Fanfic: História de um Grande Amor - adaptada. (vondy) | Tema: Rebelde
Capítulo II
“Não se demore.”
Isso era coisa que se dissesse? Furiosa, Dulce não podia esquecer o desaforo enquanto arrancava suas roupas do armário. Não haviam combinado nada, e Ucker nem mesmo pedira permissão para acompanhá-la. Dera as ordens bruscamente e não se preocupara em esperar por uma resposta. Por que ele estaria tão ansioso para se livrar dela? Oh, Deus. Não sabia se chorava ou se ria.
— Já está de partida? — Anahí entrou no quarto.
— Preciso voltar para casa. — Dulce escolheu aquele momento para enfiar um vestido pela cabeça, não queria que a amiga visse seu rosto. — Seu traje de montaria está em cima da cama — acrescentou, e as palavras foram abafadas pelo farfalhar da musselina.
— E por que a pressa? Seu pai está trabalhando e não sentirá a sua ausência.
“Que falta de sensibilidade!”, Dulce refletiu. Virou-se para Anahí abotoar as costas do vestido.
— Não quero me tornar inconveniente.
— O quê? Não seja tola. Eu garanto que minha mãe adoraria se você pudesse morar conosco para sempre. O que acontecerá de fato quando formos para Londres.
— Não estamos em Londres, Any.
— E daí? Não é tudo a mesma coisa? Não era. Dulce cerrou os dentes.
— Por acaso discutiu com Javier?
Quem poderia discutir com Javier, exceto Anahí?
— Claro que não.
— Então explique o que houve.
— Não aconteceu nada, Any. — Dulce pegou as luvas e esforçou-se para demonstrar calma. — Seu irmão quer falar com meu pai a respeito de um manuscrito com iluminuras.
— Javier? — Anahí não se preocupou em disfarçar a descrença.
— Ucker.
— Não acredito. — O espanto foi ainda maior. “Por que tantas perguntas?”
— Sim. Como ele planeja ir embora logo, precisa me levar agora.
Dulce considerou que a frase fora bem imaginada, dadas as circunstâncias. Talvez Ucker resolvesse voltar para a sua casa na Nortúmbria, e o mundo voltaria a ser o que era antes, pendendo feliz em torno de seu eixo e girando em volta do Sol.
Anahí encostou-se no batente da porta e disse:
— Então, por que está tão mal-humorada? Afinal, sei que sempre gostou de Ucker, não é mesmo?
Dulce por pouco não riu. E por muito menos não chorou.
Como Ucker ousava dar-lhe ordens como se ela fosse uma qualquer?
E ainda se atrevia a fazê-la tão infeliz em Haverbreaks, que havia sido um lar para ela nesses últimos anos, muito mais do que para ele.
Virou-se para que Anahí não visse seu rosto.
— Dulce? — a amiga chamou-a com suavidade. — Está se sentindo bem?
— Melhor impossível — ela respondeu, passando pela amiga, rumo ao corredor.
— Pois não é o que está parecendo.
— Estou triste por causa de Alice — Não era exatamente uma mentira. Qualquer pessoa que tivesse feito Ucker infeliz merecia ser lamentada.
Porém Anahí não se deixava enganar facilmente e foi no encalço de Dulce, que descia correndo a escadaria.
— Como? — perguntou. — Na certa está brincando comigo. Dulce chegou ao piso inferior e segurou-se no corrimão para não cair.
— Aquela mulher foi uma miserável feiticeira — Anahí continuou. — Ela destruiu a vida do meu irmão.
“Exatamente.”
— Bom dia — Ucker cumprimentou a irmã com um gesto cortês de cabeça.
— Dulce disse que está lamentando a morte de sua esposa. Isso não é insuportável?
— Anahí! — Dulce engasgou.
Ucker podia ter detestado a falecida esposa, o suficiente para afirmar isso no funeral, mas havia coisas que ultrapassavam os limites da decência.
Ele ergueu uma sobrancelha e fitou Dulce com olhar zombeteiro.
— E daí? Todos nós sabemos que ele a odiava! — Anahí continuou.
— Sutil como sempre, irmãzinha querida.
— Quem sempre diz não gostar de hipocrisia? — ela retrucou.
— Tem razão. — E Turner fitou Dulce. — Vamos?
— Vai levá-la para casa? — Anahí perguntou apesar da explicação anterior da amiga.
— Preciso falar com Sr. Luiz.
— Javier não poderia levá-la?
— Você está sendo indiscreta demais! — Dulce não saberia dizer o que a envergonhava mais. Se eram os arranjos para um namoro entre Javier e ela ou se era o fato de tudo aquilo estar sendo dito na frente de Ucker.
— Javier não precisa falar com ninguém — ele declarou em voz baixa.
— E por isso ele não pode ir junto?
— Não no meu cabriolé. Anahí não disfarçou a inveja.
— Vai levá-la na sua carruagem nova? — Ela morria de vontade de dirigir aquele veículo alto, ligeiro e leve.
Ucker sorriu.
— Talvez eu a deixe dirigir — falou, com o propósito explícito de torturar a irmã.
E o ardil funcionou. Anahí engasgou de maneira estranha, como se o desgosto houvesse entalado em sua garganta.
— Até logo, irmã querida — ele disse com um sorriso pretensioso. Passou o braço no de Dulce e levou-a até a porta. — Eu a verei mais tarde... ou talvez você me verá... quando eu chegar.
Dulce esforçou-se para não rir.
— Não se faz isso com uma irmã. Ele deu de ombros.
— Anahí merece uma provocação.
— Não concordo. — Ela sentiu-se no dever de defender a amiga, mesmo considerando o episódio muito engraçado.
— Não?
— Bem... sim, mas admito que foi uma crueldade.
— A intenção era essa — Ucker concordou. Dulce permitiu que ele a ajudasse a subir no veículo e imaginou como tudo aquilo acontecera.
Rodaram sem falar nos primeiros minutos. O veículo era veloz e ela não pôde evitar a sensação de elegância e de estar na moda enquanto apreciavam a paisagem do alto.
— A senhorita fez uma conquista esta tarde — Ucker interrompeu o silêncio. — Javier me pareceu muito interessado.
Dulce ficou tensa e não respondeu. Nada havia para dizer que deixasse sua dignidade intacta. Poderia negar a afirmativa e parecer coquete, ou concordar e dar a impressão de orgulhosa. Ou provocativa. Ah, que Deus a perdoasse, como se pretendesse deixá-lo enciumado.
— Suponho que terei de dar-lhes minhas bênçãos — ele declarou.
Chocada, ela virou-se para fitá-lo, mas Ucker continuou a olhar para a frente.
— Certamente será um enlace vantajoso para a senhorita, e meu irmão não poderia desejar nada melhor. É verdade que lhe falta um bom dote, sempre necessário ao filho caçula de uma casa, mas a senhorita certamente preencherá a lacuna com bom senso e sensibilidade.
— Ah... Eu...
Ela piscou, sem a menor idéia do que dizer. Tratava-se de um cumprimento, e dessa vez não irônico, mas assim mesmo sentia-se desnorteada pelos elogios. Não gostava que ninguém se desmanchasse em elogios sobre suas qualidades, como se isso fosse a única razão que a equiparasse a Javier.
Também não queria ser sensata. Naquele momento, preferia ser linda, exótica ou cativante.
Deus do céu! Sensata era uma designação infeliz. Pelo breve silêncio, percebeu que o final da frase era aguardado.
— Obrigada — ela murmurou.
— Não desejo que meu irmão cometa os mesmos erros que eu.
Dulce fitou-o de revés e percebeu-o tenso e com os olhos grudados na estrada.
— Erros? — repetiu ela em voz baixa.
— Na verdade um erro — Ucker disse com voz cortante. — No singular.
— Alice. — Arrependeu-se de imediato pela ousadia da intromissão na intimidade alheia.
Autor(a): LorenaLemos
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O veículo diminuiu a marcha, parou, e ele finalmente a encarou. — Isso mesmo. — O que foi que ela lhe fez? — Por mais uma vez, não pôde evitar a pergunta pessoal, inadequada, dita num fio de voz. Percebeu o erro de ter perguntado pela reação dele, que se virou de novo para a frente. — Nada que possa ser dito aos ou ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4110
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stellabarcelos Postado em 18/04/2016 - 02:24:20
Apaixonada por essa história! Amor lindo e puro! Amei
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alwaysvondy Postado em 15/07/2013 - 14:36:10
omG q web perfeita...amei demais o final<3
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
2ª vez que estou lendo essa web, ela é tão linda, tão encantadora.... que no final não sei se choro que emoção pela história ou por ela ter terminado. Ela é PERFEITA!!
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:27
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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anevondy Postado em 27/06/2012 - 00:13:26
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