazer um lápis junto com aquele bloco?


— Vários, muito obrigada.


— Você sabe taquigrafia?


Dulce sentiu o estômago revirar. Escrever normalmente já foi difícil de aprender.


— Já faz muito tempo.


Os dois passaram por uma galeria de paisagens do deserto australiano e seguiram as placas


até a enfermaria.


— Você aprendeu na escola, então? Ou estava metida em todas aquelas matérias artísticas,


como a aula de teatro?


— Eu abandonei o teatro no meio da adolescência. Na faculdade, eu cursei matérias de


administração, mas taquigrafia, não.


— Duvido que continue muito popular.


— Acho que era diferente na sua época.


— Ah, na minha época— ele retrucou— o pombo-correio era o meio mais popular para enviar


e receber mensagens. Aquelas tábuas de pedra eram pesadas demais para carregar até o


correio.


Dulce riu, depois percebeu que o insultara.


— Desculpe, eu apenas quis dizer...


Um sorriso assomou os lábios de Christopher.


— Quer um conselho?


— Claro.— Tudo e qualquer coisa que ele tivesse a oferecer.


— Nunca peça desculpas, a não ser que tenha um bom motivo.


Antes de recomeçar a andar, Christopher observou-a— a linha da face. Um turbilhão de sensações


fez a penugem dos braços vibrar antes de Dulce cair em si e acompanhá-lo.


— Isso não pode se tornar um hábito— continuou Christopher.— As pessoas acabam se


acostumando. De repente, você se desculpa por algo que não fez. E, acredite-me, já existem


bastante obrigações legítimas com as quais lidar, sem assumir qualquer peso supérfluo.


Embora lógico, o conselho soou quase mercenário. Dulce deu um sorriso maroto.


— Foi isso que você aprendeu no colégio?


— Não. Na vida.


A resposta direta atingiu Dulce no plexo solar. Sabia tão pouco sobre Christopher— a origem, a


infância, que experiências moldaram o homem no qual ele se transformara. O que o deixava


alegre, zangado ou triste.


— Pelo jeito você aprendeu algumas duras lições.


Christopher aguçou o olhar. Ela quase deixou escapar um pedido de desculpas por ser enxerida,


mas se conteve.


Christopher anuiu, aparentemente satisfeito pela sua postura. Então, empinou o queixo quando


abeiraram uma porta fechada.


— É o quarto da Jezz.


Os dois entraram sem bater. Dulce sentiu o olhar ardente de Christopher, parado perto dela, a


camisa a centímetros do seu ombro. Com o coração disparado, Dulce ergueu os olhos até os


dele. Olhos que cativaram os seus durante um longo momento vibrante, até Christopher voltar a falar.


— Certas pessoas parecem levar uma vida de sonho, Dulce. Outras não parecem ter


descanso. Se você é da primeira, segunda ou uma combinação de ambas as categorias, uma das


lições mais duras, embora mais importantes, é se conhecer bastante bem para jamais cometer o


mesmo erro duas vezes. Porque a vida já é bastante atribulada. Cheia de desafios e escolhas,


decisões e desapontamentos, desejos frustrados... e paixões descobertas.


Cada átomo do corpo de Dulce fervilhou quando expirou.


Christopher falou como chefe, certo? A lógica dizia que sim, mas os olhos dele perscrutavam os


dela, deixando o seu sangue em ebulição. O olhar de Christopher pareceu se distanciar e, contudo,


acariciá-la ao mesmo tempo. Dulce ficou tonta... sem fôlego... trêmula...


Ele endireitou os ombros largos e o encanto se quebrou.


— Vamos encontrar a sra. McQade?


Christopher bateu, e em seguida desapareceu através da porta aberta. Dulce olhava fixo para o


espaço que ele ocupava e uma avalanche de emoções a inundou.


O que Christopher quis dizer com não cometer o mesmo erro duas vezes?


Agora não foi a imaginação dela. Ela viu um brilho de desejo no fundo dos seus olhos. Sentiu


as chamas do corpo dele incendiar o seu. Incrível, mas se essa atração era real, o que


aconteceria? O que significava? Complicações, problemas e ciladas sem fim? Dulce se


esgueirou porta. Ou uma chance de relaxar, pelo menos uma vez? Dentro do quarto privativo,


uma figura de cabelos vermelhos vivos, espraiados sobre uma imensa almofada anatômica,


distraiu Dulce daqueles devaneios.


— Espero que tenham trazido hidrocor.— Reclinada na cama hidráulica, Jezz McQade


apontou a perna engessada.— As regras são: sem autógrafo, sem visita.


O simpático tom rouco da voz dela formou um par perfeito com o clima informal. Com


facilidade, Dulce conseguiu imaginar Jezz com quase 50 anos sob um par de holofotes no


palco, cantando alguma balada roqueira visceral, concedendo ao público cada melancolia que


possuía.


Risonho, Christopher se aproximou. Dulce bloqueou as reminiscências do episódio no corredor e o


seguiu. Christopher segurou a mão de Jezz e apertou.


— Que bom ver você, afinal. Essa é Dulce Saviñon, a gerente de contas de quem lhe falei


ontem.


Dulce sentiu o coração pular quando o rosto de Jezz se iluminou de interesse.


— E um prazer conhecê-la, sra. McQade.


— Igualmente. Mas tem uma coisa que precisamos acertar desde o começo. Nada de sra.


McQade. Simplesmente, Jezz.


Dulce relaxou mais.


— Jezz, então.


Trajando uma camisola preta e laranja do Snoopy, Jezz indicou duas cadeiras próximas.


— Todos sabem que sou estrambelhada— comentou, apanhando uma caixa branca na mesinha


de cabeceira enquanto os dois se sentavam.— Mas isso merece o troféu pastelão do século. Um


grande conselho, querida— dirigiu-se à Dulce— Jamais ouça a sua música favorita num


banheiro cheio de vapor, mesmo decorado com um mármore lindo. Voltou a atenção para Christopher,


abrindo o laço azul da caixa.— Belo aposento. Obrigada, Christopher. Mas vamos ao que interessa.—


Abriu a tampa e ofereceu bombons.— Recomendo o de amêndoa.


Com um aceno, Christopher recusou, mas Dulce aceitou. Parecia que ela e Jezz se dariam muito


bem.


— Temos pouco tempo...— Jezz engoliu um bombom— ... portanto, vamos começar o show.


Christopher sacou um gravador portátil do bolso da calça. Piscou para Dulce.


— Eu prefiro sempre guardar uma cópia de segurança. Jezz assumiu um ar profissional,


conforme ela e


Christopher mergulhavam numa conversa animada sobre vários aspectos da campanha. Arte, fotos,


textos, a coordenação da imprensa, rádio e televisão. Ufa! Interessantíssimo, mas um pouco


fora do entendimento de Dulce. Mais razão ainda para as pilhas de notas.


Dulce deu uma surra no gravador. Soprava os dedos cansados quando a conversa passou a


girar em torno das estratégias dirigidas ao elemento básico da campanha, a nova geração e a


sua música.


Após virar um copo de água, Jezz secou os lábios.


— Então, que tal sondar alguns dos artistas que aparecerão no programa de estréia?


Organizar entrevistas de apresentação e o material de divulgação?


Dulce engasgou. Jezz falou com ela? Sobre entrevistas de artistas? Perfeito! A primeira


missão de real responsabilidade.


Ela não conseguiu conter um sorriso de orelha a orelha.


— Eu adoraria.


Portanto, notando o olhar encorajador de Christopher, Dulce se empoleirou na borda da cadeira,


pronta para mais detalhes.


Entretanto, uma enfermeira magricela irrompeu quarto adentro para anunciar com uma


entonação ríspida:


— Hora do remédio!


Gemendo, Jezz se encolheu no travesseiro.


— Essa deve ser a primeira frase que vocês aprendem no curso de enfermagem.


A enfermeira franziu a boca avermelhada e respondeu num tom ultra-seco:


— Graças à sua boa estrela, não é um supositório. Christopher pulou da cadeira como se o assento


estivesse pegando fogo.


— Já incomodamos você demais.


Dulce também levantou, mas Jezz os deteve com um aceno.


— Você me faria um favor?— indagou a Christopher.— Pegue um refrigerante na máquina no fim


do corredor. Dulce encontra você em um segundo.


Christopher deu um sorriso cúmplice.


— Soa como um plano. Eu espero lá fora. Jezz deu um tapinha na colcha azul.


— Essa é uma grande oportunidade para você, não é, querida?


Dulce se acomodou na cama e assentiu.


Os olhos de Jezz eram da cor de um copo de cerveja posto contra a luz.


— Sente-se toda animada e nervosa ao mesmo tempo?


— Essa é a pior sensação.— Dulce estremeceu e sorriu.— E a melhor.


Jezz observava um ponto imaginário, enquanto a enfermeira prendia um medidor de pressão


no seu dedo médio.


— Lembro quando eu tinha a sua idade. Eu queria conquistar o mundo. Dulce riu.


— E conquistou mesmo.


— Os tempos de banda foram os melhores. Eu não precisava de mais que duas horas de


sono. Tocávamos todas as noites e viajávamos durante o dia. Tudo era novidade. E só um


pouquinho opressivo para uma garota do interior.


— Pensei que você fosse de Sydney.


— Não. Eu venho de uma cidadezinha agrícola em Queensland. Morei lá até os 16 anos.


Então, tive um estalo e percebi que as coisas estavam prestes a mudar.


— Sei exato o que você quer dizer.


Era como um despertador tocando lá no fundo, uma sensação que não podia ser desligada.


Jezz suspirou.


— Eu mal podia esperar para sair daquela cidade minúscula e ver tudo que o mundo tinha a


oferecer. Escutou o que eu disse?


Alto e claro. Passara poucas e boas desde a época em que a saudade de casa e as


inseguranças a impediam de freqüentar o acampamento da escola ou passar os fins de semana


na casa de uma amiga. Os pais a encorajavam, mas sem pressionar. Naquele tempo, o pai era


diferente.


— Eu adoro Sydney— retrucou Dulce— mas estou louca para morar em outro país.—


Sentiu as faces arderem. "Oh, Deus, dei com a língua nos dentes outra vez", mas já era tarde.—


Daqui a um tempo, no futuro, claro. Não tão cedo.— "Estou muito envolvida nessa campanha com


você e Christopher", pensou com orgulho.


Mas Jezz parecia perdida em recordações.


— Viajar é uma experiência fantástica. Sydney não é nenhuma roça. Mas toda mulher


merece ir a Paris pelo menos uma vez. Se não pela moda, então pelos doces.— O sorriso se


alterou.— Há dez anos, ninguém conseguiria me convencer de que seria bom voltar para casa.


Dulce analisou o comentário.


— Você deve estar ansiosa para rever a sua família.


— Os meus pais já morreram.


Os olhos de Jezz brilharam com um remorso que Dulce compreendeu. A idade não conhece


barreiras, quando se tratada da dor de perder alguém que se ama.


— Lamento.


— Mas eu tenho um irmão mais novo. Ele tem duas meninas. Ou eram meninas. Já devem ser


mulheres de aproximadamente uns 20 anos a essa altura. Isso me faz pensar em como seria a


minha vida se eu houvesse conhecido o homem certo.


— Você nunca se apaixonou?


A pergunta foi muito indiscreta? Jezz agitou as sobrancelhas cor-de-bronze.


— Amor de pizza eu senti várias vezes. Não sei se foi amor mesmo. Outro bombom?—


Dulce balançou a cabeça.— E você? O cupido já lhe acertou com uma flecha?


"Eu? Apaixonada?", era uma boa pergunta.


Dulce teve um branco, provavelmente porque não havia muito que contar, mesmo depois do


segundo grau. Então, uma imagem do homem de cabelos negros, autoritário, sério, mas com uma


pitada de malícia lhe veio à mente. Seria só atração?


— O horário de visitas terminou, senhoras.— A enfermeira colocou uma caneta atrás da


orelha e desapareceu do quarto.


— Melhor voltar ao trabalho.— Jezz colocou os dois bombons restantes num lenço de papel


e guardou a caixa.— Você vai arrasar— disse à Dulce.— Eu vou explicar o trabalho todos os


dias. Nos comunicaremos por telefone, e-mail e à noite podemos nos encontrar para colocar o


assunto em dia...


Christopher deu duas batidas na porta e enfiou a cabeça para dentro.


— Detesto estragar a festa, mas são quase 8h e ainda temos trabalho a fazer.


Jezz olhou para os dois.


— Vocês vão voltar para o escritório agora?


— Não para o escritório. Mas precisamos dar uma breve caminhada, portanto...— Christopher


gesticulou para Dulce— ... apanhe a sua bolsa. Vamos deixar a Jezz descansar.


Dulce sentiu uma onda de ansiedade ao se unir a ele. Onde Christopher planejava levá-la? Será


que haveria mais gente envolvida? Ou seria um lugar calmo e deserto? E, para ser honesta, qual


ela preferia? Negócios apenas? Ou Christopher, ela e uma dúzia de possibilidades?


 


Comentem plixxxxxxx *-*


 


Bjix da Naty




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Autor(a): natyvondy

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  . Obrigada Paty e Cris (posso te chamar assim ? *-*) Conforme caminharam juntos até o elevador, Christopher repassou a discussão com Jezz, mas Dulce não conseguiu deixar de pensar no quanto a imagem de Christopher mudara da manhã de segunda-feira para a noite de terça. De maneiras sutis... ela não percebia que o cabelo ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 643



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  • stellabarcelos Postado em 14/11/2015 - 14:29:23

    Ameiiii

  • larivondy Postado em 07/10/2013 - 14:44:01

    AMEEEI A WEB!! super lindo o Chris pedindo a Dul em casamento no avião e deixando tudo por ela *-*

  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:42

    Adoreii a históriia... Mt liinda mesmoo..

  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:42

    Adoreii a históriia... Mt liinda mesmoo..

  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:42

    Adoreii a históriia... Mt liinda mesmoo..

  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:41

    Adoreii a históriia... Mt liinda mesmoo..

  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:41

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  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:41

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  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:41

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  • vondyatrevidinha Postado em 20/11/2011 - 15:45:41

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