Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde

Na manhã seguinte, Dulce acordou com um objetivo em mente. Queria voltar para casa. Não importava perder o café da manhã, nem sair debaixo de um temporal. Só não podia continuar sob o mesmo teto que Ucker.

   Tudo era muito triste. O homem que ela conhecera e ado­rara não existia mais. Fazia tempos que já tinha essa cons­ciência. A primeira demonstração foi no olhar e, em seguida, nas linhas duras de expressão nos cantos da boca. As mu­danças eram claras, mas ela relutava em aceitá-las.

— Está acordada, Dulce? — Anahí chamou-a, vestida e encantadora como de costume, apesar do traje de luto.

— Infelizmente — ela respondeu em voz baixa.

— O que houve?

Dulce abriu a boca para responder, mas lembrou que a amiga não a entenderia, então não valeria a pena gastar energia.

— Vamos depressa — Anahí chamou. — Vista-se e pedirei à minha criada para dar os retoques finais. Ela é fantástica com os cabelos.

Dulce imaginou quando Anahí notaria que ela não mo­vera nenhum músculo.

— Levante-se, vamos!

Ela jogou um pé para cima.

— Por Deus, Anahí. Ninguém lhe disse que é grosseria gritar no ouvido de outro ser humano?

Anahí curvou-se e manteve o rosto bem próximo ao da amiga.

— Pois esta manhã o seu aspecto não tem nada de humano.

— Não estou com disposição para brincadeiras.

— Ficará melhor depois do café da manhã.

— Não estou com fome.

— Mas é preciso comer.

Dulce cobriu a cabeça com um travesseiro.

— Dulce!

— Se disser meu nome mais uma vez, eu a matarei.

— Temos um trabalho para fazer!

— Trabalho?

— Isso mesmo. — Anahí agarrou o travesseiro e jogou-o no chão. — Tive uma idéia maravilhosa durante um sonho.

— Está brincando!

— Na verdade, estou. Eu imaginei tudo esta manhã en­quanto ainda estava deitada. — O sorriso felino de Anahí foi desafiador, como se estivesse disposta a destruir quem não acreditasse no lampejo de tamanho brilhantismo. Depois ficou à espera da pergunta óbvia que teria de vir.

— Muito bem, do que se trata?

— A idéia diz respeito a você.

— A mim?

— Isso mesmo, e também a Javier.

Dulce levou alguns segundos para se recuperar.

— Está ficando maluca, Any! Anahí deu de ombros e sentou-se.

— Trata-se de um plano magnífico. Pense um pouco e concordará que é perfeito.

A última coisa em que Dulce gostaria de pensar na­quela manhã era em um cavalheiro, muito menos um que tivesse Uckermann como sobrenome.

— Vocês dois se conhecem há anos e a sua idade é a ideal — Anahí enumerou os dois itens nos dedos.

Dulce meneou a cabeça e saiu da cama pelo lado oposto, porém Anahí era ágil e aproximou-se em segundos.

— Sei que uma temporada não lhe agradaria em absoluto e que detesta conversar com pessoas que não conhece. Já afirmou isso em inúmeras ocasiões.

Dulce tentou evitar a amiga e foi até , o guarda-roupa.

— Como conhece Javier, isso elimina a necessidade de conversar com estranhos. — O sorriso de Anahí iluminou o rosto animado. — E significa que nos tornaríamos irmãs!

Dulce ficou imóvel, agarrada no vestido simples que tirara do armário.

— Isso seria maravilhoso, Any. — O que mais poderia dizer?

— Estou tão emocionada por você concordar comigo! — Anahí abraçou-a com efusão. — Será maravilhoso. Esplên­dido. Ideal.

Dulce continuou parada, refletindo. Como pudera me­ter-se em tal enrascada?

A amiga afastou-se, sempre sorridente.

— Javier não tem idéia do que o aguarda.

— Seu propósito é promover o casamento ou simplesmen­te levar vantagem sobre seu irmão?

— Bem, as duas coisas, é claro — Anahí admitiu, e sen­tou-se numa poltrona próxima. — Isso importa?

Quando Dulce ia responder, a outra foi mais rápida.

— Claro que não. O fundamental é a existência de obje­tivos comuns. Fico até surpresa por não termos pensado se­riamente nisso antes.

Ela estremeceu, de costas para Anahí. Era evidente que não refletira a respeito. Seus pensamentos só se ocupavam com Ucker.

— Também notei como Javier a observava a noite pas­sada.

— Anahí, havia apenas cinco pessoas na sala. Seria im­possível alguém não olhar para mim.

— Estou falando do jeito como ele a fitou — Anahí per­sistiu. — Era como se nunca a tivesse visto.

— Tenho certeza de que está enganada — contradisse, começando a se vestir.

— Não estou. Vire-se, deixe-me abotoar o corpete. Nunca me engano com essas coisas.

Dulce esperou com paciência até Anahí terminar a ta­refa e então lhe ocorreu...

— Como pode saber que está certa? Estamos enfiadas no campo e nunca vimos ninguém se apaixonar.